Estreia do curta "Cozinhando no Calor, antes da chuva, em outubro, no Cine Sesc. Foto: Marcelo Rodrigues |
3 progragonistas do filme, na ilha do Combu, Auda e Patrícia Passos (produção) |
Estreia do curta "Cozinhando no Calor, antes da chuva, em outubro, no Cine Sesc. Foto: Marcelo Rodrigues |
3 progragonistas do filme, na ilha do Combu, Auda e Patrícia Passos (produção) |
A abertura será no dia 20, às 19h, no CCBA, com a exibição de “A Queda do Céu”, dirigido por Eryk Rocha e Gabriela Carneiro da Cunha. A programação vai até dia 27, com ações em vários espaços da cidade.
O documentário de Eryk, filho de Glauber Rocha, é um lançamento em 2024. Estreou em maio na Quinzena dos Cineastas, no Festival de Cannes, passou por festivais brasileiros e já conquistou prêmios internacionais, como Melhor Longa-Metragem Documentário Internacional no GIFF (México), Prêmio Especial do Júri no DMZ Docs (Coreia do Sul), Prêmio Fundação INATEL no DocLisboa (Portugal) e Melhor Documentário na Vagalume Milano (Itália).
Chegou a vez de Belém ver o longa, baseado no livro do xamã e líder Yanomami Davi Kopenawa, e aborda o ritual funerário Reahu, práticas culturais e desafios enfrentados pelos povos originários, como o garimpo ilegal. Após a sessão, haverá um bate-papo com os realizadores e a presença de Kopenawa, que será homenageado junto à professora Zélia Amador de Deus.
Com financiamento das leis Paulo Gustavo e Rouanet, o festival traz uma programação diversa, incluindo seis mostras competitivas e outras atividades como oficinas, masterclasses e mesas-redondas.No total, foram inscritos 820 filmes de nove países da Pan-Amazônia, abrangendo ficção, documentários, animação e videoarte. Destaque também para a Mostra de Cinema Indígena e sessões especiais que dialogam com a temática socioambiental da região.
Entre as oficinas, “Montagem Autoral com Foco na Pan-Amazônia”, com Renato Vallone, e “Desenvolvimento de Roteiro para Longa e Série Documental”, com Lúcia Tupiassú, debatem novas linguagens e caminhos para o audiovisual. Já as mesas incluem discussões sobre produção, cineclubes e a importância do audiovisual como ferramenta pedagógica. O estudo de caso sobre o longa "Flashdance TF" explora a produção em áreas urbanas periféricas e desafiadoras.
O festival, que começou focado em documentários, ampliou sua abordagem para incluir ficção em 2023, reafirmando seu papel como vitrine da produção cinematográfica da Pan-Amazônia. “O Amazônia (FI)Doc conecta narrativas, amplia vozes e fortalece a identidade cultural dos povos amazônicos”, destacou Zienhe Castro, diretora-geral do evento.Consolidado como um dos mais importantes eventos do audiovisual da região, o festival reúne 820 produções inscritas, representando nove países da Pan-Amazônia, com destaque para filmes de ficção, documentários, animações e videoarte.
Serviço
Festival: Amazônia (FI)Doc - Festival Pan-Amazônico de Cinema
Data: 20 a 27 de novembro
Locais: Vários pontos de Belém
Atividades: Mostras, oficinas, masterclasses e mesas-redondas
Abertura: Filme “A Queda do Céu”
Data: 20 de novembro
Local: CCBA (Rua Manoel Barata com Campos Sales)
Horário: 19h
Capacidade: 100 lugares
Informações detalhadas da programação: https://amazoniadoc.com.br/
(Obs: As fotos da postagem são de still do documentário de Eryk Rocha)
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Dirigido por Jefferson Mello, o filme estreia nos cinemas nesta quinta-feira, 21, em 14 estados do Brasil. O Holofote Virtual teve acesso à obra e já antecipa aqui, um pouco da essência dessa obra.
Preparem-se para mergulhar nas raízes da diáspora africana e explorar as conexões entre três ritmos emblemáticos da música mundial: o jongo, a rumba e o blues. A produção transcende fronteiras geográficas ao estabelecer pontes culturais entre Brasil, Cuba e Estados Unidos, enquanto resgata memórias e histórias que encontram sua origem na África.
