28.5.22

Os parabéns de 80 anos de Adamor do Bandolim

A festa vai ser do do jeito que ele gosta, ao lado dos amigos, familiares e na Casa do Gilson, espaço de cultura e resistência do Choro em Belém. Tudo a partir das 13h, neste domingo, dia 29, quando também se comemora o Dia Municipal do Choro, em sua homenagem.   

Adamor é um guerreiro, venceu as adversidades da vida, gravou cinco CDs e um LP, e se orgulha de ter ajudado gerações depois dele a continuarem o ofício de ser músico. São mais de 60 anos de contribuição para a música brasileira. Marajoara de Anajás, é um autodidata, iniciou sua trajetória musical em 1958, participando de um programa de calouros na Rádio Difusora de Macapá (AP), quando ainda cursava o 3° ano do antigo curso ginasial.

Em 1962, ingressou nos correios (antigo DCT) indo para Anajás, onde permaneceu até junho de 1970. Porém, neste espaço de 08 anos, sempre vinha à capital paraense, e nestas vindas, conheceu os velhos chorões de Belém daquela época como: Delival Nobre, Edir Proença, Vaíco, Tota, Catiá, entre muitos outros.  Em 1979, quando da inauguração da Casa do Choro, sob o comando de Aldemir Ferreira da Silva, ingressou no Grupo Gente de Choro, atuando sempre aos finais de semana na própria Casa do Choro.  Com o falecimento de Aldemir, em 1983, o Grupo Gente de Choro dispersou-se e Adamor passa a integrar os grupos musicais, como o Novo Som, Sol Nascente, Manga Verde, Oficina e no folclórico grupo Urubu do Ver-o-Peso. 

Em 1993 lançou seu primeiro disco (em vinil) intitulado Chora Marajó, o qual também teve divulgação nos estados do Maranhão, Piauí e Amapá.  Em 1999, como compositor e intérprete, fez parte do CD Choro Paraense (série Pará instrumental volume IV).  Sempre cultuando o Choro e sempre ao lado do Grupo Gente de Choro, participou de vários projetos culturais como: Música na Praça, Preamar, Seresta do Carmo e etc.  

E em 2004, com o patrocínio da SECULT/PA, gravou o CD Adamor Ribeiro (Projeto Uirapuru volume VII) e em 2007, o segundo, de nome Choro Amazônico. Em maio de 2014 iniciou as gravações de “Lagrimas da Minha Ilha", aprovado pela Lei Semear com o patrocínio da Natura, e o seu lançamento ocorreu no primeiro semestre de 2015 . Em 2019 gravou mais um álbum com o título “Vertentes”, que em breve será lançado. 

A Casa do Gilson fica na Tv. Padre Eutíquio, 3172 - Bairro da Condor.

Discografia

1983 - LP Chora Marajó , disco vinil.

1999 - CD Choro Paraense (participação).

2004 - CD Adamor Ribeiro, projeto Uirapuru Vol. VII.

2007 - CD Choro Amazônico, patrocinado pela Petrobrás.

2015 - CD Lágrimas da Minha Ilha, edital Natura, via lei semear.

2017 – CD Minha Lavra, edital Rumos Itaú cultural 2015/2016.

2019 – CD Vertentes, via emenda parlamentar do deputado federal Edmilson Rodrigues

Parabéns, querido Adamor do Bandolim!  

3 anos sem o autor de "Visagens e Assombrações"

Neste domingo, 29, completam três anos da morte de Walcyr Monteiro, autor da série “Visagens e Assombrações de Belém”, obra que completou 50 anos de publicação, no dia 7 de maio passado. O filho mais velho do escritor, Átila Monteiro, curador da obra do pai, anunciou que a editora Walcyr Monteiro seguirá comemorando o legado do autor durante todo o ano, com participação em feiras de livros e eventos direcionados para o universo fantástico e sobrenatural.

Átila Monteiro revela que além de busca apoio para a edição dos livros já lançados, o objetivo também é conseguir apoio de instituições públicas e privadas para lançar os trabalhos inéditos. 

“As obras do meu pai representam mais de 50 anos de pesquisas sobre folclore e mitos da Amazônia. Ele quis registrar para as novas gerações todas as nossas crenças, as nossas tradições e a cultura que compõe a raiz do nosso povo. Essas raízes são muito importantes porque mostram o nosso DNA, que pode ser encontrado nesses registros e nos feitos por outros escritores paraenses. É muito importante que o povo da Amazônia conheça os nossos costumes e tradições para que as pessoas do centro sul e de outros países, possam também tomar conhecimento da imensidão da nossa cultura”.

