30.7.10

Mostra debate o novo momento do cinema paraense

Impulsionada pela retomada do cinema brasileiro no final dos anos 90, mais exatamente em 1997, com o lançamento do longa de Carla Camuratti, “Carlota Joaquina”, a produção cinematográfica paraense também reapareceu na cena. Na última década, foi notória a evolução deste cinema paraense.

É claro que vários outros fatores contribuíram também para que filmes de ficção, e principalmente de documentários, surgissem. O lançamento de editais, a profissionalização do setor e o maior acesso às novas tecnologias, são alguns deles.

Mas os incentivos ainda são poucos e muitas vezes sem continuidade. Sabe-se que não fosse o esforço e a persistência desses fazedores de cinema, menos ainda aconteceria.

O debate em torno da produção e da exibição de resultados desta, precisam acontecer mais, o que por enquanto tem sido raro. A maioria dos cineclubes existentes acaba optando por uma cinematografia brasileira ou internacional e a um debate sobre a estética ou obra de seus autores. O que não é ruim.

Mas na próxima semana um evento vem se propor a isso. Além da exibição de filmes dos realizadores, vai refletir algumas questões: Existe um cinema paraense? Qual a relevância deste movimento para a arte cinematográfica nacional e mundial? De que maneira tais obras representam os anseios poéticos dos amazônidas em pleno século XXI?

A "Mostra do Novo Cinema Paraense" é uma realização do Inovacine em parceria com o Instituto do Patrimônio Histórico Nacional (IPHAN) , que vai exibir nove filmes incluindo curta, média e longa metragens, de realizadores locais, que estarão presentes, após as sessões, para discutir junto com o público, os princípios artísticos e éticos que regem seus trabalhos.

"Através da ficção e da não-ficção, diversos artistas conseguiram dar forma a suas perspectivas sobre os fenômenos locais transcendendo as amarras do regionalismo exótico em busca da universalidade inerente à linguagem cinematográfica”, diz Miguel Haoni, do Inovacine e APJCC – Associação Paraense de Jovens Críticos de Cinema.

Para ele, “em maior ou menor nível, todo realizador paraense é essencialmente um guerreiro. A luta por condições de produção e distribuição transforma cada processo/filme num trabalho hercúleo de resistência e paixão. Obviamente, isso significaria muito pouco se na base das obras não houvesse a sensibilidade estética e a inventividade necessárias para a constituição de um Cinema Paraense maiúsculo, livre da muleta da indulgência histérica regionalista”, afirma.

PROGRAMAÇÃO

04/08:
I)"Puzzle" de Marcelo Marat
II)"Invisíveis prazeres cotidianos" de Jorane Castro
III)"Salvaterra - Terra de Negro" de Priscila Brasil

05/08:
I) "Semiótica-nossa-de-cada-dia" de Darcel Andrade
II) "Mãos de Outubro" de Vitor Souza Lima
III)"A Poeta da Praia" de Márcio Barradas

06/08:
I) "Dias" de Fernando Segtowick
II)"Contracorrente" de Francisco Weyl
III)"A Descoberta da Amazônia pelos Turcos Encantados" de Luiz Arnaldo Campos

Serviço
Mostra do Novo Cinema Paraense. dias 4, 5 e 6 de agosto. Sessões às 18h30 (seguidas de debates com os realizadores) no IPHAN (Av. Governador José Malcher, 563 - Nazaré). Entrada Franca. Realização: Inovacine. Parceria: IPHAN. Informações: 8813-1891.

Curadora cubana faz leitura de portfólios e palestra no IAP

A Curadora da Bienal de Havana estará em Belém na próxima semana para leituras de portfólios de artistas visuais. Ibis Hernández Abascal.

As leituras serão dia 05 de agosto, pela manhã e à tarde. Para se inscrever os interessados deverão enviar currículo para o e-mail iapvisuais@gmail.com até o dia 04 de agosto, às 14h00. Serão selecionados apenas 20 artistas.

No dia 06, a estudiosa de arte ministra palestra onde abordará a produção artística de seu país. Para a palestra será expedido pelo IAP declaração de participação. Todos os eventos são gratuitos.

Serviço
Leitura de portifólios. Dia 05 de agosto. Das 9h às 12h e das 14h às 16h. Palestra: dia 06 de agosto, às 19h. No Instituto de Artes do Pará - Pça. Justo Chermont, 236 - Sala Multimeios. Produção cultural Anamazon, Fatinha Silva e Guy Veloso. Realização IAP. Apoio La Pasta Gialla.

29.7.10

In Bust apresenta espetáculos que vão da cultura popular à mitologia grega

O mês das férias foi bem agitado para um certo grupo de teatro com bonecos de Belém.

Nas duas primeiras semanas Paulo Nascimento, Adriana Cruz, Cristina Costa e Aníbal Pacha percorreram as cidades de Bauru e São Carlos e ainda o distrito de Ipiranga em São Paulo, à convite do Sesc paulista.

Nem bem chegaram, já estavam de volta à estrada, ou melhor, no espaço aéreo, indo para Rondônia. Lá, eles participaram do Teatro de Rua de Porto Velho, evento organizado pelo grupo “O Imaginário”. Nestas duas empreitadas, levaram o impagável Fio de Pão.

Já no final de semana passado, já na capital paraense, lá estavam eles na programação de encerramento do IDEA – 2010, mostrando “Curupira – Um Milhão de Nós” e “Sirênios”. O primeiro mostra como o homem deve preservar a floresta, através da lenda do menino de pés virados para traz, seu protetor.

O outro, na mesma linha, exibe três histórias do nosso peixe boi, ameaçado de extinção. No entento são dois espetáculos bem diferentes na concepção, pesquisa de materiais e manipulação dos bonecos.

Agenda - Neste último final de semana, o In Bust fecha o mês de julho aqui mesmo em Belém, apresentando dois espetáculos: Fio de Pão A Lenda do Cobra Norato, que fica em cartaz nesta quinta-feira, 29, e nesta sexta-feira, 30, às 18h e 21h, e no sábado, às 10h e 15h, na livraria da Visão do shopping Pátio Belém.

Também no sábado, 31, o último e derradeiro dessas férias ensolaradas, o grupo apresenta “Os 12 Trabalhos de Hércules”, a partir das 19h, no Casarão do Boneco. Nos dois espetáculos a entrada é franca, mas no Casarão, troca-se a entrada por um brinquedo.

Para o mês de agosto, o In Bust já tem uma agenda fechada. “Faremos o Festival Territórios de Teatro, mostrando Sirênios e O Conto que Eu Vim Contar e ainda participaremos da Feira Panamazônica do Livro, apresentando Os 12 Trabalhos de Hércules, Fio de Pão e Curupira”, avisa Adriana. Mas não é só, em breve acontecerá na cidade o Sesi Bonecos e o In Bust, claro, estará lá!

Espetáculos em cena

Fio de Pão - Contado em forma de cordel pelos atores-manipuladores Adriana Cruz, Aníbal Pacha e Paulo Ricardo Nascimento, que representam uma família nordestina, o espetáculo “Fio de Pão – a Lenda do Cobra Norato” resgata do imaginário popular, a lendária história de uma cabocla que, ao ser conquistada um cobrão embruxado, engravida e dá luz a duas cobras: Norato e Caninana.

A encenação é feita com bonecos de pano, que contracenam com Fantoches, Manés-côcos e Brinquedos de miriti, típicos da região norte, numa analogia com o teatro de bonecos popular.

Os 12 Trabalhos de Hércules - Em cena, os atores manipulam cinco bonecos de vara e um boneco, máscaras e adereços, que interagem em um cenário com colunas de tela plástica e cortinas. Os animais mitológicos representados no espetáculo, fazem o espectador se imaginar em um passeio pela Grécia Antiga. A sonoplastia é elaborada com instrumentos de percussão feitos com materiais plásticos reaproveitados além de música mecânica. Assim como os bonecos, feitos a partir de materiais recicláveis.


