29.4.23

Contos Mirabolantes para este domingo, que tal?

"Contos Mirabolantes, o Olho do Mapinguari" estreia neste domingo, 30 de abril, com entrada gratuita ao público. A sessão inicia às 10h, no auditório Eneida de Moraes, no Centro Cultural Palacete Faciola. A ida ao cinema, rende também uma visitinha pelo prédio, que passou por reforma e restauro, reinaugurando no ano passado. Fica ali na Av. Nazaré, esquina com a Dr. Moraes.

O curta-metragem de animação, produzido pelo estúdio paraense Iluminuras tem duração de 8 minutos e é dirigido e roteirizado por Andrei Miralha e Petronio Medeiros. Na história, Maria Estrela, uma menina de 7 anos, adora histórias antes de dormir, mas já cansou de ouvir sempre as mesmas e inventa a sua, um “conto mirabolante”. 

A partir daí, o público acompanha a narrativa da menina que traz de sua imaginação uma história sobre o Terrível Mapinguari da Amazônia, um enorme monstro que perdeu o único olho que tinha. O problema é que um Mapinguari sem olho, causa desequilíbrio na natureza e Maria Estrela sai em busca do olho perdido, montada em Esperança, seu fabuloso Boi-Bumbá alado. 

O curta-metragem foi realizado em animação digital 2D, com 8 minutos de duração, voltado para crianças de 4 a 8 anos de idade. A campanha de divulgação iniciou no início deste mês, com pré-estreias que passaram pela UsiPaz da Cabanagem, pelo Teatro do Curro Velho e na última quarta-feira, chegou à biblioteca Clara Galvão, no Museu Emílio Goeldi, tendo na plateia alunos de escolas púbicas e das comunidades, onde estes espaços estão inseridos. É possível acompanhar essa jornada pelo perfil criado no Instagram @contos_mirabolantes.

A cotação de história como espaço ao imaginário

A ideia de fazer esse curta vem da prática da leitura, diz Andrei Miralha, que tem uma filha de cinco anos que adora ouvir história. "Eu conto historias pra ela, às vezes invento e provoco que ela conte também. E aí pensei, porque não levar isso para filme e absurdas tudo isso?". Após a ideia, o trabalho seguiu em co-criação com Petronio Medeiros, que assina, além de roteiro, a direção junto com Miralha.

A partir desse trabalho coletivo, que vai idealização para o roteiro, e para o anymatic, storiboard, gravação de vozes, até que chega a animação. "É sobretudo um incentivo a cotação histórias, brincar de contar uma historia, é uma brincadeira. É a principal proposta do curta, brincar, a partir desse imaginário amazônico", continua Andrei.

Participação de jovens animadores na equipe

Na equipe, diversos animadores, são jovens que vêm atuando no mercado, muitos deles, a partir de um trabalho de formação em animação que vem sendo desenvolvido pelo Laboratório de Animação do espaço Cultural Curro Velho.

"É muito satisfatório poder ter feito parte desse projeto, porque ele trás elementos da nossa cultura de uma forma mais divertida e encantadora, o que para o público infantil faz uma grande diferença. Espero que quando as crianças assistam ao Contos Mirabolantes queiram saber mais sobre o mapinguari, cobra grande e tantos outros personagens presentes nas nossas histórias, que queiram inventar seus próprios contos, e se divirtam imaginando novos mundos", diz Thalyne Chrystina, animadora que trabalhou no curta.

O diretor chama atenção para a importância que temos em trazer essa pauta para as crianças. "A gente distribui de brinde livrinhos que contam lendas da Amazônia. É legal estar tratando com essas crianças esses referenciais, muitas vezes consumimos referências culturais estrangeiros", alerta.

Linguagem da animação abre inúmeras possibilidade

Esse é um ponto crucial também para Petronio,  usar a linguagem da animação para tratar dos elementos que ãesto inseridos na cultura amazônica, de um jeito potente que o cinema de animação tem, estimulando a criança a pensar e imaginar esse universo fantástico da floresta. Para ele, a cultura e o imaginário são vivos e pulsantes, a medida em que são contados e recontados e essas imagens circulam. 

"A linguagem da animação, por suas várias características ligadas ao fantástico, abrindo a possibilidade de trabalharmos com formas, cores e texturas, contribui para o fortalecimento desse imaginário da cultura amazônica. Trazendo essas figuras, como o Mapinguari, a partir da narrativa de uma criança, a  gente coloca esse lugar da cultura e do imaginário, do popular, no cotidiano", reflete.

A sessão inicia com uma apresentação da equipe, e em seguida à exibição, as crianças são convidadas a contar histórias e a se divertir, com o olho do Mapinguari e o Boi Bumbá Alado no qual quem quiser vai poder vestir e tirar fotos. Para brincar com as crianças, Cleber Cajun e Otânia Freire.

O curta “Contos Mirabolantes – o olho do Mapinguari” foi patrocinado através do Edital de Patrocínio do Banco da Amazônia por meio da Lei de Incentivo à Cultura- Ministério da Cultura do Governo Federal.

Ficha Técnica

 direção e roteiro ANDREI MIRALHA E PETRONIO MEDEIROS produção e produção executiva ANDREI MIRALHA elenco de JULIANA NASCIMENTO, ADRIANA CRUZ E AJ TAKASHI storyboard/animatic ANTÔNIO LOBATO E ANDREI MIRALHA  trilha sonora e desenho de som ANDRÉ MOURA arte conceitual e ilustrações IGOR ALENCAR E FERNANDO CARVALHO setup ERIK PEREIRA rigging GENILSON CARDOSO supervisão de animação ANDREI MIRALHA animação THALYNE CHRYSTYNA, GIZANDRO SANTOS, GENILSON CARDOSO, CARLOS GUSTAVO SANTOS, ARTHUR BRAGA, ANTÔNIO JOAB, CLARA SIERRA  montagem e composite YAGO MENDONÇA assessoria de comunicação LUCIANA MEDEIROS design gráfico CAROL ABREU assessoria contábil FERNANDA FREIRE

Serviço

Estreia do curta “Contos Mirabolantes, o Olho do Mapinguari”, neste domingo, 30 de abril, às 10h, no auditório Eneida de Moraes, no Palacete Faciola – Av. Nazaré, com Dr. Moraes. Faixa etária livre. Gratuito.

25.4.23

Simões abre exposição na Galeria Benedito Nunes

Simões - Foto: Walda Marques

“A Pele da Cor Expandida”, exposição individual de Simões, foi contemplada com o Prêmio Branco de Melo, da Fundação Cultural do Pará. O vernissage é nesta quarta-feira, 26 de abril, a partir das 19h, na Galeria Benedito Nunes, no Centur. Entrada gratuita. A visitação seguirá aberta até dia 26 de maio, sempre de segunda a sexta, das 9h às 17h. O artista celebra, ainda, 47 anos de trajetória, exposições e premiações.

A Pele da Cor Expandida traz sequências de cores e formas. São ao todo 87 obras, todas na técnica da acrílica, sendo 32 sobre tela e 55, sobre papel (Canson). “É a primeira vez que reúno tantas obras assim”, espanta-se o próprio artista, cuja produção sempre foi variada. 

Nesta exposição, as pinturas sobre tela e papel indicam, mais uma vez, mudanças e experimentações.“São suportes com os quais venho desenvolvendo uma pesquisa formal, ancorada na cor, elemento sempre presente na minha obra, porém, aqui, dissociada dos elementos que, de certa maneira, sempre caracterizaram o meu trabalho - a figura humana e elementos do cotidiano - uma obra alicerçada no figurativo. Nesta nova pesquisa eu abandono tudo isso e me lanço em experimentações onde a abstração geométrica ocupa e define o ‘território visual’, sem dispensar a cor, muito pelo contrário, aqui ela afirma-se como centralidade incontornável”, explica Simões.

A Pele da Cor Expandida 
Galeria Benedito Nunes
Foto: Walda Marques

Simões se interessou por arte, cedo, e aos 17 anos realizou a sua primeira exposição. Tornou-se um dos expoentes da geração oitentista da arte paraense. Carregando consigo  “poéticas do misticismo, de naturezas-mortas”, nutre-se do tempo presente. Premiado em vários salões, entre eles, o Salão Pequenos Formatos da Unama, ele despertou o interesse da pesquisadora Vera Pimentel, que o pesquisou para sua tese de Doutorado em Comunicação, Linguagens e Cultura (UNAMA - 2022).

Para ela, o artista é um ser humano inquieto, "que se desconstrói e se desnuda ao transpor para as telas, toda emoção interior que pulsa nas veias, um autodidata e curioso, cujo verbo experimentar é a essência do seu trabalho. Simões apresenta concepções e ideias que se materializam a partir do seu olhar e da técnica da policromia”, continua Vera. 

