31.1.22

Produção e movimento cultural em Barcarena-Pa

Odaleia Magno Poça e a
produção culturçal em Barcarena.
Barcarena, como muitos sabem, é terra do saudoso Mestre Vieira, criador da guitarrada, gênero musical que é patrimônio cultural do Estado. É também o berço e a morada de tantos outros músicos, poetas, artesãos e produtores culturais que buscam reconhecimento, espaços e oportunidades para mostrar seus trabalhos. Em 2020, conheci alguns deles no workshop de Elaboração de Projetos Culturais, que ministrei na biblioteca Firmo Cardoso a convite da prefeitura, antes do primeiro lockdown da pandemia. Na matéria a seguir, Odaleia Magno Poça, que coordenou a ação junto a secretaria de cultura, e Jucca, músico da banda Os Renascentistas, falam sobre o movimento cultural da cidade e do festival de música independente, que eles realizaram no final do ano passado, na Vila dos Cabanos.

Leis de incentivo, fundo de cultura, editais de fomento. Foi conhecendo melhor os meandros da área cultural e suas ferramentas que Odaleia sentiu-se mais à vontade para abraçar esse caminho. Naquele mesmo ano, ela produziu e lançou o single de uma banda. E em 2021, em parceria com o músico Jucca, da banda "Os Renascentistas", realizou a primeira edição do Festival de Música Independente de Barcarena, o FMI. 

“Por ocasião do trabalho realizado na SECULT (de Barcarena), tive uma dimensão mais aproximada do quão deficiente é a estrutura artística no município, entendendo que a falta de organização básica dos artistas em seus segmentos, também os torna cada vez mais vulneráveis, diante das oportunidades de desenvolvimento de seus talentos. E isso me levou a iniciar um trabalho para produzir e promover oportunidades aos artistas locais”, diz Odaleia, que fundou em 2021, a ORGANIZE - Assessoria e Produção Cultural. 

Odaleia é filha e irmã de músicos, cresceu nesse meio artístico. Artesã desde os doze anos, há sete vem participando efetivamente de feiras e exposições. Está sempre envolvida em eventos culturais como espectadora, amante das artes ou simplesmente apoiadora. Participou das primeiras produções teatrais do Grupo Chama, de Barcarena, e da “Paixão de Cristo, paixão do povo”, encenação famosa que era realizada no município no período da Semana Santa. Entre 2007 e 2010, assessorou a coordenação social do Cabana Clube, na organização e produção de eventos e em shows de artistas nacionais como Calcinha Preta, Jorge Aragão, Dudu Nobre, Banda Kalypso e outros regionais. 

“Enquanto servidora pública municipal, em janeiro de 2020, fui incorporada ao quadro da Secult de Barcarena, no setor de artes, onde passei a desenvolver atividades diretas com os segmentos culturais do município, inclusive coordenando o workshop que você ministrou, em fevereiro de 2020 e, em março tive a oportunidade de coordenar a equipe de apoio ao Comitê Cultural de Barcarena, criado para dar suporte a Lei Aldir Blanc no município, através do cadastramento e levantamento dos fazedores de cultura que seriam alcançados pelo auxílio emergencial. Em dezembro, fui desligada da função e resolvi apostar na produção de artistas locais”, conta Odaleia.

Ainda naquele mês, ela conheceu o trabalho da banda ‘Os Renascentistas’, reconhecendo um potencial artístico promissor. “Percebi que havia uma oportunidade de desenvolver a produção cultural a partir da parceria que fizemos. Como primeiro feito, conseguimos incluir a banda na programação de carnaval promovida pela Prefeitura/Secult, quando fizeram a abertura de uma live”, conclui. Em 2021, o Festival de Musica Independente veio fortalecer nela a vontade de levar adiante outros projetos em 2022.

Um festival de bandas independentes em Barcarena 

A ideia de realizar o primeiro FMI – Festival de Música Independente de Barcarena foi de Jucca, um dos músicos da banda Os Renascentistas que esteve no palco da primeira edição que reuniu no palco Central do Cabana Clube, na Vila dos Cabanos, ainda, as bandas “Chorume”, Catwave”,  “Primária” e “Modallez”, todas apresentando repertório autoral, além do artista Lil Carlos (Trap) e o DJ Ulttron, também de origem barcarenense. 