Entre os trabalhos deixados em fase de produção por Walcyr estão os livros: Visagens e Assombrações de Belém Vol. 2, que traz textos inéditos; Contos Noturnos e Histórias de Caboclo para Maiores de 18 anos, o volume 3 da Série "Visagens, Assombrações e Encantamentos da Amazônia", coleção Açaí e o livro Lendas Amazônicas. 

“É claro que as parcerias com os órgãos de cultura é super importante para que esse trabalho siga adiante constituindo um verdadeiro acervo de pesquisa e de cultura para as futuras gerações. Fica o convite para que as instituições que tenham o interesse de propagar a cultura amazônica nos procurem. Estamos de portas abertas”, afirma Átila. Segundo o escritor Paulo Maués, que estava colaborando na edição do livro “Visagens e Assombrações de Belém Vol. 2”, era um sonho de Walcyr publicar o segundo livro, nos mesmos moldes que foi o primeiro. 

“No segundo livro selecionamos 22 histórias com aquilo que há de mais chamativo, que são as narrativas. Tem textos que invocam, por exemplo, o Palacete Bolonha, e outras histórias de lobisomem passadas em Belém. Também é impossível falar de Belém, sem falar de Matinta. A gente fez uma seleção daquilo que havia da nata da produção de Walcyr que não tinha saído na primeira edição e também na série Visagens, Assombrações e Encantamentos da Amazônia. É uma coleção maravilhosa. Como leitor também estou ansioso para ver e segurar nas minhas mãos. Ver o sonho do Walcyr realizado. Vai ser um momento de muita felicidade”.

Trajetória marcada pelo amor ao folclore

Walcyr Monteiro nasceu em Belém, em 27 de janeiro de 1940 e faleceu no dia 29 de maio de 2019, aos 79 anos, ainda na ativa. Apaixonado pelas narrativas orais que coletava nos mais diversos municípios da Amazônia, o escritor foi um incansável pesquisador dessas histórias, que foram preservadas nas páginas das dezenas de livros escritos por ele, onde registrava o resultado do que ouvia, muitas vezes diretamente do caboclo ou nas rodas de conversa nas periferias da capital paraense, alguns tendo se identificado como testemunhas oculares desse universo fantástico abordado nas obras do escritor.

Era formado em Ciências Sociais pela Universidade Federal do Pará (UFPA) e Economia pela Universidade da Amazônia e também atuou por muitos anos como professor e jornalista profissional, quando colaborou com diversos jornais e revistas que circularam no estado. E foi esta última vocação que prevaleceu em sua trajetória, a partir do momento que decidiu começar a publicar a série “Visagens e Assombrações de Belém”, que se tornaria seu livro mais famoso, e que nasceu como uma coluna no jornal A Província do Pará. 

Em 2003, em coautoria com o escritor português Fernando Vale, publicou, em Portugal, pelo Instituto Piaget, Histórias Portuguesas e Brasileiras para as Crianças, cuja edição brasileira ficou a cargo da Editora Paka-Tatu. Publicou também os livros didático História Econômica e Administrativa do Brasil; Miscelânea ou Vida em Turbilhão e Cosmopoemas, os dois últimos incursões no universo da Poesia; a série de revistas Visagens, Assombrações e Encantamentos da Amazônia; As Incríveis Histórias do Caboclo do Pará; Contos de Natal, e Amazônia: histórias e Lendas, edição em português e alemão.

Seus trabalhos também são utilizados como subsídio nas mais diversas áreas, especialmente a cultural, como montagens teatrais, assim como inspiração para a elaboração de diversos roteiros cinematográficos, entre os quais Lendas Amazônicas e os curtas metragens A Lenda de Josefina e Visagem, este último dirigido por Roger Elarrat, sendo o primeiro filme em Stop Motion do Pará. Também a série Catalendas, da TV Cultura do Pará, baseou-se em algumas histórias coletadas e publicadas nos livros de Walcyr Monteiro.

26.5.22

Luar traz história social e cultural de Igarapé-Miri

Escrita pelas professoras  Crisálida Pantoja e Cesarina Lobato (em memória), a obra que está sendo lançado hoje soma 15 anos de  pesquisas, com uma imersão na terra natal das autoras, dando seguimento às pesquisas relacionadas às transformações sociais no município de Igarapé-Miri (PA), cidade natal de ambas. O lançamento é hoje em Belém, para convidados, e no dia 26 de julho, será realizado um evento também na Casa de Cultura de Igarapé-Miri. 