Serviço
In Bust: quinta, 29, e sexta, 30 - “Fio de Pão – a lenda do Cobra Norato”, às 18h e 21h, e sábado, 31, às 10h e 15h, na livraria da Visão do shopping Pátio Belém.

Também no sábado, 31, o grupo apresenta “Os 12 Trabalhos de Hércules”, a partir das 19h, no Casarão do Boneco – Rua 16 de Novembro, 815, próximo ao Espaço São José Liberto.

Entrada franca na Livraria da Visão do Shopping Pátio Belém e um brinquedo, no Casarão do Boneco. Mais informações: 91 8134.7719


Novo cineclube paraense exibe “O Cineasta da Selva” ao ar livre

Cultura sustentável, arte e espiritualidade são os pontos em torno dos quais se organizam as atividades do cineclube que a grande Belém passa a ter a partir deste sábado, 31 de julho.

O Cine Refazenda surge de uma parceria entre a Associação Paraense de Jovens Críticos de Cinema (APJCC) e a Rede Norte de Cineclubes, exibindo, na primeira sessão, o filme “O Cineasta da Selva”, de Aurélio Michiles.

A produção de 1997 se debruça sobre outro nome da cinematografia feita no Brasil: a obra do luso-brasileiro Silvino Santos. Nome fundamental do cinema silencioso e autor que praticamente inaugurou o cinema etnográfico brasileiro, Silvino elegeu a Amazônia como tema e lar – passou mais tempo na região do que na própria Portugal onde nascera. Aqui, registrou o capitalismo nascente e seus personagens: índios, seringueiros, pescadores e grandes empresários.

É partindo de uma perspectiva romântica que Michelis se debruça sobre a vida e a obra deste personagem singular. “O Cineasta da Selva” mostra-se um filme lírico na zona limítrofe entre a ficção e o documentário, trazendo trechos de filmes como “No País das Amazonas” (1922), “No Rastro do Eldorado” (1925) e “Terra Portuguesa: O Minho” (1934).

Refazendo - Pensado para atender ao público formado pelas 12 comunidades rurais do Genipauba, o Cine Refazenda estende seu convite a todos os interessados em cinema e temas como pernacultura, arte e espiritualidade. As exibições, que passarão a acontecer quinzenalmente aos sábados, são realizadas no próprio Instituto Refazenda. A entrada, como sempre, é franca.

Na próxima sessão, do dia 14 de agosto, será exibido o documentário “Sangue e Suor: a saga de Manaus”, de Luiz Miranda Corrêa.

Serviço
“O Cineasta da Selva”, de Andre Michiles. Dia 31 de julho (sábado). Local: Espaço externo (embaixo de uma magueira) do Instituto Refazenda – Km 12 da Estrada do Genipauba. Veja o mapa AQUI. A partir das 19h30. Entrada Franca. Mais informações: Site do Instituto Refazenda. Blog da APJCC. E-mails: samiraoni@gmail.com e cinerefazenda@gmail.com . Contato: (91) 8154-1386.

Fonte: Texto de Juliana Maués, da APJCC.

28.7.10

Liberdade e música às palavras amotinadas

Por Edson Coelho de Oliveira *

“O oceano desperta magmas ressentidos (...) a morte mais reúne do que aparta (...) escolhe morrer de noite e não haverá espanto (...) um tanque de guerra de nuvem não consegue desviar de crianças (...) o chão não desperdiça seus mortos”.

Estes versos do paraense Paulo Vieira, num poema sem título (apenas com uma epígrafe de William Blake, para dar o crédito à influência dos “Provérbios do inferno”, do poeta inglês), cobrem um tema, a morte, caro à obra de Paulo Vieira que ganha especial importância no livro novo, “Retruque”, a ser lançado às 20h de hoje no Margarida Schivasappa (Centur).

O livro, premiado com a Bolsa Funarte de Criação Literária 2009, teve poemas musicados pelo também paraense Henry Burnett e será lançado com um CD encartado. Do lançamento faz parte um show de Henry com a banda Clepsidra e participação de Paulo declamando. Ingresso a R$ 10.

No prefácio ao livro, o professor Benedito Nunes nota que Paulo se movimenta pelo terrível “intervalo entre escrever e viver”, desafio que só é possível vencer pela forma. Benedito Nunes também ressalta que Paulo passeia por uma Belém pobre e de expostas mazelas, o que constitui um aprofundamento de um tema apenas insinuado nos livros anteriores do poeta e cronista, todos premiados.

“Retruque” também marca a volta de Paulo Vieira ao soneto, fortemente presente no livro “Infância vegetal”, deixado de lado em “Orquídeas anarqistas” e agora retomado com maturidade e força, sobre temas como a própria poesia, o amor e o sexo (talvez o principal tema do poeta), a morte, o tempo e a memória, outro tema recorrente.

Como destacou ainda Benedito Nunes, um dos principais méritos do poeta Paulo na elaboração dos sonetos (soneto, hoje, é uma escolha a que é preciso se sobreviver, esteticamente) é o encadeamento dos versos, os enjabements.

Noutras palavras, é preciso vencer a discursividade para se atingir a densidade inerente à poesia. E não custa repetir que a linguagem é que é o cabo das tormentas a ser esticado, e Paulo se revela de fato um poeta de valor em sonetos como “bagagem merencória”, o melhor poema do livro, e “idiomas esquecidos”, que casam “conteúdo”, “discurso”, “sentimento” com achados verbais e de fluidez elogiável.

Vale citar algumas “pedras-de-toque” do livro, como ilustração dessa densidade poética: “tomar por exemplo o engaste da/moeda mais sórdida, dentre as trinta,/no centro do esquife negro”, “no prego/o terço/estremece/ao compasso/do coito”, “a lua embrionária/ainda pendurada num cílio/desta manhã”, “a candura atrai os animais/para a morte”, “a corda bamba da morte ensina:/o sorriso é um verso sem palavra/que, oculto, põe navalhas na retina/e se ao canto o palhaço se escalavra,/cômico em sua dor, morto na ideia,/sobrevive aos sorrisos da platéia”.

Retoque - O desafio de Henry Burnett, ao musicar os versos, especialmente os sonetos, era transformar em “melodia” (quer dizer, achados sonoros, “sentimento de música”, “êxtase musical”, por assim dizer) a “discursividade”, os enjabements, os versos longos: adensar, pela intensidade melódica, o que, nos poemas, já precisou vencer justamente o risco de soar “frouxo” ou prosaico. E Henry venceu admiravelmente o desafio.

O disco é melodioso, ritmado, “pop” e “MPB”, de sonoridade ao mesmo tempo moderna, delicada e até mesmo com uma pegada “rocker”, e aí conta a execução e participação nos arranjos da banda Clepsidra (Renato Torres, Arthur Kunz e Mauricio Panzera), que carreou para o trabalho o entrosamento e a sonoridade peculiar atingida ao longo dos anos.

O que se encontrará hoje no Schivasappa, portanto, é um encontro raro de artistas que desfrutam do seu auge: Paulo, ao vencer a maior antítese poética, a discursividade; Henry, que de certa forma se especializou em musicar poemas (de Edson Coelho, de Nietsche, de Fernando Pessoa) e, não por acaso, é pós-doutor em filosofia; e da banda Clepsidra, que agrega à sua pegada experimentalista leituras diretamente poéticas. Imperdível.


Serviço
Espetáculo de lançamento do livro “Retruque”, de Paulo Vieira, e do CD “Retoque”, com de Henry Burnett, com show de Henry e da banda Clepsidra e participação de Paulo declamando. No Schivasappa (Centur), 20h desta quarta, com ingresso a R$ 10.

* Escritor e jornalista

27.7.10

Greenvision lança videoclipe da banda Macaco Bong gravado no Bolonha

Fotos de Renato Reis

Bastaram duas noites no Palacete Bolonha e muito trabalho para que a obra saísse... impecável. O novo videoclipe “Shift”, da banda Macaco Bong já está no ar, no Youtube, e na MTV Brasil.