“O Festival de Música Independente tem a pretensão de ser uma janela cultural para novos talentos e incentivo para que outros jovens artistas surjam nesse contexto e mostrem sua arte”, explica a produtora que contou com a parceria de Jucca, músico da banda Renascentista. Juntos ‘arregaçaram as mangas’ e conseguiram também a parceria do Cabana Clube, na pessoa de seu diretor e presidente, Odir Gomes, além de apoios vindos do comércio, empresariado local e amigos. Eles pretendem realizar a segunda edição este ano, mas percebem que os artistas de Barcarena precisam se unir mais para buscar benefícios em comum e para seus trabalhos individuais também.

“A ideia me surgiu a partir de uma mistura de emoções, tanto desprezo pela ‘desunião’ da classe artística da minha cidade, quanto a vontade de fomentar a cultura independente e autoral local. Eu nunca tive vontade de crescer sozinho, sempre gostei de unir, de compartilhar, de dividir, então depois de um tempo de estudo e pesquisa de cenários artísticos independentes, tive a ideia de organizar uma espécie de festival de música aos moldes do que eram os festivais de música popular brasileira dos anos 1960, com vários artistas muito diferentes entre si”, explica Jucca.

Jucca diz que os estilos musicais em Barcarena são variados. “Dificilmente você vai ouvir duas bandas soando parecidas no festival; todas tem uma proposta e um discurso muito diferente de rock, reaggae, bossa nova, guitarrada, blues, samba. A diversidade musical é um dos pontos mais fortes desse festival. O que existe em comum é a força jovem, a vontade de fazer e acontecer, acho que a juventude é uma coisa que nos uniu bastante”, complementa.

Para Jucca, tem um movimento cultural começando no município, mas que ainda precisa ser fortalecido com mais união entre os artistas. “Apesar da maioria das bandas existirem há tempos, esse diálogo entre elas e esse apoio mútuo, só começou agora, recentemente; eu acredito que existem centenas de artistas autorais ‘de quarto’ como todo mundo já foi um dia, esperando, amadurecendo, criando pra um dia mostrar seu trabalho para o mundo, ou pelo menos pra nossa cidade. Óbvio que eu adoraria um reconhecimento nacional também, quem não gosta de um pouco de tapinha nas costas”, finaliza.

Editais e fomento à cultura x políticas públicas

Odaleia Magno Poça, à minha direita no workshop 
realizado em Barcarena em fevereiro de 2020.

Em Barcarena, assim como nos demais municípios paraenses, não há Sistema Municipal de Cultura, e por consequência também não existe lei de incentivo ou fundo de cultura, mecanismos básicos e importantes para o desenvolvimento de políticas públicas de cultura. Em Belém, a capital, o sistema foi criado, mas desde 2018 que o edital da lei de incentivo Tó Teixeira deixou de ser publicado, uma herança da gestão de Zenaldo Coutinho. Há expectativas de que nesta nova administração de Edmilson Rodrigues na prefeitura, isso seja retomado. 

Por enquanto e de modo geral, no Pará, as perspectivas giram em torno dos editais, como o da lei Semear, cuja submissão de projetos segue aberta em plataforma digital. O mecanismo pode ser acessado por artistas de todo o estado, mas lembrando que os recursos não são diretos, trata-se de um edital de renuncia fiscal. Caso o projeto seja enquadrado na lei, o governo do Pará garante que 95% do valor do seu projeto venha da renuncia fiscal de ICMS. Os demais 5% precisam ser uma contrapartida da empresa patrocinadora.

Deu para entender? Façamos uma simples conta. Um projeto custa, por exemplo, R$100 mil. Desses, R$ 95 mil é o montante que um empresário pagaria aos cofres do estado sejam direcionados ao projeto cultural que tenha a carta da lei Semear. E para estar apto a ser um patrocinador, o empresário/empresa precisa estar em dia com a Sefa - Secretaria da Fazenda do Estado e dar em contrapartida os demais R$ 5 mil. 

O governador Helder Barbalho aumentou a renuncia fiscal da Semear de 10 para 15 milhões de reais, o que pode, de fato, beneficiar muitos projetos em todo o estado, mas isso vai depender, não só que os projetos sejam inscritos, mas também dos empresários. Todos os anos a esperança é mais empresas se tornem patrocinadoras. Para incentivá-las a Secult criou o Selo Cultura Pará que este ano foi entregue às empresas que patrocinaram projetos entre 2020 e 2021, pela Semear. 

