31.3.10

Conexão Vivo seleciona dois artistas e orquestra paraenses para o circuito 2010

Entre os paraenses, a cantora Iva Rothe e o guitarrista Pio Lobato (foto) foram escolhidos para se integrarem ao Conexão Vivo 2010. Além deles, Orquestra Juvenil de Violoncelistas da Amazônia também foi selecionada.

Iva e Pio passaram pelo crivo da pré-curadoria dos representantes de festivais e coletivos de música independente.

Formaram a comissão integrantes do Coquetel Molotov (PE), Rede Motiva (BA), Se Rasgum (PA), Omelete Marginal (ES), 53HC Music Fest, Jambolada e Arte na Praça (MG), entre outros integrantes da rede Conexão Vivo.

Mas Orquestra de Violoncelos, veja que bacana, foi escolhida por votação popular, com mais de 1.100 votos. Da região Norte ainda entraram a banda Caldo de Piaba e Los Porongas, do Acre e a Mini Box Lunar , do Amapá. Os escolhidos vão participar do Conexão e se apresentarão em 11 cidades de Minas Gerais, Bahia e Pará.

De acordo com as informações veiculadas no site do projeto, foram mais 1,3 mil artistas inscritos, 46 foram selecionados por uma curadoria e quatro foram escolhidos diretamente por votação popular. Ao todo foram contabilizados 42.267 votos.

Leia mais no site do Conexão Vivo

Fundo Reyno faz mais duas apresentações no Teatro Fundação Curro Velho

O espetáculo Fundo Reyno completa, com mais estas duas apresentações no Teatro Fundação Curro Velho, dez exibições ao público.

Depois, Walter Freitas, o autor e diretor, diz que ele ainda deve circular mais com a peça levando-a inclusive para outros municípios paraenses.

Na temporada feita no Teatro Waldemar Henrique, de 18 a 28, sempre de quinta a domingo, mais de 600 pessoas puderam conferir a fábula das Pajés Sacacas que disputam a chave do Fundo Reyno.

A escolha do espaço para estas próximas apresentações, nesta quarta-feira, 31, e quinta-feira, dia 1º de abril, sempre às 18h30, com entrada franca, não foi por acaso. O Teatro Fundação Curro velho fica situado exatamente na comunidade Vila da Barca, onde Walter Freitas, e equipe fizeram a pesquisa de campo para a construção do espetáculo.

“Foi muito prazeroso entrar na Vila e estabelecer contato com seus moradores, uma relação que começa pelo projeto de urbanização que eu desenhei pra o espaço da Vila, ainda em 2000/2001. A relação do Fundo Reyno com a comunidade é de pesquisa corporal, sonora, vivencial, dia por dia, dirigida por mim em processos que envolveram a maioria das atrizes que hoje estão em cena”, explica Walter Freitas.

Para Maurício Franco, que assina o figurino e o cenário, a pesquisa corporal e comportamental feita na Vila da Barca foi fundamental para a sua criação.

“Veio logo a idéia de colocar em cena aquelas varas que as antigas casas tinham, para empurrar os animas mortos para o meio do rio.

Por isso, elas estão à entrada, junto ao emaranhado de redes que remetem à rede de intrigas que o espetáculo mostra”, explica Maurício que também abusou de material reciclado para remeter ao lixo infelizmente sempre encontrado na periferia.

O espetáculo, que é vencedor do Prêmio Myriam Muniz da Funarte, mostra a história de um quadrilátero amoroso que reúne na trama com ingredientes como intriga, sexo e ganância.

No elenco reúne cinco atrizes: Juliana Medeiros (Pajé Sacaca), Pauli Banhos (Viúva Zumira), Monica Lima (Folião da Batucada), Wellingta Macedo (Nhá Luca, O Bicho) e Andrea Rocha (Antero Dezimar), além de Walter Freitas e Akel Fares, foliões violeiro e rabequeiro, respectivamente.

A música é um elemento importante e fundamental na construção do espetáculo.

Em “Fundo Reyno” há personagens que já são músicos, no caso os foliões, mas as demais personagens também funcionam como cantores, manifestando a musicalidade popular que é tão presente na Amazônia.

O espetáculo recebeu durante a primeira temporada alunos da Escola Municipal Benvinda de França Messias, do bairro de São Braz e dos Alunos da EJZ - Educação de Jovens e Adultos; dos integrantes do Grupo de Teatro do Projeto Guaerê - Guamá em Rede pelo Enfrentamento à Violência contra Crianças e Adolescentes, do bairro do Guamá e do grupo Grupo de Teatro Monturo, além dos estudantes da Escola Municipal Colônia do Fidélis, ambos de Outeiro.

Serviço
“Fundo Reyno” faz as duas últimas apresentações. Nesta quarta-feira, 31 de março, e na quinta-feira, 1º de abril. No teatro Fundação Curro Velho. A partir das 18h30, com entrada franca. Rua prof. Nelson Ribeiro, nº 287, no final da Djalma Dutra próximo à Av. Pedro Álvares Cabral. Mais informações: 8110.5245 e 8134.7719.

30.3.10

Estão abertas as inscrições para o edital Rumos Literatura do Itaú Cultural

O programa Rumos Literatura 2010-2011 está com inscrições abertas até 31 de julho, e em sua quarta edição, o programa é dirigido aos interessados em desenvolver textos reflexivos sobre literatura e crítica literária brasileira contemporânea.

O público alvo inclui todas as pessoas interessadas nos temas propostos, independente do nível escolar e atividade profissional. A novidade desta edição é a possibilidade de estrangeiros se inscreverem.

O programa busca colaborar no desenvolvimento de potencialidades ao estimular a formação do interessado em literatura na ampliação de sua rede de relacionamentos intelectuais e profissionais e, posteriormente, lançar e divulgar uma publicação com sua produção autoral.

Categorias

1. Produção Literária: para projetos de ensaio que tratem de um tema relativo à produção literária brasileira a partir do início dos anos 1980.

2. Crítica Literária: para projetos de ensaio sobre a produção crítica na literatura brasileira realizada a partir do início dos anos 1980. Importante: o interessado não precisa escrever o ensaio final, apenas o projeto que será desenvolvido em 2011, conforme consta no edital.

Leia o edital completo, regulamento, prêmios e saiba com se inscrever.

E-mail tira dúvida: rumosliteratura@itaucultural.org.br

Acompanhe as notícias e comentários sobre o programa Rumos no blog,


CD "Marujo de Reis" contará com Mestre Vieira

O convite foi feito há duas semanas, 

pelo músico Renato Rosa, autor do projeto
Mestre Vieira estava em sua casa, em Barcarena (Pa), quando recebeu Renato Rosa, um músico vindo da capital mineira e que estava algum tempo namorando a possibilidade de convidá-lo para gravar algumas faixas em seu primeiro CD “Marujo de Reis".

O trabalho terá outros convidados, como a cantora Mariana Brant, que vem se apresentando ao lado dos músicos Fernando Brant e Tavinho Moura, em Belo Horizonte.

Ele é paraense. Nasceu em Bragança-PA, mas mora em Minas há muitos anos. O CD trará as sonirodades das culturas paraense e mineira. O projeto de gravação e lançamento foi aprovado pela Lei Estadual de Incentivo à Cultura de  Minas Gerais.

“Quero compor uma faixa especial para que a guitarra de Mestre Vieira se encontrasse com a de Toninho Horta, outro incrível guitarrista brasileiro. Espero que estilos tão diferentes de guitarristas mostrem que Minas Gerais e Pará não estão tão distantes quanto parece”, diz Renato que não tem certeza ainda da participação de Horta, ao contrário da de Vieira, que já aceitou.

A gravação deve acontecer em Belém, até agosto. “Estou trabalhando com uma margem apertada, mas, se ao final da gravação, sobrar recurso suficiente, gostaria de trazer o Mestre Vieira para tocar no show de lançamento”, planeja sabiamente o músico. Outro parceiro que já está confirmado é Fernando Brant. "Com ele estou preparando cinco músicas”, declara.

Ex-vocalista do Grupo Chapéu Panamá, Reanto trabalha como diretor musical e já teve composições gravadas por artistas mineiros, como Mauro Zockratto, no disco "Pelo espaço de um compasso". E a cantora Marina Machado (na foto acima, se apresentando junto a Milton Nascimento), que também o gravou. Ela canta a música "Meu menino", canção a ser lançada ainda este ano.

Além destas parcerias, entrarão no disco duas releituras, uma do maestro Waldemar Henrique, e outra, fruto da parceria entre Brant e Milton Nascimento. Para fazer as fotos do encarte do CD, mais uma maneira de unir talentos, foram convidados dois fotógrafos: Ana Mokarzel (paraense) e Marcelo Araújo (mineiro).

Antes de ir ver Mestre Vieira, Renato esteve em Bragança, onde reencontrou velhos amigos e gravou o som de rabecas da marujada e ruídos típicos da terrinha. É também sobre isso, a entrevista que segue. Sobre conhecer o mestre da guitarrada, confessa que não sabia o que esperar, mas que se surpreendeu ao conhece-lo de de perto e o tamanho de seu trabalho. “Descobri, agora, que conhecia poucas composições dele considerando sua obra completa. Eu não tinha ideia de quem era o homem por trás daquele talento”.

Holofote Virtual: Como foi o encontro com Mestre Vieira?

Renato Rosa: Fiquei muito feliz por ter sido recebido por ele como se fosse um amigo, daqueles que abrem a sua casa sem cerimônia e deixam a gente entrar em sua vida esperando o bem. Como eu vivi minha infância em Bragança-PA, a guitarra do Mestre me soa tão natural quanto um conselho de mãe.