A direção é de Priscilla Brasil, da Greenvision, produtora responsável também por outros trabalhos nacionais como “Japan Pop Show” (Curumin - SP) e “Come to Me” (de Daniel Peixoto, ex-Montage - CE).

Embora, tenha também um forte foco no cinema documental, vem se revelando uma das produtoras promissoras nesta área do curta musical. Já lançou outros videoclipes, como “Devorados” e “Vela”, da banda paraense Madame Saatan e possui planos futuros para as bandas Pata de Elefante (RS) e Móveis Coloniais de Acaju (DF).

Realizado no final ano passado, em Belém do Pará, o videoclipe Shift só foi finalizado agora porque Priscilla ainda está produzindo o DVD da banda.

Gravado em BH, já em fase de pós-produção, ele será lançado dentro de poucas semanas. É o primeiro DVD da Greenvision.

A Macaco Bong, banda vinda da terra do poeta Manoel de Barros, Cuiabá- MT, aportou por aqui em 2007, num Festival da Se Rasgum, com um show surpreendente, diga-se, mistura da música pop, com jazz e fusion, ganhando muitos seguidores, antes mesmo da febre do twitter.

Em novembro de 2009, quando esteve mais uma vez em Belém, veio a oportunidade para a gravação do videoclipe, há muito planejado pela diretora.

“A gente já se conhece da cena independente há um tempão. E eu sou mega fã, isso já devia ter rolado há muito tempo”, declara Priscilla.

Mas tudo precisou ser feito com muita vontade e talento para alcançar o resultado de qualidade que se vê no videoclipe. “A gente deu um jeito, por que grana, como sempre, não teve. Precisamos nos acertar com o que tínhamos disponível”, explica.

A locação escolhida para a gravação foi um achado entre nossos casarios perdidos na cidade, o Palacete Bolonha. “Pensei em um palacete Bélle Èpoque, que criaria um contraste enorme com eles, aquela coisa pomposa e eles, cujo lema é ‘artista é igual pedreiro’. O lugar é lindo e a gente tinha era que se apropriar mais desse palacete", opina, com razão.

O Palacete Bolonha, na verdade, sempre teve uma queda pelo audiovisual.

Ao ser reinaugurado em 2004, após um longo processo de restauração, alguns de seus espaços ganharam nomes em homenagem a paraenses ligados ao audiovisual, como o Cine Acyr Castro, crítico de cinema, e a Casa Dira Paes.

Em anexo, o Memorial dos Povos, hoje também bastante esquecido, chegou a receber sessões de cinema. Mas nem só por isso Priscilla Brasil acertou em cheio na locação. É tudo aparentemente muito simples. Ela até brinca de cinema no início do clipe, onde há uma pequena atuação dos músicos.

A arquitetura do prédio, porém, de natureza tão mista quanto as criações de Bruno Kayapy (guitarra), Ynaiã Benthroldo (batera) e Ney Hugo (baixo) - possui estilos neoclássico, gótico, barroco, além de decoração art noveau - é que fez com que o Bolonha se tornasse o palco perfeito para a performática pegada da banda e a direção de fotografia atenta e ágil de Gustavo Godinho.



SHIFT – Macaco Bong


Ficha Técnica

Direção: Priscilla Brasil
Direção de fotografia: Gustavo Godinho
Assistente de câmera: Brunno Regis
Maquinista: Fábio Carvalho
Produção: Lívia Condurú
Assistente de produção: Kalil Gaby e João Lemos
Figurino: Beatriz Morbach.
Fotografia Still: Renato Reis
Apoio: Prefeitura de Belém e Coletivo Megafônica







26.7.10

Estúdio Puraqué disponibiliza músicas de Chico Malta

Fábio Cavalcante, o Fabuloso, como já o disse Hermano Vianna, acaba de enviar aos amigos um link pro disco do compositor Chico Malta, da vila de Alter-do-chão (Santarém), produzido por ele no estúdio do Coletivo Puraqué.

“Além das gravações, tem um caderno de partituras e um vídeo com o Chico - tudo livre pra download. Confiram no site do Puraqué”, avisa Cavalcante.


O material também está disponível no blog do Fábio e no Overmundo, claro. Chico Malta é músico santareno, 48, que mora na vila de Alter-do-chão. Para este projeto, chamado “Nas entranhas da selva”, foi montado um repertório temático com canções que falam das lendas amazônicas, como a cobra grande, o curupira, a matinta pereira, vitória-régia, entre outras.

As gravações foram realizadas durante o mês de junho, e contaram com Chico Malta (no violão base e voz), Elder Oliveira “Catraca” (nas percussões), Fábio Cavalcante (arranjos, violão solo, flauta doce – faixas 7, 8 e 9, e baixo – faixa 10), e Milady France Eremita Feitosa (backing vocal).

Registro: paraenses já contam com Federação Estadual de Cineclubes

Foi-se o tempo em que Belém ficava vazia nas férias de julho. Bastou um breve passeio, neste último domingo, 25, para ver que as pessoas estavam nas ruas e nas praças aproveitando o dia de sol intenso, próprio do verão paraense.

Mas enquanto a cidade fervilhava, neste final de semana, com trocentas programações, incluindo aí as apresentações de teatro e debates do IDEA 2010, pessoas ligadaa ao audiovisual se reuniam para fundar a PARACINE - Federação Paraense de Cineclubes.

O encontro de cineclubistas, vindos de vários outros municípios paraenses, aconteceu de sexta, 23 a domingo, 25, no Colégio Pablo Mufarrej, durante a Jornada Paraense de Cineclubes. Participaram, entre outros, representantes de cineclubes de Belém (20); Oeiras (01); Ananindeua (03); Santa Bárbara (01); Redenção (01); Colares (02) ; Soure (03); Altamira (02); Santarèm (02); Marabá (01); Parauapebas (01).

Além dos cineclubistas, a jornada contou com a presença do secretário de educação do estado do Pará, o professor Luíz Cavalcante; do secretário geral do Conselho Nacional dos Cineclubes Brasileiros, o senhor João Batista Pimentel Neto; do representante do Sindicato dos Trabalhadores Domésticos do Pará, responsável pelo serviço de refeição aos participantes; do presidente da Fundação Curro Velho, Valmir Bispo; da sacerdote afro-religiosa Mãe Nangetu, e da presidente da Associação Brasileira dos Documentaristas e Curta-Metragistas do Pará, Dani Franco.

25.7.10

Grupo Oficina adia para agosto chegada de Dionisíacas em Belém

As oficinas e espetáculos do projeto "Dionisíacas em Viagem", do Grupo Oficina, que iriam aportar por aqui de 21 a 31 de julho, foram adiados para agosto.

Agora, de acordo com a notícia que me chegou via e-mail, a Caravana de Zé Celso Martinez está pautada para chegar em Belém do Pará entre os dias 09 e 10 de agosto.

A informação pode ser confirmada no site do projeto, que também diz que o grupo fica por aqui até dia 24. Vamos torcer para que desta vez dê tudo certo e em breve os paraenses também possam assistir as quatro peças que fazem parte da programação.


Entrevista: a arte do encontro na obra Retruque/Retoque

Há algumas semanas em contato com o poeta Paulo Vieira e com o músico e compositor Henry Burnett, o Holofote Virtual obteve a dupla entrevista que vocês vão ler abaixo, antecedendo o lançamento de Retruque/Retoque, já noticiado aqui, e que acontecerá nesta quarta-feira, 28, a partir das 20h, no Teatro Margarida Schivasappa, projeto Uma Quarta de Música (ingresso R$ 10,00).

A intenção foi construir, a partir das mesmas perguntas, um possível mosaico de informações sobre o olhar de cada um sobre a obra do outro. Fruto de um encontro entre eles, a parceria que surgiu se concretiza agora em celebração lítero musical, com a participação e envolvimento artístico da banda Clepsidra.