Não sei quais as empresas que receberam o selo, mas sei que a Oi,  por meio do programa Oi Futuro, possui editais que trabalham com leis de incentivo estaduais no país inteiro e vem incentivando alguns projetos do Pará. O mesmo faz a Natura, por meio do Natura Musical. E a Equatorial Energia (PA) também patrocinou projetos na área da música. 

Tudo ainda é muito pouco diante da riqueza cultural desse estado. Leis de incentivo existem para serem acessadas e torço que mais empresas se interessem em participar dessa cadeia produtiva e industria criativa. Cultura gera renda, movimenta economicamente uma cidade, atrai um turismo menos predador. Já o Fundo de Cultura, pode garantir recursos de forma direta a projetos que talvez nunca sejam uma opção de patrocínio para as empresas. Para o fundo existir, no entanto, é necessário que seja implementado o Sistema Estadual de Cultural. 

A lei Aldir Blanc apoiou diretamente no Pará, cerca de 3 mil projetos, mas muitos talvez não tivessem chance de sair do papel se dependesse de uma carta da Semear. Esperemos, inclusive, que haja segunda edição da Aldir Blanc em 2022 e que a lei Paulo Gustavo seja colocada em prática logo. Em entrevista à imprensa a secretária de cultura do estado Ursula Vidal disse que o estado e os municípios têm previsto o recebimento de R$ 164 milhões só da lei Paulo Gustavo. E que além disso também serão lançados os editais Preamar de Cultura e Arte. Estamos só começando o ano, mas não esqueçamos que há pressa, pois a situação emergencial da cultura não acabou.

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16.1.22

"O veneno da cobra e da maçã" para ler e ouvir

“O veneno da cobra e da maçã”, de Bianca Levy, aborda, em 12 contos, a saga de uma personagem real, a aposentada maranhense Maria de Fátima Pereira que vive em Marabá (PA). O livro foi lançado ano passado, ainda pode ser adquirido com a autora e acabei de conferir uma versão em áudio disponibilizada pela editora Mezanino. O link disponível ao final da matéria. 

Bianca é artista visual, performer, escritora e arte educadora. Nunca chegamos a tabalhar juntas numa redação, mas ainda que de gerações diferentes, nos conhecemos durante a estadia dela no Diário do Pará, em 2009, ela na redação e eu como assessora de imprensa de alguns projetos culturais. Mais tarde, em 2012, a convidei para integrar a equipe de comunicação de lançamento do DVD Mestre Vieira - 50 Anos de Guitarrada. E assim seguimos em conexão.

Mestre em artes e graduada em comunicação social, ela também é autora do livro de prosas poéticas “Aquífera” (Ed. Escaleras/ Parabaíba/ 2018) e em 2019 realizou a Exposição de Artes Visuais “Elemento TransitóRIO - Caminho de Volta para o mar”, exposta ao público na Galeria Theodoro Braga, em Belém, e na Galeria Vitória Barros, em Marabá. Além disso, integra as Coletâneas Trama das Águas e VI Anuário de Poesia Paraense.  

“'O veneno da cobra e da maçã' bebe da fonte do jornalismo literário e romance de não ficção. As técnicas jornalísticas clássicas foram fundamentais para colher as informações, histórias, checar cada uma delas e o literário deu o tom poético para os escritos. Mas prefiro não fechar o livro neste rótulo, que tem um quê também de realismo fantástico e de biografia. É um livro que atravessa muitos lugares”, diz Bianca.

Dona Maria
Foto: Rayda Lima

Além de episódios marcantes da nossa história sangrenta, como o massacre da ponte de Marabá, denúncias de trabalho escravo e abuso sexual infantil, também estão presentes na obra as histórias de vida da protagonista, relacionadas também às encantarias relatadas nos interiores do Pará e Maranhão. 

Bianca foi contemplada pelo Prêmio Eduardo de Castro de Literatura Marabaense e diz que sua personagem real é “uma síntese de todas as Marias do Norte e do Nordeste do Brasil”, revela a autora, que conheceu Maria durante um trabalho voluntário desenvolvido no Caps III Castanheira, em Marabá, entre 2019 e 2020. 

“Fui convidada para integrar voluntariamente a equipe terapêutica de Dona Maria, quando ela revelou em consulta que o maior sonho dela era escrever um livro sobre a própria vida, mas não sabia escrever. Fui conhecê-la e ouvi uma história tão incrível que entendi a importância de registrá-la em um livro”, conta Bianca. 

A escrita da performance e outros projetos em 2022

Além de escritora e jornalista, Bianca também cria palavras com o corpo. É que ela também aderiu a performance como mais uma linguagem de expressão artística. 