Simões também possui hiatos em sua produção, como entre 2000 e 2010, quando esteve à frente do emblemático Café Imaginário, bar e espaço cultural temático que fez cena em Belém naquele período e que revelou, ainda, uma outra aptidão do artista, a cozinha. Simões é responsável pelo surgimento da Pizza de Jambú, hoje comum nos estabelecimentos paraenses. De fato, Simões nunca se afastou do seu fazer artístico, que esteve e segue presente em tudo que ele construiu e constrói, hoje, em seu atelier situado na ilha de Mosqueiro, distrito de Belém.

"Convido o público para dividir comigo as emoções que por ventura minhas obras possam despertar. Não acredito na crença ingênua de que as pessoas se elevem espiritualmente só por estarem diante de uma "Obra de Arte". As pessoas podem experimentar essa evolução se forem verdadeiramente educadas no convívio cotidiano com a arte e suas dimensões espirituais. É preciso que a convivência com a Arte seja a mais estreita possível. O Artista e o público devem viver um verdadeiro "caso de amor" e que esses amantes sejam os mais ardentes do Mundo", finaliza Simões.

Serviço

Abertura da exposição “A Cor da Pele Expandida”, de Simões. Nesta quarta-feira, 26 de abril, às 19h, na Galeria Benedito Nunes, do Centur. A mostra segue aberta até 26 de maio. Realização: Prêmio Branco Melo, Galeria Benedito Nunes, Fundação Cultural do Pará e Governo do Estado. 

Projeto para celebrar a trajetória de Edyr Proença

Edyr Proença - Foto: Luiz Braga
O lançamento de “Vida e Obra de Edyr Proença”, projeto que celebra a trajetória do jornalista e compositor, é nesta sexta-feira (28), com a chegada de um single, inédito, nas plataformas digitais de música, e na voz de Andréa Pinheiro. Está previsto também, o lançamento de um portal dedicado ao homenageado, o lançamento de um livro de crônicas, disco e show. 

“Cala a boca, meu bem” é composição de Edyr, em parceria com sua companheira Celeste Proença. Escrita na década de 1980, o samba, suingado, traz letra bem-humorada para falar contra o machismo. “Escolhemos a faixa para puxar esse trabalho por ser uma música extremamente atual. Apesar de ter sido escrita há décadas, ela não envelheceu. Com letra da Celeste, a música tem uma pegada bem antimachista de forma muito divertida, muito irônica e com uma simplicidade e competência poética muito grande”, diz Pedro Vianna, produtor do projeto. 

A história de amor e parceria criativa do casal começa no final de década de 1930, quando eles se conhecem na Rádio Clube. Cantora e radialista, Celeste é uma mulher à frente do seu tempo. Desse amor, surgiram inúmeras composições. Boa parte delas, foram encontradas pela família em fitas caseiras, encontradas nos arquivos depois da morte do casal. O projeto, então, resgata essas obras e a lança ao público pela primeira vez.

“A maioria das músicas do disco que iremos lançar no projeto são parceria entre Edyr e Celeste. Até por isso, por essa força e presença deles juntos como artistas, é que escolhemos ‘Cala boca, meu bem’ como single do projeto”, diz Vianna. Na voz de Andréa Pinheiro, a canção ganhou arranjo de Jacinto Kawage, com Príamo Brandão no baixo, Davi Amorim no violão, Manassés Malcher no trombone e Márcio Jardim na percussão. 

Fundador da Rádio Clube do Pará

Fotografia do acervo da família Proença
Compositor, músico, radialista, advogado, bancário e escritor, marcou época na história do rádio na Amazônia como narrador e comentarista esportivo. Edyr Proença nasceu em 1920, em Belém, filho de Edgar Proença, fundador da Rádio Clube do Pará, poeta e teatrólogo; e Dona Celina, apaixonada por música. Em maio de 2020 comemorou-se o centenário de seu nascimento. No entanto, em decorrência das restrições impostas pela pandemia, as comemorações irão ocorrer em 2023.

Com grande prestígio na imprensa paraense, Edyr passou pelos maiores jornais de Belém. Firmou-se como locutor esportivo a partir de 1946, respeitado por todas as torcidas, apesar de sua declarada devoção ao Clube do Remo e ao Flamengo. Lançou os livros “Coisas do Futebol” e “Nem Pelé, nem Romário, nem Nada”, obras que reúnem inúmeros causos curiosos e folclóricos, acumulados por Edyr ao longo da carreira na crônica esportiva. Em novembro de 1996, foi eleito presidente da Academia Paraense de Jornalismo.

Na música, Edyr criou, ainda muito jovem, o grupo Bando da Estrela. Nos anos 1970 e 1980 compôs sambas-enredo históricos para as agremiações “Quem São Eles” e participou de importantes festivais de música. Foi parceiro musical de poetas da estatura de Ruy Barata e João de Jesus Paes Loureiro. Sua canção mais conhecida, Bom Dia Belém, foi gravada por Fafá de Belém, Jane Duboc e Leila Pinheiro. 

Em 1994, a UFPA lançou o LP “Edyr Proença”, da série Música e Memória, com composições de sua autoria nas vozes de grandes intérpretes paraenses. Integrou o grupo Clube do Camelo, que incluiu composições suas nos discos “Clube do Camelo”, de 1995; e “Poetas que cantam”, de 1998. Edyr Proença faleceu em de 1995. Em sua homenagem, o Império Samba Quem São Eles desfilou no carnaval de 1999 com o tema “Edyr Proença está no ar: a voz que fala e canta para a planície”.

Programação

Edyr e Celeste - Acervo da família
O projeto “Vida e Obra de Edyr Proença” prevê ainda o site dedicado ao homenageado, que vai reunir composições, crônicas, fotos e vídeos; lançamento do livro de crônicas reunidas do autor, intitulado “Opinião não se discute”; um disco com 14 músicas inéditas do artista; e um grande show de encerramento, no dia do aniversário de Proença, 19 de maio, com participação especial de Olivar Barreto, direção musical de Jacinto Kawage e Luiz Pardal, com interpretação de Andréa Pinheiro, no Sesc Ver-o-Peso.

A iniciativa do projeto foi da família de Edyr Proença, que teve a ideia viabilizada através de projeto de extensão da Faculdade de Música da Universidade Federal do Pará. O projeto foi realizado através de emenda parlamentar do à época Deputado Federal, hoje prefeito de Belém, Edmilson Rodrigues. A Coordenação artística é de Edyr Augusto, a Coordenação de Produção é de Pedro Vianna e a Produção Executiva é de Felipe Proença. É importante ressaltar o apoio cultural da Emufpa, Fadesp, Ufpa, Fumbel, Prefeitura Municipal de Belém, Fundação Cultural do Pará, Governo do Estado do Pará e Sesc Ver-o-Peso.

Serviço

Lançamento do projeto “Vida e Obra de Edyr Proença”, com o single “Cala a boca, meu amor”, que chega às plataformas digitais nesta sexta-feira (28), Acesse aqui: https://www.instagram.com/edyrproenca/

Realidade dos museus é foco de encontro no Pará

Entidades dos museus e da museologia realizam semana de atividades no Pará. A programação iniciou na segunda e se estenderá até sexta, 28 de abril. O evento conta com a presença de órgãos federais do setor, como o Instituto Brasileiro de Museus (IBRAM) e os Conselhos Federal e Regional de Museologia (COFEM/COREM).

As regiões Centro Oeste e Norte  têm menos museus no  Brasil. O Pará é o estado que, na região Norte, concentra mais museus, aprsentando uma grande diversidade museológica: museus científicos, museus de arte, ecomuseus, museus comunitários  entre outras tipologias. A plataforma museus br indica que há mais de 70 museus mapeados e com grande concentração na cidade de Belém.

O objetivo das atividades é fortalecer o campo museal local, em diálogo com as políticas públicas nacionais, promovendo encontros e debates sobre a relevância dos museus na atualidade e a importância da articulação entre diferentes instâncias e a sociedade para promover, valorizar e impulsionar o setor. Outro objetivo do evento é discutir e reconhecer a valorização dos profissionais de museus, em especial os museólogos.

O tema é levantado em um momento polêmico no Pará, quando o governador Helder Barbalho assina diversas exonerações, muitas delas na área da cultura. Recentemente a exoneração de especialistas e a nomeação de pessoas não qualificadas para os cargos em museus do Estado levou artistas e profissionais das artes e da museologia a difundem uma carta aberta nas redes sociais, exigindo que Helder Barbalho volte atrás. Há quatro dias, um ofício também foi protocolado na SECULT-Pa, assinado por representantes do Movimento em Defesa do Sistema Integrado de Museus, solicitando uma audiência com o governador e com a secretária de cultura, Úrsula Vidal.