Depois de inúmeras trocas de e-mail, o passo derradeiro para esta postagem foi ao vivo e à cores, em uma sessão de fotos realizada na última sexta-feira, 23, no final da tarde, na Praça do Carmo, no bairro da Cidade Velha, espaço-testemunha da primeira conversa entre os artistas.

Ambos, de personalidades diferentes, são em Retruque/Retoque, linhas que se entrelaçam, sendo mais um passo dado em suas trajetórias trabalhadas de forma independente, em geral seguindo por fora do mercado convencional, sempre com obras de qualidade, instigantes.

“Tenho cada vez menos interesse pelo funcionamento do mercado. E não por repudiar o sucesso, mas por não me sentir mais apto ao comércio musical.

Não sei bem porque aos 16 anos, tocando num bar em Belém, senti uma grande tristeza e tomei uma decisão: teria uma outra profissão que mantivesse aquele compositor, em gestação, livre para fazer o que bem entendesse.

Rompi, portanto, cedo com o mercado, que talvez não vá me acolher nunca. Já não me ressinto disso, benesses da idade. Tornei-me professor de filosofia da música... porque abandonar o prazer jamais”, diz Henry.

Sobre a literatura paraense e ser parte dela, Paulo Vieira, se diz desafiado. “Em uma cidade que teve (e tem!) Bruno, Paulo Plínio, Tavernard, Rui, Mário, MM, a tarefa dos novos não é das mais fáceis. Publiquei meu primeiro livro em 2004, ou seja, sou um novato nessa ‘cena’. E não saberia defini-la muito bem. Mas gosto de muitas coisas que estão sendo produzidas aqui”, aponta Paulo.

As aspas, acima, integravam o jogo de perguntas e respostas que compositor e poeta toparam de cara em responder para o Holofote Virtual, sem que um tivesse acesso às respostas do outro, antes de serem publicadas.

Achei que deveria pinçá-las para cá, como elementos a mais de introdução ao que vem a seguir, e também esperando melhor apresentá-los. Ah, sim, o Livro/CD Retruque/Retoque vai estar disponível no teatro no dia do lançamento.

Holofote Virtual: A invenção de Retruque/Retoque... Tudo pronto?

Henry Burnett: De minha parte está pronto, depois desse breve período entre o início da criação e a arregimentação do disco. Acho que ele é mesmo antes o resultado de uma amizade, e menos de uma ligação artística. Esta foi se estabelecendo como acabamento do laço entre nós. Creio que é um negócio meio atípico. Mas um CD de canções que nasce de um livro é atípico por princípio.

Paulo Vieira: Essa ‘invenção’ de misturar música e poesia não é nova. No Brasil é praticada desde os românticos, nos salões... Quer dizer, nem nós, nem ninguém (em Belém?) está necessariamente fazendo novidade ao misturar essas irmãs. No entanto, pessoalmente, sempre tive curiosidade de experimentar meus poemas em canções.

Uns 10 anos atrás até cometi alguns crimes recitando com uma banda de rock, coisa de improviso. Nada cantado. Nem os poemas eram meus, mas de Augusto dos Anjos. E gostei muito do assombro. Mas agora é outra coisa, o cancioneiro trouxe sua personalidade artística para as entrelinhas dos versos, e seu canto amplificou tudo. E a invenção antiga (música + poesia) me parece magistralmente reabilitada no disco Retoque.

Um disco nada sofisticado. Sem nenhuma intenção mirabolante, e que, por isso mesmo, merece toda a atenção dos bons ouvintes. Agora, sobre o projeto gráfico da obra, onde o objeto tem formato, fontes, cor e composição diferentes do usual e o disco não vai anexado, mas tem seu espaço pleno de disco com direito a encarte, fotos, “letras”, cifras, etc.

É mais um resultado de minha (agora nossa) parceria com a ilustradora e escritora D’Arcy Albuquerque, minha fada madrinha.

Holofote Virtual: O encontro entre vocês, ainda em 2006...

Paulo Vieira: Milton Kanashiro me convidou para ir com ele ao show “do Henry”, falou assim, como se eu conhecesse o cara. “Eu nunca ouvi falar nesse cantor, Milton”. Mas já havia escutado no rádio, com vivo interesse, a música Chuva op 14:30. Fiquei muito impressionado com o show.

E notei o principal, havia no palco um envolvimento forte e verdadeiro com a poesia, mas despretensioso e nada forçado, ou seja, ele não tinha aquela tônica do artista ‘descolado’ que quer levar poesia para o palco porque poesia é ‘sacada’, e etcetera e tal... Havia, sim, uma forte presença do amor & morte naquelas canções, não de qualquer morte, mas aquela que nutre e dá sentido à vida.

Quer dizer, era um poeta em cena. No bar falamos muito pouco (você pode imaginar: lançamento de disco, vários amigos, pós-show, etc.). Falei mais com o Edson Coelho, poeta (hoje meu amigo também), e parceiro do Henry há mais de uma década.

Mas a amizade com Henry se firmou uns dois anos depois. Numa visita familiar que fiz a ele, na qual gostamos mais de falar sobre nossa nova condição, a de pais, do que sobre artes. João, filho do Henry e Pablo, o meu menino, nasceram, ambos, em julho de 2008...

Henry Burnett: O Paulo me conheceu antes de se apresentar e se dizia fã do Não Para Magoar (meu disco de 2006), e foi se aproximando, no dia do lançamento, como eu descrevo no texto de apresentação. Deu-me um dos seus livros de presente. No meio da conversa eu já sabia quem ele era e o reconhecimento imenso da sua poesia; aí tinha um clima da parte dele que parecia meio “eu sou teu fã”, ao que eu imediatamente retruquei (olha aí o disco nascendo!): “cara, o artista aqui é você!”.

Holofote Virtual: “Retruque/Retoque” inaugura uma parceria para longa data ou é um projeto que se encerra nele mesmo?

Paulo Vieira: O disco Retoque é, como disse o Henry em seu texto de abertura, uma forma de brindar à nossa amizade. Penso que isso (a amizade) é já bastante para ambos, haja ou não outras parcerias.


Henry Burnett: Não planejo canções, mas duvido que não voltemos a compor juntos. O resultado é de uma afinidade ímpar, a rítmica dos poemas, o erotismo, a memória, são temas com ligações fortes e comuns entre nós. Não sei bem avaliar o disco como um produto agora que está pronto, mas intimamente o considero meu melhor trabalho até hoje.

Holofote Vir
tual: Depois que se conheceram como foi que se desenrolou o contato de vocês, até o convite feito pelo Paulo para musicar os 12 poemas?

Henry Burnett: Quase todo via mail e com algumas visitas mútuas, eu vindo a Belém e ele a São Paulo.

Paulo Vieira
: Nosso contato sempre foi raro. E a partir do convite, intenso, pois foi no momento em que estabeleci uma relação muito forte com São Paulo (onde Henry mora). E, falo isso com a mais honesta gratidão, o poeta abriu as portas de sua casa para mim, Pablo e Mariana, por muitas vezes, durante nossas estadas na Paulicéia. Sem falar nos conselhos e orientações acerca da possibilidade de minha transferência para lá, mas essa é outra história...

Holofote Virtual: Paulo, é a primeira vez que tens poemas musicados?

Paulo Vieira: É, sim, a primeira, que me ‘credenciou’ também para acessar outra. Durante as gravações do Retoque dei uma letra, “Urublue”, para Renato Torres, líder (ainda é assim que se fala?) da banda Clepsidra, que ele musicou num estalo. Depois outra, a qual batizou de “Ar”, a música é linda, e ele parece gostar dela tanto quanto eu.

Holofote Virtual: O Henry tem parcerias com outro poeta daqui de Belém, mesmo morando em São Paulo. Como consegues manter os vínculos, há tantos anos fora daqui?

Henry Burnett: Engraçado você dizer isso, porque me sinto muito apartado artisticamente de Belém. As parcerias são vínculos silenciosos, sempre com pessoas com as quais tenho trabalhado há muitos anos e com quem partilho um tipo de compreensão da música muito definido.

