25.10.23

V Cortejo Visagento incentiva cultura no Guamá

O evento traz o que há de mais singular na cultura da região Norte e celebra o Dia da Matinta. Gratuito, o encontro vai ser iniciado no Cemitério Santa Izabel, a partir das 18h. Realização do Espaço Cultural Nossa Biblioteca.

Tradição, folclore e assombrações, a quinta edição do Cortejo Visagento convida o público a prestigiar mais uma noite de histórias e lazer no dia 31 de outubro.  A temática deste ano é "Água: a mãe da vida pede socorro", que homenageia a Iara, personagem do folclore brasileiro, e discute as mudanças climáticas na região amazônica. Nesta edição, a expectativa é que o Cortejo Visagento leve cerca de 3 mil pessoas pelas ruas do bairro do Guamá, para conhecer as lendas e histórias da cidade. A programação é livre para toda a família.

Um dos coordenadores do evento, Vitor Ramos explica que o Cortejo Visagento nasceu da ideia de resgatar a cultura local, exaltando a Semana da Matinta, criada por meio da Lei Nº 8330 de 16 de junho de 2004. "A nossa programação vem para contrapor a ideia americanizada de comemorar o Halloween e valorizar nossas visagens, assombrações e lendas", disse.

"O ponto positivo do evento é o fato de muitos irem fantasiados das personagens tradicionais do imaginário paraense. E essas fantasias também abordam questões ambientais, como a "Matinta Pereira do Lixão", com roupas feitas com material reciclado. Acredito que esse tema será sempre recorrente nas nossas programações", explicou Vitor.

A programação começará com contação de histórias, direto do Cemitério Santa Izabel. O trajeto seguirá pelas ruas de maior movimento no bairro do Guamá. O Cortejo contará também com duas paradas estratégicas para apresentação de performances culturais, como concursos de fantasia, recitação de poemas e teatro de rua. 

O projeto, que tem entre seus criadores o educador social Preto Michel, também ofereceu oficinas, cineclube e rodas de conversa com escritores paraenses. Os encontros ocorreram no Espaço Cultural Nossa Biblioteca e contaram com os renomados Claudionor Wanzeller, Queila Luz, Genésio Santos e Joelson Jojoca. 

Memória - O projeto foi criado pelo Nossa Biblioteca e recebe a colaboração de professores, artistas e moradores do Guamá. Essa busca pela valorização local também levou voluntários da biblioteca a ministrarem aulas dentro do Cemitério Santa Izabel. Eles perceberam que muitas das crianças que visitavam a biblioteca só se interessavam pela cultura norte-americana.

Uma das organizadoras do evento, Tereza Oliveira ressalta a importância da valorização da cultura amazônica. "Temos que manter as memórias da região onde moramos e dos povos que estavam aqui antes de nós. O Pará é culturalmente rico, então é importante que não esqueçamos do que temos, porque a memória é identidade", afirmou.

Ela destaca também a tradição que é passada de geração para geração. "A gente esquece das nossas raízes e acabamos perdendo quem nós somos. É muito importante que os mais velhos compartilhem essas histórias para que nós possamos mantê-las entre nós", finalizou Tereza.

A programação une atividades que já eram executadas pelo Espaço Cultural. Uma delas, a "rua da leitura" levava as atividades da biblioteca para o público que não conseguia chegar até o local. Todo ano, o Cortejo Visagento evidencia lendas já conhecidas, como a Mulher do Táxi, a Cobra-grande, o Saci Pererê, e muitos outros. 

O imaginário regional toma conta das ruas com fantasias criativas referenciando as assombrações mais queridas pelo público. A ideia é mostrar para os habitantes do bairro e arredores que o local, muitas vezes relacionado à criminalidade, pode ser um espaço de acolhimento e de muita cultura.

Mais do que um evento cultural, o Cortejo Visagento promove a conscientização sobre o meio ambiente e chama atenção da população para as mudanças climáticas que acontecem na região amazônica. Em um momento onde a Amazônia e o Pará estão em evidência mundial, o Cortejo valoriza aspectos sociais, econômicos e culturais da capital do Estado. A COP-30, maior encontro de países que discutem o clima, vai ser realizado em Belém no ano de 2025.

É a primeira vez que o evento ocorre no Brasil. Na ocasião, estarão reunidos centenas de chefes de estado que vão debater soluções efetivas para os problemas ambientais que o planeta enfrenta.

Serviço

V Cortejo Visagento. Na terça-feira, 31, a partir das 18h, no Cemitério Santa Izabel, bairro do Guamá. 

Filarmônica de Minas Gerais traz concerto a Belém

Em celebração aos seus 15 anos, a Filarmônica de Minas Gerais, uma das mais importantes orquestras da América Latina, traz concerto gratuito a Belém (PA). Dia 31/10, às 20h, no Theatro da Paz, às 20h. 

A apresentação é gratuita, e os ingressos poderão ser retirados no mesmo dia, a partir das 9h, na bilheteria do teatro e pela internet, em fil.mg/belem, limitados a dois ingressos por pessoa. 

Conduzida pelo seu Regente Associado, maestro José Soares, a Orquestra vai interpretar a última sinfonia de Haydn, a Sinfonia nº 104 em Ré maior, Hob. I:104, "Londres"; O Escravo: Alvorada, de Carlos Gomes, obra recém-gravada pela Orquestra no CD dedicado ao compositor e lançado neste ano, e a belíssima suíte do balé A bela adormecida, de Tchaikovsky. O concerto é apresentado pelo Ministério da Cultura, Governo de Minas Gerais e Instituto Cultural Vale, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura.

No dia anterior ao concerto, o maestro José Soares e doze instrumentistas da Filarmônica ministrarão aulas técnicas de instrumentos para 24 integrantes do projeto Vale Música Belém, na sede da Fundação Amazônica de Música (FAM). Depois desse momento de aprendizado, os alunos do projeto se encontrarão com toda a orquestra na terça-feira, dia 31, no palco do Theatro da Paz, e participarão de duas peças do concerto. O projeto tem realização do Instituto Cultural Filarmônica, Secretaria Estadual de Cultura e Turismo de MG, Governo de Minas Gerais, Ministério da Cultura e Governo Federal.

