30.8.23

Espetáculo revela muralhas no cotidiano das ruas

Foto: Bruno Moutinho

No centro de Belém, alguns transitam e outros vivem nas calçadas. É o que vem mostrar "Muralhas Invisíveis", espetáculo musical do Grupo de Teatro Palha que retrata o cotidiano de pessoas na rua Riachuelo, no bairro da Campina, centro histórico de Belém. A temporada conta com mais de 10 apresentações, de 1 a 10 de setembro, sempre às quintas e sextas, às 20h e, aos sábados e domingos, com duas sessões, às 18h e 20h, no Teatro Waldemar Henrique.

Contemplado com o prêmio Funarte de Estímulo ao Teatro, da Fundação Nacional de Artes vinculada ao Ministério da Cultura (MinC) do Governo Federal, o espetáculo é um musical que retrata a rotina da esquina da rua Riachuelo com a avenida Presidente Vargas, bairro da Campina, onde habitam as histórias de prostitutas, cafetões, pedintes, traficantes, guardadores e artistas. 

A vida dura do cotidiano é retratada pelo olhar do Homem da Sacada, que observa não somente a degradação, mas a poesia do cotidiano e as histórias destas pessoas. As cenas refletem o cenário habitual que muitos de nós insistimos em não ver: a dependência química, o abandono, a violência física e sexual, a falta de assistência dentre outras misérias que se escondem no submundo.

"Convivi diariamente com um naipe humano maravilhoso, formado por pessoas vivendo um dia de cada vez. Aprendi a não julgar, mas ouvir, perguntar, ajudar. Ouvi seus cantos felizes e lamentosos, seus momentos de ira e medo, amores e desventuras. As pessoas passam todos os dias e noites naquela esquina nem reparam. Mas as muralhas estão lá e querem se tornar bem visíveis" conta Edyr Augusto Proença, dramaturgo do espetáculo que escreveu o texto com base na vivência de uma vida como morador do entorno. 

Dança e música com trilha de Pelé do Manifesto

Foto: Bruno Moutinho

Com um elenco potente entre atores e bailarinos, o musical conta com coreografias de Bboy Kekeu, expoente das danças urbanas de Belém e trilha sonora original de Pelé do Manifesto, um dos grandes nomes da cena de rap local, que também se apresenta ao vivo durante o espetáculo nos dias 1, 2 e 3 de setembro. 

A música-tema da peça, "Muralhas Invisíveis" já está disponível e pode ser ouvida em todos os streamings de música. O espetáculo tem classificação de 12 anos e no dia 3 de setembro, na sessão de 20h, contará com intérprete de libras para acessibilidade às pessoas com deficiência auditiva. O teatro conta com acessibilidade para pessoas com deficiência física.

O experiente Paulo Santana é quem dirige o espetáculo e conta como o processo de construção do trabalho o tem atravessado. "Uma esquina do mundo. O mundo passa todo dia ali, mas não se presta atenção ao povo dali. Mas esse povo vê, muito bem. Eles não querem mais ser invisíveis. No espetáculo, eles contam suas vidas, alegrias e desventuras. E cobram atenção. Vidas que importam. Nunca mais o desdém, o desprezo, o abandono. Está na hora do invisível aparecer".

Muralhas Invisíveis é um chamado a olhar para além das muralhas e enxergar o que nos incomoda, mas está no nosso cotidiano: uma sociedade adoecida e que precisa ser ouvida, vista e auxiliada.

Serviço

Espetáculo Muralhas Invisíveis. De 01 a 10 de setembro – Sextas, sábados e domingos. Sextas às 20 horas, sábados e domingos às 18h e 20h. Teatro Waldemar Henrique - Praça da República, s/n. Ingressos a R$ 20 na bilheteria do teatro, com abertura uma hora antes das sessões, ou via Pix com a produção do espetáculo. Mais informações:  98941 9117 e @teatropalha

(Holofote Virtual, com informações da assessoria de imprensa)

28.8.23

Festival celebra a floresta e os povos tradicionais

Cleide do Arapemã
Foto: Divulgação/Festival
A segunda edição do Festival Amazônia de Pé, neste sábado (2),  no Território Borari, Aldeia Alter do Chão, em Santarém, vai celebrar a maior floresta tropical do mundo e a diversidade de povos e comunidades tradicionais - os guardiões que mantêm a natureza viva. Além de música, o evento também chega em clima de protesto contra o Marco Temporal.

O line-up do festival inclui a ribeirinha e mestra da cultura popular Dona Onete, além do grupo de carimbó de mulheres indígenas Suraras do Tapajós, a cantora afroamazônica Priscila Castro, a quilombola Cleide do Arapemã, o tradicional Espanta Cão e o Dj Zek Picoteiro. A entrada é gratuita e os shows serão transmitidos pelo YouTube, no canal do Amazônia de Pé. 

O Festival terá também os Boto Cor de Rosa e Tucuxi, de Alter do Chão; Lane Lima, guardiã tribal da Tribo Munduruku, do Festribal, realizado em Juruti (PA); e contará com a presença de Marciele Albuquerque - cunhã poranga do Boi Caprichoso, de Parintins, no Amazonas. E para completar, o público poderá visitar uma feira de produtos da sociobiodiversidade de organizações e coletivos da região do Tapajós e do Arapiuns. A realização é do movimento Amazônia de Pé, por meio da ong Nossas, e do Instituto Regatão da Amazônia - responsável pela concepção artística e curadoria musical. 

A  abertura é uma novidade, com o rito do Sairé, manifestação religiosa e cultural do  povo Borari, etnia indígena de Alter do Chão, e que completa em setembro 50 anos de realização. De acordo com Zek Picoteiro, do Instituto Regatão da Amazônia, curador do festival, o evento é uma forma de exaltar a estética musical do interior da Amazônia, conectada pelos rios.

"Em Alter do Chão, é forte essa ligação de culturas pelos rios, que influenciam na vida do amazônida ribeirinho, indígena, quilombola. E isso vai se expandindo na Amazônia. Antes das grandes estradas já existiam os rios e era por lá que o tráfego de informações acontecia e ainda acontece. Vamos colocar no palco as sonoridades e expressões artísticas que fluem nas águas", comenta Zek Picoteiro.

Para Helena Ramos, gestora de produção e cultura da ong Nossas, cultura é transformação social, e a valorização das expressões artísticas da Amazônia são formas de lutar pela conservação do bioma. 

"O Festival é uma ferramenta importante para falar sobre a defesa da região. É um festival de música, mas político, já que o movimento Amazônia de Pé também é contra o Marco Temporal e tem o objetivo de recolher assinaturas para o Projeto de Lei de Iniciativa Popular. Fazer o festival em Alter do Chão é uma forma de ecoar, a partir de lá, as ameaças à floresta para todo o país", revela. 