Por isso, vê-lo tocar na minha frente e ainda por cima acompanhando as minhas músicas como se as conhecesse intimamente, foi para mim mais que uma honra, foi ter a sensação de retorno à minha casa.

Além da carga emocional do encontro, agora que eu consigo avaliar melhor os aspectos técnicos da guitarra do Mestre e re-escutando a gravação do encontro, eu posso dizer que ele possui uma intuição musical e uma intimidade com o seu instrumento que não se vê todo dia.

Holofote Virtual: O projeto vem sendo amadurecido há muito tempo? Quando foi que você pensou em convidar Mestre Vieira para gravar?

Renato Rosa: Desde o meu primeiro contato com música eu vi engrossando o meu acervo de composições. Depois de avaliar as minhas músicas para a formação do repertório do novo disco, eu percebi que eu não poderia negar que a minha forma de compor e as coisas de que falo quase sempre se resume numa síntese das minhas culturas (paraense e mineira).

E depois de avaliar isso com calma e com a ajuda do músico Flávio Medeiros, o arranjador do disco, cheguei à conclusão de que todo o projeto, desde a composição à formação dos arranjos, deveria buscar mostrar essa síntese. E como a música do Mestre Vieira faz parte do que eu sou, a sua participação não poderia faltar no disco.

Combinamos então que ele participará acompanhando a faixa “Sina do Caeté”, uma homenagem à Bragança, e fará a guitarra principal de uma faixa instrumental chamada “Meu carimbó”, parceria minha com Bruno Cunha, compositor paraense.

Além de mostrar para ele essas duas músicas, eu deixei com ele uma gravação delas, já que a distância não permite que trabalhemos constantemente juntos neste processo. Prometi voltar ainda mais duas vezes esse ano à Belém, antes de começar a gravação. Todo o encontro foi gravado.

Holofote Virtual: Chegou a ouvir o CD Guitarra Magnética?

Renato Rosa: Fiquei tão ansioso para ouvir que eu toquei três vezes durante o caminho de volta - Barcarena para Belém, o que tornou o passeio de balsa mais romântico do que já é naturalmente. Ele já havia me avisado que era diferente de tudo que já tinha feito e eu realmente me surpreendi.

Ele manteve os solos característicos, mas arriscou nos ritmos e nas melodias. As músicas têm melodias tão interessantes que elas provocam aquela ansiedade gostosa pela repetição, que já é naturalmente típica da guitarrada.

Gostaria de destacar para aqueles que estão lendo essa entrevista e que ficaram interessados em ouvir o disco a faixa “Olinda”, que é um xote de fazer inveja a qualquer compositor bragantino.

Holofote Virtual: Falando em Bragança (foto) , a cidade também foi teu roteiro aqui. A visita também teve haver com o projeto?

Renato Rosa: Estive sim, mas o tempo foi curto. Além de conseguir visitar Ajuruteua, registrei, com um estúdio portátil, o som da rabeca tocando músicas da marujada e o burburinho do mercado de peixe.

Como sempre, é ótimo rever a minha terra. Eu tento não ser um daqueles bragantinos relâmpagos, que aproveitam, falam mal e vão embora. Pretendo que meu trabalho exalte as coisas boas que eu vivi e tenho vivido lá.

Só lamento que uma cidade com quase 400 anos de história, com belezas naturais maravilhosas e únicas, com uma culinária que não me deixa chegar perto de uma balança quando estou lá e tantas outras belezas seja tão escondida deste país.

Que lugar do país reúne a 220 km de uma capital com rios e igarapés lindos, uma praia simples e monumental, uma região de campos alagados virgens que reúne o maior ninhal de Guarás do mundo, além de ser rica em cultura musical e popular?

Holofote Virtual: Belém Pará e Belo Horizonte. Na tua opinião, o que elas podem ter em comum para compor um projeto musical?

Renato Rosa: São duas capitais com origem e desenvolvimento histórico diferentes. As diferenças são inúmeras, mas a minha pesquisa tem demonstrado que, fora toda a casca de hábitos metropolitanos, as duas cidades se aproximam pela força da cultura regional, que inclusive é muito semelhante.

O meu disco está mais concentrado na cultura de interior, principalmente por motivos musicais. E eu tenho me surpreendido com as semelhanças que tenho encontrado entre essas duas regiões tão distantes fisicamente. As festas populares mineiras de origem negra, como a Festa do Rosário, por exemplo, se assemelha muito com a Marujada de Bragança, inclusive homenageando o mesmo santo, São Benedito.

Enfim, a ideia do projeto é justamente exaltar semelhanças e diferenças entre as duas regiões e, com isso, tentar provocar uma aproximação cultural maior entre elas.

Holofote Virtual: Depois de tantos encontros por aqui, o projeto vai seguir outras etapas. O que acontece no teu retorno a Belo Horizonte (foto)?

Renato Rosa: Agora começa o trabalho pesado. Vou passar todas as minhas impressões e materiais que reuni na viagem para os dois arranjadores do disco, Flávio Medeiros (arranjos de harmonia) e Carlos Bolão (arranjos rítmicos). Já estou trabalhando com eles desde o início do ano para formar o repertório, agora entramos na fase de produção de arranjos. Paralelamente, correremos atrás dos músicos que vão dar a cara ao projeto.

Estou deliberadamente evitando contratar músicos pela cifra. Depois de 10 anos trabalhando com música em BH, tive a oportunidade de ter encontros felizes com músicos de lá. Quero privilegiar esses contatos no disco. Esse é um projeto que tem recebido gente que compra a ideia com muito carinho.

Minha intenção é, após escrever os arranjos, levar o Flávio e o Bolão para o Pará e contaminá-los com a musicalidade dessa terra. Isso é muito importante para que o disco não fique técnico demais e seja mais humano. Pretendo voltar ainda em julho. Se a captação do recurso sair como planejado, eu, Bolão e Flávio desembarcamos aí em julho. No mais, meus conterrâneos, um cheiro e um beijo!

29.3.10

Teatro Waldemar Henrique continua sem sistema de refrigeração

Há algum tempo que o assunto é abordado entre espectadores e artistas que se apresentam no Teatro Waldemar Henrique.

Aqui no blog a situação virou notícia em novembro de 2008, quando um grupo de pais denunciou na interent, via Orkut, que seus filhos saíram do Teatro Waldemar Henrique passando mal depois de assistirem um espetáculo numa manhã de domingo.

Na época, o diretor do teatro, o músico Marcos Cardoso, informou que teatro estava passando por uma reforma no telhado e de isolamento térmico.

Isso iria permitir a instalação de um novo equipamento de ar, mais potente e em condições de climatizar o ambiente, coisa que o atual, com mais de 20 anos em “funcionamento”, não consegue. A manta de fato chegou a ser colocada, mas não resolveu tudo.

O problema nunca deixou de incomodar, mas nas duas últimas semanas foi reclamação constante entre o público que foi à temporada do espetáculo “Fundo Reyno”, de Walter Freitas, em cartaz até domingo, 28.

Embora tenham sido poucos, houve quem não conseguisse ficar até o final do espetáculo, mesmo com os ventiladores de pé colocados em dois cantos da sala na tentativa de amenizar a temperatura.

O problema vem agravando. Os dutos estão deteriorados e precisam ser trocados por outros novos e de aço galvanizado, mas para que a isso seja feito, o forro precisaria ser rebaixado. E o teatro, por tanto, precisa ser fechado por mais de um mês e só assim ter o serviço concluído.

O orçamento, conforme apuração do Holofote Virtual, fica em mais de R$ 170 mil, incluindo a troca de toda a fiação elétrica e compra de novos compressores e difusores.

Sem esta verba por parte da Secretaria de Cultura do Estado, a direção do teatro informa que conseguiu uma parte desse montante através de emenda parlamentar com o deputado estadual Arnaldo Jordy.

Os R$ 50 mil, porém, cobre apenas parte do serviço, refrigerando o lobby de entrada. Fica faltando então, mais de R$ 120 mil. Na esfera federal, o deputado Paulo Rocha também foi procurado e se sensibilizou, chegando a levar o projeto de reforma para Brasília, a fim de conseguir o restante da verba.

Vamos torcer para que o deputado seja bem sucedido. O Teatro Waldemar Henrique é um prédio público, tombado pelo patrimônio histórico e espaço importante para a história do movimento de teatro independente em Belém.

Além do aquecimento intenso nos dias de apresentações, principalmente, há uma infiltração no porão, que só o estraga mais a cada dia. O espaço subterrâneo do Waldemar bem poderia ser utilizado para ensaios de grupos que não possuam um lugar para ensaiar suas peças ou mesmo para realização de projetos mais experimentais.

Os teatros históricos da cidade estão precisando ser cuidados. O Teatro São Cristóvão já está ruínas e o Theatro da Paz, fechado desde fevereiro, depois que parte do forro da parte externa de entrada desabou.

Os motivos também teriam sido infiltrações, como chegou a informar a direção do Departamento do Patrimônio Histórico, Artístico e Cultural - DEPHAC, ou os cupins detectados pela inspeção do Corpo de Bombeiros. Para ser reaberto, ainda vai levar mais de 30 dias.

ABDeC-Pa lança mostra e realiza sessão especial para comemorar os 30 anos da entidade

Para comemorar seus 30 anos de atuação, a Associação Brasileira de Documentaristas e Curta-metragistas do Pará - ABDeC-PA realiza, nesta terça-feira, 30 de março, uma sessão especial no cineclube Pedro Veriano.

A entidade é filiada a ABD Nacional, que está presente nos 26 Estados brasileiros mais o Distrito Federal, sendo uma das poucas entidades representativas de classe em todo o país.