Encontros de museologia prevê visitas técnicas

Além dos encontros abertos  com a participação da sociedade, e das entidades, haverá a realização de visitas técnicas ao Ecomuseu da Amazônia, ao Museu Paraense Emílio Goeldi e ao Museu do Marajó. No dia 28, o COFEM e o COREM 1R visitarão o Espaço Cultural Capitão-Mor Pedro Teixeira. 

Os museus possibilitam a fruição de pesquisas e ações educativas  com diferentes públicos e colabora com a preservação do patrimônio. Por isso a ideia é debater com a presidenta Fernanda Castro, Dra. Em Educação e servidora de carreira do IBRAM há mais de 10 anos, a diversidade museológica e a dimensão política, social, inclusiva, educativa e transformadora dos museus diante da sociedade.

O campo museal é bastante fértil de experiências,  de aprendizagem e precisa de políticas  públicas  que garantam o comprometimento com a função social e educativa dos museus. O IBRAM, o COFEM, o COREM r1, os movimentos museológicos  locais, as universidades, as secretarias de cultura e os museus articulados ampliam as   diversas possibilidades de ações integradas com a Amazônia. Este Processo só fortalece a democratização da cultura museal  como instrumento de cidadania.

Os museus possibilitam a fruição de pesquisas e ações educativas  com diferentes públicos e colabora com a preservação do patrimônio. Por isso a ideia é debater com a presidenta Fernanda Castro, Dra. Em Educação e servidora de carreira do IBRAM há mais de 10 anos, a diversidade museológica e a dimensão política, social, inclusiva, educativa e transformadora dos museus diante da sociedade.

O campo museal é bastante fértil de experiências,  de aprendizagem e precisa de políticas  públicas  que garantam o comprometimento com a função social e educativa dos museus. O IBRAM, o COFEM, o COREM r1, os movimentos museológicos  locais, as universidades, as secretarias de cultura e os museus articulados ampliam as   diversas possibilidades de ações integradas com a Amazônia. Este Processo só fortalece a democratização da cultura museal  como instrumento de cidadania.

PROGRAMAÇÃO

Terça-feira, 25, o Ecomuseu da Amazônia sedia uma reunião entre os Pontos de Memória, Museus Comunitários e iniciativas de museologia social e a Presidenta do IBRAM, Fernanda Castro. A atividade conta com a articulação local do Fórum de Museus de Base Comunitária e Práticas Socioculturais da Amazônia e do Ecomuseu da Amazônia, vinculado à Funbosque, e o apoio do Museu Paraense Emílio Goeldi. As Políticas  de Museologia Social que envolvem o fortalecimento comunitário são essenciais para a gestão do patrimônio amazônico e constituem uma das pautas deste evento.

Terça-feira, às 18 horas, no Palacete Faciola, será realizada uma Plenária do Campo Museal Paraense com o IBRAM. A atividade contará com a participação de entidades vinculadas ao setor, profissionais, estudantes, pesquisadoras(es) e sociedade em geral. Em pauta, a retomada das políticas públicas museais e a escuta dos agentes locais acerca de suas demandas e desafios. A ação conta com o apoio do Sistema Integrado de Museus e Memoriais do Pará, vinculado à SECULT PA, da Rede de Educadores em Museus do Pará (REM/PA), do Fórum de Museus de Base Comunitária e Práticas Socioculturais da Amazônia, do COFEM e do COREM 1R.

Quinta-feira, 27, já em Cachoeira do Arari, às 9 horas, o COFEM e o COREM 1R outorgam a Medalha do Mérito Museológico (in memoriam) ao Pe. Giovanni Gallo, em cerimônia ocorrerá na Câmara Municipal. A Medalha reconhece e valoriza profissionais que deram significativas contribuições aos museus e à Museologia no Brasil. A cerimônia contará com a presença da presidenta Fernanda Castro; do Diretor do Sistema Integrado de Museus e Memorias da Secretaria de Cultura do Pará, Armando Sobral, além de pessoas da comunidade e representantes da Associação O Museu do Marajó.

Sexta-feira, 28, às 14:30 horas, os conselhos federal e regional realizam uma Plenária com museólogas(os) e estudantes de Museologia, na Universidade Federal do Pará. Na oportunidade, serão apresentadas as ações das instituições em prol da valorização profissional e dos desafios da atuação das instâncias no contexto paraense. Será também um espaço de escuta e de debate sobre as demandas locais com relação ao campo profissional da Museologia e conta com o apoio do Curso de Museologia da UFPA.

Holofote Virtual (edição). Texto: Saulo Moreno ( Coremr1), Lúcia Santana, Gilma D'Aquino e Graça Santana ( Fórum de Museus de Base Comunitária da Amazônia) 

23.4.23

NAEA lança livro com artigos e estudos fundiários

O Núcleo de Altos Estudos Amazônicos (UFPA) e a Comissão de Regularização Fundiária da instituição federal de ensino lançam nesta segunda, 24/04, às 16h, no Auditório do Armando Mendes, o livro Organização Fundiária Urbana na Amazônia Legal: Programa Morar, conviver e preservar. 

20 especialistas, que compuseram a primeira turma do curso de Pós-Graduação em Tecnologias Aplicadas à Regularização Fundiária, Prevenção de Conflitos Socioambientais e Melhorias Habitacionais e Sanitárias do Programa Rede Amazônia, serão certificados. A obra e o Programa tiveram o suporte institucional do Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR), hoje Ministério das Cidades.

Participam do lançamento e da certificação Nelson Souza Júnior, Pró-Reitor de Extensão; Mirleide Chaar Bahia, Diretora-Adjunta do Naea; Myriam Cardoso, Coordenadora do Programa Rede Amazônia; Fábio Carlos da Silva, Coordenador do Programa de Pós-Graduação Lato Sensu do Naea (PPLS); Marlene Alvino, Presidente da CRF-UFPA, e oradora da turma será Andreza Filizzola, que representará, também, os docentes do curso.

Para Myrian Cardoso, coordenadora do Projeto Rede Amazônia e professora do Laboratório de Engenharia Sanitária e Ambiental da Universidade Federal do Pará (LAESA/PA), o livro reúne 20 artigos, estudos, reflexões e planos de ações elaborados pelos especialistas residentes nos nove estados amazônicos. Os estudos abordam 17 áreas selecionadas em diferentes escalas de ocupação humana, tais como, vila, cidade, bairro, quadra e lote em 17 municípios pilotos dos nove estados amazônicos. 

Os resultados alcançados pelos especialistas demostram a importância da cooperação interinstitucional e transescalar, tendo 11 universidades amazônicas e 17 prefeituras como corpo articulador e coordenador dessa estrutura, além de atribuir um caráter de continuidade, para além do tempo institucional descontínuo que as administrações públicas apresentam nos períodos eleitorais, reflete Myrian. 

Os especialistas, segundo ela, analisaram tipologias de cidades ribeirinhas, turísticas, margens de rodovias e de grandes projetos e de mineração, formando uma rede de ensino superior e de gestão pública dedicada ao fomento e à difusão de expertises em políticas públicas gratuitas de inovação, assistência técnica e tecnológica, aplicadas à regularização urbana, articulada com medidas de prevenção de conflitos e melhorias de natureza socioambiental, habitacional e sanitária na Amazônia brasileira.

Para Durbens Nascimento, professor e coordenador da Pós-graduação, a realização dos estudos  envolveram os ambientes de gestão, ensino, pesquisa e extensão de forma multi e interdisciplinar com apoio dos professores integrantes dos nove Grupos de Trabalhos Estaduais (GTEs), ligados às 11 universidades públicas da Amazônia Legal, e dos  nove Grupos de Trabalhos dos Municípios Pilotos (GTMs) nas diversas oficinas e seminários realizados de forma presencial e, durante a pandemia da Covid-19, por videoconferência. 

Segundo ele, foi deste intercâmbio de conhecimentos estruturantes que nasceu esta obra composta por servidores das instituições públicas, movimentos sociais, bolsista do Programa Rede Amazônia, além de técnicos sem vinculação institucional em condição de vulnerabilidade social. 

“Eles têm agora como desafio trabalhar as tecnologias aplicadas à regularização fundiária, prevenção de conflitos  socioambientais e melhorias habitacionais e sanitárias  do Programa para construir políticas públicas eficientes e efetivas para garantir o direito à cidade em  suas regiões”, detalha Durbens.