Para o maestro associado da Filarmônica de Minas Gerais, José Soares, “a itinerância é um dos principais alicerces nas atividades da Filarmônica de Minas Gerais. Fazendo jus ao imenso estado que leva o nome da orquestra, temos o prazer de incluir no nosso próximo itinerário a cidade de Belém. O privilégio de tocar no Theatro da Paz, cercado por um ambiente de tradição artística de grande beleza e diversidade, nos dá muita alegria”. 

Referindo-se ao trabalho educativo dessa viagem, o maestro diz que “para deixar a ocasião ainda mais especial, teremos a oportunidade de interagir com alunos do programa Vale Música de duas formas: além das aulas técnicas que vamos oferecer, eles se juntarão aos nossos músicos em duas obras do concerto! Formaremos, então, uma grande orquestra, cuja troca de experiências será certamente muito enriquecedora para todos nós”.

O maestro José Soares explica que a interlocução dos músicos da Filarmônica com instrumentistas ainda em formação conversa diretamente com o programa. Acreditando na importância de se aprofundar nos pilares do repertório para o desenvolvimento de uma orquestra, ele informa que a a Filarmônica vai tocar junto com os alunos a Sinfonia nº 104 de Haydn. Já na segunda, haverá homenagem a Antônio Carlos Gomes, na execução de sua Alvorada da ópera O Escravo, também com a presença dos alunos. 

“Como não bastasse saudar o despertar do Sol em um lugar cercado por uma natureza única, a Filarmônica nos levará aos 'sonhos melódicos' da Suíte do balé A bela adormecida, de Tchaikovsky. Assim, fazemos a união de duas atividades inerentes à nossa missão: compartilhar a beleza da música sinfônica e atuar – ensinando e aprendendo – na formação e capacitação musical das novas gerações”, conclui o maestro.

A idealizadora do Vale Música Belém, professora Glória Caputo, diz que “além dos sonhos melódicos, vários sonhos serão realizados na união de uma fantástica orquestra com jovens do nosso Projeto, dando a eles uma experiência que será inesquecível em suas vidas. Obrigado a todos que fizeram o sonho se transformar em realidade!”, conclui. 

Conheça o maestro José Soares

O Maestro José Soares, regente associado da Filarmônica de Minas Gerais, é natural de São Paulo. Venceu o 19º Concurso Internacional de Regência de Tóquio, edição 2021 (Tokyo International Music Competition for Conducting). 

José Soares recebeu também o prêmio do público na mesma competição.  É Bacharel em Composição pela Universidade de São Paulo, iniciando-se na música com sua mãe, Ana Yara Campos.

Estudou Regência Orquestral com o maestro Claudio Cruz, em um programa regular de masterclasses em parceria com a Orquestra Sinfônica Jovem do Estado de São Paulo. Participou como bolsista nas edições de 2016 e 2017 do Festival Internacional de Inverno de Campos do Jordão, sendo orientado por Marin Alsop, Arvo Volmer, Giancarlo Guerrero e Alexander Libreich. Recebeu, nesta última, o Prêmio de Regência, tendo sido convidado a atuar como regente assistente da Osesp em parte da temporada 2018, participando de um Concerto Matinal a convite de Marin Alsop. 

Foi aluno do Laboratório de Regência da Orquestra Filarmônica de Minas Gerais, sendo convidado pelo maestro Fabio Mechetti a reger um dos Concertos para a Juventude da temporada 2019. Em julho desse mesmo ano, teve aulas com Paavo Järvi, Neëme Järvi, Kristjan Järvi e Leonid Grin, como parte do programa de Regência do Festival de Música de Parnü, Estônia. 

Ao final de 2021, recebeu o prêmio da crítica na categoria Jovem Talento da Revista Concerto. No ano de 2022, regeu as Orquestras Sinfônicas NHK de Tóquio e MÁV Symphonie Orchester em Budapeste. Em 2023, regeu a New Japan Philharmonic, a Orquestra Sinfônica de Hiroshima e a Orquestra Filarmônica de Nagoya, no Japão, e fez sua estreia como convidado da Osesp.

PROGRAMA

José Soares, regente

HAYDN - Sinfonia nº 104 em Ré maior, Hob. I:104, "Londres" 

CARLOS GOMES  - O Escravo: Alvorada 

TCHAIKOVSKY   -  A bela adormecida: Suíte, op. 66a 

Serviço

Filarmônica de Minas Gerais - Turnê Nacional - Belém – Pará. Dia 31 de outubro – 20h, no Theatro da Paz. Os ingressos podem ser retirados no dia do concerto, a partir das 9 horas, na bilheteria do teatro e pela internet, em fil.mg/belem, limitados a dois por pessoa. Mais informações: www.filarmonica.ar.br e https://www.theatrodapaz.com.br/

23.10.23

“O Profeta” com novas apresentações em Belém

Foto: marlon Mikon

Após meses de sucesso em São Paulo e por diversos teatros no Brasil, o espetáculo da obra de Khalil Gibran retorna à Belém, com texto e presença de Lúcia Helena Galvão, nos dias 24 e 25 de novembro, no Theatro da Paz, onde a escritora também fará uma palestra, no dia 25, às 10h. Ingressos podem ser adquiridos na bilheteria física e online.

A obra de Khalil Gibran completa 100 anos em 2023. Escrito em forma de poema em prosa, “O Profeta” discorre ao longo de 21 capítulos, sobre os assuntos mais práticos da vida. “Desde o amor e o casamento até os filhos; desde o comer e o beber até o amor e a amizade; a alegria, a tristeza, o bem e o mal, a morte e muitos outros aspectos fundamentais da vida humana”, comenta a filósofa Lúcia Helena Galvão Maya.

A montagem de “O Profeta" é uma parceria entre a autora e a filósofa e o encenador Luiz Antônio Rocha. A peça conta com o cantor libanês Sami Bordokan, que interpreta o profeta Al Mustafá, contando essa história pelas cordas do seu alaúde. A realização é uma parceria com a Nova Acrópole Brasil, com produção do Espaço Cênico Produções Artísticas.

Lúcia Helena considera que “o profeta está enraizado na própria experiência do autor como um imigrante e serve de inspiração para qualquer um que se sinta à deriva em um mundo em fluxo. A vida e os pensamentos de Khalil Gibran se entrelaçam com as nossas vidas e compõem parte importante do que somos”.