No Pará, está presente em vários movimentos responsáveis por conquistas como a parceria com a Fundação Curro Velho para a criação do Cineclube Pedro Veriano, passando pelo processo de manutenção do Cinema Olympia, até a implantação do Núcleo de Produção Digital no Pará e projeto Cine Mais Cultura, entre muitas outras atividades, filmes realizados em parceira, festivais e afins.

Na programação de aniversário, a entidade pretende fazer um balanço de suas atividades e lançar a “Mostra ABDeC”, além de exibir curtas-metragens e documentários, dirigidos por abdistas. Tudo de graça, a partir das 18h.

Realizado em parceria com a ABD Nacional, a “Mostra ABDeC” pretende mapear a produção audiovisual paraense, através de um mini-festival onde os filmes exibidos passarão por um júri popular, que votarão nos que considerarem melhor. Os filmes mais votados vão compor uma caixa de DVD que farão parte do acervo da ABDeC, que se responsabilizará pela divulgação e distribuição nos projetos em que estiver envolvida.

Programação - O curta “O Dia que o Padim voltou ao Crato”, animação de Rodrigo Aben-Athar, é vencedor do Prêmio Aquisição BNB no Festival do Minuto, com o tema Padre Cícero, em Novembro de 2009.

Já “Severa Romana” (foto) de Bio Souza, Rael Hélyan e Sue Pavão, tem duração de 15 minutos. Vencedor do Prêmio Estímulo da Prefeitura Municipal de Belém em 2002, o filme conta a história de uma jovem dona de casa, assassinada no dia 02 de novembro de 1900, por um militar, ao resistir a uma agressão sexual.

'Severa Romana' traz no elenco Laydiane Rodrigues (como Severa), Cláudio Marinho (no papel do soldado Pedro, marido de Severa), Luiza de Abreu (que vive a dona da pensão onde vive o casal), Natal Silva (como a vizinha de Severa) e Lúcio Martins (que interpreta Cabo Ferreira, assassino de Severa).

O vídeo-documentário de 06’, “O Mundo de Célia” é resultado do projeto Ponto Brasil, realizado no Instituto de Artes do Pará em 2009, através do Núcleo de Produção Digital. Com direção coletiva de membros da ABDeC do Pará, o curta dá voz a uma prostituta que vive em rua histórica de Belém.

Encerrando a sessão será exibido o DOC TV “A Descoberta da Amazônia pelos Turcos Encantados” (2005).

O filme, do documentário de Luiz Arnaldo Campos que registra/recria realidades materiais e imateriais que compõem o universo místico do Tambor de Mina, a mais poderosa religião afro-indígena da Amazônia.

Serviço
Aniversário da ABDeC-Pa, terça-feira, dia 30, às 18h no Cineclube Pedro Veriano, que fica na Casa da Linguagem (Avenida Nazaré com Assis de Vasconcelos). Lançamento da Mostra ABDeC e exibição dos filmes “O Dia em que o Padim voltou ao Crato”, “Severa Romana” e “A Descoberta da Amazônia pelos Turcos Encantados”. Entrada franca.


Amazônia Doc premia documentário “Mataram Irmã Dorothy”

O drama real no tribunal de justiça e o acompanhamento do julgamento dos assassinos da irmã missionária, em Anapu-Pa, fizeram do documentário “Mataram Irmã Dorothy” o vencedor do prêmio especial Amazônia Doc - AUGUSTO RUSCHI, de Melhor filme no valor de R$ 15.000,00 para o longa metragem.

O “Amazônia Doc – Festival Pan-Amazônico de Documentários” aconteceu em 2009, e este ano segue para sua segunda edição.

A cerimônia de entrega do prêmio acontecerá nesta quarta-feira, 31, no auditório do Instituto de Artes do Pará – IAP, com exibição do filme a partir das 19h.

A sessão contará com a presença dos realizadores do filme, além de David Stang, irmão de irmã Dorothy.

Dirigido por Marcela Borseau e Daniel Jung, o filme retrata toda a trajetória que levaram à tragédia com irmã Dorothy Stang, freira de 73 anos de idade, de Ohio, atingida por seis tiros e deixada para morrer numa lamacenta estrada da Amazônia.

Julgamento - Neste dia, ainda, o Caso Dorothy Stang estará sendo lembrado, a partir das 7h30, com celebração inter-religiosa, em frente no Fórum Criminal de Belém (PA), na Praça Felipe Patroni - Cidade Velha.

A manifestação é para marcar o início de mais uma etapa em busca de justiça. Um dos mandantes do crime, o fazendeiro Vitalmiro Bastos de Moura, o Bida, estará indo a seu terceiro julgamento.

Mas, como o próprio documentário mostrará, à noite, ele é apenas a ponta de uma rede de criminosos que tramaram contra a vida de Dorothy.


27.3.10

Entrevista: Alberto Silva Neto dirige novo projeto teatral inspirado em obra de Dalcídio Jurandir

Ponta de Pedras, ilha do Marajó, Pará, 10 de janeiro de 1909. Nasce ali e naquela data uma das maiores expressões da literatura paraense.

Dalcídio Jurandir morreu no final dos anos setenta, deixando um enorme legado, a sua obra, amazônica em todos os sentidos.

O romancista, que recebe homenagens pelo seu centenário, continuará sendo homenageado sempre e, mais do que isso, inspirando outras obras, de leituras próprias. A Associação Cultural Usina Contemporânea de Teatro acredita nisso e está bebendo na fonte.

No mês de fevereiro, o grupo deu início a uma grande empreitada nesta direção, ao realizar o Seminário de Preparação para o projeto “Mimese Corporal e Vocal na Ilha do Marajó”, vencedor do Prêmio Myriam Muniz da Funarte.

O espetáculo também ganhou apoios culturais do Hotel Regente, Academia de Danças Ana Unger e do Instituto de Artes do Pará.

“Nosso seminário teve como objetivo fundamental estudar alguns temas que julgamos essenciais para o trabalho como, por exemplo, compreender a estrutura narrativa do romance que pretendemos encenar, para o que contamos com a valiosíssima colaboração do professor Gunter Pressler”, conta o diretor Alberto Silva Neto.

Além dos atores Valéria Andrade, Nani Tavares e Milton Aires, e de Alberto Silva Neto e Nando Lima, todos do Usina Contemporânea de Teatro, as conversas e apresentações tiveram a participação do autor e diretor da Cia Faroste Caboclo, Paulo Faria, e da atriz mineira Vandiléia Foro.

Na foto ao lado, o grupo reunido. Olhando da esquerda para a direita: Milton Aires, Alberto Silva Neto e Nani Tavares, de pé, e Valéria Andrade, Vandiléia Foro, Nando Lima e Paulo faria, sentados.

Faria, que mora em São Paulo e foi indicado este ano ao Prêmio Shell de Melhor Autor pelo espetáculo “Meio Dia do Fim”, virá mais vezes a Belém para acompanhar de perto o trabalho.

Silva Neto, que também é jornalista diz que entre a fase dos ensaios do espetáculo, que já está acontecendo, até a estréia, serão cerca de seis meses de muito trabalho, o que ele comemora.

“Trabalharemos até julho, diariamente. Vamos juntos ao Marajó, visitar os municípios onde Dalcídio nasceu e viveu: Ponta de Pedras e Cachoeira do Arari. Muita coisa vai acontecer”.

Tudo vai exigir rigor da equipe, dado a proposta ousada de linguagens que estão sendo experimentadas para expressar Dalcídio Jurandir.

Na direção do espetáculo, Silva Neto já tem um reconhecimento de longa data no teatro paraense. Entre outros trabalhos, atuou em "Hamlet, Um Extrato de Nós", em 2002, com direção de Cacá Carvalho e em "Nunca Houve uma Mulher como Gilda", em 1995, ambos do grupo Cuíra. Um ano antes, em 1994, atuou em "O menigo ou o cachorro morto", de Bertolt Brecht, com direção de Kil Abreu.

Na carreira jornalística, chegou a trabalhar, nos anos 90, nos jornais Diário do Pará e na extinta Província do Pará. Entre 2002 e 2008, ele foi apresentador e produtor do Cultura Paidégua, na TV Cultura do Pará, uma invenção que nasceu das conversas com outro jornalista ligado ao teatro, José Carlos Gondin. Na época, o programa nascia para cobrir uma lacuna enorme na Tv Paraense, de um programa que desse amplo espaço às discussões e divulgação de arte e cultura.

Mas hoje, o teatro volta a ser mais presente na sua trajetória. No ano passado dirigiu "Ágora Mandrágora", também pelo Usina, e este ano esteve em cartaz dirigindo "Solo de Marajó", com o ator Cláudio Barros.

Mas o teatro de Alberto não está só nos palcos ou na direção de espetáculos , já que este ano ele foi aprovado em concurso público federal para professor da Escola de Teatro e Dança da UFPA – ETEDUFPA, onde está lecionando a disciplina Teoria do Teatro.

Antes do início do ano letivo, ele participou da programação da Semana de Calouros. “Dei uma aula espetáculo relatando minha pesquisa sobre as partituras de ações físicas aplicadas ao processo de criação atoral”, diz.

O projeto premiado pela Funarte ainda prevê várias ações e requer rigor, mas entre os ensaios, a semana de calouros e a produção toda do projeto, Alberto achou tempo e respondeu à entrevista do Holofote Virtual.

Abaixo, ele conta como está o processo de construção do espetáculo, como foi o reencontro com Paulo Faria e fala desse novo caminho que inicia dentro da academia de artes cênicas.


Holofote Virtual: Vocês mergulharam na obra Chove nos Campos de Cachoeira, mas o seminário trouxe mais contribuições. Como foram as discussões?

Alberto Silva Neto: Também refletimos sobre as implicações no processo de transposição da literatura para a cena teatral, a partir de uma fala do Paulo Faria. Falamos de semiótica teatral, processo colaborativo e outros assuntos.