“É que me seduz as possibilidades da escrita que extrapolam as palavras. Isso me levou para a linguagem da performance; me seduz a ideia da palavra e da imagem em suportes variáveis e acessíveis, como o fanzine e a produção em caderno de artista/diário processual. A minha pretensão é seguir fazendo o que já faço, escrevendo, com a palavra e com o corpo, com cada vez mais disciplina e constância”.

A artista diz que tem sempre obras andamento e que seus processos, muitas vezes, são “simultâneos, com continuidades, rupturas, retomadas e descontuidades”. E que em relação à literatura eu ela está trabalhando em torno de quatro novas ideias, entre elas a história de seu bisavô Tamarindo Amoras. 

“Foi ouvindo minha avó contar as histórias sobre ele que eu me tornei ouvinte, contadora de histórias e escritora”, diz Bianca que também já tem argumento para um romance e vários poemas de amor e vida que vem escrevendo desde 2019. “O que vai sair primeiro, eu não sei, mas sigo no fluxo”, conclui.

Para comprar:

O livro pode ser adquirido por meio do instagram @estudiolanca ou pelo whatssapp (84) 9 9638.9426 - Parte do valor arrecadado com o livro vai ser direcionado para a própria dona Maria, para auxiliar os cuidados dela. 

Para ouvir, clique no link:

https://soundcloud.com/mezanino-editora/o-veneno-da-cobra-e-da-maca-completo?utm_source=clipboard&utm_medium=text&utm_campaign=social_sharing

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15.1.22

Mestre Damasceno e Nativos Marajoara lançam CD

Mestre Damasceno e Dona Onete
Foto: Guto Nunes

O novo álbum chama-se “Encontro D’água”, foi produzido com apoio da Lei Aldir Blanc do Estado do Pará, através da Secult, edital de Música 2020, tem participação de Dona Onete, na faixa “Feira do Veropa”, e chega às plataformas digitais da música, no dia 21 de janeiro. Em Salvaterra, Mestre Damasceno e o Conjunto de Carimbó Nativos Marajoara fazem um show com transmissão pela Internet, no dia 5 de fevereiro, da Pousada Boto.

Mestre Damasceno nasceu em 1954, é natural do município de Salvaterra, do arquipélago do Marajó. Cresceu em uma família de colocadores de boi-bumbá e atua na cultura popular desde os 19 anos, mesma idade em que se tornou deficiente visual devido a um acidente de trabalho. 

Vindo da tradição do carimbó pau e corda, é dono de voz e timbre marcantes, típicos de mestres marajoaras e da verdadeira identidade de caboclo quilombola marajoara. Ele canta sobre a natureza, sobre o tempo, os rios, sobre as suas ocupações de pescaria e de artesanato. Fala sobre encantarias, sobre a influência da lua nas águas. 

A gravação do novo álbum tende a reforçar tudo isso. Mestre Damasco gravou o disco em Salvaterra, em uma residência que foi transformada em estúdio pelo Produtor Musical Leo Chermont, com a ajuda de toda a equipe. Posteriormente, já em Belém, Leo Chermont realizou a gravação com Dona Onete no estúdio do Assis Figueiredo, e finalizou com a mixagem e masterização, no Casarão Floresta Sonora. 

São 11 faixas, sendo 10 do verdadeiro carimbó marajoara vibrante, daquele tipo que transcende a sensação de felicidade, todas falando da forma de viver em contato com a natureza, no tempo e na atmosfera de quem vive no Marajó. Tem também uma toada que fala da cidade de Salvaterra. Falar das suas origens, da natureza e do seu modo de viver é a grande especialidade do Mestre.

O Conjunto de Carimbó Nativos Marajoara, que acompanha o Mestre desde agosto de 2013, é composto por cerca de 7 músicos, todos moradores do município de Salvaterra, e nasceu exclusivamente com o intuito de acompanhar Mestre Damasceno, sendo formado por Agnaldo Vasconcelos (curimbó), David Xaropinho (violão e flauta), Arivaldo Nicaca (banjo), Emerson Miranda (saxofone), Francisco Jr. (maraca), Anderson Pé (curimbó) e Naldo Modesto (ganzá), além da dançarina Bia Leal.