Para o diretor Luiz Antônio Rocha, a peça é uma história de rara beleza. “A força de suas parábolas, a poética musicalidade e a profundeza de seus conceitos são um bálsamo nos dias de hoje. O amor é o fio condutor da história e nos faz redescobrir o papel do coração.”

Palestra sobre a felicidade

Lúcia Helena Galvão (reprodução/Internet)

Belém também recebe uma palestra especial de Lúcia Helena Galvão, no dia 25 de novembro, às 10h, também no Theatro da Paz. Através do tema “O que precisamos saber sobre a Felicidade”, Galvão explorará o conceito de felicidade sob a perspectiva de grandes filósofos ao longo da história. 

Sobre a autora: Lúcia Helena Galvão é professora da Nova Acrópole do Brasil há mais de 30 anos, ministrando aulas e palestras sobre diversos temas como Ética e Moral, Sociopolítica, Filosofia da História, Introdução à Sabedoria Oriental, Psicologia, Simbologia Teológica, Arte, Estética e História Antiga.

Possui mais de 900 palestras disponíveis no Canal da Nova Acrópole no YouTube, com mais de 1 milhão inscritos e mais de 100 milhões de visualizações. Como escritora, já publicou seis livros com temática filosófica: "Sonhos trilhando o tempo", "Aroma do Lótus", "Observações Matinais", "Instantes de um tempo interior", "Para entender o Caibalion" e "Uttara Gita". 

Galvão prefaciou ainda diversas obras como "A Guerra da Arte", de Steven Pressfield e "Luz no Caminho", de Mabel Collins. Escreveu ainda letras de músicas como "Prudência", cantada por Zizi Possi e dois roteiros para teatro "Blavatsky, a voz do silêncio" e "O Profeta".

Serviço

“O Profeta”

Local: Theatro da Paz (Rua da Paz S/N - Centro - Belém-PA)

Datas: 24 e 25 de novembro.

Horário: 20h

Ingressos à venda na bilheteria física e virtual do teatro.

https://www.ticketfacil.com.br/eventos/tp-o-profeta.aspx

Palestra “O que precisamos saber sobre a Felicidade”

Local: Theatro da Paz (Rua da Paz S/N - Centro - Belém-PA)

Datas: 25 de novembro.

Horário: 10h

Ingressos à venda na bilheteria física e virtual do teatro.

https://www.ticketfacil.com.br/eventos/tp-lucia-helena-galvao-o-que-precisamos-saber-sobre-a-felicidade.aspx

*Os ingressos vendidos na bilheteria virtual são acrescidos de uma taxa administrativa.

Mais informações: 91 98591-4161 (Wapp) ou em acropole.org.br/belem

20.10.23

Mostra Catarse de Devoção com Paes Loureiro

Integrando a sua programação paralela, a exposição “Catarse de Devoção”, de Paula Giordano, recebe o bate papo "Poesia e fotografia: uma transa", com o poeta e professor João de Jesus Paes Loureiro, no dia 28 (sábado), às 10h, na Galeria Benedito Nunes, da FCP. 

“Catarse de Devoção” traz imagens em preto e branco e vídeo em tom documental, com influência do poético e pesquisa imagética da corda, elemento marcante do Círio. A mostra foi contemplada com o Prêmio Branco de Melo 2023. “Existe uma poética dramática que se descortina quando o homem através destes sacrifícios crê estar purificando a sua alma”, analisa Paula Giordano que incorporou à mostra o poema “A Corda”, de autoria de Paes Loureiro.

Paraense, a artista visual e médica Paula Giordano realiza pesquisas e projetos fotográficos autorais que buscam um diálogo com a expressão de sentimentos e emoções, relacionados aos dilemas existenciais do ser humano, bem como trabalhos com um viés documental que transitam no campo da antropologia ao investigar as relações do homem com o meio e a religiosidade. Atualmente, opera na fotografia e videoarte, com enfoque nas relações corpo, imagem e luz. 

A artista possui obras nos acervos do Museu im Spital Grunberg - Alemanha, Museu Nacional de Belas Artes do Rio de Janeiro, Museu de Artes Plásticas de Anápolis/GO, Museu de Arte Sacra de Belém/PA e Galeria Theodoro Braga, Belém/PA. É uma das vencedoras do Prêmio Portfólio FotoDoc 2023, o principal festival de fotografia documental do Brasil.

Paes Loureiro é poeta, romancista, pesquisador da arte, professor voluntário da Pós-graduação em Artes (PPGARTES/UFPA) e da Faculdades de Dança (UFPA), é Mestre em Teoria Literária e Semiologia pela PUC/Campinas e Doutor em Sociologia da Cultura, pela Universidade Sorbonne, Paris. 

Suas obras são publicadas no Brasil, Portugal, França, Japão, Itália e Alemanha. “A relação entre poesia e fotografia ou fotografia e poesia é uma transacionalidade. Há equivalência, independência e integração, em um jogo estético pelo qual uma arte fecunda, outra por quem é fecundada”, afirmou o poeta que apresentará no bate-papo elementos que demonstram essa relação tão profunda entre as práticas artísticas. 

Serviço

Mostra Catarse de Devoção promove bate-papo com Paes Loureiro. Data: 28/10/2023. Horário: 10h. Local: Galeria Benedito Nunes (subsolo do CENTUR). Endereço: Av. Gentil Bittencourt, 650 - Nazaré. Entrada franca. Contatos: galeriatheodorobraga@gmail.com (CENTUR) e (91) 9999-17101 e contato.debbcabral@gmail.com (ASCOM). Projeto contemplado com o Prêmio Branco de Melo 2023.

19.10.23

Casa das Artes recebe última etapa do Cine Caeté

É a terceira e última etapa de circulação da Mostra Cine Caeté. Nesta sexta, 20, e sábado, 21, sempre às 19h, na Casa das Artes, em Belém, com entrada franca. 

O evento reúne filmes produzidos no Pará com temáticas ambientais e roda de conversa com os diretores em Belém. “Mangues Mundus” e “A pandemia e os conflitos no território Jambuaçu, no Pará”, ambos de Cícero Pedrosa Neto e San Marcelo; e “A Mãe de Todas as Lutas”, de Susanna Lira, com direção de fotografia de Cícero Pedrosa Neto, abrem a programação amanhã (20).