O livro traz um resgate histórico de Igarapé-Miri, que tem suas origens no ano de 1714, e aborda, entre outros assuntos, os ciclos da borracha, da cana-de-açúcar e do açaí, bem como, registra a cultura, vivências e impressões de quem nasceu e morou no município na época em que as tradições orais eram fortes e as pessoas “podiam sentar na calçada para conversar”. O livro traz histórias de “amor, religião, educação, política, assombração e muita magia”, como destaca a professora Edna Heloísa Dias de Souza, quem prefaciou o livro.

A autora Crisálida comenta que os leitores encontrarão assuntos como o Festival do Açaí, a trajetória da educação no município, o comércio realizado por meio das embarcações, o curandeirismo, o importante trabalho das parteiras, os ilustres artistas mirienses como o Rei do Carimbó, Pinduca e a Rainha do Carimbó Chamegado, Dona Onete. O livro também aborda as estórias de personagens como boto, matintaperera, cobra-grande, yara e lobisomem; manifestações populares como as festas juninas e as pastorinhas, além de relatos fortes e comoventes como a Cabanagem em seu viés local e o registro do primeiro feminicídio na cidade. 

O título do livro remete à influência do satélite da Terra, que faz parte do cenário místico de Igarapé-Miri. As fases da Lua são fenômenos que influenciam os mais variados acontecimentos naturais e sobrenaturais, conforme texto escrito por Cesarina. Trata-se de um tempo em que havia poucas lâmpadas públicas das 18h às 23h, e ainda assim forneciam uma qualidade baixa de iluminação. Dessa maneira, o luar fazia muita diferença, permitindo ver melhor as coisas, pessoas, lugares, caminhos, ajudando também os comerciantes a navegarem em segurança pelos rios Tocantins e Amazonas, de acordo com “Noite de Luar”, um dos textos integrantes do livro. 

15 anos de pesquisa e coleta de dados

O “Luar” é resultado de 15 anos de trabalho intermitente, em que as autoras se encontravam para trocar ideias, entrevistar pessoas de Igarapé-Miri e coletar documentos e informações para suas pesquisas. Munidas de caneta, papel, um gravador manual e muita vontade de registrar os fatos, encantos e curiosidades da amada cidadezinha, reuniram um vasto material que resultou nesta obra, que finalmente chega ao público.

Na elaboração do “Luar”, as autoras priorizaram talentos de seus conterrâneos, como o ilustrador e desenhista Rubens Portilho; a fotógrafa Giselle Pureza, a nutricionista Ana Carolina Martini, que traz um informativo sobre as qualidades nutricionais do açaí, entre outros. 

Sobre as autoras - Crisálida Pantoja Soares formou-se em Letras pela Universidade Federal do Pará e sempre esteve a serviço da educação em Igarapé-Miri. Cesarina Lobato tem formação em Pedagogia e especialização em Planejamento Educacional, ambos pela UFPA – Universidade Federal do Pará.  As duas autoras fizeram a estreia na literatura em 2001 com o livro Prismas Sobre Educação e Cultura em Igarapé-Miri no Século XX. São referências como educadoras e conhecedoras das raízes socioculturais do município; responsáveis pela implantação do Ginásio Aristóteles Emiliano de Castro e do Projeto SOME – Sistema de Organização Modular de Ensino.

O livro foi contemplado pelo Programa Estadual de Incentivo à Cultura – Lei Semear, obteve patrocínio do Grupo Líder e está sendo publicado pela Editora Paka-Tatu. O valor arrecadado com a venda dos exemplares será destinado a projetos sociais de Igarapé-Miri, um desejo das autoras.

Serviço

Lançamento do Livro “LUAR”. Data: 26 de maio, quinta-feira Hora: 18h30min. Local: Escritório Central do Grupo Líder – Auditório Jerônimo Rodrigues Endereço: Rua dos Pariquis, n. 1056, Jurunas – Belém/PA

Mais informações 

Site: https://livroluar.com.br/ 

Instagram: https://www.instagram.com/livroluar/ 

Facebook: https://www.facebook.com/livroluar

25.5.22

Batalha de MC`s de volta à Praça Dalcídio Jurandir

A Batalha do Crematório ganha uma edição especial, nesta quarta-feira, 25 de maio, a partir das 18h. Parcerias, premiação, planejamento e estrutura marcam a reestreia do projeto, que traz como tema, desta vez, Dalcídio Jurandir, o escritor e romancista paraense que nomeia a Praça do Crematório, como também é  conhecida pela população. Tudo a partir desta quarta-feira, 25 de maio, às 18h. 