O Edson Coelho, meu parceiro junto com a Florencia Bernales no disco Interior (2007), foi o primeiro cara com quem compus, ainda adolescente e pedreirense, por volta de 1989...

O Renato Torres é meu parceiro desde 1997, quando nos conhecemos e ele começou a atuar nas diversas formações que me acompanharam de lá até aqui: o Pai-Ubu e o Clepsidra, por exemplo. O trabalho com ele moldou de diversas formas a sonoridade do meu trabalho posterior e nos tornamos parceiros também.

No caso dele, engraçado, eu muitas vezes fiz o papel de Paulo Vieira, ou seja, entreguei os poucos textos que escrevi sem música, todos concluídos por ele. Não por acaso, o Retoque só foi executado porque é um disco de pessoas que se conhecem muito bem. O Clepsidra arranjou as canções junto comigo e na medida em que gravávamos, sem pré-produção, sem tempo, sem quase nada que não os vínculos eletivos, são eles que me ligam a Belém ainda.

Holofote Virtual: O Paulo tem um blog, Henry Burnett, músicas no myspace. Vocês enxergam e utilizam a internet como instrumento de inclusão no mercado? Ela ajuda a encurtar os caminhos entre uma obra artística e o público...

Paulo Vieira: Olha, Lu, apesar de eu não usar twitter, facebock, orkut, iogurte e outros derivados, acredito, sim, na internet como um espaço de comunicação democrático (me arrisco a dizer isso, num tempo em que tudo é chamado de ‘democrático’, até a maquininha de cartão de crédito...).

Por exemplo, uma pessoa com um real no bolso pode passar uma hora pesquisando seja lá o que for... Sexo, drogas, rock ‘n’ roll, editais de literatura, poetas, músicos, downloads de livros e discos que não pode comprar, e muito mais.

Foi por email que recebi a chamada para o edital Funarte 2008/2009, daí, curioso, cliquei no link e vi o sitio da Fundação, eu nunca tinha visitado, cliquei em ‘ver edital’ e... Portanto, se a internet é formidável no sentido do acesso ao mundo rico e diverso da informação, é ainda mais quanto ao encurtamento das distâncias geográficas.

Henry Burnett: Sim, mas veja como o mercado é simples. Não basta um myspace, um blog e boas canções, é preciso um comportamento próprio ao momento do mercado, é isso que não me atrai: a invenção de um artista direcionado para o que o ouvinte médio atual pede. Seria até simples, bastaria enxertar o estilo da guitarrada ou umas levadas de tecnobrega no Retoque, porque o Brasil está deslumbrado com essa sonoridade, mas seria uma apropriação indébita... pelo menos no meu caso. É, como se diz, a hora da música do norte. Eu, desterrado, ficarei de fora.

Holofote Virtual: Os editais tem sido a plataforma de salvação para os mais novos neste mercado?

Paulo Vieira: Sim. Principalmente para poetas. Para uma editora se interessar por um autor que escreve prosa o cara precisa fazer muito, muito mesmo.

Agora, para uma editora se interessar por um cara que escreve poesia, é preciso que, é... Pensando bem, não é preciso nada, não vai haver interesse. Mercado não está nem aí para o que não vende. Poesia não vende. Salvo exceções, bons poetas só despertam interesse comercial depois de meio século de atividade, ou depois da morte... Portanto, em minha opinião, os editais são a melhor maneira de publicar (‘de graça’) e de ter a chance de ser lido um pouco aumentada.

Holofote Virtual: Banda Clepsidra...

Henry Burnett: Não é uma participação, no sentido de uma entrada em cena como convidada. O Clepsidra é um elemento chave do disco, e no palco vamos reproduzir os arranjos originais, e também estamos ensaiando algumas surpresas que de algum modo dialogam com os temas do Retoque.

Paulo Vieira: A relação do Henry é de longa data, a minha é muito recente. Hoje, depois de termos ido para o estúdio, posso dizer que entendo bem a confiança quase cega do Burnett nessa banda. Renato, Artur e Panzera, estão ligados ao compositor pela amizade e afinidade musical. Para ter ideia, tudo foi criado no estúdio, tudo. Ninguém levava dever de casa. E o disco foi gravado em um mês.

Henry Burnett: Todos os poemas recitados e cantados estarão no show, mas vamos tocar algumas canções dos outros discos, e algumas surpresas.

Paulo Vieira: O show vai oferecer ao ouvinte / leitor a possibilidade de ouvir (diretamente do disco) a maioria das faixas que eu recito. Optamos por isso para valorizar o trabalho eletroacústico de Rodrigo Ferreira e as vozes delirantes de Iva Rothe em algumas das faixas. Mas eu participarei ao vivo em algum momento. Também foram escolhidas por mim três faixas de outros discos do autor, duas de seu Não para magoar, e uma do Interior, além de uma quarta faixa surpresa.

Holofote Virtual: Pensam em lançar este trabalho fora de Belém?

Henry Burnett: Certamente, mandarei para algumas pessoas que receberam bem os dois discos anteriores, e com a ida do Paulo para São Paulo, teremos muito a fazer por aí.

Paulo Vieira: Sim. Pensar em lançar eu penso: Berlim, São Paulo, Paris, Milão, na Time Square, em Caracas, Buenos Aires, São Miguel do Rio Guamargo, no Bar do Rex em Bragança, Ah, sim! E em Santarém, na beira do Tapajós... Já pensou?... Eu penso.

Holofote Virtual: Próximos passos, independente da parceria...

Henry Burnett: Estou finalizando um novo livro, uma reunião de ensaios sobre música e filosofia, sairá pela editora da UNIFESP final deste ano.

Paulo Vieira: Tenho andado mais interessado em ler do que em escrever. Portanto, na atualidade, e sem muito planejamento, essa prazerosa atividade de leitura tem me ocupado mais. Não tenho, hoje, nenhuma ideia nova para livro, não sei se terei amanhã, ou mais tarde.

Ah!.. Sim, já ia me esquecendo, parece que finalmente, e a muito custo, peguei as manhas de escrever letras de música. Sem me interessar pelas confusões conceituais que giram (bestas) em torno daquela velha pergunta, ‘uma letra é uma poesia?’. Assim, tenho feito isso também, ando escrevendo letras, de quando em quando.

O que tem me levado a entender que ela é somente uma parte de ‘algo’, pois ainda estará destinada ao trabalho de mais alguém, o compositor, e mais outro que arranja, e mais outro e outro, igualzinho ao futebol. Parece que é isso: compor os poemas, para mim, é como fazer algo na condição de escafandrista submerso e só. Agora, compor uma letra de música é como jogar uma pelada com amigos.

24.7.10

Victor Biglione faz show neste domingo em Salinas

Nos últimos dez anos ele vem participando dos principais festivais de jazz em vários continentes, como o Free Jazz, por cinco vezes, o Festival de Montreal por quatro vezes e o New York Guitar Festival, entre outros.

Neste final de semana, chegou a vez de Victor Biglione estrear no Baiacool Jazz Festival, que começa nesta sexta-feira, 23, a partir das 17h, na Praia do Farol Velho, em Salinas, com a apresentação de Larissa Wright & Cumbuca Jazz e o grupo Jungle Band.

Considerado um dos maiores guitarristas e violonistas da atualidade, Victor Biglione é quem encerra a programação do evento, no domingo, dia 25, com seu estilo musicalmente eclético, misturando bossa nova, rock, jazz e blues.

Biglione já tocou com mais de 300 nomes da MPB e da música internacional. Atuou como guitarrista ao lado de Ivan Lins, Gal Costa, Chico Buarque, Djavan, Milton Nascimento, Sérgio Mendes, Wagner Tiso, João Bosco, Lee Konitz, John Patitucci, Steve Hacket (Genesis), Andy Summers (Police), e do grupo Manhattan Transfer. Nos anos 80, tocou com o grupo A Cor do Som.