Os especialistas são graduados em diferentes áreas do conhecimento, como: administração, ambiental, engenharia, geografia, geoprocessamento, jurídica, social, urbanística, tecnologia em gestão, turismo, pedagogia, antropologia e ciências sociais. “Eles formam uma rede de profissionais capacitados para atuar de forma multidisciplinar e transversal nas três esferas da federação brasileira, nos movimentos sociais, no setor privado e nas organizações não governamentais no Brasil”, assevera o coordenador. O show musical realizado pelo Coletivo MultiverCidades encerra a atividade.

(Texto: Kid Reis – Ascom - CRF - UFPA / Criação da capa: Ione Sena

20.4.23

Mês dos Povos Originários no Museu Emílio Goeldi

Foto/Divulgação - Museu Emilio Goeldi
A programação plural inclui curso de língua Karibe, Trilha Tupi, exposições, venda de produtos e pintura corporal, lançamento de livro, conversas com artistas e pesquisadores indígenas e muito mais. Os eventos iniciaram ontem (19) e seguem até 6 de maio, no Parque Zoobotânico do Museu Goeldi. Para algumas atividades, é necessário agendamento prévio e pagamento de inscrição.

Rodas de conversa, oficinas, trilha, lançamento de livro, venda de produtos, pintura corporal e muito mais. As atividades acontecem no Parque Zoobotânico do Museu Goeldi, que funciona de quarta a domingo, sempre das 9h às 14h. A programação foi preparada por educadores e pesquisadores de diversas áreas, indígenas e não-indígenas, reunindo parte da riqueza cultural presente no Museu Goeldi por conta de sua centenária atuação junto a povos indígenas da Amazônia, em diferentes áreas do conhecimento.

É uma oportunidade única para quem quer conhecer artistas, pesquisadores e lideranças indígenas e aprender um pouco mais sobre como os conhecimentos e experiências indígenas são importantes para a Amazônia. A coleção etnográfica do Museu Goeldi, por exemplo, guarda diversos objetos de mais de 120 povos indígenas. Mas, as últimas décadas trouxeram mudanças na forma de pensar e organizar a coleção. 

De acordo com as pesquisadoras do Museu Goeldi, Suzana Primo dos Santos e Claudia Lopez Garcés, ao longo do século XX predominou no MPEG uma visão que valorizava os objetos indígenas de modo distante das populações que os produziram. 

Foto/Divulgação - Museu Emilio Goeldi

Já nas últimas décadas, o Museu Goeldi passou a contar com coleções organizadas pelos próprios indígenas e com oficinas e projetos para curadoria compartilhada e produção de objetos, especialmente junto a povos como os Mebêngôkre-Kayapó, que possuem uma longa história com o Museu Goeldi.

Escolas - Como parte da programação do Mês dos Povos Indígenas, a Biblioteca de Ciências Clara Maria Galvão, no Parque Zoobotânico, preparou uma programação especial voltada ao público escolar e realizada apenas por agendamento junto ao Núcleo de Visitas Orientadas do Museu Goeldi (NUVOP). Mais informações podem ser solicitadas pelo e-mail: nuvop@museu-goeldi.br.

No dia 27 de abril, também na Biblioteca, haverá a contação de histórias “A história do Livro”, juntando à programação do mês dos povos indígenas também a celebração pelo Dia Internacional do Livro Infantil (02 de abril), Dia Nacional do Livro Infantil (18 de abril), e o Dia Internacional do Livro (23 de abril). Outra atividade exclusiva para escolares é a trilha “A Gente Fala Tupi?", destinada a escolas do Ensino Fundamental e também agendada pelo NUVOP, que acontecerá nos dias 19, 20 e 27 de abril, também no Parque Zoobotânico.

Línguas Indígenas - Nos dias 22 e 29 de abril e 06 de maio, quem tiver interesse em conhecer parte da riqueza das línguas indígenas terá essa chance no Curso de Língua Originária, ministrada por Israel Antxefotu, discente da UFPA, no auditório do Centro de Exposições Eduardo Galvão. Parque Zoobotânico do Museu Goeldi. Serão três sábados de atividades sobre a língua Karibe, com carga horária de 9 horas e certificado emitido pelo Museu Goeldi, em parceria com a Associação dos Servidores do Museu Goeldi (ASCON). A inscrição custa R$ 50,00 e pode ser feita por formulário eletrônico clicando aqui.

Lançamento - No dia 25 de abril, às 15h, no canal do Museu Goeldi no YouTube, haverá o lançamento do livro "A Expedição do Guaporé (1933-1935): Cadernos de Campo, Publicações e Acervo", com os registros da viagem científica realizada por Emil-Heinrich Snethlage pelo alto rio Madeira e vale do rio Guaporé. 

A obra organizada por Gleice Mere, Rotger M. Snethlage e Alhard-Mauritz Snethlage, publicada pelo Museu Goeldi, ganhou menção honrosa nas categorias Tradução (feita por Gleice Mere) e Projeto Gráfico (projeto de Jamil Ghan) na 8ª edição do Prêmio ABEU (Associação Brasileira das Editoras Universitárias). As sagas da expedição de Emil-Heinrich (que gerou farto e importate material), do resgate e publicação do livro é um enredo de filme que vale a pena conhecer.

Exposição - Já no dia 26 de abril, haverá uma roda de conversa com a cientista social e técnica da Coleção Etnográfica do Museu Goeldi, Susana Primo, sobre a curadoria de objetos indígenas da região do Oiapoque, no Amapá, que fazem parte da Exposição Diversidades Amazônicas. Suzana é do povo Karipuna, habitante dessa região do Amapá.

Também nesse dia, será lançada a animação “Contos Mirabolantes: o Olho do Mapinguari”, dirigido e roteirizado por Andrei Miralha e Petrônio Medeiros, com exibição na Biblioteca de Ciências Clara Maria Galvão, voltada exclusivamente para o público da Escola Olga Benário.

Feira e oficinas – Venda de produtos e pintura corporal de 26 a 30 de abril, sempre de 9h às 14h. No dia 28, das 9h às 12h, haverá exposição de artesanato e pintura indígena, e atividade de vivência ancestral, com monitoria de Mario Maracaipe (Sociólogo – Seduc / Renovo/ Fns-B) e Israel Antxefotu (Universitário de Arquitetura - UFPA).

Já no dia 29 de abril, o público poderá escolher entre duas oficinas, com certificados emitidos pelo Museu Goeldi mediante pagamento no valor de R$10 aos professores. Uma oficina de dança, ministrada por Denílson Wai Wai, Bismarque Wai Wai, Lidiane Wai Wai, e uma oficina de artesanato, ministrada por Sandra Tekerya, discente do curso de Letras da UFPA.

Dia de Ciência - E no dia 30 de abril, o Domingo é Dia de Ciência encerra a programação do Mês dos Povos Indígenas no Museu Goeldi, com diversas tendas onde os visitantes poderão conversar diretamente com pesquisadores e acessar diversos materiais científicos do Museu Goeldi, e conhecer o artesanato ou fazer pinturas corporais indígenas. Será uma manhã de aprendizado e diversão para toda a família.

SAIBA MAIS

20 e 27 de abril

TRILHA - A GENTE FALA TUPI?

Público: Exclusivo para Escolas agendadas pelo NUVOP

22 e 29 de abril e 06 de maio, sempre aos sábados

Curso de língua originária

Tronco linguístico: Karibe

Carga horária: 9h

Horário: 09 as 12h

Valor da inscrição: R$ 50,00

Promoção: ASCON Museu Goeldi

Certificado emitido pelo Museu Paraense Emilio Goeldi

Acesse o formulário eletrônico de inscrição clicando aqui.

25 de abril

Lançamento do Livro "A Expedição do Guaporé, 15h, no canal do Museu Goeldi no YouTube, com a participação dos organizadores Gleice Mere, Rotger M. Snethlage e Alhard-Mauritz Snethlage e mediação do linguista Hein van der Voort.

26 de abril

Roda de conversa com Susana Primo sobre a curadoria da vitrine do Oiapoque e visita guiada na exposição Diversidades Amazônicas

26 de abril

Lançamento da animação - Contos Mirabolantes: o Olho do Mapinguari,10h

Local: Biblioteca de Ciências Clara Maria Galvão - Parque Zoobotânico - MPEG

Público-alvo: Estudantes agendados da Escola Olga Benário

Segundo a lenda, Mapinguaris são índios que, ao atingirem idade avançada, se encantam e passam a viver no interior da floresta, a protegendo. Seja como for, Maria Estrela criou uma aventura sobre ele e vai te contar tudo no curta Contos Mirabolantes, o Olho do Mapinguari. O curta foi dirigido e roteirizado por Andrei Miralha e Petronio Medeiros.