Feira do Veropa, em parceria com Dona Onete

Foto: Kleyton Silva

Feira do Veropa fala sobre a maior feira ao ar livre da América Latina, inaugurada em 1965. Ponto turístico e econômico paraense, que abastece a região metropolitana de Belém. A música chama o mercado do Ver-o-Peso pelo nome que é conhecido pelos paraenses, “Feira do Veropa”, ressaltando sua diversidade de frutos, pescados e comidas regionais paraenses.

Feira do Veropa é uma música feliz, alegre, com tambores, maracas e outros sons que falam sobre o sentimento de felicidade de quem já experienciou uma tarde festiva neste ponto turístico de Belém. Além disso, a Feira do Ver-o-Peso é um local muito querido e sempre visitado pelo Mestre e seu grupo, que escolhem esse local para almoçar refeições tipicamente paraenses, ao mesmo tempo em que podem escutar uma roda de carimbó acontecendo dentro da feira, ao vivo.

Atualmente com 67 anos, segue atuando no carimbo e colocando o famoso Cortejo do “Búfalo-bumbá” nas ruas de Salvaterra. É ainda repentista, compositor, artesão, pescador – inclusive consegue pescar com as mãos, e também é campeão local de dominó. A deficiência visual quase nada lhe impede. Devido a esta limitação, desenvolveu mais os outros sentidos. Conhece a cidade com a palma dos pés, vez que anda pelas ruas sozinho, sem se perder e em segurança porque conhece todos os caminhos.

Vamos aguardar "Encontro D’água”. Anotem: dia 21, nas plataformas digitais da música. O show será dia 5 de fevereiro, diretamente da Pousada Boto, em Salvaterra, transmitido via Live, sem público em decorrência da pandemia. Quem quiser acompanhar, pode procurar a página de Mestre Damasceno e a página dos Nativos Marajoara no Facebook, canais em que a Live será transmitida.

Equipe técnica

Guto Nunes (coordenador-geral, produtor fonográfico, cinegrafista e editor de vídeo), Léo Chermont (produtor musical), Camillo Royale (assistente de gravação), Kleyton Silva (fotógrafo), Marcelo Silva (cinegrafista) e Ana Paula Gaia (produtora executiva e social media).

Redes Sociais

Instagram Mestre Damasceno: https://instagram.com/mestredamasceno

Facebook Mestre Damasceno: https://www.facebook.com/MestreDamasceno

Facebook Nativos Marajoara: https://www.facebook.com/nativosmarajoara

Realização Lei Aldir Blanc do Estado do Pará. Secretaria do Estado de Cultura. Edital de Música 2020. Apoio: Gutunes Produções, Casarão Floresta Sonora, Gráfica Poliserv, Coletivo Pulsar Marajoara e Pousada Boto.

(Holofote Virtual com informações da assessoria de imprensa)

13.1.22

Prêmio Sesc de Literatura abre inscrições de 2022

Podem concorrer autores não publicados nas categorias Romance e Conto. O Prêmio avalia trabalhos com qualidade literária para edição e circulação nacional. Os interessados têm até 11 de fevereiro para concluir o processo de inscrição, que é gratuito e online. 

Ao oferecer oportunidades aos novos escritores, o Prêmio Sesc de Literatura impulsiona a renovação no panorama literário brasileiro e enriquece a cultura nacional. Os vencedores têm suas obras publicadas e distribuídas pela editora Record, parceira do Sesc no projeto, com tiragem inicial de 2.500 exemplares. O anúncio dos vencedores será divulgado no mês de maio. Desde a sua criação em 2003, mais de 17 mil livros foram inscritos e 33 novos autores revelados.

A parceria com a editora Record contribui para a credibilidade e a visibilidade do projeto, pois insere os livros na cadeia produtiva do mercado editorial. “Chegamos à 19ª edição com o propósito de revelar novos escritores, que é nossa maior meta. A premiação foi criada em 2003 e se consolidou como a principal do país para autores iniciantes. No ano passado, tivemos a inscrição de 1.688 livros, sendo 850 em Romance e 838 em Conto. O cronograma não foi afetado pela pandemia, porque foi todo executado por trabalho remoto. Dessa forma, o resultado pôde ser divulgado no prazo previsto” explica o analista de Literatura do Departamento Nacional do Sesc, Henrique Rodrigues.

O processo de curadoria e seleção das obras é criterioso e democrático. Os livros são inscritos pela internet, gratuitamente, de forma anônima. Isso impede que os avaliadores reconheçam os reais autores, garantindo a imparcialidade no processo de avaliação. Os romances e contos são avaliados por escritores profissionais renomados, que selecionam as obras pelo critério da qualidade literária.

