Aníbal Pacha é Eugênio (com a porta), o faz tudo da trupe |
O In Bust Teatro com Bonecos parte neste sábado, 23, para mais uma circulação do espetáculo Catolé e Caraminguás, desta vez pelos nove estados da Amazônia Legal, incluindo ainda apresentações em mais dois estados brasileiros no nordeste e sudeste do país.
A programação faz parte do projeto Amazônia das Artes do Sesc, que contemplou o grupo e também a Cia. Experimental de Dança Waldete Brito que circularão pelos estados do Acre, Amapá, Amazonas, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima, Tocantins e Maranhão, e ainda Piauí e Rio de Janeiro.
A seleção dos grupos aconteceu em setembro de 2010 em Cuiabá, durante o 4º Encontro de Curadoria e Programação das propostas de Teatro, Música, Dança e Artes Plásticas, para 2011, com objetivo de promover um intercâmbio cultural entre as cidades a serem visitadas.
Em ensaio há mais de um mês, o In Bust Teatro com Bonecos fez várias mudanças no espetáculo, montado em 2009, pelo edital Prêmio de Teatro Cláudio Barradas da Secretaria de Cultura do Estado (Secult).
Patick Perfeito (Charles Wesley) |
“Catolés e Caraminguás” é uma adaptação do texto de Martins Pena “Os Ciúmes de um Pedestre ou o Terrível Capitão do Mato”, adaptado por Adriana Cruz para a linguagem de teatro com bonecos.
Inspirado na Comedia Dell’A, Catolés e Caraminguás inclui a dramaturgia de ator, onde os atores, na primeira versão, interpretavam uma família mambembe, que praticavam o teatro popular de bonecos pelas ruas e praças públicas.
Na versão atual a trupe continua, mas não se trata mais de uma família e sim de uma companhia de teatro. Os nomes das personagens mudaram e alguns atores do elenco também. Aníbal Pacha que era antes Saul, agora é Eugênio Expansivo, e Charles Wesley, que interpretava seu irmão Koshiro, agora é Patrick Perfeito.
Continua no elenco Michel Amorim, que antes respondia por Zulu e agora se tornou Cacau, o dono da companhia, sócio de Valentina Valores, personagem de Adriana Cruz. Além dela, também está estreando neste elenco, a atriz Vandiléia Foro, que interpreta Rita Romântica.
“Propomos estas mudanças porque o processo de montagem do espetáculo exige a construção do personagem a partir do próprio ator, o que chamamos a grosso modo, de dramaturgia do ator. E como entraram novos atores com a saída de Cristina Costa e Marilea Aguiar, foi preciso alterar inclusive as relações, por isso propomos acabar com a família e se estabelecer o grupo de teatro”, explica Paulo Ricardo Nascimento, na direção do espetáculo.
A história dos bonecos é a mesma, mas a trupe agora é formada por dois sócios, Cacau e Valentina Valores e os agregados Rita Romântica, que cuida da visualidade do espetáculo; Patrick Perfeito, ator famoso renomado, mas em decadência e Eugenio Expansivo, o faz tudo da companhia.
Ele pensa muito, percebe os detalhes, por isso acaba trazendo muitas idéias para o grupo, embora não seja reconhecido por isso, gerando algumas confusões e conflitos com Patrick Perfeito e Valentina.
Vandiléia Foro já tinha visto a montagem anterior e conta como sua personagem surgiu na trama de catolé e Caraminguás.
“A Rita surge a partir de um jogo com Adriana e Aníbal em cena, na qual ela recebe uma pílula e fica muito falante, zonza e perdida. Achamos que não tinha nada a ver o remédio em cena e retiramos, mas a personalidade ficou”, diz.
Este é o primeiro trabalho dela com o In Bust. A atriz ficou afastada de Belém alguns anos trabalhando com o Grupo Galpão de Belo Horizonte e teve oportunidade de experimentar vários tipos de teatro, do palco italiano ao teatro de rua e isso a fez buscar caminhos diferentes em sua carreira.
Valores (à esq.) com Rita Romântica (Vandiléia Foro) |
“O trabalho de rua me trouxe um grande exercício corporal, que caiu super bem ao Catolé, que exige esta coisa mais expansiva na interpretação, esse jogo mais triangular um com o outro em cena, algo que te dá abertura, é dinâmico”.
De acordo com ela, todas estas experiências apontaram para um escolha. “De não estar apenas em um grupo, mas de colaborar para um coletivo e fazer circo, boneco, dança e outras coisas”, diz ela que no ano passado atuou em “Eutanázio e o Princípio do Mundo”, espetáculo da Companhia Usina Contemporânea de Teatro, uma versão cênica para histórias extraídas do romance “Chove nos Campos de Cachoeira”, o primeiro livro do escritor paraense.
Adriana Cruz dirigiu a primeira versão de Catolé e diz que agora, em cena, tudo muda. “A mudança é de 180 graus, alterou minha visão para criar algo novo, não só o espaço muda, mas a intenção para com o espetáculo, o movimento que era de olhar o todo, agora muda para minhas atitudes dentro de cena com estes atores”, reflete. “Valentina é uma mulher de visão, ela quer que a companhia progrida, e por isso não aceita excessos e nem marasmos, ela orienta o jogo”, complementa.
A atriz e diretora, que também é responsável pela adaptação do texto de Martins Pena para o teatro de bonecos, diz que rodar pelos estados da Amazônia Legal vem ao encontro de todos os objetivos do grupo.
Cacau (Michel Amorim) e Valentina Valores (Adriana Cruz) |
“É sempre uma aventura. Já fizemos o Palco Giratório uma vez e estivemos em vários estados brasileiros. Esta será nossa primeira vez no Amazônia das Artes e será uma ótima oportunidade para chegar nestas cidades, já que estamos discutindo o Custo Amazônico e como é fazer teatro dentro da nossa região”, finaliza.
Serviço - As primeiras apresentações vão acontecer entre os dias 24 e 27 de abril, em Manaus (AM) - no Teatro José Lindoso, às 18h, (Henrique Martins, 427 – Centro) e em Boa Vista (RR) – no Hall de Entrada da Escola do SESC Roraima.
Em maio o grupo chegará em Teresina (PI), Santarém (PA) e Palmas (TO), entre os dias 18 e 24. Em junho a caravana segue para Rio Branco (AC) e Porto Velho (RO), em agosto, para São Luís (MA), Macapá e Cuiabá (MT). As agendas de setembro e outubro ainda estão sendo fechadas. Mais informações: 91 8110.5245.
Nenhum comentário:
Postar um comentário