Instagram: https://www.instagram.com/p/CqvjkwCu48p/

26 a 30 de abril

Venda de produtos e pintura corporal, 9h às 14h

27 de abril

Contação de história:  A história do livro, 9h às 14h

Local: Biblioteca de Ciências Clara Maria Galvão

Exclusivamente para os alunos agendados da EMEF Ernestina Rodrigues.

28 de abril

Exposição de artesanato e pintura indígena, de 9h às 12h

Atividades: vivência ancestral, exposição de artesanato e pintura indígena.

Monitores: Mario Maracaipe (Sociólogo – Seduc / Renovo/ Fns-B), Israel

Antxefotu (Universitário de Arquitetura- UFPA).

29 de abril

Oficina de dança, de 9h às 12h

Carga horária: 3h

Monitores: Denílson Wai Wai, Bismarque Wai Wai, Lidiane Wai Wai

Valor: R$ 10,00

Oficina de artesanato, de 9h às 12h

Carga horária: 3h

Monitores: Sandra Tekerya (Universitária de Letras da UFPA)

Valor da inscrição: R$ 10,00

(Holofote Virtual, com informações da Agencia de Notícias do MPEG)

Discosaoleo está de volta e comemora Dia do Disco

Pnk Sabbth / Foto: Tereza Maciel
Data celebrada internacionalmente pelo mercado fonográfico e colecionadores de vinil ganha programação na loja no próximo sábado, dia 22, homenageando o Glam Rock.

Em 2007, foi criado nos Estados Unidos o Record Store Day, para celebrar a cultura das lojas de discos independentes. A primeira edição foi em 2008 e, desde então, a data é comemorada ao redor do mundo, no terceiro sábado de abril. Em Belém, a ideia de realizar uma programação especial na mesma linha foi trazida pelo selo e loja Discosaoleo, em 2019. A intenção era fazer o evento anualmente, porém, com a pandemia, o plano foi interrompido. Agora, a loja retoma a programação com exposição, bate-papo, discotecagem e concerto no sábado, 22.

Segundo Leo Bitar, pesquisador, audiófilo e idealizador da Discosaoleo, é “uma forma de comemorar o vinil e apoiar quem mantém lojas que movimentam essa cultura analógica”. Ele complementa que “isso não acontece no Brasil, e os amantes do elepê ficam sem essa comemoração. Daí a vontade de ter um cantinho na cidade onde colecionadores e consumidores do disco pudessem curtir um passeio na loja, no mesmo dia do encontro no exterior”.

Na Discosaoleo, a programação é temática. Em 2019, foi voltada para a Tropicália e, nesta edição, homenageia o Glam Rock. A loja vai abrir às 10h, com exposição de capas do gênero, de artistas como Roxy Music, T. Rex e Secos e Molhados, e também de pôsteres e jornais originais de época, do acervo pessoal de Leo Bitar. O tema deste ano foi inspirado pelos 50 anos do álbum Aladdin Sane, de David Bowie, que será o assunto do Risco no Disco, um bate-papo com audição em vinil comentada, às 11h30.

À tarde, às 15h, haverá discotecagem com Alex Pinheiro e John Noir, da produtora DançA NO EscurO, tocando seleções de Glam Rock, Punk e Dark. Em seguida, às 16h30, uma apresentação de Pnk Sabbth fecha o dia.

Surpresas e concerto

Leo Bitar / Foto: Marlon Florindo
Nos últimos nove anos, o selo Discosaoleo lançou trabalhos em vinil de Ana Clara, The Thump!, Molho Negro, Pio Lobato e Dulce Quental, e em fita cassete de Pratagy e Meio Amargo. Estes títulos estarão com preços especiais no Dia do Disco. Além disso, o público terá algumas surpresas ao longo do sábado, com descontos em todo o catálogo da loja e sorteios.

O encerramento da programação será com um concerto de Pnk Sabbth, cantora, compositora, produtora musical e artista visual nascida em Belém. Em atividade desde 2015, Pnk é uma pessoa a-gênero e se vale da extravagância e da liberdade estética como marcas artísticas. Na apresentação, vai mostrar parte do repertório dos trabalhos The Night Glow, The Bay e Índigo.

Toda a programação é aberta ao público e, durante as discotecagens e o concerto, há ingressos sugeridos de R$ 15,00, destinados integralmente aos DJ’s e músicos.

Serviço: Dia do Disco, na Discosaoleo, sábado (22 de abril), a partir das 10h. Programação aberta ao público, com ingressos de R$ 15,00 sugeridos no turno da tarde para as discotecagens e apresentação musical. Mais informações nas redes do selo: @discosaoleo (Instagram e Facebook).

22/04 – Dia do Disco

A partir das 10h – Exposição de capas e materiais de época com o tema Glam Rock

11h30 – Risco no Disco com audição e comentários sobre o álbum Aladdin Sane, de David Bowie

15h – Discotecagem com Alex Pinheiro e John Noir (DançA NO EscurO)

16h30 – Apresentação de Pnk Sabbth

(Holofote Virtual, com informações da assessoria de imprensa)

19.4.23

Versão da tragédia Antígona surge na Amazônia

Kay Sara, interpreta Antígona
Fotos: Divulgação
A última cena de Antígona na Amazônia foi encenada nesta segunda-feira, 17, onde houve, há 27 anos, o massacre de 21 trabalhadores rurais, hoje, uma ocupação agrária. A nova  versão da tragédia de Sófocles surge de uma parceria entre o premiado diretor suíço, Milo Rau e o movimento sem-terra MST e estreia internacionalmente no próximo dia 13 de maio, no Teatro NTGent, na Bélgica.

“Muitas coisas são monstruosas, mas nada é mais monstruoso do que o homem”, diz a peça mais famosa e adaptada na literatura de tragédia, Antígona. A peça centra-se no conflito entre Antígona e Creonte, entre a sociedade tradicional e o moderno estado capitalista. Por "razões de Estado", Creonte não quer permitir o enterro do irmão de Antígona e viola a lei dos deuses - mergulhando sua família e toda a cidade em desastre. 

Assim, no século V a.C., Antígona surge, talvez como a crítica mais radical do que mais tarde seria chamada de "civilização ocidental" e conquistaria o mundo inteiro: uma canção sombria sobre os limites do esclarecimento e os perigos de explorar a natureza.

Se no tempo de Sófocles o apocalipse cantado em Antígona era uma noção sinistra, na era do Antropoceno tornou-se um fato. Portanto, em abril de 2023, Milo Rau e sua equipe reformularam Antígona como um "fim de jogo" global no Pará, o estado mais setentrional do Brasil, à beira da Amazônia. 

Uma das principais cenas da peça, uma reencenação do Massacre de Eldorados do Carajás, foi apresentada, nesta segunda-feira, no próprio local e data onde o massacre foi realizado, na curva do S, com cerca de 300 militantes do MST. A montagem da obra também conta com cenas gravadas em vídeo em assentamentos do MST, em aldeias indígenas, reservas florestais.

Para a encenação de Antígona para o século 21, o diretor e sua equipe vieram ao Brasil, a convite de e em colaboração com o MST (Movimento dos Trabalhadores Sem Terra), o maior movimento sem-terra do mundo. Atores europeus e locais, amadores e profissionais se encontram em Antígona na Amazônia. Hêmon, Creonte, Ismênia e Eurídice são interpretados alternadamente pelos dois belgas Arne De Tremerie, Sara De Bosschere e o brasileiro Frederico Araujo, membros do Elenco Global do NTGent. 

Elenco reúne indígenas e trabalhadores rurais

Pela primeira vez na história do teatro, uma atriz indígena, Kay Sara, interpreta Antígona, enquanto o coro da tragédia é formado por sobreviventes do maior massacre dos sem-terra pela polícia militar brasileira até hoje. O cego Tirésias é interpretado pela liderança indígena, ambientalista e escritor mundialmente conhecido, Ailton Krenak, e também está no elenco, a atriz paraense Célia Maracajá. 

O preparo e ensaios vêm sendo realizados desde 2019, concluindo o engajamento de Rau com os grandes mitos e questões da humanidade. Para a encenação de Antígona para o século 21, o diretor e sua equipe vieram ao Brasil, a convite de e em colaboração com o MST (Movimento dos Trabalhadores Sem Terra), o maior movimento sem-terra do mundo. 

Os diálogos de embate entre Antígona e Creonte, bem como as passagens do coral, que têm sido reinterpretadas por 2.500 anos, foram ressignificadas em oficinas junto com ativistas do MST e atores do Brasil e da Europa. É um choque da ordem mundial liberal com a cosmologia holística dos povos indígenas do Brasil, que na era do colapso climático iminente estão cultivando uma abordagem da natureza voltada para o futuro. 