A relevância do Prêmio Sesc de Literatura também pode ser medida por meio do sucesso dos seus vencedores, que vêm sendo convidados para outros importantes eventos internacionais, como a Primavera Literária Brasileira, realizada em Paris, o Festival Literário Internacional de Óbidos, em Portugal, e a Feira do Livro de Guadalajara, no México.

Acesse o regulamento: 

Vencedores 2021

Na edição de 2021, foram vencedores o paraense Fábio Horácio-Castro, com o romance O réptil melancólico, e o pernambucano Diogo Monteiro, com a coletânea de contos O que a casa criou receberam o Prêmio Sesc de Literatura. A origem dos autores reafirma o estímulo da premiação à diversidade e a capacidade de projetar escritores das mais distintas regiões do país.

Fábio Horácio-Castro, jornalista de formação, tem 52 anos, e é professor universitário. “É a minha primeira participação no Prêmio Sesc e não esperava vencer na categoria. Escrevo mais sobre pesquisas relacionadas à Amazônia. Como eu tinha um projeto deste livro, aproveitei o isolamento da pandemia, finalizei a obra e me inscrevi. Fiquei muito contente com o retorno”, contou. 

Diogo Monteiro, de 43 anos, também é jornalista e atua com pesquisa de opinião e estratégia. “Sempre escrevi e participava de algumas coletâneas, mas nunca tinha pensado no Prêmio Sesc. Em 2021, tive um livro infantojuvenil publicado. Depois veio o prêmio, sendo a segunda vez em que coloco uma obra para o público, agora na categoria conto”, destaca.

Em 18 anos de prêmio, diversos autores foram descobertos e se consolidaram na literatura nacional, graças ao incentivo da Instituição, entre eles Juliana Leite, Rafael Gallo, Luisa Geisler, André de Leones, Franklin Carvalho, Sheyla Smanioto, Tobias Carvalho e Lucia Bettencourt.

Serviço

Inscrições Prêmio Sesc de Literatura 2022

Período: 10/01 a 11/02

Edital e inscrições em: www.sesc.com.br/premiosesc.

Informações: (91) 4005-9583 

(Holofote Virtual, com informações da assessoria de comunicação do Secs)

10.1.22

Allex Ribeiro lança novo single com Zeca Baleiro

Alex Ribeiro (Foto: San Marcelo)

Gravado no dia 08 de novembro de 2021, no estúdio Parede - Meia, em São Paulo, o single "Coração de Mosquito", composição de Allex Ribeiro, chegará em todas plataformas digitais, no próximo dia 21, tendo no vocal o autor da canção e o cantor e compositor Zeca Baleiro. "Coração de Mosquito" é uma balada existencialista, traço marcante nas composições de Allex Ribeiro. 

Por Clemente Schwartz

A parceria musical entre o paraense Allex Ribeiro e o maranhense Zeca Baleiro aconteceu por meio do contato feito pelo cantor e compositor paraense Nilson Chaves, amigo de longa data do maranhense, que o apresentou a seu conterrâneo. 

“Allex foi uma grande e grata surpresa do ano que passou. Ele me foi apresentado pelo parceiro Nilson Chaves e rapidamente se tornou meu parceiro também. Ele tem uma verve lírica/satírica que muito me agrada, e que julgo rara hoje na música brasileira. Enteado artístico de Raul Seixas e Sérgio Sampaio, Allex é um talento muito promissor da nossa música. Virei fã", disse Zeca Baleiro. 

"O Zeca Baleiro é meu ídolo desde quando eu comecei a pensar em fazer música. Pra mim, o Zeca consegue sintetizar tudo o que eu busco na música. Ele é um grande poeta. Ele é um grande músico e uma grande pessoa também, porque as coisas que ele diz são muito importantes pra mim. Provavelmente, ele ouviu as mesmas coisas que eu ouvi, como Luiz Gonzaga, Raul Seixas e Sérgio Sampaio. E hoje ser parceiro dele é uma das maiores alegrias da minha vida. Eu nunca imaginei que eu pudesse chegar tão perto de um artista com a magnitude de Zeca Baleiro, e, inclusive, me tornar amigo dele. Pra mim, o Zeca é o mais importante cantor e compositor da música brasileira contemporânea", elogiou Allex.