A realização é do movimento Amazônia de Pé, por meio da ong Nossas, e do Instituto Regatão da Amazônia - responsável pela concepção artística e curadoria musical.

Virada Amazônia de Pé

As Suraras do Tapajós
Foto: Divulgação/Festival
O Festival integra a Virada Amazônia de Pé, uma grande mobilização nacional em alusão ao Dia da Amazônia, celebrado em 05 de setembro. A programação terá ações em todos os estados, realizadas por grupos em defesa da Amazônia, como rodas de conversa, exibição de filmes, sarau cultural, apresentações artísticas e musicais. 

A ideia é sensibilizar cada vez mais a população brasileira para a apoiar a garantia dos direitos dos povos da Amazônia e a preservação do território, e apoiar ativistas e coletivos, em especial os da região amazônica, em sua mobilização por Justiça Climática, por exemplo. Confira programação completa em todo o país aqui.

Projeto de Lei - A mobilização tem um objetivo: coletar 1,5 milhão de assinaturas de cidadãos brasileiros que possuam título de eleitor válido, requisito para protocolar o Projeto de Lei de Iniciativa Popular (Plip) que requer a destinação de 57 milhões de hectares de terras públicas não destinadas, ou seja, áreas da União que ainda não têm uma finalidade específica e são alvo de desmatamento acelerado e grilagem. A proposta é que essas terras possam ser demarcadas como unidades de conservação (UCs), Terras Indígenas, Territórios Quilombolas ou destinadas às comunidades tradicionais - povos que verdadeiramente conservam a Amazônia.

O PL chegou à versão final e foi escrito num processo de construção conjunta com os principais atores do projeto, por meio de entidades representativas como Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB), Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (COIAB), Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (CONAQ), Comitê Chico Mendes.

Não ao Marco Temporal!

Dona Onete
Foto: Divulgação/Festival
A PL 490 do Marco Temporal tramita no Senado como PL 2.903/2023. No Supremo Tribunal Federal (STF) a retomada do julgamento está agendada para esta próxima quarta-feira (30). 

O Marco Temporal é uma proposta viola o direito originário dos povos indígenas e pode impedir novas demarcações de Terras Indígenas, além de pôr em risco as já existentes.  O texto em tramitação diz: "para que uma área seja considerada 'terra indígena tradicionalmente ocupada', será preciso comprovar que, na data de promulgação da Constituição Federal, ela vinha sendo habitada pela comunidade indígena em caráter permanente e utilizada para atividades produtivas". 

Esse entendimento pode comprometer a biodiversidade, a vida dos povos originários e o nosso futuro, acelerando a crise climática. A aprovação da tese é um risco para a proteção da Amazônia e de diversos biomas, afinal as terras de povos indígenas são as mais protegidas. Dados do MAPBiomas apontam que nos últimos 30 anos, as Terras Indígenas perderam apenas 1% de sua área de vegetação nativa, enquanto nas áreas privadas a perda foi de 20,6%. Uma cartilha orienta como se mobilizar contra o Marco Temporal. 

Serviço

Festival Amazônia de Pé 

Data: 02/09/2023 (sábado)

Hora: a partir das 17h 

Local: Lago dos Botos (Território Borari, Aldeia Alter do Chão - Santarém - PA)

Entrada gratuita

Saiba mais em www.virada.amazoniadepe.org.br 

PROGRAMAÇÃO 

17h - Abertura: ritual do Sairé

18h - Espanta Cão

19h - Suraras do Tapajós

20h - Priscila Castro convida Cleide do Arapemã

21h - Boto Cor de Rosa, Boto Tucuxi, Guardiã Tribal Lane Lima (Tribo Munduruku) e Cunhã Poranga Marciele Albuquerque (Boi Caprichoso de Parintins)

22h - Dona Onete

23h30 - DJ Zek Picoteiro

00h - Encerramento 

(Holofote Virtual, com assessoria de imprensa)

Priscila Cobra realiza série de shows pelo sudeste

Priscila Cobra
Foto: Pierre Azevedo

A multiartista tem agenda no Rio de Janeiro e Niterói (RJ), São Paulo (SP) e Belo Horizonte (MG), mas antes se apresenta em Belém, no sábado, 2, no Bar Klandestino, a partir das 21h - Praça Coaraci Nunes - Pça Ferro de Engomar - Batista Campos.

Priscila Cobra está na cena desde 2016, ocupando palcos diversos, desde ruas, praças, transportes coletivos, atos políticos, saraus e festivais locais, estaduais e nacionais. Com protagonismo multimídia na produção de conteúdo audiovisual envolvendo diferentes temas e atores do movimento do carimbó  e letras-manifesto, a artista oferece ao público músicas com críticas a formas de opressão e mergulhadas em questionamentos sociais. 

É vocalista, compositora e tocadora do grupo Carimbó Cobra Venenosa, que há mais de 7 anos faz música amazônica de raiz paraense, autoral e independente. O projeto possui um CD com 13 faixas (UFPA/PROEX/2019), parcialmente disponível no Youtube, e o vinil “Nova Era”, em 7” polegadas, com duas faixas (LP-SP/2022), disponível em todas as plataformas. 

Jornalista, Mestra em Ciências Sociais, realizadora audiovisual, produtora cultural, e ‘carimbozeira’ afroindígena periférica, Priscila está como delegada no Comitê Gestor do Plano da Salvaguarda do Carimbó Paraense, sendo representante eleita no III Congresso Estadual do Carimbó (2021). Priscila também possui trabalhos em performance e direção audiovisual, sendo diversas vezes premiadas.

A escolha do mês para sair em turnê tem motivo de ser. O carimbó foi reconhecido pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) como patrimônio cultural imaterial do Brasil, no dia 11 de setembro de 2014.  desde então, este se tornou um mês de referência para os fazedores desta Cultura Popular. 

Shows contam com diversas participações

Capa do Vinil "Nova Era" (arte Vilson Vicente)

Os shows no Rio de Janeiro e Niterói (RJ), São Paulo (SP) e Belo Horizonte (MG) contarão com parceria de grupos e artistas da comunidade ‘carimbozeira’ para celebrar o aniversário de patrimonialização do carimbó em cada localidade. No Rio, o grupo base da Cobra será o Carimbó da Pedra, tendo participações de outros artistas como Ton Rodrigues, Afrotelúricos, DJs Bôta, Tha Redig e Coletivo Novo Beco. 

Em São Paulo capital, a parceria será com a roda aberta das Ykamiabas, Paulo Toro Açu, - que é do Quilombo do Abacatal (Ananindeua-PA) e também está indo para SP no intuito de divulgar seu trabalho de maneira independente -, e Gabi Luz travesti indígena paraense, performer e atriz que protagonista do curta “Flor de Mururé”, atualmente mora em SP. Em Belo Horizonte (MG), acontecerão eventos programados com os espaços Flor de Jambu e Casa Cultural Nortista, com participação de Ana Luísa Cosse (Tutu com Tacacá).