Tem 16 CDs lançados entre obras solos e em duo. Foi o único brasileiro (apesar de nascido na Argentina) a participar no New York Guitar Festival, no segundo semestre de 2002, nos EUA, onde também estabeleceu parceria com o ex-Police, Andy Summers, gravando o segundo CD do duo, Brazil Splendid, em Los Angeles.

O guitarrista também já compôs trilhas sonoras para TV, teatro e cinema, entre eles Como Nascem os Anjos, de Murillo Salles, com o qual recebeu o Kikito de melhor trilha sonora no Festival de Gramado, e Faca de Dois Gumes, vencedora da melhor trilha sonora no Rio Cine Internacional. Victor ganhou, ainda, o Grammy Latino pelo CD Crooner, gravado com Milton Nascimento.

Em 2009 lançou o CD Uma Guitarra no Tom, onde faz uma homenagem ao Maestro Tom Jobim e atualmente está em fase final o CD Tangos Tropicais, dirigido por Nelson Motta, a ser lançado ainda este ano.

Serviço
Baiacool Jazz Festival. Até 25 de julho, sempre a partir das 17h, com três grandes shows de música instrumental de artistas locais e nacionais, por dia. Em Salinas, na Praia do Farol Velho. Este ano, o Baiacool Jazz Festival tem patrocínio do SESC PA e apoio do Programa Bacana, Secult-PA, Fundação Tancredo Neves, Governo do Pará e Jungle Interativa. Contatos: 91 8134.7719 (imprensa) e 91 8228. 2293 (produção).

23.7.10

Jungle Band: a nova geração do instrumental no Baiacool Jazz Festival

A australiana Larissa Wright abre a programação da oitava edição do Baiacool Jazz Festival, nesta sexta-feira, 23, ao lado do grupo Cumbuca Jazz, a partir das 17h, na Praia do Farol, em Salinas.

Em seguida, será a vez da Jungle Band (Foto: Taiana Laiun), que está se apresentando pela primeira vez no evento.

“Todos nós da Jungle Band, sempre que possível, éramos público do Festival, estávamos lá com os pés na areia curtindo de perto as atrações. Ser convidado para tocar nesta edição está sendo uma grande honra e estamos ansiosos para mostrar o que estamos aprontando”, diz Dan Bordalo, do grupo.

Formada há um ano, com Márcio Arêde (baixo), Léo Chermont (guitara), Dan Bordalo (teclado) e Jr. Abnader (bateria), a banda começou a tocar sem grandes pretensões em jam sessions nas festas do Casarão Floresta Sonora. “Tocávamos só música instrumental, partindo das jams, foi uma tendência inevitável. Mas abrimos licenças aos convidados cantores que cruzam nosso caminho, como é o caso da Larissa Wright em que temos composições juntos”, explica.

Cada integrante da banda vem de uma trajetória musical bem distinta, de acordo com Dan. Passam por vários gêneros, mas tem em comum o rock, o jazz e as pitadas regionais, influências que convergem no som da Jungle Band. Apesar de ser um campo mais árido, em determinados aspectos, a música instrumental entrou no estilo da Jungle sem que o grupo se preocupasse com a resistência do mercado a este estilo.

“Fomos compondo nossas músicas e testando nas festas seguintes. Hoje, percebemos um aumento do público de instrumental, há um segmento de público cada vez mais cansado do mesmo e outros que já foram cativados pelo trabalho de alguns músicos de jazz, choro, guitarradas ao longo dos anos, em Belém, além das próprias edições anteriores do Baiacool”, acredita o músico.

A apresentação de hoje vai marcar o reencontro do grupo, que estava há três meses sem tocar. “Estamos muito felizes de nos encontrar e poder tocar na praia, com lua cheia. O repertório é tudo o que já testamos e que verificamos boa aceitação do público, basicamente as músicas do primeiro disco, que agora estamos terminando de gravar”, já avisa.

Entre as influências do grupo, estão Herbie Hancock, Tortoise, Jaco Pastorius, John Bonham e Jimi Henderix. “Mas, o mais importante na sonoridade é o meio que a gente vive, os ambientes que tentamos recriar na música, que são do nosso cotidiano, como o caos da cidade. São viagens extra-sensoriais que temos, tentando representar temas recorrentes, até mesmo como o calor da cidade também”, diz.

Felizes com o convite para participar do Baiacool deste ano, os meninos da Jungle Band dizem que tem em Minni Paulo, o contra baixista que criou o festival, uma grande admiração. “O Minni Paulo é uma das nossas referências em termos de música instrumental, um cara que batalha por isso há muito tempo. Muito legal um cara que respeitamos convidar uma banda nova, com músicos novos, de outra geração, pra tocar no festival top de música instrumental”, finaliza.

22.7.10

Minni Paulo inicia Baiacool em Salinas e planeja novo evento de jazz para Belém

Tá vendo a figura ao lado, é um peixe, o baiacu, conhecido também como balão, ou ainda sapo do mar.

Inspiração perfeita à logomarca e ao nome criado para o primeiro festival jazzístico da Amazônia, o Baiacool Jazz Festival, que chega neste final de semana, de 23 a 25, na praia do Farol Velho, em Salinas, a sua oitava edição.

Modificando-se na aparência ao se assustar com algum predador, lembra muito o saxofonista, um dos músicos indispensáveis ao jazz, executando seu instrumento.

Boa a sacada de Minni Paulo, contrabaixista idealizador do festival, que ainda trabalhou a grafia do nome do peixinho para ter mais a ver ainda com o universo do jazz.

Com realização da Zoe Agência de Música, comandada por Minni, o evento está, hoje, consolidado no calendário cultural da cidade e também nacional, uma vez que traz participações de músicos consagrados do universo da música instrumental brasileiro. Com entrada 100% gratuita, acontece sempre no mês de julho, no verão paraense.

“É sempre com muita correria e dificuldade que o realizamos, tentando convencer patrocinadores e apoiadores a apostar na ideia de trazer música de qualidade e de fácil acesso ao público de todas as classes sociais e faixas etárias, e que promove o intercâmbio entre artistas daqui e de fora do estado.

Além disso, o Baiacool prepara um público e forma plateia para a música instrumental no Estado do Pará”, diz Paula Medeiros, diretora executiva do festival.

Este ano, apostaram no Baiacool Jazz Festival o patrocinador SESC PA, e os apoiadores Secult-PA, Fundação Tancredo Neves, Governo do Pará e Jungle Interativa. Estão programados oito shows, em três dias seguidos, sendo duas atrações inteiramente inéditas e tendo como ponto alto a apresentação de toda uma nova geração de grupos instrumentais locais, que surgiram na cidade.

Artistas - O contrabaixista paulista Ximba Uchyama se apresentará, no sábado, pela primeira vez no evento. Com mais de 20 anos de carreira, autodidata no instrumento, tem influências de música brasileira e jazz.

Victor Biglione também está estreando no festival. O guitarrista argentino mora no Brasil. Ele, que já foi integrante do conjunto A Cor do Som no início da década de 80, mais tarde tocou ao lado de Ivan Lins, Emílio Santiago, Marcos Valle, Marina, Fátima Guedes, Sergio Mendes, Gal Costa e Wagner Tiso.

Além deles, estão no Baiacool Jazz Festival 2010, o grupo Jazz & Pop; a cantora australiana Larissa Wright & Cumbuca Jazz, Tony Blues, Adelbert Carneiro, a Jungle Band e o Beach Blues Trio, formado por Minni Paulo (contrabaixo), Marcus Magrus (bateria) e Mark Lambert (guitarra).

Em oito anos de estrada, o Biaacool Jazz Festival, primeiro festival de jazz da Amazônia, mostra seus resultados. Depois de seu surgimento, aconteceram outros eventos, shows, grupos e até programas de rádio e TVs focados na música instrumental.

“Isso é gratificante pra gente, ver músicos trocando ideias, contatos, conhecimentos e mudando sua visão, quanto a seriedade da profissão de músico e a possibilidade de ampliar seus horizontes”, acrescenta Paula.