Paralelamente, cada criador teve um espaço para fazer um relato pessoal de seu processo criativo e de seus referenciais estéticos, o que gerou um compatilhamento de experiências muito enriquecedor para todos.

No final, fizemos uma atividade lúdica na qual cada criador apresentou suas propostas de processo e encenação, a partir dos temas debatidos no seminário. O resultado foi muito interessante e acabou determinando os princípios do trabalho.

Holofote Virtual: Além dos integrantes do Usina, dois artistas de fora do grupo foram convidados a participar da montagem. No que eles estão somando?

Alberto Silva Neto: A participação do Paulo Faria, como dramaturgo, e da Vandiléia Foro, (na foto ao lado) como atriz, são dois presentes para nós. O Paulo é um artista maduro e experiente, que além da competência possui uma relação afetiva com Belém, com as pessoas e com a obra do Dalcídio, e isso é essencial.

A chegada dele deverá representar um salto para o grupo na criação dramaturgica, uma das áreas mais carentes no teatro paraense, na minha opinião. Já a Vandi é uma atriz muito talentosa e apaixonada, que vem de uma rica experiência com os oficinões do grupo Galpão, em Minas. Convidamos, ela topou, e ficamos muito felizes.

Holofote Virtual: Foi produtivo este primeiro encontro com Paulo, em Belém?

Alberto Silva Neto: Bastante. Foram três dias aqui e ele deverá voltar mais algumas vezes por curtos períodos durante o processo criativo, que vai até final de julho. Nos intervalos, faremos a experiência de criação à distância, pela internet. Os depoimentos dele foram sempre precisos e muito úteis para o trabalho.

Holofote Virtual: Disseste que não será feita uma adaptação da obra e que o espetáculo será fruto de um processo de experimentações. Explica a estrutura de funcionamento disso.

Alberto Silva Neto: Existem muitas maneiras de abordar um romance para levá-lo à cena. Você pode, por exemplo, adaptar a obra criando uma peça teatral inspirada nela, e depois montar esse texto, ensaiando as falas e os diálogos.

Mas também existem outros modos, nos quais o processo vai indicando de que modo aquela obra será incorporada à encenação, que possui também outros indutores espaciais, visuais, corporais, que podem não ter relação direta com o universo da obra literária.

No nosso caso, estamos partindo de quatro pesquisas individuais de cada um dos atores e atrizes: Valéria Andrade, Nani Tavares, Vandiléia Foro e Milton Aires. Uma delas vai buscar o teatro narrativo épico, experimentando o simples ato de narrar a história diretamente ao espectador. Outra vai investigar o teatro dramático, buscando a metamorfose em um ou mais personagens ficcionais do romance.

A terceira vai experimentar colocar o romance em diálogo com a linguagem da performance, com as novas tecnologias e com a visualidade da pós-modernidade, experimentando uma dramaturgia pós-dramática.

O ator, enfim, vai partir para um exercício com narrativas íntimas, nas quais as experiências e histórias de vida se misturem com as de um personagem da obra. O grande desafio será fazer isso tudo convergir numa encenação só. Ou será que faremos quatro solos? Somente o processo de criação e o dia-a-dia dos ensaios poderão responder essas questões.

Holofote Virtual: Dalcídio Jurandir é uma paixão tua?

Alberto Silva Neto: Não apenas minha, mas de todos nós. É um grande escritor que merece de todos, admiração e respeito pela obra monumental que criou.

Segundo Benedito Nunes, é ele que inaugura a literatura urbana na Amazônia, e o faz com grande valor artístico, superando o exotismo que vitima a literatura regional e levando o drama do homem amazônico à dimensão universal que ele merece.

É uma grande honra partir de uma obra dele, mas também não podemos incorrer no erro de idolatrá-lo a ponto de almejar apenas transpor sua obra para à cena (até porque isso é impossível, em tese).

Devemos, isso sim, confrontá-lo com nosso discurso pessoal e coletivo, e ver o que nasce desse conflito.

Holofote Virtual: A experiência com "Solo de Marajó" foi determinante para o surgimento desse projeto?

Alberto Silva Neto: Não exatamente. Quando o Cláudio Barros me convidou para dirigi-lo o projeto do Usina já tinha sido aprovado há muito tempo. Mas foi muito importante pra mim, encenar a obra do Dalcídio antes de assumir este novo processo, afinal, trata-se de um mesmo universo ficcional. Apesar disso, o resultado da montagem do Usina deverá ser muito diferente do Solo de Marajó.

Holofote Virtual: Acabas de ingressa no mundo acadêmico, agora como professor da ETEDUFPA. Quais teus sentimentos em relação a isso?

Alberto Silva Neto: Estou muito feliz. Terminei uma especialização em estudos contemporâneos do corpo, que defendi em janeiro, e pretendo partir para o mestrado em artes cênicas, o mais brevemente possível.

Paralelamente, ministro quatro disciplinas teóricas ao mesmo tempo, o que exige muito estudo e dedicação. Os desafios são grandes, mas quando a gente ama o que faz tudo fica mais fácil.

Holofote Virtual: Sempre caminhastes entre o jornalismo e o teatro. Hoje, como é esta relação? O teatro volta a ser mais presente?

Alberto Silva Neto: Sim, muito mais. O teatro, felizmente, está ocupando quase todo meu tempo. Digo felizmente porque esse sempre foi meu projeto de vida, que agora se concretiza. Teatro pela manhã, teatro à tarde e teatro à noite. É muito bom.



25.3.10

Na próxima semana: Cineclube exibe clássico de Werner Herzog

Na próxima segunda-feira, 29, o Cineclube Alexandrino Moreira, do Instituto de Artes do Pará (IAP), vai exibir “O Enigma de Kaspar Hauser” (Jeder für Sich und Gott Gegen Alle, Alemanha, 1974), de Werner Herzog.

Baseado em fato real, o filme consagrou definitivamente o diretor Werner Herzog como um dos grandes nomes do cinema novo alemão.

O crítico Marco Antônio Moreira explica que “O Enigma de Kaspar Hauser” questiona, através dos olhos e da pureza do personagem, as convenções sociais e o que se chama de “normal” dentro da estrutura de uma sociedade contraditória.

“Além da genial direção de Herzog, também é destaque a atuação de Bruno S. , que não era ator profissional e passou toda a juventude em instituições para doentes mentais. Visto por Herzog em um documentário, Bruno foi, logo em seguida, convidado para fazer o filme, trazendo à interpretação uma naturalidade determinante para a construção do personagem”, diz o crítico.

Kaspar Hauser é um jovem que foi trancado a vida inteira num cativeiro. Quando ele é solto nas ruas sem motivo aparente, a sociedade se organiza para ajudá-lo, mas Kaspar, que sequer conseguia falar ou andar, logo acaba se tornando uma atração popular.

Serviço
“O Enigma de Kaspar Hauser”, de Werner Herzog. Exibição nesta segunda-feira, dia 29, às 19h, no Cineclube Alexandrino Moreira, do Instituto de Artes do Pará (IAP), ao lado da Basílica de Nazaré. Entrada franca. Após o filme, debate entre o público e a Associação de Críticos de Cinema do Pará (ACCPA).

“Batismo de Sangue” e “Balsa Boieira” no Café com Direitos Humanos da SDDH

Dois filmes serão exibidos, amanhã, 26, dentro da programação do “Café com Direitos Humanos”, no auditório da SDDH. A programação começa às 18h, com “Batismo de Sangue” (103 min.), do diretor mineiro Helvécio Ratton, e segue com “Balsa Boiera” (65 min.), do paraense Chico Carneiro.

No primeiro, um convento de frades torna-se um local de resistência contra a ditadura militar, nos anos 60.

Os freis Tito (Caio Blat), Betto (Daniel de Oliveira), Oswaldo (Ângelo Antônio), Fernando (Léo Quintão) e Ivo (Odilon Esteves) passam a apoiar o grupo guerrilheiro Ação Libertadora Nacional, comandado por Carlos Marighella (Marku Ribas) e ficam na mira das autoridades policiais.

Já o filme de Carneiro mostra a realidade do transporte feito pelos rio das Amazônia, transportando gente e gado. O documentário registrou nove dias de viagem de uma dessas balsas - a Santa Clara – que saindo de Belém com mercadoria seca, sobe os rios Amazonas e Xingu, até Belo Monte, na Transamazônica, de onde retorna trazendo bois para abate.

Estão lá o cotidiano da tripulação, a paisagem amazônica, as dificuldades da navegação, os problemas da população ribeirinha e o sofrimento dos animais.

O filme tem trilha do grupo Quaderna, e no ano passado ganhou prêmio de melhor média metragem no I Festival Pan Amazônico de Filmes Documentários, e também foi selecionado para a 14ª Mostra Internacinal de Filme Etnográfico, RJ.

O auditório da SDDH, fica na Governador José Malcher, 1381.

24.3.10

Um “Clichê Maldito” toma o espaço do IAP neste final de semana

Em “Clichê Maldito”, está a personificação da poesia maldita e a poesia marginal. Assina a encenação o Grupo Verbus, que sempre une poesia e música em seus espetáculos.

Na cena, obras que vão desde Rimbaud, Artaud e Baudelaire, passando por Augusto dos Anjos, Ferreira Goulart, Paulo Leminsk, Caio Fernando Abreu, até chegar à poesia urbana de Belém, com Pedro Viana e Edyr Augusto Proença, dentre outros autores.

Carlos Vera Cruz, do grupo, diz que o espetáculo não se limita somente à poesia, ampliando o leque de possibilidades dramatúrgicas a trechos de contos, romances e até mesmo peças, como no caso de Hamlet de Shakespeare. Sempre embalados pela música.