A Batalha do Crematório é realizada desde 2019, numa ação composta por 8, 16 ou por até 32 MC's, dependendo da forma de batalha, se de dupla, trio ou solo. A votação para o vencedor é feita pelo público ou por dois jurados selecionados pelos organizadores do projeto. E sempre que finaliza o "duelo de sangue", o campeão e o vice ganham prêmios dados por patrocinadores ou pessoas que se simpatizam com o movimento.

O tema é Dalcídio Jurandir, escrito nascido em 10 de janeiro de 1909, em Ponta de Pedras, no Marajó, filho de Alfredo Pereira e Margarida Ramos, criado em um chalé à beira do rio. Em 1910, mudou-se para Vila de Cachoeira, onde passou sua infância, aprendendo com sua mãe as primeiras letras. Em 50 anos de literatura, ele escreveu dez romances amazônicos, e teve um livro de poemas publicados post mortem, o 'Poemas Impetuosos' (Belém, 2011), organizado pelo professor Paulo Nunes para a editora Paka-Tatu em convênio com a Casa de Cultura Dalcídio Jurandir. 

Além do tema Dalcidio Jurandir, o projeto terá edição especial de Trap Funk (drill), Mc's sorteados, mas dando preferência as minas e monas e premiações de $150 para o campeão e $50 para o vice, além de surpresas que os organizadores ainda não querem revelar, ou não seria surpresa, afinal! Antes e durante as batalhas também haverá pockts shows. Na programação também haverá uma oficina circense com Luan Alex, e de dança, com Lo Ojura, arte educadora do bairro da Terra Firme.

Batalha mostra outras alternativas à jovem da periferia

O projeto Batalha do Crematório teve início na pré-crise da Pandemia Covid-19, com intuito de mostrar para os jovens das periferias que através da cultura Hip-Hop e outras culturas, é possível fugir da marginalização que vem sendo passada de geração em geração e buscar, através da arte, um futuro melhor.

“Inicialmente criei as batalhas para que eu mesmo fugisse da vida de drogas e criminalidade, e eu também queria mostrar aos jovens, que há outras alternativas”, diz Vinicius de Novaes Moraes, conhecido como "O_Mestrekakuzu", um dos idealizadores do projeto Batalha do Crematório, que ocorre toda quarta-feira na Praça Dalcidio Jurandir (praça do antigo forno crematório).

E tudo isso ocorre em um espaço muito simbólico e importante para da Cremação, o único local de lazer e cultura do bairro, a Praça Dalcídio Jurandir, construída na primeira gestão do atual prefeito Edmilson Rodrigues, após 20 anos de descaso, desde o fechamento da usina crematória de lixo da cidade, nos anos 1980. 

O praça surge no espaço em que existia a antiga usina de Cremação de Lixo de Belém (Forno Crematório), construída em 1901, na administração do intendente Antônio Lemos, por questões sanitárias, com instalações edificadas ao final da Avenida 22 de Junho (atual Avenida Alcindo Cacela), ainda despovoada e que marcava o limite da expansão sul da cidade.

Uma história de abandono e perspectivas de renovação

Alguns anos após sua inauguração a Praça Dalcídio Jurandir, amargou novo abandono, desta vez, de 16 anos e atualmente carece de novos cuidados e segurança que permita sua ocupação com ações para a juventude que vive no entorno. 

A falta de iluminação adequada tem aumentado a prática de assaltos e agressões diversas. Não à toa, a reforma e revitalização Histórica e Cultural da Praça Dalcídio Jurandir é uma das reivindicações da população no Tá Selado.

A plataforma em 2021 reuniu inúmeras outras necessidades de melhorias sociais, culturais, de saúde e segurança, além de inovações por parte do poder público, propostas colocadas em debates realizados de forma virtual e também presencial, já em 2022.  

Batalha do Cremtório

Programação - Quarta-feira, 25 de maio

Início do evento: 18h00

Inscrições da Battle: 18h30

Início da Battle: 19h15

Mestre de Cerimônia: Naiara Ester (Sereia 🧜‍♀️💙)

Créditos/Foto: Arte by Luishard

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Renato Chalu abre a mostra "Paisagens Fluidas"

“Paisagens fluidas” abre nesta quarta-feira, 25, com vernissage virtual, às 19h, pelo canal da Jambu Filmes no Youtube, como parte do projeto “Visita guiada”, para estudantes de artes visuais da Unama e alunos de arte do Curro Velho. A mostra ficará aberta ao público até 30 de junho, no horário de funcionamento da instituição.