O filme é conduzido pelas trajetórias de três artistas que representam esses estilos musicais: Lazir Sinval (jongo, Brasil), Eva Despaigne (rumba, Cuba) e Terry ‘Harmonica’ Bean (blues, Estados Unidos). Por meio de imagens do cotidiano, danças e depoimentos de especialistas, Jefferson Mello apresenta as influências africanas que moldaram a música contemporânea, ressaltando como esses ritmos tornaram-se ferramentas de preservação cultural e resistência.
Razões Africanas também expande sua narrativa para as próprias terras africanas, com filmagens realizadas em Angola, Congo e Mali, que revelam as origens dos ritmos abordados. Segundo Mello, o documentário não é apenas uma celebração da música, mas um convite à reflexão sobre reparação histórica e a importância da contribuição africana na cultura global. "É um resgate da memória e uma homenagem à contribuição africana para a cultura mundial", afirma o diretor.
Fotógrafo e cineasta, Mello - que também assina o roteiro da produção - estreou como diretor de documentários em 2014 com “Samba & Jazz”, inspirado em seu livro de fotografias “Os Caminhos do Jazz”, que o levou a 18 países, entre EUA e Japão, para retratar o gênero ao redor do mundo.“Minha trajetória profissional sempre esteve ligada à diáspora africana, em especial na música. Sendo assim, logo depois que finalizei o ‘Samba & Jazz’, comecei a produzir o ‘Razões Africanas’”, explica.
Premiado internacionalmente em festivais como o Cinema on the Bayou (EUA) e o Festival Internacional de Cinema Africano da Argentina, o documentário já foi exibido em sessões especiais em Angola e integrou eventos importantes no Brasil, como a Mostra Internacional de Cinema em São Paulo.
A estreia de Razões Africanas ocorre em um momento significativo, um dia após o Dia da Consciência Negra, celebrado em 20 de novembro, que homenageia Zumbi dos Palmares e marca a luta contra o racismo e pela valorização da cultura negra.
A produção dialoga diretamente com os temas dessa data, ao abordar a música como memória e resistência. No Brasil, o jongo preserva elementos das tradições africanas que deram origem ao samba; nos Estados Unidos, o blues ecoa histórias de escravidão e luta por direitos civis; e, em Cuba, a rumba exalta raízes africanas em celebrações de identidade cultural.
Produzido pela Tremè Produções em parceria com a Carmela Conteúdos, o filme conta com patrocínio do Instituto Cultural Vale e da A&M Álvares Marsal.
Veja o trailer:
https://www.youtube.com/watch?v=-o0eavY9zaU
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Denise Fraga, uma das atrizes mais admiradas do teatro brasileiro, chega a Belém para uma curta temporada de sua aclamada peça "Eu de Você", no Theatro da Paz, nesta sexta (22) e sábado (23), às 20h, e no domingo (24) de novembro, às 18h.
Em turnê pelo país, a peça promete levar o público a uma profunda reflexão sobre a vida, o humor e as conexões humanas. Ingressos na bilheteria do teatro.
Para Denise Fraga, apresentar o espetáculo no Theatro da Paz é mais do que uma escolha de agenda. "Estar em Belém, nesse ícone nacional, é muito especial. Já me apresentei no Teatro Municipal de São Paulo, no Teatro São Pedro, em Porto Alegre, e no Teatro Amazonas, de Manaus, e agora poder trazer essa peça aqui é uma honra.", diz a atriz.
"Eu de Você" é uma obra que transita por diferentes dimensões da arte. Mistura música, poesia, literatura e histórias reais, criando uma experiência imersiva e única para o público. “A arte ajuda a gente a viver. Quem lê Dostoievski e Fernando Pessoa, no mínimo, vai sofrer mais bonito”, afirma Denise Fraga, sobre o papel da arte na vida cotidiana.
Em uma carreira de 40 anos marcada pela dedicação ao teatro, Denise considera essa montagem uma das experiências mais transformadoras de sua vida artística.
Criado a partir de uma intensa colaboração em sala de ensaio, "Eu de Você" rompe com a formalidade teatral tradicional, apostando na proximidade entre público e cena. O formato rompe a tradicional “quarta parede”, "Eu de Você" faz o público sentir-se íntimo da história, de modo que a plateia se torna um personagem dentro da trama.
Denise, porém, deixa claro. Embora o espetáculo dialogue diretamente com a plateia, ele não é interativo no sentido convencional. A obra reforça o vínculo humano por meio de histórias universais. "A peça nos lembra o tempo todo que estamos ali, compartilhando algo essencial sobre a vida", comenta.
