22.8.11

Sessões lembram os 30 anos sem Glauber Rocha

Há 30 anos, em 22 de agosto de 1981, o país perdia um dos maiores defensores da cultura brasileira, o cineasta Glauber Rocha. Autor de uma obra que conciliou arte e política, ele tornou-se o principal articulador do Cinema Novo. Nesta segunda-feira, 22, ele recebe homenagem em vários pontos do Brasil.

Em Belém, com realização do Cineclube Amazonas Douro, haverá projeção do filme Claro, a partir das 19h, na Praça Tancredo Neves, na Marambaia. 

Tendo Roma como cenário e a cultura romana como alvo, Claro não tem um enredo narrativo e uma estrutura tradicional, misturando ópera (sobretudo a partir da trilha musical que reúne Bellini e Villa-Lobos), documentário, filme-testemunho e ensaio. 

A presença no elenco do instigante realizador italiano Carmelo Bene e da atriz francesa Juliet Berto valorizam um filme irreverente, provocativo, um dos mais autorais de Glauber e onde sua assinatura indelével se corporifica em cada plano.

Amapá - Já em Macapá, no Teatro das Bacabeiras, será lançado o projeto “Navegando na Vanguarda”, premiado pelo Ministério da Cultura, através da revista “Vanguarda Cultural”, com objetivo de apresentar à comunidade obras do cineasta brasileiro Glauber Rocha. A programação vai até dia 28 de agosto e terá participação

A abertura contará com a presença de um representante da Cinemateca Brasileira e do cineasta e coordenador geral da Federação Paraense de Cineclubes (Paracine), Francisco Weyl. Na ocasião, será exibição do filme “Labirinto do Brasil”.

O cineasta Glauber de Andrade Rocha nasceu em 14 de março de 1939, em Vitória da Conquista (BA), filho de Adamastor Bráulio Rocha e Lúcia Mendes de Andrade. Mudou-se para Salvador em 1947, onde deu seus primeiros passos como escritor e ator. Produziu diversos curtas-metragens como “Pátio” (1959), “A Cruz na Praça” (1959), “Amazonas, Amazonas” (1965) e “Di Cavalcanti”, com o qual venceu o Festival de Cannes, em 1977.

Em 1962, lançou o longa-metragem intitulado “Barramento” e nos anos seguintes são lançados os filmes “Deus e o Diabo na Terra do Sol” (1963), “Terra em Transe” (1967), “O Dragão da Maldade contra o Santo Guerreiro” (1968), “Cabeças Cortadas” (1970), “O Leão de Sete Cabeças” (1971), “Câncer” (1972), “Claro” (1975) e “A Idade da Terra” (1980).

Em 22 de agosto de 1981, Glauber Rocha morreu de septicemia (infecção grave, com progressão rápida e de alto risco), provocada por broncopneumonia. Hoje, sua extensa obra está no Tempo Glauber, organização que enfrenta dificuldades para manter e preservar seu acervo.

Tempo Glauber - Fundada dois anos após a morte do cineasta baiano para preservar a sua obra, a organização Tempo Glauber tem vivido em crise nos últimos meses. Desde o começo do ano, com a mudança da equipe do Ministério da Cultura (MinC), não há repasse de verbas para a instituição carioca, administrada pela família de Glauber.

Claro
Na semana passada, ao menos a produção intelectual de Glauber (filmes e programas de TV) foi transferida para a sede Cinemateca Brasileira, em São Paulo.

No entanto, a biblioteca, centenas de desenhos, registros jornalísticos e a produção ligada ao Cinema Novo continuam com destino incerto.

Serviço
Nesta segunda-feira, 22, na Praça Tancredo Neves - Marambaia. Exibição do filme Claro, de Glauber Rocha.  Realização: Cineclube Amazonas Douro. Apoio: Moculma + Tela de Rua + Cinema de Rua + Aparelho Rede + Resistência Marajoara + Apjcc + Paracine + CNC.

Um comentário:

O Neto do Herculano disse...

Morando no centro da capital da Bahia, trafego pelos mesmos lugares que Glauber Rocha um dia caminhou, imagino sua presença nas calçadas dos Barris, nas praças e nos antigos bares da cidade. E se hoje Salvador é outra, a importância dele nos nossos dias não seria diferente, Glauber ainda seria uma personalidade instigante, questionadora. Certamente.