Nanan Falcão em cena Fotos: Victoria Sampaio |
As filmagens foram feitas de forma individual, em dias alternados, mas nem tudo teve ensaio técnico para a câmera. Para cada cena, levou-se, em média, seis horas de trabalho que resultaram em sons, trilhas, planos, enquadramentos, cenas com câmera na mão, subjetivas, sonoplastia e por fim, a montagem final, que traduz as emoções impregnadas em cada encenação, fala, narrativa. A direção de fotografia coube a Victoria Sampaio, com assistência de Victor Peixe. Bacharel em Artes Visuais, ela atua como design, fotografia, é DJ e, agora, videomaker.
Victoria conheceu o Casarão do Boneco, como grupo, o Vertigem, quando este apresentou-se lá com o espetáculo circense Maresia, fruto de bolsa de pesquisa e experimentação do (extinto) IAP. “Na época eu tocava percussão popular e entrei em cena fazendo trilha sonora e algumas atuações, foi um desafio pra mim, muito bom o processo, mas não quis atuar no teatro, a não ser por trás das câmeras”, conta.
No caso do Casarão do Boneco, ela diz que embora não esteja na cena, foi sensibilizada pela proximidade que já tem com as pessoas, pelo carinho delas pelo que fazem e por essa linguagem audiovisual e cênica, além do cuidado e respeito à poética do outro e o trabalho coletivo. “Neste sentido, essa vivência que eu já tinha me ajudou muito nesse processo do ama Zonas de nós, tanto entender eles melhor, como me entender melhor também”.
O processo de criação para o vídeo teve diversos contratempos e muita coisa precisou ser pensada na hora da gravação. “Tentamos fazer um ensaio geral, com experimentação técnica com cada uma das cenas e atores, depois que eles já tivessem desenvolvido um roteiro, mas não deu para fazer isso com todos, então tivemos que construir muita coisa já no dia da gravação”, conclui.
Montagem, narrativa e unidade
“A equipe de filmagem se aventurou em um mar de experiências guiadas pelas inspirações dos intérpretes criadores. A carga recolhida nesta embarcação foi o material para tecer as histórias contadas. Obviamente de conteúdo heterogêneo que no seu inconsciente se interligam”, diz Lucas Alberto que ficou com o desafio de dar unidade final ao material na montagem.
Em relação à montagem, o processo não foi tão difícil quanto até se imaginou inicialmente. Para ele, embora sejam sete cenas distintas, elas possuem uma conexão que se dá pela luz, mas também pela presença de objetos que aparecem em mais de uma cena, e também pelas estruturas ritualísticas, tendo como indutor criativo, os temas do território e ancestralidade em cada cena. Outro ponto de consenso nas cenas é que todas mostram o Casarão do Boneco, que por tanto se torna o protagonista e condutor de sua própria história de afeto.
“A variedade de linguagens é a maior qualidade do Casarão do Boneco, por consequência foi um aprendizado ver cada expressão filmada. Cada cena foi para mim um processo de criação com os outros, sentia como se tentássemos transpor a essência de cada ritual/cena.”, conclui Lucas que se aproximou e atua no coletivo Casarão Boneco com a Cia Sorteio de Contos.
Lucas conheceu o Casarão do Boneco em 2006 e, ao ver Paulo Nascimento e Adriana Cruz, da In Bust, dando uma aula de manipulação de bonecos, ficou encantado. “Nunca tinha visto nada igual e me encantei, tudo que eu via naquela casa eu queria aprender um pouco. Quando eu voltei de Belo Horizonte (MG) fui até lá para uma reunião sobre uma campanha de reforma da casa. Desde então, é impossível contar sobre mim sem falar do Casarão do Boneco”, conclui o ator que já vem experimentando há mais tempo o exercício da montagem no audiovisual.
E assim se fez o som
Para ver
O experimento "ama Zonas de nós - rios de cenas no Casarão do Boneco" e o vídeo do encontro de compartilhamento de experiências, com os artistas casarônicos, estão no Canal YouTube do coletivo.
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