O enredo de "Eu de Você" foi construído a partir de relatos do público. Denise pediu histórias pela internet e colocou anúncio em jornal. Resultado: quase 300 histórias que foram bem difíceis de escolher, mas as que ficaram, vão além das narrativas individuais.
Denise destaca a força de histórias simples e comoventes, como a de uma mãe enfrentando o Alzheimer ou a de um professor pedindo desculpas a um aluno. "Eu me pergunto: o que é comum a todos nós nesse país polarizado? E percebo que ninguém escapa dessas emoções compartilhadas."
Música, poesia e improviso
Sob direção de Luiz Villaça, "Eu de Você" é uma celebração do coletivo, num processo criativo que envolveu a dramaturgia de Rafael Gomes, a direção musical de Fernanda Maia e contribuições de uma equipe multidisciplinar.
A peça mistura música, poesia e improvisação, rompendo com métodos tradicionais e oferecendo a Denise uma nova forma de fazer teatro. "Eu sempre tive medo de improvisar, mas isso inaugurou uma maneira inédita de criar para mim", revela.
Embora tenha surgido a partir de uma ideia simples, o espetáculo se transformou em um grande coletivo artístico, com a participação de músicos, atores e criadores. A banda, formada por músicos que estão em cena ao lado da atriz, também é parte essencial da narrativa.
"Somos 10 pessoas viajando juntas, e a peça nasceu dessa convivência e do prazer de criar em grupo. É um trabalho que fortalece a fé no poder do coletivo e no teatro. A peça acabou sendo um mix de música, improviso e provocações. Cada cena carrega um pedaço da vida de todos nós", conta Denise.
O espetáculo oferece acessibilidade, com serviços de LIBRAS, audiodescrição e monitoria para pessoas neurodiversas. Para informações sobre esses serviços, o público pode contatar a produção pelo e-mail comunicacao@niafilmes.com.br.
A realização de 'Eu de Você" é da NIA TEATRO e o patrocínio da Bradesco Seguros, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura, Ministério da Cultura e Governo Federal.
Serviço
Espetáculo: Eu de Você
Datas: 22, 23 e 24 de novembro de 2024
Local: Theatro da Paz, Praça da República, Rua da Paz, s/n, Centro, Belém - PA
Ingressos: Bilheteira do Theatro da Paz e site Ticket Fácil
Preços: R$ 20,00 a R$ 140,00
Classificação indicativa: 12 anos
Duração: 90 minutos
O psiquiatra José Ângelo Gayarsa, que se notabilizou por fazer ‘sessões e consultas’ na televisão, costumava dizer que a família- pelo menos a nossa família tradicional ocidental- era fonte das nossas maiores mazelas e traumas psíquicos ao longo da vida. Creio que Nelson Rodrigues assinaria embaixo dessa afirmação com um largo sorriso no rosto.
É difícil olhar ao lado ou mesmo internamente e não ter uma sensação de que nossas fissuras emocionais não são causadas por esses anos de convivência familiar, negociando emoções, suprimindo dores, alimentando fantasmas de rancores, invejas e solidões. Há saída? Difícil dizer.
Alberto Silva Neto encontrou uma. Ou não, vá se saber, numa filosofia caetânica, de resto um ícone na vida de Alberto. Expor as fraturas e as feridas de um relacionamento com o pai e, por tabela, com um avô não conhecido (e que personagem fascinante) foi um modo de o ator Alberto exorcizar o pai, o avô, a família. Prestar homenagem ainda que às vezes sombria, foi uma solução para alguns demônios, anjos noturnos que podem atravessá-lo em noites perdidas, deitado na rede e olhando a cidade do alto.
Momo, o espetáculo exorcismo, o monólogo das entranhas, a peça divanesca, o teatro testemunho, ou qualquer outra definição que queiramos ou possamos dar é, antes de tudo, um atravessar por um terreno pedregoso. Sim, estamos vendo as águas do mar, a praia lá adiante, mas para chegar até ela, é necessário talvez cortar os pés nas pedras afiadas que nos separam dessa suposta recompensa. Não, não nos iludamos. Como o personagem em determinado momento, precisaremos arrancar fora os calçados e encarar os passos nus.