A peça é educativa e versa sobre a devastação violenta e o deslocamento causado pelo Estado moderno, que coloca a propriedade privada - e, portanto, o comércio e a especulação globais - acima do direito tradicional à terra. As filmagens públicas e a estreia mundial de Antígona na Amazônia serão seguidas, como uma instalação de vídeo teatral, por uma turnê pela Europa realizada em conjunto com o Movimento dos Sem Terra. 

O diretor brasileiro Fernando Nogari, conhecido por seus videoclipes para a cantora Selena Gomez, conclui um filme de bastidores sobre Antígona na Amazônia, documentando o contexto político, o processo de ensaio e produção e, em geral, a situação política naquele que é provavelmente o ponto decisivo do nosso tempo. Paralelamente ao projeto teatral, está sendo desenvolvida uma campanha política que defende a produção agrícola sustentável na região amazônica. 

Projeto começou de forma casual em 2019

Depois de Orestes em Mosul, na antiga capital do Estado Islâmico, e o filme cristão O Novo Evangelho, nos campos de refugiados do sul da Itália, Milo Rau Antígona na Amazônia, fechando sua Trilogia de Mitos Antigos. O diretor estava em turnê pelo Brasil e acabou se encontrando com representantes do MST, em 2019. 

“Mostrei-lhes trechos do filme que acabara de filmar, O Novo Evangelho, ao que eles me mostraram um livro que usam em suas escolas, Ocupando a Bíblia. Eles imediatamente entenderam o que era O Novo Evangelho: a reapropriação de um mito, o mito revolucionário de Jesus, pelos excluídos, os marginalizados de hoje. Agora estamos fazendo exatamente o mesmo com Antígona: não estamos apenas criticando e adaptando Sófocles, estamos ocupando a peça, por assim dizer, assim como o movimento dos sem-terra ocupa a terra. Com os atores, as histórias e a sabedoria da Amazônia.”

A proposta de fazer Antígona partiu do movimento e toda a sua construção dialoga com princípios e questões que são fundamentais para história desses trabalhadores. “Quando começamos o projeto, Bolsonaro ainda estava no poder. Douglas Estebam, um dos nossos dois dramaturgos brasileiros, trabalhou com Augusto Boal, o inventor do Teatro do Oprimido. Portanto, somos muito próximos em termos de nossa concepção geral de teatro, trabalhando com amadores, misturando encenação e ativismo, e assim por diante”, diz o diretor.

Ele também ressalta que “a apropriação dos mitos também é muito central para o MST: a Bíblia, a linhagem dos quilombos, o movimento operário e a história recente do Brasil, especialmente, é claro, os massacres do poder do Estado, todos desempenham um papel em nossa interpretação de Antígona”. 

Há ainda a questão de gênero e diversidade abordadas e muito presente em Antígona, que é absolutamente central para o MST. O uso e o treinamento de coros também fazem parte das escolas e da formação política do MST. 

“A ideia de formar um coro de sobreviventes do massacre de 1996, mas também trazer ativistas dos quilombos e povos indígenas, negociando questões de gênero em pé de igualdade com as questões de terra, tudo isso é completamente lógico para o MST”, prossegue o diretor. 

“Antígona é completamente reescrita nessa apropriação: rituais amazônicos tomam o lugar dos rituais da Grécia Antiga, os coros cantam algo diferente, a música foi recomposta. E a primeira vez que li, me disseram: Por que todos se matam no final? A luta continua, não é? Então reescrevemos o final”, completa.

Agenda de estreias

13 de maio - Estreia mundial de Antígona na Amazônia em Gante (Bélgica), no NTGent

19 a 21 de maio - Amsterdã (Países Baixos), no ITA 

25 a 27 de maio - Viena (Áustria), no Festival de Viena (Wiener Festwochen)

01 a 04 de junho - Frankfurt (Alemanha), no Künstlerhaus Mousonturm

13 e 14 de junho - Douai/Arras (França), Tandem Scène Nationale

17 de junho - Roterdã (Países Baixos), no Schouwburg

16 a 24 de julho - Festival d’Avignon, Avignon (FR)

Ainda este ano, Antígona na Amazônia também poderá ser vista em Basiléia (Suíça), Roma (Itália), Bydgoszcz (Polônia), Lyon (França), Lisboa (Portugal), Porto (Portugal), Madri (SPA), Châteauroux (França), Paris (França), Bruges (Bélgica), Turnhout (Bélgica) e Antuérpia (Bélgica).

Ficha técnica

CONCEITO e DIREÇÃO Milo Rau

TEXTO Milo Rau & elenco

EM COLABORAÇÃO COM Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST)

ELENCO

Frederico Araujo

Sara De Bosschere

Kay Sara

Arne De Tremerie

NO VÍDEO

Gracinha Donato

Célia Marácajá

Coro dos Militantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra – MST

Como Tirésias, Ailton Krenak

MÚSICO Pablo Casella Dos Santos 

DRAMATURGIA Giacomo Bisordi, Martha Kiss Perrone, Douglas Estevam da Silva

ASSISTENTES DE DRAMATURGIA Kaatje De Geest, Carmen Hornbostel

COLABORAÇÃO NA CONCEPÇÃO, PESQUISA E DRAMATURGIA Eva-Maria Bertschy

COMPOSIÇÃO MUSICAL Elia Rediger e Pablo Casella Dos Santos

CENOGRAFIA Anton Lukas

FIGURINO Gabriela Cherubini, An De Mol, Jo De Visscher, Anton Lukas

ILUMINAÇÃO Dennis Diels

DESIGN DE VÍDEO Moritz von Dungern

MAKING OF E VIDEOCLIPE Fernando Nogari

EDIÇÃO DE VÍDEO Joris Vertenten

ASSISTENTE DE DIREÇÃO Katelijne Laevens

ESTAGIÁRIO (assistente de direção) Chara Kasaraki, Lotte Mellaert

GESTÃO DE PRODUÇÃO (Europa) Klaas Lievens

GESTÃO DE PRODUÇÃO (Brasil) Gabriela Gonçalves

ASSISTENTE DE PRODUÇÃO Jack dos Santos

GESTÃO TÉCNICA DE PRODUÇÃO Oliver Houttekiet

DIRETOR DE PALCO Marijn Vlaeminck

COM UM ESPECIAL AGRADECIMENTO A Carolina Bufolin

PRODUÇÃO NTGent, Instituto Internacional de Assassinato Político (International Institute of 

Political Murder - IIPM)

COPRODUÇÃO Festival D’Avignon, Festival Romaeuropa, Festival Internacional de Manchester, La Vilette Paris, Tandem Arras Douai, Künstlerhaus Mousonturm Frankfurt, Equinoxe Scène Nationale Châteauroux, Festival de Vien 

COM O APOIO DE Instituto Goethe São Paulo, programa COINCIDÊNCIA - Intercâmbios Culturais entre Suíça e América do Sul - PRO HELVETIA, The Belgian Tax Shelter (Programa de Incentivo Fiscal ao Audiovisual da Bélgica)

15.4.23

Um museu virtual sobre obra de Sebastião Tapajós

O Instituto Sebastião Tapajós (IST) entrega hoje o museu virtual criado para abrigar parte do acervo que vem sendo pesquisado, tratado e organizado, registrado e digitalizado em Santarém-Pa, onde viveu o músico até outubro de 2021. Neste sábado (15), qualquer pessoa poderá visitar a exposição no site.

A ação antecede o domingo, 16 de abril, quando o músico faria 81. Nesta data também completam seis anos do IST, criado para cuidar, difundir, salvaguardar esta obra, além de trabalhar diversos projetos que incentivam a arte com a qual o violonista tanto nos encantou, a música. 

Frederico Teixeira assina a construção do ambiente virtual, que abriga o acervo. “Teremos uma exposição de longa duração, com highlights do acervo, imagens que foram digitalizadas e são raras e acho que será a primeira vez que o grande público vai ter acesso”, diz Fred, que embora já conhecesse Sebastião Tapajós, acabou realmente mergulhando na obra dele por causa desse projeto. 

“A partir desse contato com a obra e neste universo mais ligado a Santarém, fiz um mergulho muito incrível nesse rio que é Tapajós. Fiz um trabalho de consultoria, auxiliei no processo de digitalização de tudo isso. Estar dentro desse projeto e acompanhar esses desafios mais ligados a virtualidade foi um prazer pra mim, além de desenvolver a identidade visual do IST, nesta nova fase, com o museu, o instituto e também o festival de violão”, conclui ele que também é responsável pela realização do museu virtual Itamar Assumpção.

O acervo de Sebastião Tapajós está dividido por categorias. Há a parte musical com partituras, discografia, capas de LPs, cartazes, mas também há cartas, livros e muitos documentos. De acordo com Antonio Neto, especialista em conservação e restauro em acervos de suporte em papel, a parte documental foi encontrada em bom estado, mas estava muito desorganizada. 