Além desses grupos, coletivos e artistas, estão na equipe da Cobra Venenosa, Cris Salgado, maraqueira e documentarista; Hugo do Nascimento, artista visual e saxofonista; e João Souza, jovem negro que iniciou seu protagonismo com a Cultura Popular e carimbó na produção de conteúdo multimídia (redes sociais, fotos e vídeos) ao entrar em contato com o projeto Carimbó Cobra Venenosa. 

A agenda inclui a venda e sessão de autógrafos do vinil “Nova Era”, lançado em Belém (PA), em 2022. A Cobra Venenosa também fará exibições de obras audiovisuais dos últimos sete anos de produção multimídia envolvendo o Carimbó, entre eles a série documental Vivências do Carimbó, em três episódios, lançada em 2023, além de oficinas (musicalização, dança e poética do Carimbó) e rodas de conversa. 

AGENDA

02/09 

Priscila Cobra antes de partir para o sudeste, realiza um show no Bar Klandestino, a partir das 21h do próximo sábado (02). A ideia é que seja um encontro para que o público que deseja além de curtir uma roda de carimbó, dar um abraço de boa sorte para a Cobra. 

Endereço: Praça Coaraci Nunes (Praça Ferro de Engomar), n° 6 - Batista Campos (Belém)

Entrada gratuita

TURNÊ INDEPENDE SUDESTE

Rio de Janeiro e Niterói 06, 07, 08 e 09/09

06/09 (Quarta) - Bar Dellas (a partir das 21h) - Rio de Janeiro

Realização Coletivo Novo Beco, Priscila Cobra, Carimbó da Pedra, DJS Bôta e Tha Redig.

Participação Ton Rodrigues

Endereço: Rua Pedro Ernesto, 5 - Gamboa

Entrada gratuita 

07/09 (Quinta) - Bar da Déia - A Mulher que vira Peixe (a partir das 17h) - Niterói 

Priscila Cobra & Carimbó da Pedra

Participação Afrotelúricos  

Endereço: Praia de Itaipú - Região oceânica Niterói 

Entrada gratuita

08/09 (Sexta) - Rede Cria (a partir de 17h) - Biblioteca do Engenho do Mato, Niterói 

Exibição das obras: Vivências do Carimbó, Carimbó Raiz da Vida e Filha do Fogo e do Vento, seguido de roda de conversa com Priscila Cobra e Ana Rosa

Endereço: Praça do Engenho do Mato (Niterói)

Entrada gratuita

09/09 (Sábado) - Ateliê Bonifácio (a partir de 15h) - Lapa 

Realização Preto Carimbó

Priscila Cobra

Carimbó da Pedra

Afrotelúricos

Participação Ton Rodrigues, Cris Salgado e Ugô

Endereço: Rua do Senado, 47 - Sobrado 

Bilheteria: R$ 15,0 

São Paulo (SP) 14, 16 e 17/9 

14/09 (Quinta) - Centro Cultural Afrika (a partir de 21h) - Bela Vista 

Priscila Cobra, Paulo Toró Açu & Roda aberta das Ykamiabas 

Participação Cris Salgado e Ugô

Endereço: Rua Major Diogo, 518 - Bela Vista

Bilheteria: R$ 15,0 

16/09 (Sábado) - Aparelha Luzia (a partir de 20h) 

- Exibição websérie Vivências do Carimbó e roda de conversa com Priscila Cobra e Marcos Corrêa

- Roda de Carimbó com Priscila Cobra & Roda aberta das Ykamiabas, participação Paulo Toró Açu, Gabi Luz, Cris Salgado e Ugô.

Endereço:. Rua Apa, 78 - Campos Elíseos

Entrada gratuita 

17/09 (Domingo) - Centro Cultural da Diversidade (a partir de 17h) - Itaim Bibi

Exibição do curta-metragem Flor de Mururé e da websérie Vivências do Carimbó com roda de conversa com Priscila Cobra, Marcos Corrêa e Gabi Luz

Roda de Carimbó com Priscila Cobra & Roda Aberta das Ykamiabas, participação Paulo Toró Açu, Gabi Luz, Cris Salgado e Ugô.

Endereço: Rua Lopes Neto, 206 - Itaim Bibi

Entrada gratuita 

Belo Horizonte 22, 23 e 24/09 

22/09 (Sexta) - Casa Cultural Nortista (a partir de 19h) - Centro

Carimbó & Resistência: exibição websérie Vivências do Carimbó e roda de conversa com Priscila Cobra

Endereço: Rua Iguassu, 38 - Concórdia 

Entrada gratuita 

23/09 (Sábado) - Oficina Musicalização, Dança e Poesia voltada para o Carimbó Pau & Corda (a partir de 10h) 

Endereço: Flor de Jambu - Avenida dos Andradas, 367 - Edifício Central

Vagas Limitadas; Inscrições R$ 50,0 por pessoa.

24/09 (Domingo) - Casa Cultural Nortista (a partir de 14h) - Centro

Roda de Carimbó com Priscila Cobra 

Participação de Cris Salgado e Ugô.

Convidada: Ana Luísa Cosse (Tutu com Tacacá)

Endereço: Rua Iguassu, 38 - Concórdia 

Entrada R$ 10,0 (antecipada) R$ 20,0 (na hora)

Links: 

Instagram: 

https://www.instagram.com/carimbocobravenenosa

Facebook: 

https://www.facebook.com/cobracarimbo

Youtube: 

https://www.youtube.com/@Priscila_Cobra

https://www.youtube.com/@CarimboCobraVenenosa

Ouça ao vinil "Nova Era" 

https://tratore.ffm.to/_nova_era_

(Holofote Virtual, com informações da assessoria de imprensa)

Carmen Palheta lança a 1a obra na Bienal do Livro

A jornalista e escritora paraense Carmen Palheta aporta na Bienal do Livro, no Rio de Janeiro, para realizar o pré-lançamento de seu primeiro livro “A Borboleta Azul e Outras Crônicas – Afeitos e Afetos”. Publicado pela Editora Labrador, é composta por 49 crônicas, além de cartas e poemas. Após a Bienal, o lançamento oficial em Belém ocorre no dia 13 de setembro, na Loja Ná Figueredo, às 19h.

Atuando no jornalismo paraense há mais de 25 anos, Carmen estreia agora como escritora, num processo de amor pela literatura que a acompanha por toda a vida. 