Alberto Silva Neto é um monstro. É um artista-ator que chegou a um momento de plenitude dramatúrgica onde a palavra assombro talvez seja a melhor a nos definir quando o assistimos em cena. Sou testemunha disso. Alberto fez parte de meu primeiro longa de ficção, Flashdance TF e eu, que sempre o cogitei para o papel desde a escrita do roteiro, admito não estar preparado para o que presenciei de forma tão íntima e tão intensa. Cláudio Barros, outro gigante amado, não me deixaria mentir.
Em Momo, Alberto se despe e se veste. Se traveste de armaduras e as joga longe. Ao encarar a vida e a morte do pai, entre cartas, recortes, missivas que mais parecem uma garrafa jogada ao mar, ele nos amarra ao pé da mesa da escuta. Só que essa escuta não é isenta de dor. Ela nos leva aos nossos próprios assombros, nossos escuros, ali onde algo nos escava feridas, nos atropela memórias.
É dor feito gozo, como cantariam Gonzaguinha ou Djavan, que já abordaram essas funduras em letras musicais. Ou aquilo que Caio Fernando Abreu sempre dizia, sobre a dor de criar algo que é verdadeiro, no sentido não da palavra verdade, mas aquela coisa que não nos deixa mentir quando o espelho nos mira de volta nos sombrios momentos de solidão urbana.⁷
O que Alberto busca e ele costuma enfatizar isso, é ultrapassar a barreira do mero ser-estar ator e ir um pouco além. Ou muito além. Alberto grita e chora e ri e sussurra e se cala. E entre os olhos umedecidos ele sorri e confessa ser teatro o que faz. Mas é uma armadilha também, pois nunca é só teatro. A vida pulsa. No efêmero e no eterno.
Há vícios e virtudes no caminho de qualquer artista. Egos impelidos a criar e dizer e mostrar algo que são como portas entreabertas, janelas que iluminam porões empoeirados, onde o fogo que queima gera uma cinza pouco acessível. Não é uma tarefa fácil sacudir os esqueletos de cada armário.
Em Momo há as compreensões e incompreensões sobre os papéis de cada um numa história masculina. Paternar. O pai, o filho, o desamparo materno, o pai que somos, os filhos que fomos, o futuro e o passado que se embolam. Onde o abraço? Onde o encontro? A voz tonitruante imperativa. A voz do pai. A voz do medo. Da distância, do afeto suprimido. Pai. Descasquemos as peles, arrancando as cascas de ferida. O que nos sobra?
Alberto entrega e pede de volta. Reclama compreensão e aceitação. Esse sou o eu descarnado. Talvez não seja. Talvez seja apenas teatro. Mas se teatro é vida, é a vida que está sendo jogada em nós?
Ou é simplesmente mais uma folia de momo num carnaval de ruas desertas?
O palhaço chora. E eu o observo de meu próprio picadeiro. Alberto? Esse quer se equilibrar na corda lá em cima. A pergunta que me faço é: há rede para amparar a queda, se houver?
Ave, Alberto. Te saúdo.
(Ismael Machado)
Em cena Alberto Silva Neto, 54, compartilha experiências pessoais numa performance que inicia com uma reflexão sobre o ator que, mesmo se transformando em outro, nunca perde a consciência de sua identidade.
O teatro é uma "metamorfose", mas uma metamorfose consciente, onde tanto o ator quanto o público sabem que o ator está ali, interpretando, mas não se transformando no personagem. Esta reflexão prepara Alberto Silva Neto a si mesmo e a suas testemunhas, para mergulhar num ato poético revolucionário, MOMO.
O teatro como a arte de expor a vida. Um lugar de revolução, onde a arte não é fuga da realidade, mas uma forma de enfrentá-la. MOMO surge em 2023, como um espetáculo solo autobiográfico que mergulha nas complexas relações familiares e na busca pelo autoconhecimento.
A dramaturgia é fundamentada em cartas trocadas na década de 1960 entre seu pai, Eduardo, e seu avô, Alberto, além de um texto escrito por Alberto após a morte de seu pai em 2007. Despojada de elementos cênicos tradicionais, a montagem enfatiza a intimidade do ato performático.
Em cena, Alberto busca revelar-se sem disfarces. Partilha com a plateia sua experiência pessoal de maneira crua e verdadeira, criando um espaço onde o espectador não é apenas um observador, mas alguém que é transformado, tocado e desafiado a repensar a própria vida.