Trajetória - O Baiacool Jazz Festival é resultado de uma semente plantada pelo Minni Paulo, ainda nos anos 80, quando ele formou a primeira banda de música instrumental paraense a “Sociedade Marginal” e nunca mais desistiu de investir neste segmento que na opinião de muitos não criaria raízes em Belém.

Depois da primeira edição em 2003, em Salinas, o Baiacool aconteceu por duas vezes seguidas, também em Belém, em 2005 e 2006.

Mas a organização do festival chegou à conclusão de que o formato desse evento era mesmo feito para acontecer na praia e o festival de Belém não foi mais realizado.

“Acontece que o Baiacool foi idealizado pra ser feito em Salinas, no verão, na praia, todo esse ambiente era necessário pra fazer dele o que é hoje, mesmo assim o levamos para capital e fizemos dois grandes festivais em Belém. Foi depois dessa experiência, que percebemos tudo. O Baiacool é um festival pioneiro e independente, um festival de verão, desencanado”, explica Paula.

Novidade - Paula Medeiros, filha de Minni Paulo, atua com o pai desde a primeira edição do festival. Morando em Paris, na França, ela está em Salinas ã frente da organização.

De acordo com ela, Belém não vai ficar sem um festival de jazz à altura do que acontece em Salinas, ficará melhor e com atrações internacionais.

“Depois da minha ida para a França pra estudar Gestão Cultural, a ideia de trazer grupos europeus pra um festival de jazz foi se tornando cada vez mais possível.

Hoje, trabalhando aqui em uma produtora independente em parceria com meu pai e lá, em uma produtora parisiense, surgiu a ideia de fazer um festival internacional de jazz, com apresentações em Duo, e piano, provocando uma cena mais jazzística, trazendo para a Amazônia, os grandes nomes que passam nos festivais de jazz europeus”, anuncia.

O projeto está sendo gerado e se chamará Rain Forest Jazz Festival. Com forte apelo sócio-ambiental, o evento vai colocar a Amazônia como um dos pontos obrigatórios de passagem da vanguarda do jazz internacional, em Belém.

Mas o Baiacool Jazz Festival não acabará com o nascimento do novo projeto, continuará sendo um festival de praia, só que mais aberto a outros estilos, ganhando um novo formato e mantendo a excelente qualidade e a entrada livre.

PROGRAMAÇÃO

SEXTA

Larissa Wrigth & Cumbuca Jazz
Jungle Band

SABADO

Jazz & Pop
Beach Blues
Ximba Uchyama

DOMINGO

Tony Blues
Adelbert Carneiro
Victor Biglione

Serviço
Baiacool Jazz Festival. De 23 a 25 de julho, sempre a partir das 17h, com três grandes shows de música instrumental de artistas locais e nacionais, por dia. Em Salinas, na Praia do Farol Velho. Este ano, o Baiacool Jazz Festival tem patrocínio do SESC PA e apoio do Programa Bacana, Secult-PA, Fundação Tancredo Neves, Governo do Pará e Jungle Interativa. Contatos: 91 8134.7719 (imprensa) e 91 8228. 2293 (produção).

21.7.10

David Cronenberg na Sessão Maldita do Líbero Luxardo

Vai ficar em Belém neste final de semana? Tem muita coisa o que fazer por aqui. Além dos espetáculos e rodas de conversa do IDEA 2010, o cinema também está na agenda da cidade.

O Cine Líbero Luxardo do Centur, por exemplo, exibe, na Sessão Maldita desta sexta-feira, 23, eXistenz, a partir das 21h30, com entrada franca. Sobre o filme, do genial Cronemberg, segue abaixo, um texto de Rodrigo Carreiro, do site Cine Repórter.

Longa-metragem tem idéias semelhantes a ‘Matrix’, mas vai muito mais longe na mistura ficção X realidade

O ano de 1999 parece ter sido especialmente fértil no aparecimento de filme que investigam o desaparecimento progressivo das fronteiras da ficção e da realidade. O mais conhecido desses longas-metragens, “Matrix”, situou a tecnologia como uma espécie de portal entre duas dimensões, uma real e outra virtual. “eXistenZ” (eXistenZ, EUA/Canadá/França, 1999), de David Cronenberg, realiza o mesmo raciocínio, só que num filme muitas vezes mais cerebral e instigante.

Na verdade, a única semelhança entre o filme dos irmãos Wachowski e o longa de Cronenberg é mesmo essa confusão entre mundo real e mundo virtual, uma sensação compartilhada pelos personagens dos dois filmes. O diretor canadense, contudo, vai mais fundo no problema e investiga também outras fronteiras: sexualidade, prazer e a relação intrínseca de ambos, no mundo atual, com a tecnologia. O resultado é um filme excêntrico, escatológico e muito inteligente.

Allegra Geller (Jennifer Jason Leigh) é uma genial designer de jogos de computador. Tratada como uma espécie de deusa por uma horda cada vez maior de usuários desses games, Allegra também sofre com a perseguição de fanáticos. Depois de escapar de um atentado cometido na noite em que iria apresentar sua mais nova criação, Allegra é obrigada a fugir, com destino incerto, junto ao segurança Ted Pikul (Jude Law).

Na jornada, os dois começam a realizar experiências com o novo jogo, chamado por Allegra de eXistenZ. O jogo simula uma realidade virtual tão perfeita que, a certa altura, os personagens não sabem mais se estão no mundo real ou no meio de uma partida virtual. E isso é apenas o começo.

“eXistenZ” é o típico produto que se espera da mente de David Cronenberg. Fascinado por imagens do grotesco e também pelas maneiras com que o corpo humano é capaz de interagir com a tecnologia, o cineasta reúne essas duas obsessões de uma forma que lembra muito os delírios visuais do anterior “Videodrome”, da década de 1980. Para jogar eXistenZ ou qualquer jogo contemporâneo (o filme é ambientado num futuro próximo, mas não especificado), os personagens são obrigados a implantar, na base da espinha, uma porta de entrada biológica que seja capaz de suportar uma interface digital. Em outras palavras, uma espécie de tomada.

Além disso, na louca (ou nem tanto assim) imaginação de Cronenberg, a tecnologia já ultrapassou o estágio da máquina.

Tecnologia de alto nível não significa mais um emaranhado de fios e circuitos eletrônicos, como conhecemos hoje, mas algo muito mais orgânico. Assim, os joysticks utilizados nos jogos são semelhantes a fetos – e são tratados como entidades vivas por Allegra.

A localização e o formato das bioportas também dão margem à discussão sobre a relação entre sexualidade e tecnologia, algo que vai fazer o espectador de Cronenberg recordar as vaginas artificiais de “Videodrome”.

De fato, “eXistenZ” soa como versão traseira (e portanto bem mais radical) de “Videodrome”. A trama complexa, por outro lado, funciona como reafirmação de refinamento e maturidade de um cineasta no pleno domínio de seu universo.

Entrevista: Robenare Marques prepara novo CD e manda notícias da Argentina

Este ano o pianista Robenare Marques não vai participar do Baiacool Jazz Festival que acontece neste final de semana de 23 a 25 de julho, em Salinas.

É que ele está na Argentina, mais especificamente, na cidade de La Plata, em Buenos Aires, onde, na semana que vem, dia 27, vai ministrar um Workshop na EMU - Educación Musical, uma escola no porte do Conservatório Souza Lima de São Paulo, responsável em promover o Festival de Jazz de La Plata.

“Estava de férias aqui, quando fui conhecer a escola. Foi nessa oportunidade que conheci o Sr. Waldo Brandwajnman, o diretor da EMU e ele ficou interessado em uma classe (workshop) sobre música brasileira.

Aqui na Argentina, o músico e a música brasileira tem muita aceitação. Músico brasileiro aqui é como músico norte americano quando chega no Brasil. Os argentinos sentem prazer em tocar com a gente”, disse Robenare, ontem, por e-mail, ao Holofote Virtual.