A rápida afinidade resultou na composição de duas canções feitas em parceria, em pouco tempo de relação, e também na gravação de "Coração de Mosquito", single gravado em novembro de 2021, que deu origem ao álbum homônimo que será gravado, em São Paulo,  em 2022, com produção da banda que acompanha Baleiro, e direção artística do artista maranhense. A gravação do single "Coração de Mosquito" ainda rendeu a gravação de um clipe e um minidoc, produzidos pela Sapucaia Filmes, que serão lançados em breve .

Allex Ribeiro é cantor e compositor paraense em plena ascensão em seu Estado, tendo se apresentado nos principais teatros e casas de espetáculo paraenses. Além das composições feitas individualmente, Allex tem canções em parceria com grandes nomes da música paraense, tais como: Nilson Chaves, Almirzinho Gabriel, João Paulo Carvalho, Toni Soares, Paulinho Moura, dentre outros.

Após ter lançado um primeiro EP com seis canções de sua própria autoria, intitulado " O amor que acreditei de porre", Allex estreou com seu primeiro álbum com oito faixas, todas se sua autoria, intitulado "Verbalóide", lançado nas plataformas e em show, no dia 12 deu dezembro de 2021. O single "Coração de Mosquito", em parceria com Zeca Baleiro será lançado em todas as plataformas digitais dos dois artistas.

Edital de Residências Artísticas abre inscrições

Funarte e Aliança Francesa abrem inscrições para o edital de Residências Artísticas. Profissionais das áreas das artes cênicas (dança, teatro, circo e performance) podem ser brasileiros e franceses. Até o dia 04 de fevereiro de 2022, via formulário online.

São apenas quatro bolsas de apoio financeiro, parcial ou integral, no valor de R$ 26.250,00 para os projetos contemplados, que serão realizados ao longo de, no mínimo, 30 dias no Brasil e 30 dias na França.

O Edital da Bolsa Funarte e Aliança Francesa de Residências Artísticas em Artes Cênicas - Brasil/França permite as inscrição de profissionais solo das artes cênicas, com idade a partir dos 18 anos, e também coletivos e grupos, com ou sem fins lucrativos, nas áreas do circo, teatro, dança ou performance. Ainda de acordo com o edital, os recursos financeiros das bolsas serão destinados aos pagamentos de despesas com passagens, deslocamentos, hospedagens, alimentação, despesas com material cênico e técnica durante a residência. 

O edital faz parte do Termo de Cooperação Técnica da Fundação Nacional de Artes com a Aliança Francesa, assinado no dia 14 de dezembro de 2021. A iniciativa prevê apoio mútuo na realização de programas de capacitação técnica que contemplem projetos nas áreas da dança, circo, música, teatro, artes visuais e artes integradas, beneficiando artistas brasileiros e franceses. O acordo pretende viabilizar cursos de capacitação, vivências práticas, intercâmbios para profissionais do setor, estágios, organização de eventos culturais e artísticos, além da participação na divulgação de ações de acordo com os objetivos das duas instituições. 

Criada em 1975, a Fundação Nacional de Artes – Funarte é o órgão do Governo Federal brasileiro cuja missão é promover e incentivar a produção, a prática, o desenvolvimento e a difusão das artes no país. É responsável pelas políticas públicas federais de estímulo à atividade produtiva artística brasileiras; e atua para que a população possa cada vez mais usufruir das artes. Atualmente a Funarte alcança as áreas de circo, dança e teatro; de música, de concerto, popular e de bandas; e de artes visuais; e também a preservação da memória das artes e a pesquisa na esfera artística. É a única instituição no Estado brasileiro com as atribuições e especialidades necessárias para tratar desses campos de atividade.

A Aliança Francesa foi fundada em Paris, em 1883, e já conta com mais de 80 anos de história no Brasil. Com a missão de divulgar a língua e a cultura francesas no exterior, a instituição sem fins lucrativos também contribui para o enriquecimento das relações políticas e culturais entre o Brasil e a França.

Serviço

Formulário de inscrição disponível em: villa-tijuca.com/dev/inscricoes 

Acesse o Edital: https://bit.ly/FunarteAliançaFrancesa

Outros esclarecimentos: danca@funarte.gov.br ou residences@villa-tijuca.com

3.1.22

Almirzinho Gabriel lança curso de música on-line

Trata-se de um curso de composição musical, sem uso de instrumento, baseado nas palavras, frases aleatórias, ditados populares e o que mais apareça. "Música de Vento" foi disponibilizado no canal de Youtube do artista já no finalzinho de 2021. 

Ao todo são seis episódios gratuitos num módulo patrocinado pela lei Aldir Blanc e ficará no ar, aberto e disponível para quem quiser, durante 30 dias. 