De acordo com ele também, há outro diferencial neste espetáculo, o repertório, montado não com o que há de maldito dentro da música popular brasileira, mas também reinventando músicas nas quais nem sempre se identifica a temática ou a atitude maldita. “Para o Verbus, Asa Branca, do imortal Luiz Gonzaga, também pode ser maldita”, escreve Vera na apresentação do espetáculo à imptrensa.

Ele explica que o espetáculo está divido em blocos, trazendo à tona temas como o Existencialismo, a Revolta e a Luta, o Sexo e o Fazer Marginal.

“No entanto, não deixa de cantar a vida e a poesia em momento algum, como é característica do Verbus.

O próprio uso da palavra ‘clichê’ no título já desmistifica a concepção do sombrio nessa montagem, que com humor, não se prende a figurinos e interpretações nebulosas, o que corriqueiramente é associado a esse tipo de poesia”.

Com direção musical de Felipe Cordeiro e direção cênica de Carlos Vera Cruz, Verbus – Clichê Maldito estreou ano passado no Teatro da Paz, abrindo o show do cantor e compositor Paulinho Moska. O elenco é formado por Ana Nunes, Armando Mendonça, Carlos Vera Cruz, Felipe Cordeiro, Gláfira Lobo, Luiza Braga e Raquel Leão.

Serviço
“Clichê Maldito”. Em cartaz nos dias 27 e 28 de março, às 20h, no Instituto de Artes do Pará – IAP. Que fica ao lado da Basílica Santuário de Nazaré. As fotos são de Shamara Fragoso.

Palestra revela bastidores do processo para criação de um espetáculo teatral

Vai acontecer nesta sexta, 26, no Porão Cultural da UNIPOP, o primeiro Sinergia Cultural de 2010. O encontro começa às 19h, com entrada franca.

O projeto propõe um mergulho no universo das práticas performáticas dos descendentes de libaneses em Belém do Pará.

A palestra-espetáculo “Brasileiramente, árabes!” (na foto ao lado, a atriz Maridete Daibes), com a atriz e pesquisadora Karine Jansen, professora da ETDUFPA, apresenta o seu mais novo processo de criação, contemplado com o prêmio Miriam Muniz de Teatro da Funarte.

O espetáculo “Brasileiramente, árabes!” vai estrear no Teatro Cláudio Barradas, no dia 31 de março, e será apresentado, sempre de quarta-feira à domingo, até o dia 11 de abril, às 21h. O Sinergia então, será uma bela oportunidade par entender como ele foi montado.

O projeto de Karine foi produzido a partir de entrevistas sobre as histórias de vida de descendentes de libaneses que moram na cidade das mangueiras. Ao longo da pesquisa, os próprios descendentes, na ânsia de oferecer maiores informações sobre a memória do seu povo, passaram a enviar à pesquisadora cartas preciosas sobre a história dessa comunidade.

“Essas cartas carregam uma multiplicidade de informações, sentimentos e sensações e constituem, sobretudo, rico material para os criadores da cena. Nelas, encontramos referências a imigração das famílias árabes que desembarcaram no Brasil, por volta do século XIX e início do século XX, por motivações políticas ou econômicas, bem como identificamos em relatos algumas ações e técnicas trazidas pelos libaneses e repassadas aos descendentes. O que chamamos na pesquisa de práticas performáticas”, avalia Karine.

De posse desse material, Karine, junto às pesquisadoras Maridete Daibes, Larissa Latif e Wlad Lima, todas com descendência libanesa, iniciou um trabalho cênico em que se mostra um exercício diário de percepções e associações de imagens. As cartas estão disponíveis no blog http://brasileiramentearabe.wordpress.com

“Ao longo dos encontros, atores e direção exploraram objetos cênicos e atribuíram a eles simbologias, relacionadas às informações adquiridas ao longo da pesquisa”. Para as intérpretes-criadoras, explorar cenicamente essas cartas, narrativas e contos é trazer ao palco a possibilidade de revelar as relações culturais estabelecidas em Belém e no estado do Pará, que contribuem para a formação da nossa história e, conseqüentemente, da nossa identidade.

Serviço
O Projeto Sinergia Cultural acontece todos os meses, sempre na última sexta-feira, no Instituto Universidade Popular (UNIPOP), sendo aberto à comunidade. A UNIPOP fica na Av. Senador Lemos, nº 557, próxima à Praça Brasil. Para mais informações, ligar para 3224-9074 ou 32231083. Fonte: Felipe Cortez.

23.3.10

Iracema Oliveira: Pássaro Junino precisa de espaço apropriado para suas apresentações

É o que defende a radialista e folclorista, que conseguiu aprovar projeto no edital de Pontos de Cultura e se prepara para estrear novo espetáculo do Pássaro Tucano, escrito por Ester Sá.


"Minha casa sempre foi um Ponto de Cultura. Faltava apenas oficializar”.

É verdade, pois quem afirma isso é a guardiã do Tucano, coordenadora das Pastorinhas Filhas de Sion e do grupo Parafolclórico Frutos do Pará, que participa de encenações de Pássaro Junino desde os 7 anos de idade.

Naturalmente, é na casa dela que está funcionando o Ponto de Cultura Velho Chico, aprovado pelo edital de Pontos de Cultura da Secult/MINc, através da associação folclórica que ela preside e que já tinha sua residência como sede.

Coordenado por ela, o ponto trabalha com as três linguagens - Pássaro, Pastorinhas e o Parafolclórico – e ganhou este nome por um motivo muito justo.

“É uma homenagem ao meu pai, pois foi com ele que tudo começou”, diz referindo-se ao compositor Francisco Oliveira, o Velho Chico, que a levou muito cedo às apresentações de Pássaros, acabando por desenhar o destino da filha.

Com os repasses de três parcelas anuais de R$ 60.000,00, ela sonha realizar o que sempre quis, mas que sem apoio financeiro não tinham como fazer. “Além das oficinas, como eu iria comprar máquina de costura, os computadores, microfones e tudo o mais que é necessário para se estruturar?”, indaga.

Iracema percebe que este recurso abre inúmeras possibilidades para se trabalhar pela preservação e incentivo ao crescimento dos grupos de Pássaro Juninos no estado.

“Vamos trabalhar com oficinas, fazer atividade com o audiovisual e será montado estúdio para que possamos gravar nossas músicas”, diz, demonstrando reconhecimento aos benefícios das mídias livres para a cultura popular.

“Teremos oficinas de corte costura, artesanato, aulas de expressão corporal, dramaticidade, enfim, todos os seguimentos necessários para desenvolver, não só pessoas do grupo, mas também a comunidade do Telégrafo”, diz.

Ela participou das discussões que aconteceram no início deste mês, na Teia da Cultura Amazônica que reuniu em Belém representantes dos 77 pontos de cultura do estado, no início de março.

E já garante a presença dos representantes do Ponto Velho Chico no encontro nacional que acontece de 25 e 31 de março, em Fortaleza (CE). “Reunir todos para discutir questões e tirar dúvidas, dar orientação, foi uma boa ideia”, aprova.

Pássaro Tucano - No momento, além do futuro com o Ponto de Cultura Velho Chico, Iracema também comemora os resultados dos ensaios da nova peça do Pássaro Tucano que vai estrear no mês de junho, em sua quadra festiva.

O texto é da atriz, pesquisadora e diretora Ester Sá que começou a escrevê-lo em 2009, depois que saiu pela primeira vez na encenação do Pássaro Tucano. Mas antes disso, ela já vinha tendo contatos diretos com a manifestação.

Em 2008, pesquisou a vida de Iracema, tendo o apoio da Bolsa de Pesquisa, Criação e Experimentação do IAP, em 2008, tendo como resultado a montagem do espetáculo “Iracema Voa”.

Sobre a encenação do novo espetáculo do Pássaro Tucano, Ester Sá diz que será feita à rigor, dentro da tradição do Pássaro, como um melodrama com todos os seus elementos característicos. O espetáculo revela uma luta entre o bem e o mal e pela sobrevivência do Pássaro.

“Eu diria que na trama propriamente dita não há analogias, mas no fim da peça, a fada dá uma fala que tem essa mensagem: O Pássaro simboliza a harmonia e a felicidade, enquanto ele puder voar, a esperança habitará entre nós”, comenta Ester.

“Na peça, esta fala está referindo-se à trama, à resolução dos acontecimentos, mas para nós essa fala é muito maior, ela representa o que estamos fazendo e agindo para manter o vôo do pássaro”, finaliza Ester.

E Iracema já anuncia. “Estamos fazendo ensaios aos sábados e domingos. Em abril vamos acelerar o processo para que a quadra junina seja brilhante”.

Pássaro nos Teatros - “Queremos fechar pautas em teatro para nossas apresentações, pois o legal para o Pássaro é o teatro”, defende Iracema, que acredita ser em um espaço de teatro que o Pássaro melhor pode ser visto pelo público e para que o espetáculo seja melhor compreendido por todos.

“É o que nos falta. Um espaço próprio para que o pássaro seja enaltecido. Só temos isso aqui no Pará, então temos que ter espaço para o pássaro voar”, diz ela, lembrando do Teatro São Cristóvão, que já foi considerado o Templo dos Pássaros entre as décadas de 50 e 70 e que hoje, está em ruínas.

“Fico triste com as notícias que tenho. Uma ouvinte lá da rádio (Marajoara) ligou e disse que já roubaram até o portão dele. Será que alguém não negocia aquele teatro com a gente, é o templo do pássaro. Não temos espaço para o Pássaro aqui em Belém e ali seria uma glória. Hoje temos 22 grupos sem um espaço para apresentações”, reclama a radialista.