Há doze anos, o fotógrafo Renato Chalu trabalha para gerar um universo com conceito bem definido: paisagens fluidas. “Esse momento marca o meu retorno às artes visuais, com um trabalho que venho experimentando desde a Universidade. Agora chegou a hora de expor a obra, buscando sempre que o diálogo e a troca de experiência gerem novas possibilidades de interpretação, sensações e sentimentos, enriquecendo todo esse processo”, diz Renato.

Grandes pensadores (Marx, Nietzsche, Zigmuth Bauman) já desenvolveram o conceito de fluidez, de um mundo fluido, de uma realidade fluida. Bauman afirmou o maior conceito de nossa era: “Amores líquidos”, modernidade líquida, nada feito para durar. Sobre duzentos anos de “fluidez” na arte (Edward Hopper, Francis Bacon), o curador de “Paisagens fluidas”, o artista plástico e professor Jorge Eiró, destaca a tela “Chuva, vapor e velocidade”, do inglês William Turner: “nela, uma locomotiva em alta velocidade “desmancha-se” em meio a um temporal”.

“Renato Chalu retoma as lições de Turner para fazer da paisagem amazônica um território sensorial empregando a chuva como protagonista e, ao mesmo tempo, como o agente fluidor/fruidor a dissolver a imagem/pintura, como no tríptico “Antes e depois da tempestade”, afirma o curador Jorge Eiró. Renato é fotojornalista, com vasta experiência na Amazônia; dessa experiência, segundo Jorge Eiró no texto da curadoria, “Renato explora desse repertório de imagens a pictorialidade”, ou seja, o lado “pintura” da paisagem amazônica.

A experiência de “Paisagens fluidas” começou em 2010, na Unama, disciplina “Ateliê da pintura”, do curso de ARTES VISUAIS: Jorge Eiró era professor de Renato e estimulou seu potencial “pictórico”. Renato experimentou tinta acrílica sobre as fotografias, tendo a tela como suporte, “resultando numa pintura sobre a imagem que em seguida é novamente fotografada para ser mais uma vez impressa e, finalmente, receber mais uma demão de tinta”, informa Jorge Eiró. “Nesse procedimento motocontínuo de interações, a obra converte-se em um híbrido no qual as fronteiras se tornam fluidas e se dissolvem as distinções de técnica/linguagem entre fotografia e pintura”.

Renato foi além dos próprios caminhos, teóricos e práticos. Aperfeiçoou a técnica; com alternâncias de foto e pintura, criou o que chama de “dialética visual”; não apenas captou potencialidades pictóricas, ele mirou uma Amazônia pessoal (a Amazônia é um mundo líquido”); não apenas a noite, mas o sentimento da noite; a sensação da chuva; a sensação de se contemplar uma “obra de arte natural”, pintura da própria paisagem; uma introspecção que surge não da pintura, mas do amálgama fotografia, pintura, Amazônia. 

A sensação, enfim, como escreve Jorge Eiró, “de que não mais, talvez nunca mais, nos encontremos em um espaço fixo, imóvel, da representação de um lugar. Mas sim um não-lugar, um espaço transitório, hoje tão próprio da nossa condição pós-moderna”. Além de artista visual, Renato Chalu é músico e diretor de fotografia. Como fotojornalista, trabalhou uma década no Jornal O Liberal, no qual ganhou o prêmio nacional “Tim Lopes” com reportagens especiais da série “Prostituição infantil na fronteira norte do Brasil”. Como artista visual, ganhou 3 prêmios aquisições do salão Arte Pará e venceu o 2º Grande Prêmio do Arte Pará em 2010.

Serviço

"Paisagens Fluídas", de Renato Chalu, foi o único projeto paraense selecionado no edital de pautas de ocupação do Espaço Cultural do Banco da Amazônia em 2022. O lançamento será virtual, às 19h, nesta quarta-feira, 25, pelo canal da Jambu Filmes no Youtube. A exposição ficará aberta até 30 de junho, na Galeria Cultural do Banco da Amazônia - Av. Presidente Vargas, esquina da R. Carlos Gomes.


22.5.22

Paulo Alcoforado ministra palestra em Belém-Pa

“O Negócio do Financiamento Público”, onde apresentará a Política Nacional do Audiovisual e o conceito de produção brasileira independente. Nesta segunda, 23 de maio, no Canto Coworking, em Belém. A Palestra vem ao encontro de uma necessidade do mercado audiovisual amazônico, onde, ao mesmo tempo em que a produção cresce, se elevam as dúvidas e os problemas de gestão.