“Quando fui fazer o projeto de conservação encontramos  tudo muito desorganizado e para realizar o trabalho de conservação e acondicionamento desses documentos todos, é necessário minimamente organizar. Então essa foi a parte mais demorada, porque de forma geral, tudo estava em um bom estado, fizemos pequenos reparos”, diz Antonio Neto.

O especialista conta ainda que o acervo traz muito material de divulgação sobre shows, turnês, press release, folder, cartaz, parte de hemeroteca, com recortes de jornais e revistas, além de documentos que falam sobre a historia da carreira dele, como autorizações de direitos autorais, além dos discos, tanto os gravados no Brasil, quanto na Alemanha. "Ele viajava muito pra lá, onde tinha empresário. Há discos com dedicatórias de outros artistas também. Ele fazia muito esse intercâmbio com outros músicos”, continua Neto.

O acervo conta de maneira impecável a trajetória do músico. “Tem pouca coisa pessoal, é essencialmente um acervo que conta uma história profissional, anos 1960, com os Mocorongos, ainda em Belém. E tem material da época em que ele foi se aprimorar tecnicamente na Europa. É uma trajetória muito bem sucedida e que chegou também ao Japão, Espanha, além da Alemanha. Percebe-se que foi um artista mais valorizado fora de seu país. Embora ele tenha feito inúmeros shows e turnê, os discos dele eram mais vendidos no exterior”, conclui. 

A museóloga Sandra Rosa, mestre em Ciência da Informação, foi responsável pelo diagnóstico das condições do acervo após a enchente na casa do músico. No final de julho de 2022, ela já estudava o acervo e fez, na ocasião, um levantamento da tipologia e outras demandas. Somente em outubro deu inicio ao processo de musealização do acervo.

“Essa metodologia consiste no processo de aquisição, conservação, pesquisa, documentação e comunicação. O acervo nesse período já estava no Instituto Sebastião Tapajós para processo de conservação e restauro e posteriormente digitalização. E então pude elaborar a proposta de documentação em plataforma digital, que consistiu na elaboração do plano de classificação do acervo pelo thesssauro museológico, elaboração da ficha catalográfica e metodologia de preenchimento”, conta Sandra.

O processo de digitalização foi realizado junto com os bolsistas, que passaram por treinamentos e oficinas. Foi possível então fazer o plano de classificação e nomeação dos itens por códigos conforme a tipologia do acervo. Foi somente em janeiro deste ano que iniciou o processo de documentação e pesquisa dos documentos e objetos para construção do acervo digital.

“Essa atividade foi desenvolvida com os bolsistas e a museóloga, durante o mês de janeiro e fevereiro, quando estive no Instituto para organização do espaço,  sendo reserva técnica, laboratório de pesquisa, sala de exposição em construção e administração. Em março, minha atividade se desdobrou entre a documentação e a comunicação, sendo a exposição virtual e acervo digital junto com os bolsistas, coordenador do projeto e profissional do desenvolvimento da plataforma do museu virtual”, finaliza a museóloga, que segue no projeto para finalizar a demanda de documentação no ambiente digital, junto aos bolsistas.

IST surge com a 10 discos chegam da Alemanha 

A ideia de trabalhar e organizar a obra de Sebastião Tapajós existe desde 2017, quando também foi fundado o Instituto que leva seu nome. Amigos e familiares estavam reunidos na casa do violonista quando a entrega de uma caixa vinda da Alemanha, enviada pelo empresário do músico na Europa, Klaus Schneider, mudou o rumo da conversa. 

“Era uma caixa com 10 LPs, e entre eles, grandes clássicos da música do Sebastião Tapajós, como Guitarra Crioula, Guitarra Latina e Terra, entre outros. E foi naquele momento que entendemos que a obra dele precisava ser cuidada de forma que não só fosse dado acesso a pesquisadores, como também fosse um incentivo para que novos talentos conhecessem sua obra. E foi assim que no dia 16 de abril de 2017, fundamos o Instituto Sebastião Tapajós”, lembra Jackson Rêgo Matos, um dos diretores e sócio fundador do IST.

Dois anos se passaram desde aquele dia até que ano passado, um incidente natural acabou acelerando o processo de organização do acervo, que estava na sala da casa, situado na parte dos fundos, de cara para o rio que inspirou o músico durante sua vida, e com a enxurrada, ela quase inundou. Por sorte não houve danos irreparáveis. De acordo com a presidente do IST, Cristina Caetano, todo o acervo foi verificado e recebeu tratamento sob todos os critérios museológicos. 

“Além da lama que se aproximava, formou-se uma cratera no quintal. Houve problemas de ordem estrutural também por conta de outra obra realizada ao lado da casa dele. Foi tudo desesperador, houve risco de desabamento. Foi aí que retomamos o contato com o atual prefeito de Belém, Edmilson Rodrigues, que quando estava deputado federal nos direcionou uma emenda que foi finalmente executada em 2022, após este incidente. Ele foi visionário, porque é difícil que as pessoas tenham essa sensibilidade para entender o valor de uma obra como essa”, diz Cristina Caetano, que finaliza sua segunda gestão a frente do IST.

Edmilson Rodrigues é um entusiasta e admirador da obra do músico. Para ele, Sebastião Tapajós é um "gênio brasileiro e um dos mais importantes músicos do universo. São poucos que extrapolam na espécie de normalidade criativa. E é emocionante perceber que ele conseguiu conciliar um talento de grande força criativa, uma formação técnica do mais alto nível com base teórica rigorosa, um estilo de singularidade extrema, e portanto, uma carreira classificável de nível clássico e formação erudita. Mas, ao mesmo tempo, desenvolveu uma produção de caráter popular como pouquíssimos músicos em toda a história da humanidade. Então, o Instituto Sebastião Tapajós faz justiça com a obra desse nosso imortal e efetivamente eterniza a obra dando para sempre a qualquer cidadão do mundo a possibilidade de conhecer a obra mais portentosa de um músico brasileiro", comentou o atual prefeito de Belém. 

Processo de atualização do site será contínuo

A maioria das coisas da exposição que inaugura o Museu Virtual Sebastião Tapajós  vieram do acervo pessoal da Dona Tanya Macião, que foi esposa de Sebastião e é a guardiã desse legado. Durante o processo do levantamento dos materiais foram encontradas muitas coisas que nem ela mesma lembrava que tinha, como uma caixa cheia de recomendações, malas antigas carregadas de memória.

“Eu convivi com um gênio, mas que era uma pessoa simples, humilde e amorosa. E é isso que se reflete neste acervo, onde destacamos esta genialidade de compositor, simples e grandioso como o rio tapajós que ele dizia ser”, comenta Dona Tanya, viúva do músico. Para ela, a disponibilização do acervo de Sebastião Tapajós na internet uma forma de dar oportunidade a todos de conhecer um pouco da vida e obra do músico.

O trabalho focado no acervo teve início em 2022. Em parceria com o programa Luz Ação na Amazônia, um projeto de extensão da UFOPA, coordenado por Jackson Rêgo Matos, quatro bolsistas da instituição foram selecionados para atuarem no trabalho com o acervo. Foram contratados profissionais da museologia e da área de conservação, além do designer para a criação do ambiente virtual da exposição. Para coordenar a pesquisa, foi convidado o historiador Dr. e professor da UFOPA, Gefferson Ramos.

“Esse museu será alimentado aos poucos, além do que já vai trazer, nesta inauguração. Este site,  a partir do incrementos que ele for recebendo,  será um instrumento de educação musical, pois além de tudo há partituras do artista que estarão disponibilizadas aos estudiosos e aos amantes da música. As pessoas também vão encontrar informações seguras e precisas sobre a obra e trajetória do músico. E não será uma coisa estática. Queremos que as pessoas entendam que o site estará sendo alimentado por outros itens que também venham a ser doados”, diz o professor Gefferson.

Ele se refere a acervos privados referentes a Sebastião Tapajós, que por ventura possam ser doados, para serem tratados e disponibilizados no site de forma pública. “Este lançamento do museu portanto, não é um ponto de chegada, mas sim de partida, um instrumento agregador sobre essa obra", conclui.

Serviço

Lançamento do Museu Virtual Sebastião Tapajós. Neste sábado, 15 de abril de 2023, a partir das 20h, no site institutosebastiaotapajos.org

13.4.23

FCP diversifica seus editais para atender demanda

Foto: David Passinho
A Fundação Cultural do Pará (FCP) abriu 2023 com R$ 30 milhões a serem investidos no setor cultural e não contou conversa, criou novos editais e segue com uma intensa agenda de lançamentos e divulgação de resultados. 