Iracema Oliveira, que sempre atuou em prol desta manifestação cultural própria do Pará, quer chamar atenção para a diferença de apresentações entre o Pássaro Junino e os conhecidos cordões de pássaros e bichos. O primeiro precisa de espaço apropriado para suas apresentações.

De acordo com a diretora de teatro Olinda Charone que fez sua pesquisa de doutorado sobre o Pássaro Junino, “os cordões de pássaros têm, como característica, a permanência em cena da maioria dos brincantes, colocados em semicírculo e, no centro, desenvolvem-se todas as cenas."

Charone diz que os brincantes, na hora de suas cenas, dirigem-se ao centro do palco, voltando em seguida para suas posições de origem.

O Pássaro Junino ou pássaro melodrama fantasia, diz Charone, “requer espaço mais apropriado, com palco, camarim e cortina. Os brincantes durante as apresentações fazem várias trocas de roupas. As cortinas são utilizadas para a finalização de cenas e quadros”.

As fotos do Pássaro Tucano nesta postagem são de Hélio Netto, feitas em 2009, durante as apresentações no teatro do Museu Emílio Goeldi.

Para ler mais sobre as estas características acessem a página de Olinda Charone na Rede Teatro da Floresta.


Exposição traz gravuras e experimentos do artista Jocatos

Está no Espaço Cultural Ministro Orlando Teixeira da Costa, no TRT, até dia 21 de maio, a exposição Jocatos Inspecionado, reunindo 38 obras, entre instalações, gravuras e objetos.

O curador da exposição, o desembargador Mário Leite Soares, diz que sempre foi instigado pelo trabalho de arte do gravador, por sua capacidade de olhar além.

“Entre o artista e sua obra, há, sempre, um relacionamento íntimo, uma cumplicidade, um verdadeiro casamento”, escreveu em um dos trechos da apresentação do artista.

Parte de uma geração de gravadores paraenses, Jocatos desenvolve, já faz alguns anos, técnicas de gravura que utilizam materiais que são descartados no meio ambiente. Além de uma contribuição importante, o artista ainda faz experimentações já premiadas em salões nacionais e internacionais.

Nascido em Belém do Pará, Jocatos teve o meu primeiro contato com a gravura nos anos 80. Desde então, descobriu a xilogravura e depois as técnicas que utiliza, com materiais alternativos, fazendo surgir a principal característica de seu trabalho.

A mostra cultural pode ser visitada de segunda a sexta, das 8h às 13h, no Espaço Cultural Ministro Orlando Teixeira da Costa (TRT) – Praça Brasil.

22.3.10

Jaime Bibas comenta Fundo Reyno no site Belém do Pará

A primeira semana do espetáculo Fundo Reyno, do dramaturgo e compositor, Walter Freitas levou um bom público ao Teatro Waldemar Henrique, que fica Ana Praça da República, e onde o espetáculo permanece em cartaz ainda esta semana, de quinta-feira a domingo, sempre a partir das 20h.

Os interessados em assistir a peça podem comprar o ingresso antecipadamente na loja Na Figueredo (Gentil, entre Dr. Moraes e Beijamin), por R$ 8,00. Na bilheteria do teatro custa R$ 10,00 com meia entrada para estudantes.

Entre os espectadores da primeira semana, estava o presidente do Instituto de Artes do Pará, Jaime Bibas. Arquiteto desde 1969 e, de acordo com o site BelémdoPará, passeia por entre as artes visuais, música e literatura, enquanto observa as paisagens urbanas acumuladas ao longo do tempo, como um dos cronistas no belemdopará.

É dele o texto que segue sobre Fundo Reyno. Apreciem. As fotos são de Keilon Feio.

Entendo que uma obra de arte, independente da sua linguagem, é tanto melhor quando sou capaz de, através dela, desvendar o seu autor. Isso foi o que senti após assistir o espetáculo Fundo Reyno, ontem, no Teatro Experimental do Pará Waldemar Henrique.

Não chego ao atrevimento de falar, aqui, de Walter Freitas, artista das experimentações musicais, mestre do nheengatu, das expressões em desuso, do gestual caboclo, pois ele já é demais conhecido e conceituado pelas bandas daqui e d'acolá.

Mas fico incitado de dizer do violeiro da folia, que ao integrar o elenco como um personagem sem nome, deixou a brecha (propositada?) para que eu nele identificasse o próprio autor.

Sabe o que eu acho? Na realidade Walter Freitas interpreta o Walter Freitas e faz isso tão bem que volto àquela primeira linha lá do comecinho desse texto, para dizer a vocês: reconheci no violeiro, também o autor que imaginou aquela trama de 'intriga, sexo, feitiço, traição e morte'...

O violeiro (Walter Freitas) da folia conduz e explica, passo a passo, tudo que ali se move e se ouve, ou seja, confere vida a todas as coisas e nada mais tem precisão de acontecer nem de se dizer, sob pena de tudo, de repente, perder o encantamento.

Confesso que custei um pouco a perceber isso, assim como o significado de algumas expressões que lá são faladas. E o que importa isso? Esse incômodo não demorou e se foi de mim à medida que o espetáculo avançava o violino - a rabeca tocava - o tambor batia - o violeiro cantava.

Bem poucas vezes presenciei num teatro, uma narrativa experimental capaz de arriscar em cima de uma língua perdida, mas que é compensada pelas conexões com o gesto, marcação do tambor, movimentos insinuados.

E por um acaso essa não é uma das características mais bonitas do Walter Freitas? Ou não percebi tudo direito? Não importa. É esse o meu sentimento sobre a fábula amazônica do Walter.

Foi bonito ver, na roda inicial o autor beijar, um a um dos atores que dali a pouco virariam seus personagens.

Foi mais bonito, ainda, ver na roda final o violeiro vibrar, de mãos dadas com o elenco, como que a dizer: eu não disse pra vocês que seria possível?

Parabéns, ao violeiro Walter Freitas, aquele que um dia me chamou de amigo, 'pediu' para que eu guardasse o seu violão, porem não revelou pra mim onde diabo eu encontro a aljava.

Assim tu me 'scasseia um cupu, seu danado...

Final de tarde às margens da baía do Guajará terá música e cinema a partir de sexta-feira

Na foto ao lado, uma das imagens do curta Saliva, do paulista Esmir Filho, que será exibido mais uma vez em Belém, desta vez pelo Projeto Noites com Sol, a partir desta sexta-feira, 26, em pleno Trapiche da Casa das Onze Janelas.

A programação vai até o domingo, 28, unindo a boa música paraense à sétima arte. Na programação, shows da cantora Andréia Pinheiro, do pianista Paulo José e da Orquestra de Música Latina da Escola de Música da UFPA, entre outras atrações.

No telão, filmes como o documentário paraense “Toque de Mestre”, de Rodrigo Cardozo, que mostra os detalhes sobre o ritmo e a história da cultura da região do salgado, Curuçá-Pa e Marapanim-Pa.

Também na programação, Olhos de Ressaca, da carioca Petra Costa, que traz um casal de idosos que divaga sobre sua própria história. Neste rememorar, imagens de arquivo familiar se confundem com imagens do presente, sugerindo um diário onírico acerca do amor e da morte.

O projeto conta com o patrocínio da Oi Futuro e traz filmes produzidos em curta-metragem (de 5 a 21 minutos) também nos estados como Maranhão, Minas Gerais, Espírito Santos e São Paulo, além do Pará e Rio de Janeiro.

Vai ser oportunidade para quem ainda não viu as animações paraense de Cássio Tavernard: A Onda festa na Pororoca e O Rapto do Peixe Boi serão exibidos no domingo, 28. Mas também para conferir alguns trabalhos ainda inéditos por aqui.

De acordo com o coordenador do evento, Cláudio Figueredo, o patrocinador apostou no cenário musical e cinematográfico de Belém e investiu no evento para contemplar os moradores e turistas da capital com apresentações musicais de diferentes vertentes e exibições audiovisuais produzidas em nossa região.

“O projeto valoriza a identidade regional contemporânea representada nos mais diferentes estilos e linguagens, fortalecendo o mercado cultural do Estado tornando-o mais consistente, uma vez que permite a movimentação da produção no sentido de agregar valores gerando visibilidade artístico-cultural e oferecendo opção de lazer gratuita e de qualidade”, diz Figueredo.

Na programação musical também terá show do grupo Pandora e Smoth Jazz e dos cantores Gigi Furtado e Joba. Nas sessões de cinema, também serão exibidos: Nós Somos um poema – Dir. Sergio Sbragia e Beth Formaggini (Doc, 17’, cor, 35mm, RJ, 2009 ) e O Lavrador de Toadas (Documentário, 15’, cor, digital, PA, 2008).

E ainda: Homens (Dir. Lucia Caus e Bertrand Lira -Documentário, 21’40’’, cor, 35mm, ES, 2008); A Última Sessão – (Caravana da Imagem Santarém-Pa - documentário, 15’, cor, digital, PA, 2006); Os Filmes que não fiz (Dir. Gilberto Scarpa - Ficção, 16’, cor, 35 mm, MG, 2008); Reverso (Dir. Francisco Colombo - Ficção, 5’38”, cor, 35mm, MA, 2009) e Espalhadas pelo Ar (Dir. Vera Egito - Ficção, 15’, cor, 35 mm, SP, 2007). Mais informações: 82561358.

Trupe Imaginarte prepara espetáculo sobre Chico Buarque

O Grupo de Teatro Trupe Imaginarte prepara seu primeiro espetáculo: Amores de Holanda, que levará para o palco versos do poeta, escritor e compositor Chico Buarque de Holanda.

Fragmentos da poesia deste poeta brasileiro são interpretados e montam as cenas que falam de amores, encontros e desencontros.