O projeto nasceu na pandemia, como algo que as pessoas pudessem fazer enquanto estavam em casa. “Inventei um jeito de ensinar qualquer pessoa a fazer música mesmo que não toque nada”, diz Almirzinho Gabriel, que parte do princípio de todo mundo é criativo e que basta praticar. “Tem aqueles mitos de que só os artistas, os arquitetos, os palhaços são criativos, a gente nasce curioso, inventivo, mas vai-se adaptando às normas da escola e da idade e acaba se convencendo que tem só que repetir o que já está inventado".

Ele resume o "Música de Vento" como um jeito divertido de usar as palavras como instrumentos musicais. “Elas já estão com a gente e eu só descobri alguns jeitos de usá-las. Já era uma brincadeira que eu fazia desde sempre, brincar com frases sem sentido e perceber ritmos que surgem do acaso. Basta treinar, treinar e começam a aparecer surpresas boas no imprevisível”. 

Metodologia construída na brincadeira

Cada aula tem entre 2 e 7 minutos e logo no primeiro episódio, Almirzinho faz questão de avisar que não pode ter medo de tentar, “se errar, bate palmas”. “O fundamento é a gente ter direito de brincar com o ordinário até ele virar extraordinário, e daí saem nossas melodias, do acaso, do non sense, do imprevisível, depois de tocar as palavras basta trocar as palavras”, explica, divertindo-se, uma outra premissa do curso, aliás. 

“Eu chamo de 10 minutos de férias da matrix, o direito de errar, de parecer louco, de relativizar a ordem das coisas ditas normais e voltar a se divertir criativamente. E música de vento é porque a gente faz um monte de coisas e deixa o vento levar até que pinte uma interessante, opa, aí as palavras se dizem e se atrapalham e se mostram desconforme, daí aparecem as melodias (risos). Viram loops ritmos e intenções melódicas que só aparecem quando a gente deixa o controle e entra no jogo”, acrescenta.

O projeto foi desenvolvido em equipe e Almirzinho contou com a direção audiovisual de Samia Gabriel, cineasta e sua irmã, além do fotógrafo Renato Chalu, com quem o músico tem desenvolvido outros projetos também. “Eu precisava de alguma sensatez na equipe (risos), e a Samia tem experiência nisso e podia ver de fora, devolver com outro olhar. Ela e o Chalu foram fundamentais. Foi bem coletivo apesar da ideia ter sido minha”, continua.

E quem toca também vai gostar

O músico ressalta, ainda, que fez o curso pensando também em quem já toca. “Durante todo tempo eu peguei minhas limitações e adaptei pra metodologias que eram mais fáceis pra mim. Daí que tenho maneiras bem loucas de chegar nos vários instrumentos que eu toco, uso paradigmas diferentes, às vezes não usuais para criar minhas músicas. Falo disso também. O óbvio me perturba muito, procuro fugir como se desvia de buraco. Sou TDAH, adoro surpresas, assimetrias, provocações, truques e esquinas”, complementa.

Depois de morar muitos anos em Bragança-Pa com a família, onde desenvolveu projetos musicais, foi dono e gerenciou uma hospedaria, a Onça, Almirizinho Gabriel está morando em Belém há um ano e pouco e diz que há outros projetos em andamento. “O Música de Vento é o primeiro que lanço; é compromisso com a lei Aldir Blanc e vou deixar o curso livre por algum tempo, acho que 30 dias para as pessoas terem acesso, são as aulas fundamentais”, diz ele que depois lançará o curso, também pela plataforma Hotmart.

Músico, cantor e compositor com mais de trinta anos de estrada, Almirizinho toca cavaquinho, violão, contrabaixo, bandolim e, como todo bom TDAH, batuca na mesa, difícil é ver ele quietinho. Formado em Comunicação Social, com especialidade em Publicidade, na UFPa. Ele nunca trabalhou com isso, porque a música logo se impôs em seu caminho. Na trajetória fonográfica, gravou o LP “Tribos submarinas”; os CDs “Na boca do peixe” e  “Vidaboa – Tzandai”, além de Nazarezinha (EP) - coletânea de músicas autorais para N.S. de Nazaré.

Acesse o"Música de Vento" - Disponível gratuitamente, até final do mês de janeiro:

https://www.youtube.com/playlist?list=PLXfSdgbAwW4RETDQBa6jzBQWO2HWRcU5X