As demandas sobre a produção independente e as 5 dimensões de um projeto audiovisual introduzem uma apresentação sobre o potencial do negócio a partir do exercício do poder dirigente por empresas produtoras independentes, transação de direitos autorais patrimoniais e modalidades de negócio no segmento audiovisual.

Paulo Alcoforado vem somar seus conhecimentos à experiência dos profissionais amazônicos e contribuir para o enfrentamento do desafio da profissionalização, pois apesar da criatividade dos filmes, ainda estão presentes muitas dificuldades na gestão, planejamento e distribuição. Aprender a buscar e gerir recursos parece ser, neste momento, fundamental.

Profissional com mais de 20 anos de liderança estratégica e visão demonstrada na gestão de políticas e legislações em vários territórios, e no desenvolvimento e implementação em negócios em economia criativa com ênfases em desempenho financeiro, controle de riscos e conformidade operacional. Sua experiência inclui posições de Diretor, Superintendente de Fomento e Secretário de Políticas de Financiamento da Agência Nacional do Cinema, agência responsável pela regulação do domínio econômico, fomento e fiscalização do setor audiovisual.

Paulo também foi Diretor da Secretaria do Audiovisual do Ministério da Cultura. Implantou e exerceu a Coordenação Executiva das três primeiras edições do Programa DOCTV Brasil, responsável pela gestão da operação em rede, articulação de circuito nacional de teledifusão e criação de ambientes de mercado para o documentário brasileiro, cujo reconhecimento garantiu o mandato para implantar versões internacionais e bem-sucedidas do programa junto aos organismos multilaterais Conferência de Autoridades Audiovisuais de Iberoamérica e

Comunidade de Países de Língua Portuguesa. Paulo presta consultoria para empresas dos segmentos da economia criativa e para a administração pública relacionadas à organização do negócio e gestão empresarial, transação de direitos de propriedade intelectual e demais direitos autorais de cunho patrimonial, e acompanhamento à execução e prestação de contas. Paulo é natural do Brasil e é fluente em dois idiomas.

Serviço

Palestra “O Negócio do Financiamento Público”. Nesta segunda, 23, das 17h às 19h, no Canto Coworking - Ed. Manoel Pinto - Av. Serzedelo Corrêa, 15 - Nazaré. Mais informações: 91984624470. Realização: Companhia Amazônica de Filmes. Incentivo CTAV, Secretaria Especial de Cultura, Ministério do Turismo, Ancine, FSA, BRDE.

16.5.22

Amazônia Encena na Rua vem de Rondônia ao Pará

O Amazônia Encena na Rua sai de sua casa, em Porto Velho, Rondônia, pela primeira vez, e chega ao Pará no mês de junho. Em Belém haverá uma vasta programação, entre os dias 5 e 12 de junho, com apresentações no anfiteatro da Praça da República, em escolas e comunidades, e com ações formativas, incluindo debates com a realização do IV Seminário Amazônico de Teatro de Rua. As inscrições para as oficinas iniciam nesta semana, acompanhem pelo site e confiram desde já os espetáculos que estarão em cartaz. É tudo gratuito. Depois de Belém o evento ainda segue para tres outros municípios paraenses, com programação entre os dias 15 e 25 do mesmo mês.

Este é o 13º festival, edição que inaugura o formato de uma itinerância que além da Amazônia tem pretensões de chegar também à América Latina, em um futuro próximo.  Por enquanto, além de passar por Belém, o festival ainda seguirá para mais três municípios paraenses: Xinguara, Marabá e Parauapebas, numa iniciativa desafiadora. 

O festival reúne grupos do teatro de rua dos nove estados que integram a Amazônia Legal: Pará, Rondônia, Roraima, Amazonas, Mato Grosso, Acre, Amapá, Maranhão e Tocantins. Desde seu surgimento, o evento mantém as suas três principais metas: oferecer espetáculos de teatro, circo e dança; ações formativas e ciclos de debates. Além dos grupos amazônidas, também há espetáculos convidados, este ano vindos do Rio de Janeiro e do Distrito Federal.  

A edição tem patrocínio do Instituto Cultural Vale, com realização da Secretaria Especial da Cultura, Ministério do Turismo e Governo Federal. A iniciativa é do O Imaginário, fundado em 2005 com o objetivo de pesquisar e investigar as diversas linguagens artísticas. Em seus trabalhos, discute a relação entre o público, o teatro e a cidade. 