Clínica do Sensível - prática artística e psicoterapêutica
É nesse contexto que a figura de Wlad Lima, artista-analista, escritora, diretora/cenógrafa de teatro e desenhista, se torna fundamental para entender o impacto do trabalho de Alberto. A apresentação ocorreu no porão onde ela realiza a sua Clínica do Sensível, desenvolvendo uma abordagem que integra práticas artísticas e psicoterapêuticas, oferecendo um espaço onde artistas e não-artistas podem explorar e cuidar de seus processos de criação e de si mesmos.
Dedicada ao estudo e à prática da arte como ferramenta de autoconhecimento e cura, utilizando a psicanálise como uma lente para perceber o processo criativo, em sua "Clínica do Sensível", ela é guia ao processo artístico de Alberto, entrelaçado com a análise, abrindo uma oportunidade de explorar emoções e experiências pessoais de forma profunda.
A psiquiatria, neste caso, não é disciplina distante da arte, mas uma prática que dialoga diretamente com o corpo e as emoções do indivíduo, o que a torna uma ferramenta poderosa para o processo criativo. Em "Momo" o público é convidado a vivenciar essa fusão entre arte e terapia. E nesta experiência compartilhada, não só testemunhamos um processo de transformação, demos um salto no abismo e mergulhamos num ritual de cura.
Sobre o ator
Alberto Silva Neto é jornalista, ator e professor com trajetória também como diretor e encenador. Desde 2004, dirige o grupo Usina Contemporânea de Teatro, com foco na pesquisa sobre o trabalho do ator.
Na UFPA, leciona disciplinas como Teorias do Teatro e Sistemas do Pensamento Teatral, além de coordenar projetos de pesquisa. Com doutorado em Artes pela UFMG, sua prática se une à pedagogia, investigando o processo cênico e a dramaturgia do ator, sempre com ênfase no corpo e na criação teatral.
Poperópera, do Grupo Mexa (SP) |
Aguar o Tempo, da In Bust, no Casarão do Boneco |
Altamira, performance de Gabriela da Cunha |
Mãe Lulu Fotos Divulgação |
A programação começa às 15h30, com o debate: “O Direito do Povo de Terreiro: Patrimônio Material e Imaterial”, integrando o “!PULSA! Movimento Arte Insurgente”.
As discussões abordarão a importância dos terreiros e suas manifestações culturais, como patrimônio imaterial, e políticas públicas que possam reconhecer e proteger esses espaços ancestrais. Participam do encontro: Mãe Eloísa de Badé, da quarta geração de mulheres à frente do Terreiro de Mina Dois Irmãos; Pai Amilton, do Centro de Estudos e Defesa do Negro do Pará (Cedenpa); Babalaô Ivanir do Santos, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Pedro Neto, antropólogo; e mediação de Daniel Faggiano, bacharel em direito com mestrado em antropologia.
Após o debate, as comemorações continuam a partir das 19h, com um cortejo e um tambor em celebração à entidade espiritual Seu Zé de Légua, a Festa dos Boiadeiros e aos 90 anos de Mãe Lulu. A programação é gratuita, mas com recomendações de vestimentas - não compareça com roupas pretas, curtas (bermuda, saia e vestido curtos), decotadas e calça apertada.
Filha caçula de Mãe Amelinha de Dom José Rei Floriano, Mãe Lulu de Toy Averekete foi escolhida para dar continuidade às tradições do “Dois Irmãos” em 1963, aos 29 anos de idade. Ao longo de mais de 60 anos de luta, recebeu diversos reconhecimentos, como a Comenda Mãe Doca. Aos 90 anos, repassou a zeladoria do terreiro para sua filha caçula, Eloísa de Badé, mas sua jornada espiritual continua marcada pela luta constante para manter vivos os fundamentos do terreiro e as tradições que suas ancestrais transmitiram.
Ao longo de sua trajetória, mãe Lulu se tornou uma referência para outras casas de axé, contribuindo para a perpetuação dos rituais, da história e da sabedoria dos ancestrais no Estado. Mãe Eloísa de Badé, que leva à frente o legado do “Dois Irmãos” há mais de dez anos, conta que a trajetória do terreiro se entrelaça com a resistência das comunidades de matriz africana diante das adversidades históricas.“Essa programação celebra a luta incansável das mulheres pela preservação das nossas tradições religiosas e culturais. A defesa do tambor de mina e do legado de Mãe Lulu, Mãe Amelinha e de Mãe Josina, fundadora da nossa casa, visa valorizar as culturas de origem africana no Brasil, especialmente na Amazônia”, diz mãe Eloísa.