Paralelamente, ele trabalha em seu segundo CD , no momento, em produção e na escolha do novo repertório. Foi apostando na carreira solo que Robenare lançou, em 2004, o primeiro CD da série “Sons e Tons”, trazendo arranjos para piano das músicas do violonista brasileiro Atilano Muradas.

Atualmente, morando em Belém do Pará, o pianista Robenare Marques atua na Amazônia Jazz Band e produz o Robenare Jazz Trio, fazendo também apresentações de Piano Solo e produção musical, elaboração de arranjos e composição de trilhas sonoras para filmes, companhias de danças e peças teatrais.

Compositor, arranjador e professor de música de La Escola de Teatro e Dança da Universidade Federal do Pará - ETDUFPA, Robenare tem formação em piano erudito e popular. Iniciou seus estudos aos 7 anos de idade e, aos 9, ingressou no Serviço de Atividades Musicais – SAM, atual Escola de Música da Universidade Federal do Pará - EMUFPa, como aluno de piano de Lúcia Uchôa.

Já com 22 anos, ingressou na Escola de Música e Belas Artes do Paraná – EMBAP, onde cursou o Bacharelado em Composição e Regência. Para complementar sua formação, fez vários cursos nas áreas de harmonia, improvisação e arranjo com grandes nomes da música nacional e internacional, como: Jeff Gardner (USA), Ian Guest (HG), Bill Mays (USA), Luiz Moraes – Pardal (BR), Tim Rescala (BR), Toninho Horta (BR), Hermeto Pascoal (BR), entre outros.

Lá se vão 20 anos de carreira, acompanhando músicos e cantores brasileiros e estrangeiros, como: Alma Thomas (USA), JJ Jackson (USA), Mark Lambert (USA - com ele na foto abaixo), Nicca Stuart (USA), Hermeto Paschoal, Leila Pinheiro, Fátima Guedes, Walter Bandeira, Paulo Levi, Flávio Venturini, Banda Funk Como Le Gusta, Hélio Delmiro e Sandro Araújo (Dois de Ouro).

Também já dividiu o palco com músicos que desenvolvem seus trabalhos na música instrumental brasileira, como os guitarristas Toninho Horta, Bob Freitas, Nelson Faria e Careca Braga, os violonistas Salomão Habib e Nego Nelson, os baixistas Ney Conceição, Minni Paulo Medeiros, Glauco Soter, Boldrini e Adelbert Carneiro, os bateristas Kiko Freitas, Magrus Borges, Endrigo Betega, os saxofonistas Marcus Puff, Esdras Souza, Toninho Abenatar, Paulo Blanco, além do pianista Fernando Montanari, entre outros.

Um músico experiente, que já se apresentou em festivais, como o Free Jazz Project (PR), Festival Internacional de Música (PA), Joinville Jazz Festival (SC) e em todas as outras versões do Baiacool Jazz Festival (PA).

Como professor, Robenare coordenou o Curso Básico de Música e lecionou no Bacharelado em Música Sacra, ambos no Seminário Teológico Batista Equatorial - Faculdade Teológica Batista Equatorial, em Belém, além de ter registrado sua participação em vários congressos de música por todo o Brasil, ministrando oficinas, cursos, workshops e palestras.

Esta semana, o Holofote Virtual recebeu da cantora Cacau Novais, a notícia da estadia de Robenare Marques em La Plata. Acompanhando seu trabalho há algum tempo, principalmente nas noitadas de jazz e blues do Baiacool Jazz Club (foto - no momenot fechado para mudanças), o Holofote Virtual o procurou para a entrevista que segue abaixo.

Holofote Virtual: Bacana o convite da Escola de La Plata. Costumas realizar este tipo de atividade aqui em Belém?

Robenare Marques: Em Belém já cheguei a ministrar workshop, masterclass e até mesmo ministrar aulas em algumas escolas como AM&T, só não faço mais esse tipo de trabalho por não dispor de uma carga horária mais livre.

Holofote Virtual: Projetos em Belém. Estás neste momento envolvido com o que por aqui?

Robenare Marques: Em Belém, estou trabalhando na ETDUFPA, e curso Bacharelado em Música - Composição e Arranjo na UEPA, em parceria com a Fundação Carlos Gomes, e participo eventualmente de alguns projetos executados pela Fundação Carlos Gomes, além de ter uma parceria de anos com Minni Paulo Medeiros.

Na verdade, o Minni Paulo me redescobriu, quando eu retornei de uma temporada em Curitiba, em 2003. Tenho o projeto de gravação do meu CD e projetos de concertos e shows.

Holofote Virtual: Como está a produção do novo CD?

Robenare Marques: O CD está na fase embrionária. Já consegui aprovação pela Lei Semear e estou buscando patrocinadores, também desenvolvo uma pesquisa sobre o efeito da música no ser humano, mas essa é uma outra conversa, pois se trata de meu projeto de tese pra mestrado e doutorado.

Holofote Virtual: Vamos falar da tua maior praia. A música instrumental. Como tu percebes este espaço aqui em Belém?

Robenare Marques: Sempre costumo falar que a música instrumental no Pará ainda passa por uma fase de transição. É muito difícil se manter um lugar que toque somente música instrumental de boa qualidade. Acompanhei isso de perto trabalhando com o Minni Paulo, que é um verdadeiro guerreiro na música instrumental.

Precisaria ter mais apoio do governo no sentido de investir em educação, não somente formação de platéia, mas educação da platéia. Não se vê em Belém um curso de "Como se portar em um teatro diante de uma apresentação musical" e às vezes é muito mais gratificante fazer um concerto no interior do estado, onde o público é muito mais educado que na cidade.

Quando falo de música estou falando de todas as vertentes, erudito ao popular. Existe música para se aplaudir, para dançar, mas existe música apenas para contemplar e infelizmente, a maioria das pessoas ainda não conseguiram enxergar isso.

Holofote Virtual: Na tua opinião, como é esta percepção entre os músicos e as iniciativas e apoios daqui?

Robenare Marques: Precisa haver mais união, união dos músicos e união política por um bem estar dos músicos e artistas em geral. Por exemplo, estive ano passado no Festival de Jazz de Joinville e a prefeitura de Joinville é gerida por um partido que adota uma corrente ideológica totalmente diferente do partido responsável pelo Estado, mas ambos estão juntos pelo bem estar de artistas.

Ninguém perde o tempo querendo mostrar quem é melhor e quem não é, todos estão juntos pelo crescimento daquele lugar, seria bom que fosse assim em todo o Brasil, principalmente em nossa região, onde o interesse de uma ou mais família interfere no crescimento de todo um Estado e região.

Holofote Virtual: Projetos em Belém. Estás envolvido com algum projeto aqui?

Robenare Marques: Em Belém, estou trabalhando na ETDUFPA, e curso Bacharelado em Música - omposição e Arranjo na UEPA em parceria com a Fundação Carlos Gomes e participo eventualmente de alguns projetos executados pela Fundação Carlos Gomes, além de ter uma parceria de anos com Minni Paulo Medeiros, na verdade o Minni Paulo me redescobriu, quando eu retornei de uma temporada em Curitiba, isso foi em 2003.

Holofote Virtual: E o novo CD, concertos?

Robenare Marques: Tenho o projeto de gravação do meu CD e projetos de concertos e shows. O CD está na fase embrionária, já consegui aprovação pela lei Semear e estou buscando patrocinadores, também desenvolvo uma pesquisa sobre o efeito da música no ser humano, mas essa é uma outra conversa, pois se trata de meu projeto de tese pra mestrado e doutorado.

Holofote Virtual: Quais são tuas expectativas aí para com nossos hermanos argentinos. O que estás preparando aos seus alunos?

Robenare Marques: Espero com essa experiência representar bem meu Estado e meu País, o desafio maior é o idioma, "pero que, Yo estoy hablando um poquito de castellano", rsrsrs, mas espero que a partir dessa oficina mais oportunidades apareçam. Mostrarei alguns ritmos brasileiro (baião, samba, bossa nova) e falarei sobre o nosso carimbó, será a oportunidade de mostrar repertório do meu disco que está sendo planejado.