“O primeiro grande foco é fazer com que esses grupos de teatro da Amazônia Legal possam, uma vez ao ano, se encontrar, pra discutir as questões relacionadas a estética, e toda sua forma de conteúdo”, diz Chicão Santos, artista, professor e militante cultural, que criou e coordena o festival. 

Nascido na cidade de Cacoal, no interior de Rondônia, Chicão Santos é  palhaço, diretor e produtor teatral, que se mudou em 1995 para a capital Porto Velho, onde deu continuidade a suas atividades artísticas, que sempre dialogaram em transversalidades, tendo o teatro como elemento condutor de transformação pessoal, social e cultural. Em 2005, ao funda O Imaginário, ampliando seu alcance e criando os embriões e alicerces para o Amazônia Encena na Rua .

Na entrevista a seguir, ele, que só chega na semana que vem a Belém, nos conta mais sobre o surgimento do festival e suas missões, desafios e expectativas, afinal é um retorno às ruas, após dois anos de clausura pandêmica. O clima é de celebração, expectativas pelo encontro, que de certo será de muita troca cultural. Confira!

Chicão Santos em ação (Porto Velho-RO)
Foto: Reprodução, Internet

Holofote Virtual: Belém já está na expectativa da chegada do Amazônia Encena na Rua. Eu já conhecia o festival de longe, mas queria saber como foi exatamente que surgiu o projeto e o que te levou a realizar um festival de teatro amazônico, e na rua?

Chicão Santos: Foi em 2007, quando estive na Bahia e participei da criação do movimento brasileiro de teatro de rua, foi quando tive clareza de que deveria realizar um festival de teatro em Porto Velho, onde não havia nenhum. 

A gente circulava já por outros festivais da Amazônia, como no Acre, em Manaus, e em Belém e a ausência de um festival em Porto Velho foi ficando cada vez mais evidente. Então quando retornei da Bahia, a Caixa tinha lançado um edital para premiar festivais. Inscrevemos o projeto e fomos contemplados.  

O primeiro festival aconteceu em 2008, com baixo orçamento, trazendo grupos para Porto Velho (RO), vindos do Acre, Roraima e Amazonas, além da participação de Narciso Telles, ator, diretor e professor atualmente do curso de teatro da UFU (Uberlândia-MG), mas na época ele ainda morava no Rio. Fizemos  a programação durante uma semana, e no final de semana fizemos cinco rodas de apresentação em praça pública  e em cada uma tinham pelo menos 800 pessoas, foi uma coisa linda.  

Holofote Virtual: E já são 13 edições com esta. Nesse percurso todo, como esse festival te atravessa e como se cruza com a sua própria trajetória?

Chicão Santos: Eu sempre fui um provocador da cena, sempre nas minhas ações e nos coletivos que participo, discutimos a questão do teatro, do público e da cidade, e canalizamos para a popularização do teatro. 

Naquela primeira edição, nós colocamos mais de 8 mil pessoas na programação. E assim fazendo trabalhos em escolas, blitz e levando o teatro pra todo lugar. 

Eu coordenei também um projeto chamado Escola Aberta, onde a gente reunia as comunidades nas escolas, dando oficinas. Era um lugar de muitas atividades em todos os lugares, também fazendo caravanas pelos rios e na BR, sempre discutindo essas questões. Então na minha trajetória, o festival passa por esse lugar da popularização do teatro, da inclusão, da promoção do acesso às pessoas tudo oferecido gratuitamente.

Holofote Virtual: Como surge a ideia de tornar este projeto itinerante? 

Se deixar, ela canta (Circo, Amapá))
Foto: Divulgação
Chicão Santos: A gente já havia discutido essa possibilidade de itinerância no 3º seminário, e feito algumas propostas de circulação. Em 2020 o projeto foi aprovado no edital da Vale, só que veio a pandemia e não conseguimos realizar naquele ano. Efetivamente, estamos realizando isso agora. Foi um processo de construção. Nossa expectativa é somar com os coletivos. 

Além do mais, Belém é muito importante para Amazônia. Sempre é desafiador e muito difícil organizar eventos em qualquer cidade do Brasil. E lógico que quando saímos do lugar da gente, os desafios aumentam, pois precisamos estabelecer novas relações com fornecedores, parcerias, grupos, setor público, além do próprio público e coletivos da cidade, mas a gente tem tido boa receptividade e temos estabelecido ótimas conexões. 

Holofote Virtual: Quais são as expectativas de vocês com Belém?  

Chicão Santos: Nossa expectativa é aprofundar nossa relação com a cidade de Belém, tão importante para toda a Amazônia. Queremos estabelecer vínculos com a cultura, tenho muitos amigos aí em Belém. Vamos ter com certeza uma troca muito legal e isso acaba tornando menores os desafios. Esperamos que as pessoas participem e partilhem suas experiência.