No dia 30 de agosto de 2024, o Terreiro de Mina Dois Irmãos completou 134 anos de história, sempre localizado na Passagem Pedreirinha, no bairro do Guamá. Em 2010. foi tombado como território simbólico, de valor histórico e cultural para o Pará, pelo Departamento de Patrimônio Histórico Artístico e Cultural do Estado do Pará (Dphac), da Secretaria de Estado de Cultura (Secult).
Em 2024, o Terreiro de Mina Dois Irmãos foi uma das fontes de pesquisa da escola da escola de samba Grande Rio para o desenvolvimento do enredo “Pororocas Parawaras: As Águas dos meus Encantos nas Contas dos Curimbós”, que vai levar a encantaria amazônica para o Carnaval do Rio de Janeiro.
Serviço
Festa de Seu Zé de Légua e 90 anos da Mãe Lulu
Data: 14/11 (quinta-feira)
Programação
15h30 - Debate “O Direito do Povo de Terreiro: Patrimônio Material e Imaterial”, com Mãe Eloísa de Badé, Pai Amilton, Babalaô Ivanir do Santos, Pedro Neto e mediação de Daniel Faggiano.
19h: Cortejo e tambor em homenagem a Seu Légua e Mãe Lulu
(Holofote Virtual com informações da assessoria de imprensa)
A proposta é amplificar as discussões sobre a produção audiovisual feita na Pan-Amazônia e por amazônidas, assim como semear a cultura cinematográfica na região.
Com o slogan “O cinema de todas as Amazônias na luta pela floresta em pé”, o Amazônia (FI)Doc vai reunir produtores, diretores e interessados em audiovisual numa rodada de debates. Na oficina “Montagem autoral com foco na Pan-Amazônia”, o produtor cinematográfico e montador Renato Vallone vai falar da criação cinematográfica, especialmente na montagem e na edição, e das narrativas transformadoras capazes de enfrentar as dinâmicas eurocêntricas e hollywoodianas, sutis ou explícitas, que ainda persistem no audiovisual sul-americano. “Analisaremos filmes que se recusam a seguir os padrões de legitimidade do circuito global elitista e que se erguem como potentes expressões de resistência e criação”, disse Renato.
No workshop “Desenvolvimento de roteiro para longa e série documental”, a roteirista Lúcia Tupiassú combina conteúdos conceituais e estudos de casos de filmes e séries para apresentar caminhos para a realização de projetos documentais. “Documentários têm roteiro? O que faz um roteirista de documentários? Como pensar a linguagem e as escolhas narrativas em documentários? Qual a importância da pesquisa na realização de documentários? Série, curta ou longa: qual o melhor formato para o meu projeto? Como montar um projeto de venda? Essas são algumas das questões abordadas nos encontros”, são alguns questionamentos.
A diretora Luh Maza, no workshop “Criação para TV e Streaming”, compartilha de forma descomplicada seu processo criativo no desenvolvimento de séries. Minom Pinho, produtora e diretora, vai coordenar o workshop “Viabilizando filmes documentais para cinema e TV”. Serão abordados os diversos caminhos para viabilizar projetos de documentário em longa-metragem para cinema, TV e VOD e as estratégias adotadas no processo de criação em sintonia com o mercado.Na oficina “Criação, desenvolvimento e comercialização de projetos para TV e cinema”, a produtora e pesquisadora Vanessa de Araújo e Souza apresenta os caminhos para desenvolver e aprimorar uma ideia e transformá-la em produto no mercado audiovisual. “Ao longo da oficina, você aprenderá a estruturar sua proposta, explorar estratégias para se conectar com sua audiência e engajar potenciais investidores e parceiros”, afirmou.
Em masterclass, a cineasta Maya Da-Rin fala das perguntas que movem o processo criativo, do roteiro à cena. A cineasta abordará questões de estrutura narrativa e roteiro, dando ênfase na preparação e construção das cenas.
A cineasta Marina Person estará à frente da masterclass “Por que temos tão poucas diretoras de cinema?”. Marina contará a história de quando e por que os homens passaram a ocupar os cargos de comando e a expulsar as mulheres do fazer cinematográfico, como os filmes dirigidos por cineastas mulheres estão ganhando espaço e reconhecimento ao longo das décadas, além de relacionar a sua própria experiência como cineasta nesse panorama atual.