“A Borboleta Azul” que dá título ao livro também é seu primeiro poema publicado, quando ela ainda tinha 11 anos de idade. Incentivada por seu pai, a então menina estreou em edição nacional de poesia junto com outros autores.

“Eu tinha 11 anos quando escrevi ‘A Borboleta Azul’. Um dos primeiros poemas. Meu pai o datilografou e enviou por Correio, para um concurso nacional de poesia. Meu texto foi escolhido entre outros tantos enviados do país inteiro e compôs um livro de poetas brasileiros. Era 1982. Eu era apenas uma menina. Sequer possuía asas em forma de ideias para voar”, relembra a escritora. 

Uma vida inteira se passou desde aquele distante 82.  Em sua carreira como jornalista, Carmen também trabalhou em projetos literários como editora de livros na Imprensa Oficial do Estado do Pará, onde também criou o projeto Livro Solidário. Mas foi somente após encerrar a carreira de servidora pública que a jornalista começou a se dedicar integralmente à escrita. 

Com a expansão dos cursos on line nós últimos três anos, ela pôde se inscrever em cursos de escrita criativa e clubes de escritores, como o de “Escrita Afetuosa” de Ana Holanda e a Comunidade de Escritores também criada por Holanda.  “Os cursos serviram pra dar um gás na minha escrita, pela troca com outros autores. A escolha da editora, por exemplo, foi uma indicação da própria Ana e eu fiquei muito feliz com o resultado”, conta. 

Carmen explica ainda que o livro é o resultado de um processo vivenciado pelo luto de seu pai, o que inclui as próprias cartas dedicadas a ele e presentes neste seu primeiro trabalho como escritora. “O livro, na verdade, a escrita em si é um processo de refúgio e também de libertação. Eu me refugiei na escrita para vivenciar o luto do meu pai. E para resgatar esse lado meu que se perdeu ao longo dos anos por conta de trabalho”. 

Com a força da pena na mão e a leveza na alma de quem segue fluida pelo ar, Carmen Palheta alarga sua entrega e se coloca transbordante diante do público leitor. Seu resgate pessoal desembocou em escritos que dialogam com aqueles que se permitem também olhar pra si.

“A menina de 11 anos dia desses me visitou. Dei-me conta que sem aquele primeiro poema eu talvez não tivesse despertado para outras narrativas dentro de mim. O trivial é o que, afinal, faz a vida acontecer. Há alguns anos tatuei uma borboleta azul nas costas. Borboletas precisam de lugar pra pousar e repousar. Para mim esse lugar é a escrita.”

Serviço 

Coquetel de Lançamento e noite de autógrafos de “A Borboleta Azul e Outras Crônicas”, de Carmen Palheta. Participação do DJ Marcelo Alves com jazz, blues e MPB.  Quando: 13 de setembro, às 19h
Onde: Ná Figueredo – Gentil Bittencourt, 449 Entrada franca.

(Holofote Virtusal com informações da assessoria de imprensa)

20.8.23

Exposição abre com acervo do Teatro Cena Aberta

"Teatro Cena Aberta - Memória da Cena Paraense" traz à público parte significativa da trajetória de um dos grupos mais importantes e também polêmicos da história do teatro paraense. A abertura será nesta próxima quarta-feira, 23, às 19h, no Teatro Nazareno Tourinho – Praça do Carmo. A realização é do Instituto Maré Cheia – IMARÉ. A seguir um papo com Margaret Refkalefsky e Cezar Machado, que integraram o TCA e estão na equipe do projeto

O Cena Aberta foi um dos mais importantes grupos do teatro contemporâneo do estado. Formou pelo menos duas gerações de artistas e segue influenciando outras. Para quem ainda não conhece essa história ou para quem costumava ir aos Festivais de Teatro Amador, em Belém, no final dos anos 1980, a exposição promete surpreender.   

O projeto parte do acervo organizado durante 16 anos por Luiz Otávio Barata, um dos fundadores do grupo. São fotos, documentos e cartazes e programas, dos 23 espetáculos realizados entre 1976 e 1991, além de vídeos com entrevistas de atores e depoimento de pesquisadores. Um QRcode em cada painel leva o visitante da exposição a  mais informações num site.

“O público vai ver um recorte desse acervo. Luiz Otávio Barata recortou cada reportagem, cada foto, programa, certificados da censura. Quando decidimos fazer o projeto, até para preservar esse acervo, tudo sobre cada um dos espetáculos já estava rigorosamente catalogado por ele”, disse Margaret Refkalefsky, em entrevista ao Holofote Virtual.

Pioneirismo, inovação e contestação

O Quarto de Empregada
Cenário de Luís Otávio Barata
De cunho contestador e influenciado pelas obras de Jean Genet, Santo Agostinho, Friedrich Nietzsche e Flávio de Carvalho, entre outros autores, o TCA - é pioneiro em vários aspectos. Foi um dos primeiros grupos a interferir na estética espacial de suas encenações.  

“O Quarto de Empregada”, encenado no Theatro da Paz, em 1976, é um exemplo disso e um verdadeiro feito. Onde pouquíssimos grupos locais tinham acesso na época, o TCA chegou causando espanto, admiração e polêmica.

“Não havia separação entre palco e que eu saiba ninguém havia até então rompido as limitações do fosso do Theatro da Paz, onde a arquitetura impunha sua força num teatro de palco à italiana. Começa que a plateia era convidada a vir para o palco, junto com os atores e tudo se passava no mesmo espaço”, lembra Refkalefsky. 

Zélia Amador de Deus

O grupo também trazia à cena questões sociais e de gênero. Invertia papéis numa tentativa de tirar a venda dos olhos do preconceito. 

"O Quarto de Empregada" conta a história de duas amigas, uma preta, interpretada por Margaret, que é uma mulher branca, e outra branca, interpretada por Zélia Amador de Deus, que é uma mulher preta.  

“A importância do Cena Aberta passa muito por aí. As pessoas iam ao teatro sabendo ou esperando por algo inovador, crítico. Nossos espetáculos traziam reflexão, crítica social, resistência política, questionavam a postura da sociedade”, observa Refkalefsky. 

O projeto "Teatro Cena Aberta - Memória da Cena Paraense" conta com Margaret Refkalefsky e Cezar Machado, que conversa a seguir com o blog e também foi do Teatro Cena Aberta, e com Elaine Oliveira, Marcilio Caldas Costa, Wladimir Moura, Cláudio Didimano e Nonato Moreira, do coletivo do IMARÉ.

Teatro como resistência num país sob a Ditadura

Zélia e Margaret, final dos  anos 1960 
Escola de Teatro da UFPA
Fazer teatro no final dos anos 1960 era mais do que focar numa profissão na área das artes, era o meio pelo qual muitos jovens encontraram para discutir temas que foram proibidos de serem abordados até mesmo dentro das universidades.