Em comum, os filmes trazem personagens femininas que lutam por causas socioambientais. Marly Lúcia da Silva, na defesa dos mangues na Reserva Extrativista Marinha de Caeté-Taperaçu, e Maria Zelzuita na busca pelo direito à terra em Eldorado dos Carajás; além das comunidades quilombolas no território Jambuaçu.

Após a exibição dos filmes ocorre o bate-papo “Mulheres e a Defesa do Território, Luta e Visibilidade dos Conflitos”, com a participação dos diretores dos filmes e mediação de Patrícia Reis, presidente do Instituto Nova Amazônia, que trabalha diretamente com questões socioambientais, principalmente voltadas para o protagonismo feminino.

No sábado, 21, ocorre a exibição dos filmes “Katu, nós somos o povo Ka’apor”, de Alessandro Campos, que mostra a cultura e o cotidiano desta etnia indígena; e o “Andiroba”, de Luiz Saraiva, Jessica Leite e Paulo Oeiras, que mostra a extração da andiroba e os conhecimentos ancestrais relacionadas a esta árvore amazônica.

Serão exibidos pela primeira vez dois filmes produzidos por crianças durante oficinas de iniciação audiovisual oferecidas pela Mostra Cine Caeté em sua passagem pelas comunidades da Vila dos Pescadores de Ajuruteua, em Bragança, e do Assentamento 17 de Abril, em Eldorado dos Carajás. Depois das exibições tem roda de conversa “Narrativas Afro-indígenas no Cinema” com os diretores dos filmes, mediada por Larissa Farias, pesquisadora de temáticas indígenas.

San Marcelo comenta que a Mostra “é um projeto megalomaníaco dentro do que se propôs a fazer”, por circular por locais tão distantes um do outro, mas que celebra a força que a Sapucaia tem tomado na cena audiovisual paraense.

“Somos uma produtora bragantina, que produz sim cultura, em Bragança, proporciona essas experiências no município. A gente é feliz pela trajetória que completou cinco anos e tem tomado seu espaço tanto no estado como nacionalmente, com produções em festivais, ganhando prêmios importantes, a exemplo dos troféus Calunga que recebemos de melhor filme e melhor curta, em Pernambuco”.

A Mostra Cine Caeté é uma realização da Sapucaia Filmes, tendo San Marcelo como curador e diretor artístico, e Cecília Nascimento como diretora executiva. O projeto foi contemplado com o Prêmio Mergulho 2023, da Fundação Cultural do Pará.

Serviço

Mostra Cine Caeté, nesta sexta e sábado, às 19h, na Casa das Artes (Rua Dom Alberto Gaudêncio Ramos, 236, ao lado da Basílica - Nazaré). Entrada franca.

15.10.23

Livro reúne poemas à boemia e artistas paraenses

Abílio Dantas, com o primeiro livro de poemas
Foto: Carmem Helena
Chama-se "Fogo de Rua”, o livro de estreia do poeta, jornalista e compositor Abílio Dantas. O 
lançamento será dia 21/10, na Casa da Linguagem - Av. Nazaré, 31, às 17h30.

 

Editado pela Folheando, reúne 40 poemas de homenagens à boemia e artistas da cultura paraense. 

Memória e esquecimento são irmãs inseparáveis na história da Amazônia. Na literatura e na música, o grande número de autores e autoras cuja obra não é reeditada e conhecida são sintomas da negação da produção artística da região. 

Em Fogo de Rua, os versos tratam de manifestações populares, vivências e lembranças noturnas traduzidas pelas experimentações de linguagem poética, com referências a diversas personalidades. A capa e as ilustrações são de Bruno Rocha, artista de Castanhal, residente em Portugal, e posfácio do poeta Clei Souza.

“Tudo começou com a vontade de criar um livro de poemas em que as memórias coletivas e individuais conversassem, com destaque para a importância dos festejos, da música, da poesia e do afeto. Queria criar uma unidade temática que não fosse explícita, mas que pudesse conduzir o leitor de forma compreensível”, explica o poeta.

Foto: Carmem Helena
O incômodo em perceber o silêncio existente sobre a história de artistas como o poeta Bruno de Menezes, o violonista Tó Teixeira e a escritora Lindanor Celina, por exemplo, impulsionou o volume de estreia de Abílio, após já ter lançado publicações artesanais de poemas e de ter canções gravadas por nomes como Bando Mastodontes, Joelma Kláudia e Banda Na Cuíra.

A escolha por fazer um livro de poemas, no entanto, faz com que o trabalho não seja didático ou jornalístico, com informações historiográficas, objetivas, e, sim, construído com imagens e ritmos na feitura dos versos, próprios da linguagem poética.

Foto: Carmem Helena
“A poesia que me interessa não é a que tira do chão, inebria, e sim a que aponta para a vida em carne e osso, das andanças pelas ruas, dos jogos de dados, do bilhar, dos amores que surpreendem os amantes, das histórias noturnas, dos casos contados pelas pessoas da capital e do interior do Pará. Tudo com a liberdade de imaginação que a poesia permite”, explica.

Para o poeta e pesquisador da Universidade Federal do Pará (UFPA), Clei Souza, autor do posfácio de Fogo de Rua, o livro traz características incomuns para um primeiro livro de poemas. “Trata-se de um livro com um corpo consistente, o que revela uma maturidade já na estreia por parte de seu autor, e trazendo uma poética original para a poesia contemporânea”, escreve.

Serviço

Lançamento do livro “Fogo de Rua”, de Abílio Dantas. No dia 21 de outubro (sábado), às 17h30, na  Casa da Linguagem (Avenida Nazaré, 31). Gratuito.

(Holofote Virtual, com informações da assessoria)

Seminário de crítica de cinema na Casa das Artes

Estão abertas as inscrições para o I Seminário de Crítica Cinematográfica na Amazônia Paraense, que acontece entre 17 e 19/10 na Casa das Artes (R. Dom Alberto Gaudêncio Ramos, 236) com programação aberta ao público. A abertura do evento contará com trilha sonora ao vivo de Paulo José Campos de Mello para o filme em curta-metragem "O Imigrante" (1917), dirigido por Charles Chaplin. 