As Vitrines, Mar e Lua, Futuros Amantes, De Todas as Maneiras, Olho nos Olhos, Gota d’água, Eu te Amo e outras são algumas obras de Chico presentes no espetáculo, que ainda está em construção.

Mas os fragmentos poéticos, montados no decorrer do processo, serão apresentados em um ensaio aberto na próxima quarta-feira (24/03), às 19h, na Tenda da Casa da Juventude, e fará parte da programação de comemoração ao aniversário da Biblioteca do Centur, que acontecerá na quinta-feira (25/03), às 18h, no próprio Centur. A estreia do espetáculo será em junho deste ano, no teatro do Parque da Residência, na Estação Gasômetro.

O espetáculo Amores de Holanda é construído por Suzane Pereira, doutora em Estudos Teatrais, que dirige o grupo. Ela conta que a encenação envolve os amores escritos, falados e cantados por Chico Buarque de Holanda.

“Os jovens interpretam cenas adaptadas a partir das letras de Chico e fazem uma releitura cênica das metáforas poéticas dos amores de Holanda: amor proibido, amor retraído, amor dilacerado, amor negado, amor refeito, amor amor, etc. Isto tudo entre idas e vindas, encontros e desencontros”, explica.

Trupe Imaginarte - O grupo foi formado a partir das oficinas de técnicas de interpretação teatral e de clown desenvolvidas gratuitamente na Casa da Juventude.

Ele é formado por 15 atores, que vem se reunindo há dois meses e está aberto a pessoas interessadas. As reuniões acontecem segundas e quartas-feiras, das 18h às 20h, na Tenda da Casa da Juventude, lugar que atende, também, a qualquer grupo de teatro da cidade que queria utilizá-lo para ensaios e reuniões.

A preocupação do Grupo de Teatro Trupe Imaginarte é sair do óbvio. A equipe busca um trabalho diferente, bonito, sensível e inovador, misturam linguagem cênica, visual e literária.

O resultado é uma construção sensível, que entrelace o público de forma prazerosa, sem ser piegas, ou com uma carga dramática exagerada, mas buscam o equilíbrio da tragicomédia, com momentos dramáticos e leves. Expondo um amor crítico, sensível, engraçado e político.

Para Suzane Pereira, que também é a idealizadora do projeto de teatro, “é através da linguagem cênica que o homem expressa suas mais profundas emoções, desejos e sentimentos”.

Ela ressalta, ainda, que a linguagem teatral faz espairecer a barreira da comunicação e facilita um melhor desempenho de postura, apresentação, de dicção, articulação e de expressão no dia-dia do ser humano.

Assim, o Trupe Imaginarte é mais um veículo de integração da juventude com o fazer profissional e tem a intenção de torna o teatro presente na vida dos jovens”, afirma.

O grupo é ligado ao Centro de Articulação Social e Apoio da Juventude, conhecido popularmente como Casa da Juventude, vinculada à Secretaria de Estado de Desenvolvimento e Assistência Social (SEDES),

Fonte: texto da jornalista Cleide Magalhães, da Ascom - Casa da Juventude

18.3.10

Entrevista: Walter Freitas estreia Fundo Reyno e mergulha nas profundezas dos rios da Amazônia

Em ensaios desde o final do mês de janeiro, o espetáculo Fundo Reyno estreou no Teatro Waldemar Henrique, onde ficará em cartaz até o próximo dia 28, sempre de quinta a domingo, às 20h.

Em cena, a magia do fundo dos rios da Amazônia, com pajés sacacas e foliões que vivem uma história de intrigas e busca pelo poder.

Fundo Reyno é Prêmio Myriam Muniz de Teatro da Funarte, e novo espetáculo deste dramaturgo, que também é escritor e arquiteto, além de jornalista e compositor, ofício que mais identifica Walter Freitas na cena artística paraense.

Mas na verdade, múltiplo, ele já foi contemplado com o Prêmio Waldemar Henrique de Dramaturgia, pela ópera "Hánêreá - Lendas Amazônicas"; publicou o texto infanto-juvenil "Fiau Babau" e, com o Prêmio IAP de Literatura, lançou a ópera "DeZmemórias", obra que versa sobre os dez anos de morte do seringueiro Chico Mendes; além de ter seu mini-texto "A Cuia Mágica", encenado e lançado em edição bilíngue em Paris, por um grupo de teatro francês.

Nascido em Belém, no bairro da Sacramenta, faz questão de enfatizar, Walter Freitas explica que a peça foi escrita, em princípio, à pedido de uma atriz baiana que conheceu em Paris, em 2005.
“Ela queria um solo pra traduzir e encenar, com produção francesa, e aceitou a idéia que criei pra ela, ainda em nossos contatos por lá”.

Mas quando chegou a Belém, Walter percebeu que essa história era maior do que ele imaginava.
“Não pude conter os devaneios de criação e acabei finalizando o texto com sete personagens, o que inviabilizou a montagem dela, mas me proporcionou outros desdobramentos aqui”, diz.

O resultado é um texto primoroso, de arrepiar ao ser todo falado em versos, rimado. E é preciso estar atento para se deixar levar para o fundo deste reyno. Quem ouvir a personagem Antero, não estranhe ou melhor, se espante sim.

A atriz Andréa Rocha dá a todo seu texto, encarnando o dono do reyno, em Nheenghatu, dialeto que tem origem na época da catequização jesuística junto aos indígenas do Brasil. E os foliões cantam, assim como todo o elenco, em latim.

O espetáculo é uma costura entre linguagens, uma bela parceria entre poesia, teatro e música que revelam, por dentro, “a destruição, a rapinagem, o descaso, a incompetência e o cinismo deste reyno”.

“E também a crueldade humana, a banalização da violência, o desejo de encontrar formas de violência que transcendam as leis e nos coloquem acima de qualquer suspeita. Sabe aquela palavra daninha, aquele pensamento de ódio, aquele desejo de praticar o oculto sem que a lei ou a autoridade alcancem você? O poder sem fronteiras, o domínio...”, conta o autor em reflexão sobre a própria obra.

O elenco é formado por Pauli Banhos (Viúva Zulmira), Juliana Medeiros (Pajé Sacaca Venina), Wellingta Macêdo (Nhá Luca / O Bicho), Andréa Rocha ( Antero Denizar), Mônica Lima (Bandeireiro da Folia), além de Akel Fares (Rabequeiro da Folia) e Walter Freitas ( Violeiro da Folia).

Na produção tem Cristina Costa; Maurício Franco assina Cenário e Figurinos; Tiago Ferradaes é o Design de Luz, a atriz Pauli Banhos também faz a assistência de direção e Wlater Freitas assina música, Direção Musical, Dramaturgia e Direção Geral.

Também fazem parte da equipe, o fotógrafo Jaime Souzza,; Nhãnhã Çayré no Design Gráfico; Mindiyara Uakti, que assina as partituras; Waldiney Machado, na confecção de tambores e Pedro Bolão do Laguinho, a Caixa de Marabaixo (Macapá-AP).

Na trama, a busca pela chave do do Reyno e o embate entre as duas pajés sacacas, se torna fábula, um sonho ou um devaneio. Mas quem fala melhor sobre isso é o prórpio Walter, na entrevista que segue abaixo. Leiam.

Holofote Virtual: Fazendo um resumo generoso de Fundo Reyno podemos dizer que...

Walter Freitas: Trata-se de uma fábula sobre a sede de poder, calcada em um quadrilátero amoroso. Mas esta sede de poder cotidiana, que te faz desejar a janela do ônibus, não o corredor, ou te impede de dar o lugar a outra pessoa, vista através de gente incomum, mas provável, que não almeja a caneta ou a tribuna para tomar decisões, mas poderes sobre os quais a maioria das pessoas nem mesmo suspeita. Intriga, sexo, feitiço, traição, morte...

Que as pessoas venham ajudar na busca pela chave do Fundo Reyno. Ver uma sessão de necrofilia subaquática, mas invertida. Descobrir se o universo feminino prepondera, de fato. Opinar sobre o pai e a filha: existe uma atitude incestuosa entre eles?

Holofote Virtual: O espetáculo é um musical, mesmo faldo, os versos soam harmõnicos, é um cordel afinal. Como a música se torna personagem na trama?

Walter Freitas: A música é de fato um elemento importante, fundamental, na construção do espetáculo, porque ela reforça conceitos que eu já havia estabelecido na montagem do “Tambor de Água”, em 2004, que é o de não fazer uso da música como um adereço, mas de integrá-la no mesmo nível da dramaturgia no processo da encenação.

Desde o “Tambor”, atores e músicos se mesclam em cena com o objetivo de eliminar a preponderância das linguagens umas sobre as outras, mas de colocá-las harmoniosamente em cena. No “Fundo Reyno”, há personagens que já são músicos, no caso os foliões, mas as demais personagens também funcionam como músicos e cantores, tocando e cantando, manifestando, enfim, essa musicalidade popular que é tão presente na Amazônia.

Então a música ou a trilha sonora, acaba tendo uma dupla função, dialética, de marcar o dia-a-dia das personagens e também de se ausentar de repente e funcionar como trilha de um momento cênico, etc. É interessante de ver e ouvir.

Holofote Virtual: Falando em ouvir, as pessoas vão perceber que há um dialeto em cena, o Nheengatu... Porque recorreste a esta línguagem?

Walter Freitas: Eu precisava de uma forma, um formato de expressão verbal para a figura do morto, que logo entendi não poder ser construído em português porque confundiria as várias sessões de diálogos e ao mesmo tempo abriria uma frente de explicações que a personagem não poderia dar.

Ela havia sido colocada por mim em um plano intermediário entre a vida e a morte, com seu corpo vagando pelas águas e sendo ao mesmo tempo depositário do grande segredo que abre as postas de todo o poder do fundo.