“Eu entrei para a Escola de Teatro da Ufpa, em 1969. Nós tínhamos tido um ano de 1968 muito agitado, no final veio o AI-5 e ficamos numa situação mais complicada ainda como estudantes engajados que éramos. Eu achava que o teatro poderia ajudar a gente a questionar, inclusive toda a perseguição que já sofríamos. O teatro era como se fosse uma porta que se abria pra gente discutir e questionar a realidade, manter o engajamento político”, diz Margaret Refkalefsky.

É influenciado por esse anseio de liberdade e resistência que surge o Cena Aberta, em 1976, no Brasil sob a Ditadura Militar. Fundado por Margareth Refkalefsky, Zélia Amador de Deus, Walter Bandeira e Luiz Otávio Barata, jovens politicamente engajados, a ideia era trabalhar com o teatro para sensibilizar e tocar as pessoas, dando-lhes um choque de realidade.  

Margaret Refkalefsky, do Teatro Cena Aberta
“Não que a gente pretendesse fazer uma revolução, mas queríamos que o teatro discutisse a realidade, abrisse a cabeça das pessoas para aquela realidade que estávamos vivendo. Tínhamos preocupação com a formação de plateia, com o uso dos espaços. O Cena Aberta se apresentava em teatro, praças, centro comunitário, onde quer que fosse chamado”, continua.

No palco, tratavam de forma inteligente e contundente, o que não podia mais ser dito nem mesmo dentro de casa. O grupo viveu restrições, mas resistia em manter sua postura de crítica social e política. Os textos encenados vinham da dramaturgia brasileira e de clássicos da dramaturgia mundial, mas nada disso ia para o palco sem antes passar pelo rigor da Censura, uma "senhora" que estava sempre na plateia, à espreita.

“Os textos todos passam antes pela censura, iam para Brasília, voltavam, depois a função da censura em Belém era ir ver se tínhamos respeitado os cortes do texto. E quando os cortes se mantinham, ainda assim, depois de assistir às estreias eles cortavam coisas como figurino, postura do ator em cena. Era uma censura rigorosa. As primeiras cadeiras eram reservadas à censura”, conta Margareth. 

A Trilogia do Corpo, do Amor e da Paixão

O Cena Aberta encerrou a carreira em 1992. Entre 1987 e 1991, montou Jean Genet, O Palhaço de Deus, Posição pela Carne e Em Nome do Amor. Polêmicos e divisores de água no teatro paraense, eles ficaram conhecidos como Trilogia da Paixão, Trilogia do Amor e/ou Trilogia do Corpo. Sobre essa fase, conversei com o arquiteto Cezar Machado, que é também ator e integrou o Cena Aberta entre 1987 e 1991, dirigindo, inclusive, o último espetáculo do grupo, naquele ano. 

“Os espetáculos dessa trilogia tratavam da questão da sexualidade e causaram polêmicas pois colocavam o corpo em evidência, algo que já havia sido experimentada em espetáculos anteriores, como na peça ‘Theasthai Theatron’, de 1983", observa Cezar Machado. 

Dirigido por Zélia Amador, a peça explora a expressão poética sexual do corpo nu, com os atores e atrizes despidos no palco se relacionando pelo toque. A peça foi, naquele início dos anos 1980, censurada. O grupo refez a montagem e reestreou com os atores cobrindo as regiões expostas com tapa-sexos. 

Houve um hiato depois disso e, em 1987, veio "Genet, O Palhaço de Deus", baseado na obra do escritor e dramaturgo francês Jean Genet. "O processo de criação foi coletivo. O Luiz Otávio selecionava textos e os distribuía aos atores que se dividiam em grupos e apresentavam sua versão das cenas. A partir daí, ele ia montando", continua Cezar.

O grupo Teatro Cena Aberta
Já o espetáculo "Posição Pela Carne", baseado no texto do  Antonin Artaud,  chamado Heliogábalo ou o Anarquista Coroado, mexia com diversas temáticas da sexualidade, inclusive a questão de gênero. 

"O protagonista usava peruca, depilava a perna. E também utilizava-se do corpo como um instrumento de poder. Seduzia, promovia bacanais, corrompia políticos, prostituía-se pelos corredores dos palácios, tinha relação incestuosa com a mãe. Dos três espetáculos da trilogia, ao meu ver, é o mais agressivo em relação ao corpo e a sexualidade”, considera Machado.

O terceiro espetáculo dessa trilogia, “Em nome do amor”, era inspirado nos textos Apócrifos do Novo Testamento, também conhecidos como "evangelhos apócrifos", uma coletânea de textos, alguns dos quais anônimos, escritos nos primeiros séculos do cristianismo, mas vetados pela igreja católica. 

Imaré - coletivo reunido para pesquisa

“Esses evangelhos não eram considerados verídicos, mas muitos deles falavam da vida de Jesus, como uma vida normal, mais humana, inclusive afirmando que entre ele e Maria Madalena havia uma relação de homem e mulher, e o espetáculo mostra isso. E uma das cenas mais aplaudidas era quando Maria Madalena, interpretada pela atriz Olinda Charone, declarava seu amor a Jesus”, diz Cezar, que interpretava Jesus.

“Era um espetáculo muito bonito. Tinham textos do Roland Barthes sobre o amor. Dos três espetáculos, plasticamente, pensando em figurino e tudo, era o que eu mais gostava, mas fizemos uma única temporada, de 15 dias, apenas dele, e mesmo assim, junto com "Genet...", é um dos espetáculos mais lembrados pelo público. Fez muito sucesso”, finaliza.

O último espetáculo do Cena Aberta, foi A Mulher Dilacerada, que estreou em 1991, com direção de Cezar Machado. Trazia como protagonista a Margareth Refkalefsky, e direção de Cezar Machado para o texto cujo nome original é Mulher Desiludida, de Simone de Beauvoir, livro publicado em 1967, reunindo três histórias independentes. 

Homenagem e reconhecimento

Anfiteatro da Praça da República
Ao acessar o projeto é impossível que a gente também não se remeta às historias de Luiz Otávio Barata, que faleceu em 2006, em São Paulo, aos 63 anos, às vésperas de retornar a Belém, onde iria dirigir 'O Laquê', peça produzida pelo grupo Cuíra, e também às memórias de Walter Bandeira, que também fundou o Teatro Cena Aberta, entre tantas outras cenas que ele desbravou, partindo três anos depois, aos 67, em junho de 2009, em Belém. 

Realizado com apoio de emenda parlamentar do então deputado federal e hoje prefeito de Belém, Edmilson Rodrigues, o projeto além de dar acesso público a este acervo e homenagear aqueles que já se foram deixando seu legado à cultura, reconhece ainda a contribuição de todos os demais que escreveram com o Cena Aberta, um capítulo revolucionário da história do teatro paraense. 