Críticos de longo histórico como Pedro Veriano, Luzia Álvares e Marco Antonio Moreira se juntam a um grupo de cineastas e professores como Jorane Castro, Fernando Segtowick, Ana Cláudia Mello e Celso Luiz Prudente para abordar temas como cinema negro, feminista e indígena, processos de análise de filmes e formas de incentivo à cinefilia, entre outros.

A iniciativa também tem como objetivo ampliar o fomento do audiovisual no Estado do Pará, e estimular o interesse ao conhecimento histórico da crítica de cinema a partir de informações sobre sua significativa atuação com relação ao entendimento das (r)evoluções temáticas e estéticas proporcionadas por diversos cineastas e as descobertas sobre uma frente política na cinematografia.

"A crítica de cinema tem uma importância histórica no entendimento e na valorização de movimentos estéticos do Cinema, como aconteceu com o Neorrealismo Italiano nos anos 40, com a Nouvelle Vague nos anos 50, o cinema novo no Brasil nos anos 60, entre outros movimentos", explica Marco Antonio Moreira, que é presidente da Associação de Críticos de Cinema do Pará (ACCPA) e idealizador do evento.

As inscrições ocorrem de 11 a 15/10 (até 14h, com confirmação por email até 18h). São 50 vagas presenciais e 50 vagas para uma sala virtual. Link para inscrição: https://forms.gle/eb3cvPZpDh6TBosBA

A realização é da Associação dos Críticos de Cinema do Pará (ACCPA) - que foi fundada em 1962 e tem um destacado histórico na crítica cinematográfica no estado - e da Fundação Cultural do Pará (Casa das Artes). 

PROGRAMAÇÃO:

Dia 17/10

  • 18h30: Abertura com apresentação musical de Paulo José Campos de Mello e exibição do curta-metragem "O Imigrante" (1917), dirigido por Charles Chaplin.
  • 19h: Histórias e Homenagens da ACCPA com Pedro Veriano e Marco Antonio Moreira.
  • 19h30: Palestra com Luzia Álvares – "Crítica cinematográfica: Da história pessoal à importância de uma revisão quebrando saberes e mitos".

Dia 18/10

  • 18h30: Palestra sobre "Cinema: Por que, para que e para quem? As novas imagens sob o olhar da interseccionalidade (cinema negro, feminista e indígena)", com Jorane Castro, Fernando Segtowick, Ana Cláudia Mello e Celso Luiz Prudente.

Dia 19/10

  • 18h30: Palestra sobre "Processo de análise de filmes: Crítica e público", com Augusto Pacheco, John Fletcher e Alex Damasceno.
  • 20h: Palestra sobre "O incentivo à cinefilia: Os caminhos abertos nas novas tecnologias visuais", com Marco Antonio Moreira e Lorenna Montenegro.
  • 21h: Encerramento com "Uma declaração aos cinéfilos", por Marco Antonio Moreira e Luzia Álvares.

Serviço

I Seminário de Crítica Cinematográfica na Amazônia Paraense. De 17 a 19 de outubro, às 18h30, na Casa das Artes (R. Dom Alberto Gaudêncio Ramos, 236).

Floresta de Igapó inspira a artista Andréa Brächer

Emocionada com seu encontro com as águas amazônicas, a artista gaúcha inaugura "Ygapó - Floresta Encantada de Águas”, com curadoria de Letícia Lau. A exposição foi selecionada para o Espaço Cultural do Banco da Amazônia, por meio do edital de patrocínio.  O vernissage é nesta terça-feira, 17, às 19h - Av. Presidente Vargas, 800.

A exposição reúne 14 fotografias, com matriz em cianotipia, técnica secular utilizada pela artista, que chegou a captar mais de mil imagens durante uma imersão que fez pelo baixo Amazonas, em Alter do Chão. Nesta região chamou a atenção dela, a presença de Igapós, onde parte da floresta amazônica permanece alagada mesmo na estiagem dos rios. 

Na língua Tupi “Yapó” é fruto da união de duas palavras, sendo Y água e APÓ raiz. Ou seja, raízes d 'água. Assim surge a palavra Ygapó, criada pela artista para representar esta exposição. "Esta foi minha grande surpresa, me deparar com essa floresta e a imensidão de água e rios que temos aqui, bastante diferente do Rio grande do sul”, comenta a artista. 

Não é a primeira vez de Andréa na região. “Em Belém estou vindo pela segunda vez, mas em Alter do Chão, foi a primeira e foi uma experiência emocionante e maravilhosa. A exposição fala sobre as águas, tendo como referência essa floresta encantada que há perto de Alter do Chão", diz Andréa  ao se referir à floresta de Igapó. 

Artista une pesquisa e técnica

Brächer com suas práticas e pesquisas centradas nos processos históricos, apresenta produção que une o histórico e o contemporâneo ao revisitar práticas analógicas às digitais dentro de uma linguagem da fotografia expandida. 

As fotografias são criadas a partir da técnica de cianotipia, um processo fotográfico descoberto em 1842 por Sir John Herschel, que possui uma base sensibilizadora de sais de ferro (ferricianeto de potássio e citrato férrico amoniacal), que adquire uma coloração azul quando exposta ao sol. O azul além de um indício da técnica também se refere à água nesta exposição. 

Segundo a curadora Letícia Lau; “Ygapó - Floresta Encantada de Águas é um convite para nos permitirmos adentrar ao mundo da imaginação e da fantasia e ao mesmo tempo permanecer na ideia da preservação da natureza, da floresta e das culturas locais. Um despertar para o conhecimento da história da fotografia, em seus processos históricos e antigos, transmutada em uma linguagem contemporânea e inundada pela onipresença da cor azul.”

Vernissage - Na abertura desta terça-feira, 17, a artista vai falar sobre essa experiência, ao receber o público. “Farei uma fala nesta abertura e também haverá fala da curadora, Letícia Lau. Aguardo os artistas de Belém para que possamos nos conhecer e o público em geral”, diz Andrea. 

Ygapó, Floresta Encantada já foi mostrada em Caxias do Sul (RS) e vai estrear, com um recorte menor, em novembro, em Porto Alegre (RS).  “Minha expectativa é que em cada lugar novo que a gente exponha, tenhamos um público diferente e diverso”, diz.

