4.4.11

Conexões da dança paraense com o mundo

Ícaro Gaya e Danilo Bracchi, em Berlim
Tão longe e tão perto, conectados por meio das redes sociais, Danilo Bracchi, diretor e coreógrafo, e Ícaro Gaya, ator e bailarino, ambos da Companhia de Investigação Cênica, de Belém, mandam notícias da Europa, onde estão desde o mês de fevereiro, passando por uma experiência  proporcionada pelo projeto Conexão Dança, aprovado no Edital de Residência em Artes Cênicas da Funarte.

O projeto, que já está em sua segunda etapa, iniciou no ano passado, com a residência artística do bailarino Jhullyam Breno, vindo de Itaituba para Belém, após um processo de seleção e audição. O jovem morou em Belém durante dez meses, onde passou por um longo processo de formação artística.

Jhullyam não só fez aulas de dança, mas também de teatro e circo; participou dos processos de criação da Companhia de Investigação Cênica, atuando em seus espetáculos e acompanhando a rotina de trabalho de uma Cia. de dança profissional.

“Nesta perspectiva, poderemos ter bailarinos capacitados a ministrar oficinas, montar a sua própria companhia e desenvolver trabalhos no interior, com bailarinos da Companhia de Investigação Cênica e com as companhias de sua cidade natal”, explica Danilo Bracchi.

Intercâmbio - Depois disso, neste segundo momento, são os integrantes da Companhia que passam por aperfeiçoamento. Há um mês e meio no Velho Mundo, Danilo e Ícaro vêm participando de aulas diversas e visitando espaços ligados a arte e cultura européia. Em abril e maio, antes de retornar ao Brasil, eles se preparam para iniciar workshops em Berlim e em Paris.

Na opinião do coreógrafo, conectar o interior com a capital  do Estado, e a dança, com outras linguagens, significa pensar uma Companhia de forma diferente, primando pelo trabalho e crescimento coletivo e construindo uma rede de intercâmbios entre bailarinos e artistas de várias cidades e vertentes artísticas.

“Agregar, trocar e conectar são as palavras que resumem mais esta ação da Companhia de Investigação Cênica, que caminha para seu 4º ano de existência crescendo através do trabalho com a arte”, diz Danilo.

Em contato pelo Facebook com o Holofote Virtual, Danilo Bracchi contou como o projeto vem se desenvolvendo em sua etapa internacional e disse que, toda a troca de experiência adquirida pelos bailarinos, em breve, será mostrada e compartilhada com outros artistas paraenses. Confira o bate papo com ele logo abaixo.

Holofote Virtual: Os dias devem estar mais corridos do que nunca pra vocês. Conta um pouco...

Danilo Bracchi: Já nos primeiros dias em Berlim participamos de um dia inteiro de programação voltada para a dança na TanzFabrik, que terminou com uma Jam Session de Contato improvisação e música ao vivo. 

Fomos assistir a estréia mundial do novo filme do diretor Wim Wenders: Pina. Conferimos a 8ª edição do Festival de teatro, dança e performance Berlin 100º no prédio 2 do Teatro HAU (Hebbel am Uffer - teatro privado que possui três estruturas físicas, um centro de disseminação de novos grupos dança, teatro e música, apresentando trabalhos de grupos com caráter mais experimental e não convencional. Visitamos também a exposição de Salvador Dalí, em seu Museu, no centro de Berlim.

Holofote Virtual: Como vocês dividem o tempo com as aulas?

Danilo Bracchi: Estamos participando de aulas de dança contemporânea, alternando entre os estúdios de dança TanzFabrik (fizemos, até o momento, aulas com as artistas Britta Pudelko – professora regular da Companhia de Sascha Waltz, e Maya Lipsker – que também já desenvolveu trabalhos na companhia de Sascha Waltz) e o estúdio LaborGras (com Renate Graziadei – dançarina que já trabalhou com Nina Wiener e hoje, junto com Arthur Stäldis forma o coletivo LaborGras).

Holofote Virtual: Quais os próximos passos depois destes quase dois meses em Berlim?

Danilo Bracchi: Em abril faremos um workshop de Butoh com a artista Minako Seki, artista que fundou um dos primeiros grupos de Butoh em Berlim, um do método de Laban com Jan Burkhardt, outro chamado Teaching Young People, com Jo Parkes, para desenvolver habilidades para dar aulas de dança para adolescentes e outro chamado Conversation and Negotiation, com Maya Lipsker, direcionado à criação coreográfica e improvisação. Em Paris faremos workshops, para bailarinos e coreógrafos, com a artista Nina Dipla, bailarina e coreógrafa que já trabalhou como assistente coreográfica de Pina Bausch.

Holofote Virtual: Quais são os planos para o Brasil?

Danilo Bracchi: No Brasil, a terceira etapa acontecerá em São Paulo, Rio de Janeiro e Porto Alegre, incluindo os artistas paraenses Milton Aires e Marina Mota, e dando sequência a capacitação técnica e teórica, dividida em aulas, apreciação de espetáculos e encontros de pesquisadores em dança. O destino final do projeto, a quarta etapa, será o retorno a Belém, quando iremos dividir toda a experiência adquirida com outros integrantes da Companhia e com a comunidade, oferecendo oficinas, workshops, aulas abertas etc.

O projeto Conexão Dança - Residência também conta com o apoio da Sol Informática, Estúdio Reator, Clínica Diogo Bonifácio, Mapiguari Design, Secult, M. Levy Arquitetura, Quintal Produções Artísticas e Habitare.

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