Ainda há muito que o coletivo Imaré deseja realizar, como um livro e um documentário com as entrevistas gravadas, além de uma exposição ampliada, dada a riqueza do acervo, que conta com mais de 700 fotografias, cartazes, croquis de figurino e de cenários. 

Curtiu o conteúdo? Compartilha o link e segue o blog no Instagram: @holofote_virtual e @holofotevirtual. A exposição "Teatro Cena Aberta - Memória da Cena Paraense abre nesta quarta-feira, às 19h, no teatro Popular Nazareno Tourinho. Entrada gratuita. Apoio da Fadesp e Prefeitura de Belém, via Fumbel.

16.8.23

MICBR 2023 encerra inscrições nesta quinta-feira

O Mercado das Indústrias Criativas do Brasil (MICBR) vai selecionar 260 empreendedores culturais e criativos para participação nas rodadas de negócios e demais atividades formativas que serão realizadas em Belém-PA, de 7 a 12 de novembro, numa parceria entre o MinC e a Organização dos Estados Ibero-Americanos (OEI), com apoio da Prefeitura de Belém e Governo do Estado. 

Além das participações, o edital também contempla apoio financeiro a despesas de transporte (aéreo, fluvial ou terrestre), contratação de plano de seguro viagem e diárias (hospedagem, alimentação e transporte local) para participação do empreendedor no MICBR 2023, que contará com uma programação que inclui 15 setores criativos, seis a mais que a última edição. 

São eles: Áreas Técnicas, Artesanato, Artes Visuais, Audiovisual & Animação, Circo, Dança, Design, Editorial, Gastronomia, Hip Hop, Jogos Eletrônicos, Música, Moda, Museus & Patrimônio e Teatro. Uma Cozinha-Show com foco na culinária, sabores e ingredientes da região norte vai marcar o espaço da gastronomia no evento. Além disso, o mercado reúne centenas de empresas e milhares de criadores e empreendedores dos setores culturais e criativos do Brasil e de outros países.

A programação  inclui rodadas de negócio, apresentações para venda de ideias, projeto ou negócio (pitchings),  apresentações artísticas curtas com fins comerciais (showcases) e atividades de formação de redes de contatos (networking). Também são realizadas atividades formativas como mentorias, oficinas, palestras magnas (key-notes), mesas redondas e painéis e apresentações artísticas. 

Edital

Serão garantidas cinco vagas para compradores/demandantes e 15 para vendedores/ofertantes em cada setor. O preenchimento das vagas obedecerá ao critério de distribuição regional, de forma a contemplar três Vendedores/Ofertantes por região brasileira (Norte, Nordeste, Centro-Oeste, Sudeste e Sul) nos 12 setores criativos e no setor voltado às áreas técnicas.

Inscrição

A inscrição é gratuita no evento; cadastro na plataforma oficial para organização de rodadas de negócios, e participação em atividades de capacitação prévia às rodadas de negócios. O apoio financeiro é calculado por região brasileira, considerando o endereço residencial do/a beneficiário/a. Cadastre-se na Plataforma Mapas da Cultura (mapas.cultura.gov.br), acesse o edital e inscreva-se.

(Holofote Virtual, com informações do MINC)

Videos abordam trabalho infantil e cultura do açaí

As problemáticas do trabalho infantil na cultura do açaí, leva ONG Rádio Margarida à produção de radionovelas e vídeos educativos de conscientização sobre o tema. O lançamento será no “Seminário de Prevenção e Combate ao Trabalho Infantil,  a ser realizado pelo Ministério Público do Trabalho e Procuradoria Regional do Trabalho da 8ª Região, nesta quinta-feira, 17, a partir das 9h, no auditório da Escola Municipal Eurídice Marques, em Igarapé-Miri. 

O Seminário vai receber os arte educadores e produtores dos materiais educativos, e pretende reunir representantes de entidades e profissionais que compõem o Sistema de Garantia dos Direitos da Criança e do Adolescente do Município de Igarapé-Miri, Sindicato dos Trabalhadores Rurais, Empresários da Cadeia Produtiva do Açaí. 

A programação conta com a mesa de abertura com autoridades além de um bate-papo com o público de como potencializar o uso dos materiais educativos no enfrentamento ao Trabalho Infantil. Haverá ainda a premiação dos alunos que participaram da seletiva do projeto “MPT na escola” e apresentações artísticas de Teatro e Teatro de Bonecos da Rádio Margarida.

As problemáticas do trabalho infantil na cultura do açaí são abordadas em materiais educativos audiovisuais, refletindo uma realidade enfrentada no município. Ao todo são 5 radionovelas, com temáticas do trabalho infantil em toda a cadeia produtiva do açaí, com objetivo de apoiar professores em sala de aula e os profissionais que atuam com crianças e adolescentes em secretarias públicas diversas,  na sensibilização e informação da população e principalmente as famílias dessas crianças sobre danos e riscos do trabalho infantil. 

Os vídeos trazem informações sobre as consequências da exploração da mão de obra infantil e as radionovelas também trazem soluções, mostrando quais são os benefícios e programas que o poder público municipal, estadual e federal que existem e são um direito da população de baixa renda.

“Nosso principal objetivo é sensibilizar e alertar para as consequências desse trabalho infantil. São várias situações, desde a subida com a peçonha até a própria venda. Nos vídeos educativos incluímos informações dos acidentes que tem chegado aos hospitais e também é interessante trabalhar tanto as radionovelas, quanto os vídeos nos próprios hospitais, para que eles façam a notificação dos casos que chegam”, diz Eugênia Melo, da Rádio Margarida.

Ela informa que muitas das vezes, as crianças e adolescentes quando se ferem mãos, quebram pé, a questão é tratada e notificada como acidente doméstico. "O certo é acidente no trabalho, já que nem acidente de trabalho é, uma vez que adolescentes de até 14 não devem trabalhar", afirma.

A Rádio Margarida já produz há algumas décadas esse materiais audiovisuais educativos, num trabalho instrumental que realiza com propriedade, falando de maneira adequada, com um linguajar simples objetivo para que a mensagem chegue corretamente e de forma delicada às pessoas. 

“Incluímos elementos culturais de cada região em que estamos tratando e também temos cuidados em relação aos temas que estão sendo abordados, exercitando aquilo que diz respeito ao nosso método de educação, que é a comunicação, o sentimento e ação transformadora”, diz Osmar Pancera, fundador da Rádio Margarida. 

Os materiais educativos audiovisuais vêm obtendo resultados positivos, segundo Pancera, pela aceitação e expansão usos locais, também em redes sociais, de maneira ampla. “Produzimos materiais específicos para fins específicos, como a informação e sensibilização ao trabalho infantil, também tratamos de violência doméstica, perigos da internet, direitos e respeitos de crianças, na primeira infˆncia e adolescentes. São ferramentas audiovisuais para falar e ajudar na abordagem educativa de assuntos importantes”, complementa.