Ainda assim, a demanda é maior que a oferta. A seguir vamos falar de recursos, das novidades deste ano e saber quais editais continuam abertos. 

Em 2022, no dia 31 de outubro, logo após as eleições presidenciais e estaduais, o governador reeleito do Pará, Helder Barbalho, fez o anúncio do repasse de 30 milhões para  serem investidos na área da cultura. Deste valor, a metade é recurso oriundo de renúncia fiscal, que se refere à lei Semear, e os outros 15 milhões cabem ao novo programa, que entre outras ações, lançou este ano, até o momento, 12 editais, cujos valores variam entre 7 a 50 mil reais.  

Por maiores que sejam os esforços em democratizar o acesso e diversificar as entregas, uma luta de várias gestões na FCP, a demanda ainda segue muito maior que a oferta, basta acompanhar as publicações no Diário Oficial do Estado. São milhares de fazedores e produtores de cultura de 144 municípios, em busca do acesso a essa e outras políticas públicas. 

Nesta semana, por exemplo, foi divulgada a lista de projetos habilitados, em primeira fase de seleção, do edital de Incentivo à Arte e Cultura. 

Quase 1.700 projetos já estão no páreo e esse número pode aumentar após a fase de recursos, mas todos eles vão concorrem a 200 prêmios em todo o Estado. O atual presidente da Fundação Cultural do Pará, Thiago Miranda, disse em entrevista ao Holofote Virtual, que outros investimentos ainda virão esse ano. 

“Diversos editais já foram lançados, com critérios que buscam minimizar distorções como a concentração de investimentos para a área metropolitana e a ausência de políticas para as minorias. Outros produtos do programa ainda serão lançados, gerando mais oportunidades para o segmento cultural”.

E complementa: “Nossa expectativa é promover a injeção de mais de 120 milhões de reais no segmento cultural para os próximos quatro anos, sendo a metade deste investimento com recursos próprios da Fundação Cultural do Pará e o restante via incentivo fiscal”, disse. 

Ele também ressalta que em paralelo, o Programa Semear recebeu uma ampliação substancial em quatro anos, saindo de 3 para 15 milhões por ano, por meio da renúncia fiscal, numa parceria com a Secretaria de Estado da Fazenda. 

"Para a FCP, os editais públicos são instrumentos estratégicos para promover uma política pública democrática e transparente para o setor cultural, garantindo capilaridade, com  o alcance as mesorregiões do Estado, e também, contemplando todas as expressões e segmentos do setor cultural”, finaliza.

Mergulho traz inovação à temporada de editais

O Prêmio "Mergulho FCP – Fomento, Difusão e Produção Audiovisual  traz ousadia e inovação à temporada e está recebendo propostas até 23 de abril. 

O público alvo pode ser de produtoras culturais, curadores, cineclubistas, educadores de escolas públicas, estudantes de cursos que tenham relação com o audiovisual. A ideia é nichar esse público no âmbito da educação, o que não é tão comum em se tratando de editais de cultura. O desafio também é atingir este público específico, um esforço de comunicação que deve ser atencioso.

“Temos trabalhado com mídia regular, mas também procuramos as universidades, faculdades, distribuímos material para várias dessas, tem um técnico especificamente trabalhando nisso e temos conseguido nos conectar às secretarias de cultura do Estado e nos municípios. Já temos inscrições vindas do interior, mas a maioria ainda são da capital, precisamos que isso chegue a mais e mais cidades, aumentando essa participação”, diz Melissa Barbery, Coordenadora de Artes Visuais da Casa das Artes.

Em entrevista ao Holofote Virtual, ela conta que foram meses de pesquisa para se chegar a este formato. O edital fomenta o audiovisual, dialoga com ações educativas e também tem como objetivo ocupar a Casa das Artes. 

“Observamos que já tínhamos outros editais no fomento do audiovisual, como o de Incentivo à Cultura e o de Pesquisa e Experimentação Artística. E já tínhamos feito um projeto anterior, a exposição inabalável, que trabalhou com estudantes. Pensamos então em reforçar o exercício do audiovisual como ferramenta de educação. Foi assim que surgiu a ideia do Mergulho e que depois de amadurecida chegou a este resultado", continua.

Cada uma dessas linhas, me diz Melissa, tem um objetivo específico. “Para mostra audiovisual queremos ocupar a Casa das Artes, com exibições e ações educativas. Na linha das ações educacionais transformadoras por meio do audiovisual, queremos entender como pessoas podem, através do audiovisual, realizar uma ação transformadora envolvendo a comunidade, pais, alunos, servidores e os próprios alunos”, explica Melissa.

Já a linha de produção, dá oportunidade a estudantes de graduação, técnicos ou tecnológicos de realizar um trabalho audiovisual com um recurso profissional. “Tem muita gente que utiliza o audiovisual para realizar pequenas produções. Queremos aumentar as possibilidade a jovens realizadores e diretores, que estão em graduação, de ter um recurso para realizar um curta metragem com qualidade e isso gere portfolio para ele seguir com seu trabalho”, finaliza.

O Mergulho oferece 15 prêmios destinados às três linhas de atuação. A Mostra de audiovisual, com 5 prêmios de R$50 mil; Ações educacionais transformadoras por meio do audiovisual, com 5 prêmios de R$ 40 mil e Produção audiovisual, com 5 prêmios no valor de R$50 mil. Espera-se que, como nos demais editais, a demanda supere a oferta. 

Outros editais seguem recebendo inscrições

Além do Mergulho, outros editais que prorrogaram ou não o período de inscrições, seguem recebendo propostas. 

O Prêmio FCP de Pesquisa e Experimentação Artística 2023 prorrogou até o dia 20 de abril, já o 1º Festival de Cinema Açaí recebe inscrições até o dia 29 de abril. O Tamba-Tajá, voltado para as artes cênicas, fica aberto até 3 de maio. O Cultura Livre, o antigo pauta livre recebe propostas até o dia 5 de maio.

O edital de Experimentação e Pesquisa Artística é o mais antigo dos editais, criado quando a Casa das Artes ainda abrigava o Instituto de Artes do Pará, e segue nos mesmos moldes de origem. Este ano, o aporte  financeiro, de 1 milhão de reais, vai premiar até 40 propostas inéditas de pesquisas, nos mais variados segmentos artístico-culturais.  As propostas contempladas receberão o valor de 25 mil reais. 40% dos prêmios são destinados aos municípios da Região de Integração do Guajará e os outros 60% aos das demais regiões, como nos demais editais.

Para o Festival açaí serão premiadas até 36 produções audiovisuais nas categorias de curta, média e longa-metragem.As premiações são em âmbito regional e nacional variando de 5 a 15 mil reais. As criações precisam ser inéditas, de qualquer gênero e formato.  As obras contempladas no edital ficarão licenciadas para exibição em mostras do Cine Líbero Luxardo ou na plataforma da Sala Virtual.

No edital Tambatajá, voltado para as artes cênicas, serão premiadas até 19 propostas, individuais ou coletivas, para a utilização do Teatro Experimental Waldemar Henrique e de outros espaços culturais localizados nas demais Regiões de Integração do Pará. A premiação total chega a 403 mil reais. 

Seguem abertas também as inscrições também ao edital N° 08/2022, referente à Cessão de Obras de Autores Paraenses para bibliotecas vinculadas ao Sistema Estadual de Bibliotecas Públicas, que seguirá até dia 13 de outubro de 2023.

O edital Cultura Livre é a nova versão do edital Pauta Livre e tem como objetivo preencher os espaços culturais no Estado com propostas de apresentações e ações em diversas linguagens artísticas. As premiações variam entre 10 e 16 mil reais. Ao todo são 205 prêmios para todo o estado. São 27 prêmio para teatro, 27 para dança, 27 para circo, 27 para artes musicais, 49 para cultura periférica e 48 para ações de transformação social.

Para o Teatro Margarida Schivasappa, por exemplo, são 05 prêmios,  um para cada linguagem, assim como para a Praça do Artista, que receberá 10 propostas. Não há prêmios direcionados ao Teatro Waldemar Henrique, que estará envolvido, no edital Tambatajá. Além dos valores diferenciados dos prêmios, entre outras novidades,  está a entrada dos espaços das Usinas da Paz, que receberão 90 propostas de ocupação, em linguagens diversas, além da flexibilidade dada ao proponente de indicar outros equipamentos e espaços culturais, sejam eles privados ou públicos, em qualquer cidade do Pará, para apresentar a sua proposta. Para este tipo de ocupação há 100 prêmios. 

Acessem os editais no site da FCP:

https://www.fcp.pa.gov.br/editais

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