A artista informa que ainda este mês será realizada uma live com ela, a curadora e Alexandre Spinola, produtor da exposição pela Acessart. “E em dezembro eu devo voltar a Belém para o lançamento do catálogo”, finaliza.

Ensino da fotografia e pesquisa em poéticas visuais

Natural de Porto Alegre, Andréa Brächer é artista desde o fim dos anos 90. Suas exposições individuais mais destacadas ocorreram nos museus MARGS, MARCO e MAB. 

Tem trabalhos publicados sobre fotografia histórica/alternativa no Brasil e no exterior. Suas obras integram acervos públicos e coleções privadas. Sua proposta de base fotográfica busca refletir sobre o universo onírico, por vezes, fantasmático, de fabulações, invenções e de sonhos. 

No doutorado, Andréa desenvolveu uma produção voltada para o universo infantil a partir da leitura de contos de fadas e de horror, assim como da história da fotografia. Atualmente, é docente no Instituto de Artes/UFRGS. Concluiu o PhD em Poéticas Visuais no PPGAV do Instituto de Artes da UFRGS em 2009. Também é fundadora e coordenadora do Grupo Lumen – de Estudos em Processos Fotográficos Históricos e Alternativos – UFRGS.

Serviço

Vernissage da exposição “Ygapó - Floresta Encantada de Águas”, de Andréa Brächer. Terça-feira, 17 de outubro de 2023, às 19h, no Espaço Cultural do Banco da Amazônia - Av. Presidente Vargas, 800. A visitação vai até 07 de dezembro, de segunda à sexta, das 9h às 17h. Realização: Acessart. Patrocínio: Banco da Amazônia.Apoios: Babilônica Arte e Cultura, Departamento de Artes Visuais da UFRGS,  Gráfica da UFRGS e Instituto de Artes da UFRGS. 

Clei Souza nosso convidado da coluna de domingo


Estreando por aqui, como colaborador da coluna Crônicas Culturais no Holofote Virtual, o escritor e pesquisador Clei Souza, também professor de literatura, crítico literário e artista da palavra, que traz seu pensamento sobre a relevância da obra e trajetória de Paulo André Barata. O compositor partiu aos 77 anos, no último dia 25 de setembro, em Belém, comovendo toda uma cena cultural que continuará tendo-lhe como referência. 

 A contribuição de Paulo André Barata para a MPB

Paulo André Barata, em Mosqueiro
(Foto: Walda Marques)

O dia de ontem trouxe a notícia de uma perda irreparável para quem gosta da poesia cantada, a perda de Paulo André Barata. 

O que aqui escrevo tenta minimamente mostrar sua importância. Juntamente com seu pai Ruy Barata, ele escreveu ou tocou um capítulo importante da MPB, enquanto poesia cantada, pois apresentaram para o Brasil algo até então não visto, mergulhando suas letras nos mitos, florestas, vilas e cidades amazônicas, como outrora fizera o maestro Waldemar Henrique, mas também no cotidiano do trabalho do sujeito amazônico, como em Indauê Tupã, em que o remar mostra o tempo humano ligado ao tempo natural em um estreitamento entre homem e natureza. E principalmente foi vanguarda na denúncia da exploração e destruição da Amazônia, tema mais do que atual, como se percebe na própria faixa que dá título ao seu segundo álbum Amazon River, de 1980. 

Paulo André e Ruy Barata, em cumplicidade poética
(Foto/reprodução da internet: Januari Simões) 

Os dois fizeram uma releitura poética do carimbó com Esse rio é minha rua, mas com Porto Caribe mostraram também que há uma Amazônia atlântica que também é caribenha, com acreditava Gabo. Pai e filho também dialogaram com o bolero, que a Bossa Nova, em nome de um comedimento emocional negou. 

Esse diálogo está presente na canção Foi Assim, que ficou nacionalmente conhecida na voz de Fafá de Belém. Uma composição que merece destaque no primeiro álbum de Paulo André Barata, Nativo, de 1978, homônima ao título do álbum, e que chegou a ser tema de novela da extinta TV Tupi, juntamente com Pacará e Indauê-Tupã, em 1979, foi retirada do grande poema O Nativo de Câncer, de autoria de seu pai. Ruy Barata pretendia escrever um grande poema de dez cantos, mas que acabou ficando com somente dois por conta do seu falecimento. 

Paulo André, Fafá e Ruy Barata, parceria de três
(Imagem/reprodução da Internet)

O destaque é merecido por três motivos: o primeiro é fato de não se tratar, como na maioria das vezes, de uma letra feita pelo pai para uma melodia do filho, e sim um arranjo de Paulo André para um trecho do poema de Ruy Barata; o segundo motivo é que, mesmo abordando o tema do amor, comum tanto à canção como ao poema, o texto traz uma profundidade comum à poesia escrita, pelo fato de ser uma abordagem ontológica do amor, chegando a quebrar com o uso convencional da língua. 

Por sua vez, essa abordagem da dor amorosa pela ausência do ser amado recupera um elemento comum às narrativas ficcionais e não ficcionais sobre o vale amazônico, que são as grandes distâncias, presentes, por exemplo, em Euclides da Cunha, Inglês de Sousa, Ferreira de Castro e José Veríssimo, como está na passagem “Há sempre o que sortir nesses doendo de lonjura cilendo e sipurgando, amor é meses-mares ciregendo, amor é sipartindo e cichegando”. O último motivo é que seu pai, em entrevistas costumava afirmar que letra de música e poesia, em geral, eram coisas diferentes. Com essa composição Paulo André mostrou a possibilidade de fusão das duas coisas.

Há muito que ser dito ainda sobre a obra de Paulo André Barata. Ele colocou o Pará e a Amazônia no mapa da poesia cantada que marcava a MPB sua obra é imortal.

*O texto, enviado pelo autor, foi publicado originalmente no jornal O Liberal, no dia 27 de setembro.   

13.10.23

Alberto Silva Neto volta aos palcos após 20 anos

"Momo" é um ato poético que revela a trajetória de vida do ator, numa criação cênica que aposta no relato pessoal como base dramatúrgica. A curta temporada vai de 12 a 14 de outubro, às 20h, na Casa dos Palhaços (Travessa Piedade, 533), ao preço único de R$ 20.