Os materiais audiovisuais e sonoros produzidos pela Radio Margarida abordam o assunto do trabalho infantil e adolescente na colheita do açaí por meio de temáticas como cultura, questões socioeconômicas, a educação no contexto de colheita do açaí, além dos enfrentamento e a complexidade que envolve o Trabalho Infantil. Após o lançamento, o novo acervo estará disponíveis, no site da Ong e do MPT, para que as pessoas possam acessar de forma gratuita. 

O trabalho infantil na cultura do açaí

Igarapé-Miri , localizado geograficamente no Nordeste Paraense, na microrregião de Cametá, Baixo Tocantins, tem uma população estimada em 62.698 mil pessoas. Mais da metade dos habitantes residem na zona rural, onde também se concentra a produção de açaí, o chamado “ouro negro”, que torna o município, segundo dados do IBGE, referente à Pesquisa Agrícola Municipal (PAM-2020), o maior produtor mundial de açaí, com 420 mil toneladas, ou 28,0% da produção brasileira.  

O fruto tradicional da cultura alimentar paraense chega a movimentar cerca de R$ 1,57 bilhão da economia local (IBGE-2020). Além dos adultos, porém, crianças e adolescentes também acabam se envolvendo nesta cadeia produtiva, provocando a evasão escolar e problemas de saúde.  Os dados levaram a ONG Rádio Margarida a desenvolver no município, o projeto de Conscientização do Trabalho Infantil e Adolescente na Colheita do Açaí.

O projeto de Conscientização do Trabalho Infantil e Adolescente na Colheita do Açaí, realizado em parceria com o Ministério Público do Trabalho (MPT-PA) e com apoio da Secretaria Municipal de Educação de Igarapé-Mirim, possibilitou a produção de uma série de vídeos (docuficção) e radionovelas, que abordam as problemáticas envolvendo o trabalho infantil, com objetivo de conscientizar e trazer informações à população miriense sobre os prejuízos causados no pleno desenvolvimento de jovens e adolescentes que trabalham na cadeia produtiva da colheita do fruto. 

De acordo com entrevistas realizadas pela equipe do projeto, realizado pela Rádio Margarida no município, na época da safra do açaí, entre o mês de julho e o mês de outubro, um jovem pode lucrar cerca de 300 reais por dia ou em média até 9 mil reais por mês. Esse rendimento proporciona que um adolescente de apenas 16 anos, já consiga comprar um terreno de açaizal para plantar.

Essas crianças e adolescentes são do gênero masculino, que geralmente trabalham como peconheiros, que são aqueles que sobem diariamente nas palmeiras com a “peconha” (espécie de corda feita a partir de folhas do açaizeiro ou de sacas plásticas). Por serem crianças tem o corpo pequeno e mais leve, no momento de “apanhar” o açaí pode-se evitar a quebra das árvores, por isso, também que esses jovens são utilizados para a atividade.

Além da “peconha”, os instrumentos utilizados para o trabalho são os paneiros, rasas, facas e “terçados” (facões) e botas para se proteger de animais peçonhentos que vivem nas áreas de várzea. A utilização de armas brancas também proporciona um risco para aquela criança/adolescente durante a colheita. Muitas delas sofrem acidentes quando se desequilibram e caem durante a realização do trabalho.

Serviço

Lançamento dos Materiais Educativos da Rádio Margarida, no Seminário de Prevenção e Combate ao Trabalho Infantil. Dia 17 de agosto de 2023, às 9h, no auditório da Escola Municipal Eurídice Marques – Igarapé-Miri.

15.8.23

Galpão encena um anti herói e faz sarau ao tempo

Os 12 integrantes do Grupo Galpão, que vem 
de Minas Gerais
Foto: Mateus Lustosa

O grupo iniciou as ações em Belém, com oficinas, cujas vagas esgotaram, e apresenta na quarta, 16, “Till - a saga de um herói torto”,  às 20h, no Theatro da Paz, e “De Tempo Somos - um sarau do Grupo Galpão”, na quinta, 17, às 19h30, na Praça do Carmo. Gratuito. 

A trajetória, de 40 anos, é diversa. Passa por diferentes estilos e épocas teatrais. Desde as tragédias gregas, passando pela época medieval, os “autos” medievais, Moliére, (William) Shakespeare, a comédia clássica, (Nicolai) Gogol, (Anton) Chekov, o teatro realista, o teatro épico de(Bertold) Bretch, (Luigi) Pirandelo, a revolução do Pirandelo, o teatro  contemporâneo, a performance. É uma diversidade.

Em turnê pelo Brasil, já se apresentou em São Luís do Maranhão e da capital paraense, segue para Marabá, também no Pará, mas chegar aqui, não é tão fácil. O grupo já esteve em Belém, mas apenas uma vez, em 2014, apresentando “Gigante da Montanha”.

"Acho que é super importante voltar à Belém com esses 2 espetáculos muito significativos do grupo Galpão, mas existe uma certa dificuldade de transporte de cenário, a distância é muito grande, a região é muito grande, e isso tudo cria dificuldades, principalmente e termos de custos, mas estamos conseguindo realizar", diz Eduardo Moreira.

Till, a saga de um anti herói
Foto: Ed Nunes
A tragicomédia “Till - a saga de um herói torto”, de 2009, com direção de Júlio Maciel, traz um personagem protagonista escrito pelo dramaturgo Luiz Alberto de Abreu, mas que nasceu de uma lenda medieval Alemã e conta o nascimento, vida e morte desse anti herói cheio de esperteza e malandragem. 

"Till nasce na miséria e passa a vida em busca da sua sobrevivência. O espetáculo trata com muito humor de questões muito pertinentes hoje em dia, como a fome, a desigualdade social e a sobrevivência em um mundo cada vez mais individualista e desigual. O público pode esperar um espetáculo com muito humor e música, feito para todas as idades, mas acompanhado de uma profunda crítica social sobre a justiça, religião e o poder.Além de uma discussão sobre o valor das utopias e busca de consciência social nos tempos atuais”, diz Júlio Maciel, diretor do espetáculo.

O Galpão também vai celebrar o encontro do teatro com a música, num dia e local especiais, em Belém. Na quinta-feira, 17 de agosto, quando se celebra o Dia doPatrimônio Histórico Nacional, o grupo ocupa, a partir das 19h30, a Praça doCarmo, na Cidade Velha, bairro histórico da cidade. 