Serviço
A programação completa do Amazônia (FI)Doc e inscrição nas oficinas e workshops estão disponíveis nas redes sociais (site e Instagram - @amazoniadoc). Inscrições podem ser feitas pelas redes sociais.
O livro, que chega ao Brasil em uma tradução inédita feita pela PUCPRESS - editora da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) -, representa uma contribuição valiosa de um dos pensadores mais influentes da atualidade.
Em um mundo cada vez mais fragmentado, onde as relações são desafiadas e a busca por sentido e pertencimento se torna mais urgente, o sociólogo francês Michel Maffesoli nos convida a refletir sobre o significado e a conexão com o transcendente em "A nostalgia do sagrado".
Na obra, Maffesoli argumenta que essa "nostalgia do sagrado" não implica necessariamente um retorno às religiões tradicionais, mas sim em uma busca por novas formas de vivenciar a vida em sua plenitude. Isso se manifesta através da arte, da música, do convívio social e de outras expressões culturais que evocam o mistério, o lúdico e a emoção compartilhada.
"O paradoxo da era tecnológica é a crescente busca pelo incerto e imponderável, contrastando com a racionalidade dominante. Essa tendência, particularmente presente entre os jovens, demanda uma perspectiva que valorize a reciprocidade, a partilha e o intercâmbio, evidentes tanto na vida cotidiana quanto nas redes sociais, concebidas por muitos como uma ‘comunhão dos santos' pós-moderna”, explica o filósofo.
Ao empregar o conceito de "razão sensível", que contrasta a frieza da razão instrumental com a importância da intuição, da emoção e da experiência sensorial na construção do conhecimento e do sentido da vida, Maffesoli revela que a vida social é permeada por uma dimensão simbólica essencial, que se manifesta nas interações cotidianas, nos rituais e nas celebrações coletivas.Examinando a emergência das tribos urbanas, das comunidades efêmeras e de outras formas de sociabilidade contemporâneas, o pensador demonstra como a busca pelo sagrado se manifesta na reconexão com o Outro, que pode ser o sujeito, o meio ambiente ou mesmo o transcendente. Para ele, a pós-modernidade não sinaliza o fim da religiosidade, mas sim uma transformação profunda em suas expressões, revelando uma procura incessante por sentido e pertencimento em um mundo em constante mutação.
No prefácio da edição brasileira, Maffesoli ressalta a relevância de sua obra para a realidade do Brasil: "Cada vez que vou ao Brasil, fico impressionado com o reencantamento estrutural da vida cotidiana". O autor enfatiza a força dos laços sociais e a importância das relações interpessoais na cultura brasileira, elementos que se conectam diretamente com a temática central da mais recente tradução de seu trabalho.
Maffesoli convida o leitor a repensar a relação entre razão e emoção, indivíduo e sociedade, e entre secularização e reencantamento do mundo. A edição da PUCPRESS de “A nostalgia do sagrado” oferece ao público brasileiro uma contribuição fundamental para os campos da sociologia, antropologia e estudos sobre religião, sendo uma leitura indispensável para aqueles que buscam compreender as complexas interações entre o indivíduo, a sociedade e a busca por significado na era pós-moderna.
Sobre Michel Maffesoli
Sociólogo francês e Professor Emérito da Sorbonne Université, Michel Maffesoli é reconhecido internacionalmente por suas contribuições à compreensão da sociedade contemporânea. Suas obras, marcadas por uma profunda análise da cultura, investigam as transformações sociais e as novas formas de sociabilidade que emergem em um mundo cada vez mais complexo.Maffesoli é conhecido por popularizar o conceito de "tribo urbana", um termo que descreve agrupamentos sociais espontâneos e temporários, unidos por afinidades e estilos de vida, que desafiam a ideia de uma sociedade de massas homogênea.
Autor de uma vasta produção intelectual, premiado com o Grand Prix des Sciences Humaines, da Academia Francesa, Maffesoli convida-nos a repensar as dinâmicas do individualismo e do coletivismo na era pós-moderna, explorando a importância do imaginário social, da estética e do nomadismo na construção das identidades contemporâneas. Seu trabalho, fundamental para a compreensão do mundo atual, oferece ferramentas para decifrar os desafios e as oportunidades que surgem em uma sociedade em constante mutação.
Serviço
A nostalgia do sagrado: o retorno do religioso nas sociedades pós-modernas
Organizador/Autor: Michel Maffesoli
Editora: PUCPRESS
Outras informações: www.pucpress.com.br