Praticar o teatro como busca de si: eis um propósito que sempre mobilizou Alberto Silva Neto, como encenador e pesquisador. Em MOMO, o artista radicaliza e assume a cena para atuar sua própria trajetória de vida, com ênfase na relação com o pai, Eduardo. 

A dramaturgia inclui três cartas trocadas na década de 1960 entre seu pai e seu avô Alberto, de quem herdou o nome, além do texto que escreveu por ocasião da morte de Eduardo, em abril de 2007. No final, Alberto apresenta sua “Carta para a vida”, escrita com as palavras de autores que o acompanham, como Fernando Pessoa, Álvaro de Campos, Clarice Lispector, Carlos Drummond de Andrade, Max Martins, T.S. Eliot, Nietzsche e, principalmente, Antonin Artaud.

Nomeado com o apelido que designa o idiota — aquele cujas palavras não se compreende, mas são reveladoras de verdades inquietantes —, MOMO é caracterizado como ato poético porque jamais foi ensaiado ou construído como um espetáculo de teatro convencional. 

Pode ser lido como um acontecimento que se instaura entre o ator e as pessoas que testemunham sua confissão. Foi assim nos últimos três meses, durante sessões para convidados realizadas no Teatro do Desassossego, com acompanhamento psicopoético de Wlad Lima através das Clínicas do Sensível, que aproximam arte e estudos da psique.

Há, portanto, o convite para o encontro humano. “Meu desafio é por na mesa, sem disfarce, minha própria história de vida”, resume Alberto. 

É nessa perspectiva que o artista convoca as palavras de Antonin Artaud. Esse ator e escritor francês considerado clinicamente louco, que viveu na primeira metade do Século XX,  sempre acreditou no teatro como veículo para tocar verdadeiramente a existência humana. Na dramaturgia de MOMO, esse pensamento atravessa os relatos íntimos e pessoais do ator. Isso faz desta atuação de Alberto Silva Neto a busca por um ato visceral, quiçá capaz de acessar estados alargados de consciência.

Conheça o ator

Alberto Silva Neto começou no teatro em 1987, como ator. Teve passagem por importantes grupos do teatro paraense como Experiência, Palha e Cuíra. 

Em 1989, foi cofundador do Grupo USINA, no qual atuou o monólogo Primeiro Milagre do Menino Jesus (1993), A vida é sonho (1998) e o solo Drummond em cena (2002). Em 2004, assumiu a direção artística do grupo e, em duas décadas, exerceu as funções de dramaturgo, encenador e diretor nos espetáculos Tambor de Água (2004), Parésqui (2006), Solo de Marajó (2009), Eutanázio ou o princípio do mundo (2010) e Pachiculimba (2017). 

É Doutor em Artes pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) com a tese MALOCORPO DO ATOR – Diálogos entre processos de atuação e saberes de povos ameríndios. Desde 2009, é professor e pesquisador na Escola de Teatro e Dança da Universidade Federal do Pará (ETDUFPA), onde atualmente ministra disciplinas de teorias do teatro e atuação cênica, para o Curso de Licenciatura em Teatro. Também coordena, desde 2022, a pesquisa PACATU – Práticas para Autonomia Criadora do Atuante. Além do teatro, Alberto possui experiência no audiovisual desde 2002, com atuação em quatro filmes de longa metragem e três séries.

Serviço

MOMO, um ato poético criado por Alberto Silva Neto. Acompanhamento psicopoético de Wlad Lima (Clínicas do Sensível). Temporada de 12 a 14 de outubro, às 20h, na Casa dos Palhaços (Travessa Piedade, 533), ao preço único de R$ 20. Ingressos na bilheteria, uma hora antes de cada sessão. Duração média: 70 minutos.


12.10.23

Cine Caeté leva mostra para Eldorado dos Carajás

A mostra realiza programação no assentamento 17 de Abril, em Eldorado dos Carajás, de 13 a 15, se estendendo a Belém, nos dias 20 e 21, na Casa das Artes. 

A programação inclui mostra ambiental com cinco filmes, entre curtas, médias e longas-metragens, todos produzidos no Pará e oficinas de “Iniciação à linguagem audiovisual”, “Cinema e antropologia” e “Documentário e jornalismo ambiental”.  

Destaca-se entre os filmes da mostra o longa-metragem “A mãe de todas as lutas”, direção da carioca Susanna Lira, filmado em Eldorado dos Carajás, no Pará e que estará presente batendo um papo com o público, no sábado após as primeiras exibições da mostra. A Direção de Fotografia é de Cicero Pedrosa Neto.

O documentário de Lira recorre à memória para vislumbrar um futuro de mudanças sob a ótica feminina. O filme acompanha a trajetória da paraense Maria Zelzuita e da indígena Shirley Krenak, mulheres que estão no front da luta pela terra no Brasil. 

“A ideia [ao escolher esse filme] foi voltar com ele para Eldorado dos Carajás. A gente sempre quis voltar com ele para mostrar para a personagem que a gente acompanhou lá [Maria Zelzuita]. Ela nunca chegou a assistir”, conta San Marcelo, que assina fotografia adicional do filme, cuja estreia ocorreu no canal pago Curta!

“O documentário surgiu depois que eu vi a lista da Pastoral da Terra, que tinha várias mulheres na lista de pessoas marcadas para morrer”, conta Susanna Lira. A paraense Maria Zezuita está ligada ao MST, e Shirley Krenak aos indígenas de Minas Gerais.

“Eu estou muito emocionada do filme ser exibido em Eldorado, eu espero que a comunidade e a própria Maria Zelzuita se reconheça nisso. Eu espero que o filme seja um instrumento de luta para eles e de reconhecimento identitário também”, completa a diretora.

Oficinas, rodas de conversas e exibição de filmes

Depois das oficinas de sexta-feira, no sábado, o público participa da roda de conversa “Narrativas Afro-indígenas no Cinema”, com a bióloga e produtora cultural Larissa Farias, será no sábado, 14, às 17h.  

Em seguida, às 18h, ocorre a roda de conversa “Mulheres e a Defesa do Território, Luta e Visibilidade dos Conflitos”, com a integrante do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Nieves Rodrigues.