“De Tempo Somos” é um sarau musical com direção de Lydia Del Picchia e de Simone Ordones. Estreou em 2014 e reúne no palco 25 músicas do repertório do grupo – de montagens antigas até trabalhos recentes, incluindo canções de workshops - além de textos sobre a passagem do tempo e o processo de criação artística. 

De Tempo Somos
Foto: Guto Muniz
“Esse espetáculo fala da passagem do tempo, uma companhia que tem 40 anos de atividades ininterruptas, e um elenco que está junto a 30 anos pelo menos, é um grupo que está envelhecendo juntos, o tempo está passando por nós. Mas quando fizemos a seleção das músicas, não pensamos em momento nenhum, em ser nostálgico, ficar lembrando de quando o grupo começou, mas trazer a nossa história pra nos ajudara pensar o presente e o futuro do grupo, pra onde a gente vai, pra onde a gente quer ir, né?”, diz Lygia Del Picchia. 

Os espetáculos “Till, a Saga de um Herói Torto” e o “De Tempo Somos” que chegam à capital paraense são espetáculos de 2009 e 2014. Têm uma trajetória longa no repertório do grupo e que estão sempre passando por atualizações, e assim vão atravessando os tempos.

“O Teatro exige sempre esse processo de atualização. O Galpão é muito acostumado com isso porque trabalha com teatro de repertório, então os espetáculos têm uma permanência bastante longa, a gente fica apresentando por muitos anos, são espetáculos que tem muitas apresentações, e em locais muito variados, teatros, ruas, etc, e eles se atualizam, com o momento que a gente está vivendo”, comenta o ator.

ESPETÁCULOS -AGENDA

Till, A saga deum Herói Torto

Direção: JúlioMaciel

Classificação: livre

Data:16 de agosto (quarta)

Hora: 20h

Duração: 90 minutos

Local: Theatro da Paz (Av. da Paz, Praça da República, S/N - Campina)

Acesso Gratuito. Distribuição de ingressos na bilheteria do teatro, a partir das 9h do dia da apresentação. Sujeito à lotação do espaço.

De Tempo Somos: Um Sarau do Grupo Galpão 

Direção: Lydia Del Picchia e Simone Ordones

Classificação livre 

Data: 17 de agosto (quinta)

Hora: 19h30

Local: Praça do Carmo

Acesso Gratuito

Serviço

Grupo Galpão em Belém com os espetáculos “Till - a saga de um herói torto”, dia 16 deagosto, às 20h, no Theatro da Paz, e “De Tempo Somos”, no dia 17, às 19h30, naPraça do Carmo, todos com entrada gratuita. Realização pela Lei Federal de Incentivo à Cultura | Mantenedor: Instituto Cultural Vale |Realização: Ministério da Cultura, Governo Federal, União e Reconstrução. Apoio Cultural: Secult-Pa, Governo do Estado e Prefeitura de Belém, Fumbel. Mais informações: www.grupogalpao.com.br. 

10.8.23

Somos Guardiões ganha sessão especial em Belém

A estreia no Brasil será em outubro no Festival do Rio, mas em Belém, houve uma espécie de avant premiere, para uma plateia seleta que lotou o Teatro Gasômetro, na última segunda-feira (7). A sessão que contou com a presença da secretária de estado Puyr Tembé e a ministra dos povos indígenas, Sonia Guajajara.

Na semana da Cúpula da Amazônia, em Belém do Pará, quando todas as atenções estão voltadas para a Amazônia, a sessão realizada naquela noite, após o encerramento do Fórum Internacional de Cultura, Sustentabilidade e Cidadania Climática, teve como intenção sensibilizar pessoas influentes e interessadas a reverter a situação que os povos indígenas.  

"Queremos mostrar o filme em lugares onde estejam as pessoas que tenham oportunidade de tomar decisões e proteger a Amazônia. Aqui há muitos convidados e vários políticos do Brasil que podem contribuir positivamente. O filme quer tocar o coração do mundo, não temos tempo, precisamos todos nos tornar também guardiões da floresta”, me disse Chelsea Greene, diretora do filme. 

Celebração com brado de "Nunca mais um Brasil sem nós!" 

"Somos Guardiões", documenta líder e ativista indígena Puyr Tembé, atualmente Secretária de Estado dos Povos Indígenas, e o guardião florestal Marçal Guajajara, seu marido, na luta para proteger seus territórios do desmatamento. Fala sobre a luta e desafios enfrentados pelos povos indígenas com invasores, madeireiros e garimpeiros, e suas conexões com o mercado internacional para a extração ilegal de madeira. 

A primeira cena corta a alma. Uma árvore avaliada em mais de 500 anos tombando após o golpe fatal de uma motosserra. Os homens que as executam, literalmente, por sua vez, dizem fazer isso pela sobrevivência. “É um filme de perspectivas”, diz Chelsea Greene. Ela e Rob Grobman são cineastas ambientais americanos e diretores do filme, que conta com produção de Fisher Stevens. 

“Cada personagem tem um ponto de vista, um lado a ser mostrado. Tem um que é um madeireiro ilegal. Tem também um proprietário privado que comprou terras na década de 70 para fazer um hotel ecológico, com objetivo de manter protegida a floresta no entorno, mas que nos últimos 20 anos viu tudo ser invadido. Mais recentemente, ele descobriu que havia uma vila dentro de sua área”, continua a diretora.

O filme também discute a corrupção que ocorre em diversos meios, incluive o político, em todas as esferas, da municipal até a federal. Retrata a situação da floresta e a ausência de poliíticas ambientais no período político com Bolsonaro e chega até a vitória de Lula para presidente da República. “Agora vamos ver o que vai acontecer, porque ainda há muita coisa a ser feita. A situação é muito grave”, comenta Chelsea.  

Tudo que vemos e ouvimos na projeção, no indigna, pois nos coloca de frente com imagens devastadoras, mas também traz esperança, porque estamos aqui hoje tentando reverter a lógica econômica capitalista. 

A Ministra dos Povos Indígenas Sonia Guajajara e a Secretária Puyr Tembé fizeram falas sobre o quanto é necessária a presença dos povos indígenas na floresta, a protegendo e usufruindo de seus direitos, mas também em Brasília, garantindo esses direitos e a frente das decisões políticas, que colocam em jogo suas vidas, tradições e direitos. E encerraram com o brado de "Nunca mais um Brasil sem Nós", muito canto e dança. 

Festivais - O filme já passou pelo Festival Internacional de Cinema de Guadalajara, Festival de Cinema da Human Rights Watch e pelo HotDocs, entre junho e maio. Será exibido no Montreal First Peoples Festival no próximo dia 13 de agosto, mas em Belém, um grupo seleto assistiu em primeira mão a produção.

Para saber mais sobre a Campanha Somos Todos Guardiões (mais que um filme, um movimento) acesse: www.weareguardians.com

Fotos: @holofote_virtual