Quis que ele se encontrasse com as feiticeiras, mas esses encontros não poderiam obviamente ser explicativos.

Logo, a metáfora das línguas-mãe exterminadas pela colonização era tudo que podia haver de bom para isso.

Primeiro por causa das línguas e dialetos que foram compiladas pelos padres para formar uma espécie de Esperanto colonial, à serviço da catequização cristã, forçando os nativos a reaprender e similarizar o que era para eles uma prova supercriativa da sua bela capacidade de conviver na diversidade.

E, depois, por conta das línguas que foram de fato bombardeadas, massacradas, junto com as populações, e finalmente esquecidas. Eu parti de narrativas em Nheengatu, mas as desconstruí meticulosamente, ao contrário da construção meticulosa que os padres operaram, desmontando os significados e mantendo apenas os significantes. Então o que existe lá, na cena, é uma forma, desprovida de conteúdo.

É uma fala sem sentido, uma sonoridade, que começa com o delírio de Antero e se alonga até seu despertar. Uma metáfora sobre o discurso engendrado formalmente, mas escasso de conteúdos.

Holofote Virtual: O Nheenghatu também pode ser percebido nas letras de suas músicas do CD Tuyabaé Cuaá, de 1988, ou estou enganada?

Walter Freitas: As músicas do Tuyabaé são uma espécie de compilação daquilo que componho com essas características. Não se trata de uma fase de criação, mas de um espaço de criação ao qual retorno quando me apraz, e devo retornar sempre.

Na verdade isso representa uma estética literária, advindo de um processo de pesquisa e experimentação com, digamos assim, dialetos e subdialetos amazônicos, embora esse vocábulo não seja rigorosamente técnico.

São modos de falar que eu apreendi e sobre os quais me debrucei, como resultado da minha vivência na Sacramenta, originalmente, em contato com uma população que chegava de vários pontos da Amazônia, com seus modos próprios de cada sub-região, na fala, no comportamento e, sobretudo, nas histórias que se contavam e seus modos de contá-las. Daí pra elaboração de uma linguagem poética baseada nesses falares foi um pulo. Do gato!

Entretanto, é sempre bom lembrar que as letras, todo esse trabalho literário, foram como que uma “exigência” das pesquisas e experimentações musicais que eu vinha desenvolvendo (e ainda venho). Para mim, não havia nem há como compor do jeito que eu componho e não inaugurar também uma nova linguagem nas letras das músicas.

Mas há que distinguir o texto em Nheengatu dito pelo morto no “Fundo Reino” e estas expertimentações literárias criadas para a música. Aqui há todo um sentido expresso, porque são formatos usados ainda no cotidiano de várias populações, ainda que recriados poeticamente por mim.

Holofote Virtual: Então, voltando ao espetáculo, vamos falar desse processo que na verdade já vem acontecendo desde 2006? Como vocês conduziram por tanto tempo um trabalho para chegar até aqui?

Walter Freitas: Com carinho, graça e zelo. Com esperança. Pulando barreiras. Ignorando dificuldades. Acho que os vários processos dirigidos por mim para essa montagem, nas várias linguagens nos deixaram esse desejo de ver a coisa realizada. E apesar dos contratempos!

Holofote Virtual: Há uma relação de pesquisa com a Vila da Barca. Qual?

Walter Freitas: Primeiro, que não se pense que toda a crueldade expressa na montagem seja um elemento encontrado por nós na Vila ou que dela faça parte.

Ao contrário, sempre foi muito prazeroso entrar na Vila e estabelecer contato com seus moradores, uma relação que começa pelo projeto de urbanização que eu desenhei pra o espaço da Vila, ainda em 2000/2001.

A relação do Fundo Reyno com a Vila é de pesquisa corporal, sonora, vivencial, dia por dia, dirigida por mim em processos que envolveram a maioria das atrizes que hoje estão em cena. O texto, as narrativas de maldades, etc, já estavam elaborados, embora o elenco só tenha tido acesso a esse material bem depois, quando a pesquisa já estava muito avançada. Trata-se de uma ficção dramatúrgica que se cruza com a pesquisa da realidade expressa no corpo dos atores.

Holofote Virtual: Assistindo os ensaios me senti como que mergulhando em outro universo, mítico, profundo, mágico... O espetáculo inteiro propõe algo nesse nível?

Walter Freitas: Você pode até dizer que o Fundo Reyno é uma fábula sobre a sede de poder. Por esse ângulo considero que seja profundamente político, mas não quis ser óbvio e parti para uma narrativa que envolve pessoas incomuns, meio que arquetípicas e a elas entreguei todo o poder de feitiçaria de que foram capazes de se apropriar.

Toda a encenação busca essa deliberada inserção em uma outra realidade, digamos assim, como se a história se passasse numa zona de apropriação humana localizada entre o pesadelo e o sonho. A realidade, esta, fica posta nos contornos básicos traçados pela presença – não de um triângulo – mas de um quadrilátero amoroso, o que já representa uma diferenciação de enredo, porque a filha e o pai também se amam...

Mas tudo nos arrasta pra esse lugar, esta zona desconhecida e misteriosa dominada por um poder ao qual nos referimos sempre, no cotidiano de nossa cultura, mas no qual poucas chances a maioria tem de penetrar.

Holofote Virtual: Há um grande material que vem sendo coletado em textos e imagens. Pretendes dar continuidade ao Fundo Reyno através deles?

Walter Freitas: Havia um plano de incluir uma exposição no espaço de entrada do Teatro com as fotos do Jaime Souza, produzidas a partir dos processos que envolvem o espetáculo. Mas as dificuldades de produção nos impedem de apontar outros produtos e ações, antes de termos soluções reais para cada possibilidade.

De fato, além do Prêmio Myriam Muniz, que estamos realizando agora, temos uma carta da Lei Semear que nos abre chances de circular pela periferia de Belém em 2010, com oficinas, aulas-espetáculo, apresentações.

Holofote Virtual: Como tu equalizas isso de dirigir, além de atuar?

Walter Freitas: Enlouquecendo. Quem já me dizia louco, pode apostar, vai além do que vós imaginastes... Até aquilo que as pessoas vão classificar de “excessos” na montagem, a decisão de manter estes excessos como, por exemplo, o tempo de duração do que o grupo chama a “A Cena das Ervas” ou a Ladainha que cantamos, tudo isso faz parte desse processo. Eu não equalizo, eu me divirto, e nada mais divertido do que romper regras.

Holofote Virtual: E o Walter Freitas compositor. Parece estás num trabalho musical paralelo com o Mario Moraes e o Cesar Escócio. Ainda é segredo.. (risos)

Walter Freitas: Estou sim. Estamos em um longo processo de concepção artística para a realização de um concerto sobre a água.

Holofote Virtual: Então mais adiante a gente fala mais sobre isso. Além de escritor, dramaturgo, poeta, ainda és jornalista arquiteto e compositor. O Walter Freitas ainda tem alguma outra faceta que a gente não saiba?

Walter Freitas: Eu mesmo não sei, não tenho tido tempo de desabrochar novos desejos. Ah, sim! Quero ser padre, ainda.

Holofote Virtual: Como jornalista você atuou em alguns jornais da cidade...

Walter Freitas: Várias vezes no Liberal e na Província, cuja morte assisti, e também no que antes foi o Diário do Pará e que se chamava Estado do Pará. Também fiz assessoria de imprensa na prefeitura e um pouquinho no IAP. Comecei como redator, depois fui ser repórter na Província e mais tarde editor. Editei política, cidades, economia, internacional... Mas minha editoria favorita era a de Polícia.

Holofote Virtual: O curso de arquitetura veio quando?

Walter Freitas: Eu desenhava projetos caseiros há muito tempo, pra minha mãe e pra mim mesmo. Um dia comprei uma casa e a transformei em um laboratório, com um lápis uma régua e antigos papéis milimetrados de jornal, os velhos diagramas. Daí decidi ser arquiteto e urbanista. Talvez seja das minhas atividades a que eu mais ame. Pena que sua função social seja malbarateada.

Holofote Virtual: Já a dramaturgia, a poesia e a música estão na veia desde...

Walter Freitas: Comecei compondo e escrevendo letras, meio que criança ainda. No teatro, comecei pelas mãos do Ramon Stergmann, como contra-regra, depois fui ator no Grupo Maromba, fundado por mim e por ele. Com o Ramon aprendi os rudimentos do teatro e da dramaturgia.

E aí não quis mais largar. Mas considero que, nesse aspecto, houve uma virada em 2003. Eu iniciei este ano decidido a fazer um espetáculo solo de teatro.

Saí buscando pessoas para compor uma equipe técnica e fiz a proposta a vários, recebendo contrapropostas que não se confirmaram.

Até que falei com o Alberto Silva Neto e ele disse que aceitava trabalhar nesse projeto, desde que fosse pra cena junto comigo. Começamos a trabalhar imediatamente, em uma sala, tentando integrar as linguagens de música e teatro, até o final de 2003.

No início de 2004 ele foi premiado com uma bolsa do Instituto de Artes do Pará e nós levamos esse projeto pra lá. Bem, o resultado foi a montagem do “Tambor de Água”, que considero revolucionária e me parece estar rendendo muitos outros frutos, ainda.

Holofote Virtual: “Fundo Reyno” tem uma agenda a ser cumprida. Além da temporada, pensas em levá-lo a outros espaços?

Walter Freitas: O Fundo Reino tem uma programação de circulação preferencialmente pela periferia da região metropolitana de Belém. Mas tudo depende de patrocínio.


Fotos: Holofote Virtual (ensaio de quarta-feira, 17 de março, no Teatro Waldemar Henrique).