A programação segue com a exibição de cinco filmes: “Andiroba”, de Luiz Saraiva, Jessica Leite e Paulo Oeiras, além de “A mãe de todas as lutas”.  Também serão mostrados “Katu, nós somos o povo Ka’apor”, de Alessandro Campos, “A pandemia e os conflitos no território Jambuaçu, no Pará” e “Mangues, Mundus”, ambos de Cícero Pedrosa Neto e San Marcelo.  Os diretores participarão de um bate papo, junto a diretora Suzana Lira, logo após a exibição dos filmes.

Filmes em destaque

A mostra Cine Caeté destaca em sua programação alguns filmes. “Andiroba”, do diretor iniciante Luis Saraiva, traz a experiência da agricultora e extrativista dona Maria, mostrando sua habilidade em extrair o óleo de andiroba e seu uso medicinal pela comunidade. 

“A pandemia e os conflitos no território Jambuaçu, no Pará”, que tem co-direção de San Marcelo, destaca-se por ter sido gravado a partir de filmagens em 16 comunidades quilombolas da região de Moju. 

“É um filme que chega falando de pandemia, mas também das mineradoras, linhas de transmissão, entre outras empresas que dificultam a convivência no território. Apesar de ser um filme pequeno, ele é bem impactante”, acrescenta o cineasta.

Já “Mangues, Mundus” mostra a trajetória de Marly Lúcia pela proteção dos mangues amazônicos. “Katu, nós somos o povo Ka’apor” foi realizado a partir do pedido de lideranças Ka’apor da aldeia Axinguirendá, T.I. Alto Turiaçu, situada no Maranhão, que se organizaram para fazer o próprio filme. 

“É bem interessante compartilhar esse filme”, comenta Alessandro Campos. “A grande massa da população não conhece as especificidades dos povos. A grande visão é que só uma grande comunidade de indígenas, enquanto que existe uma infinidade de povos, de cultura, de línguas, de tradições. Então, levar um filme desse sobre um povo específico, eu acho que contribui muito para a elucidação e, de alguma forma, a quebra do preconceito da maioria da população quando se fala dos povos indígenas”, completa.

Para quem estiver na capital: Após a ação em Eldorado dos Carajás, a Mostra Cine Caeté exibirá em Belém, filmes convidados e produções resultantes das oficinas, na Casa das Artes. Em breve a programação será divulgada na íntegra. A realização é da Sapucaia Filmes, contemplada com o Prêmio Mergulho, da Fundação Cultural do Pará (FCP). 

11.10.23

Belém recebe as companhias do Dança em Trânsito

O festival ocorre nos dias 13 e 14 de outubro em três espaços da capital e também na Ilha do Combu. A entrada é gratuita e a classificação é livre para todas as apresentações.

O Dança em Trânsito é um dos eventos mais relevantes da contemporânea no Brasil. Além de Belém, a 21a edição do evento vai chegar em mais de 30 cidades, de 13 estados e cinco regiões brasileiras. 

Durante nove meses, companhias de vários estados brasileiros e de países como França, República Tcheca, Ucrânia, Bélgica e Itália vão apresentar espetáculos de dança e música, oficinas e até workshops, onde chegarem. Em Belém, por exemplo, a programação inclui espetáculos com artistas nacionais e eslovenos, além de oferecer a residência artística ROTAS. 

Para a Ilha do Combu, o festival leva três espetáculos na sexta-feira, 13, a partir das 11h, no Espaço Oyba. São eles, os solos “Fusion With Myself”, de Žigan Krajnčan, e “The Mind Palace”, de Gašper Kunšek, ambos bailarinos oriundos de Ljubljana, capital da Eslovênia. E “Em Boa Companhia”, dos bailarinos acrobatas Guilherme Gomes e Helena Heyzer, do Rio de Janeiro. 

Neste último, os bailarinos mergulham no universo da Dança e do Circo, apropriando-se em cena das ruas e praças, espaços do ir e vir, criando histórias e resgatando memórias de encontros, alegrias e tristezas, sensações que permeiam o cotidiano. No Combu, a apresentação mescla-se com o ambiente cercado pela natureza e seu público formado principalmente pela comunidade ribeirinha da região.

Estação das Docas também recebe o festival

Em um dos principais cartões-postais de Belém, a Estação das Docas, será apresentado o espetáculo “Alien Express”, com os eslovenos Žigan Krajnčan e Gašper Kunšek dançando juntos. O mote desta narrativa corporal é “Encontrar um extraterrestre em nós/nosso”. A dupla propõe que o público se abra para a percepção da realidade tal como ela é. 

“Através dos arquétipos o espetáculo mostra, de forma íntima e ao mesmo tempo universal, a nossa própria história, até ao ponto em que a compreensão racional deixa de ser necessária”, descrevem os artistas em sua sinopse.

A apresentação de “Alien Express” ocorre logo após a performance resultado da residência artística ROTAS, às 20h, em área aberta da Estação das Docas. “A tradicional residência de intercâmbio do Festival Dança em Trânsito, com artistas convidados, sob direção de Flávia Tápias, reúne artistas dos mais diversos gêneros de dança, de diferentes regiões do Brasil”, aponta a organização do Festival.

Encerramento no Teatro Cláudio Barradas

A passagem do Dança em Trânsito pelo Pará - o único estado do Norte a receber a programação - encerra-se com dois espetáculo, a partir das 17h, no Teatro Cláudio Barradas. Quem abre é o “Em Boa Companhia”, interagindo com o público no ambiente externo do teatro. 

Em seguida, às 17h30, o Grupo Tápias, convida o público a adentrar o teatro para o espetáculo “Creme do Céu”, que conta as aventuras de uma estrela curiosa que cai na Terra e precisa encontrar uma forma de voltar ao céu. Para isso, conta com a ajuda de um adolescente, uma astrônoma e sua aprendiz.

O Dança em Trânsito 2023 tem direção geral de Giselle Tápias e direção artística e curadoria de Giselle Tápias e Flávia Tápias. Este ano, recebe o patrocínio master do Instituto Cultural Vale, por meio da Lei de Incentivo à Cultura. Para mais informações acesse o site: www.dancaemtransito.com.br/para.