Sodade (Dança, Amazonas)
Foto: Divulgação

Holofote Virtual: O que podemos esperar da programação em Belém, sendo que depois vocês ainda seguem para outros municípios paraenses? É um fôlego e tanto...

Chicão Santos: Temos várias frente de trabalho, em Belém. A Praça da República será a arena principal, onde haverá as apresentações noturnas, no anfiteatro. Durante o dia vamos fazer o bate volta em escolas e comunidade, com os grupos que vão fazer apresentações, e também teremos três oficinas, uma delas dentro de escolas e outra na Praça da Republica, além do IV Seminário Amazônico de
Teatro de Rua, que fecha a parte formativa, trazendo o debate sobre as políticas públicas voltadas às artes cênicas. 

Depois iremos para Xinguara, Parauapebas e Marabá. Estamos levando três espetáculos e uma oficina; e também estamos fazendo registro audiovisual para gerar um documentário sobre todas essas questões do festival. Vamos enfrentando as distancia e celebrando as conexões.

Fashion Fake (Pará)
Foto: Carol Abreu

Holofote Virtual: Qual tua visão acerca de teatro de rua no Brasil e mais especificamente na Amazônia?

Chicão Santos: Nós temos trabalhado ao máximo para dissolver essa visão de que nos somos periferia do país ou que nos somos o patinho feio, excluídos do processo. É bom lembrar que nós representamos 74% do território nacional, então nós estamos mais para ser o teatro brasileiro, acaso isso fosse calculado pela territorialidade. 

Anos atrás isso passava despercebido, porque RJ e SP dominavam todo o tipo de teatro, uma cultura que vinha desde o Império, mas depois da criação da Rede Brasileira de Teatro de Rua e da Rede Teatro da Floresta a gente conseguiu demarcar muitas estratégias e questões no cenário nacional.  O teatro está numa efervescência, voltando às ruas, ocupando os espaços. A gente vai fazer com que esse teatro cresça e conquiste mais espaços pra gente falar da nossa cena, trazer esses temas da transformação do ser humano, da sociedade dos lugares da cidade.

O Cavaleiro Perfumado / Foto: Beatriz Brooks

Holofote Virtual:
 Tem muita gente fazendo teatro de rua no país?

Chicão Santos: Temos várias experiências exitosas, como no Cariri, no Nordeste, no Acre, SP, RJ, Brasília e Bahia. Temos um movimento muito forte de teatro de rua e com o Amazônia Encena, a gente quer consolidar isso de forma mais abrangente que integre todas as regiões. Pena que os recursos são poucos,  poderíamos possibilitar mais grupos, mais trocas, mas os custos são muito altos, e assim fica impossível sair do Rio Grande do Sul, por exemplo, para vir ao norte do país. É sempre uma dificuldade esses custos, mas vamos superando. 

Vamos ter também uma conversa na Escola de Teatro e Dança da UFPA. Estarão conosco, três atores, professores doutores em teatro, André Carreira (Santa Catarina), Narciso Telles (Uberlandia) e Michele Cabral (Maranhão), numa mesa redonda com os alunos, demonstrando esse prazer de trabalhar também dentro das academia nesse momento de retomada. 

Holofote Virtual: A itinerância já vinha sendo gestada. E porque resolveram iniciar por Belém?

Chicão Santos: Por conta das nossas conexões, foi fácil escolher por onde começar. Belém é a capital que foi porta de entrada para a ocupação também do nosso estado (Rondônia), trazendo os navios, barcos e os trabalhadores pra construção da Estrada de Ferro Madeira Mamoré, uma obra civil da maior importância em todos os tempos, e que possibilitou a formação da sociedade rondoniense, então esse vinculo com Belém, pela água nos torna bastante próximos e também com certeza temos que celebrar isso.  É como a gente estivesse devolvendo algo à cidade de Belém. Estamos muito felizes e contentes com a realização do projeto. E este ano será um divisor de águas, queremos celebrar com os coletivos. 

13.5.22

Web-doc aborda a arte e a cidadania na periferia

Ordep fazendo grafitagem no Jurunas
Foto: Deco Barros
Já está no ar o primeiro episódio do webdocumentário “Arte e Cidadania: Caminhos que se cruzam em Belém do Pará”, que conta a história e apresenta o trabalho de seis artistas de bairros periféricos da capital paraense: Carol Magno, Ordep e Samu Periférico, do Jurunas; e Laura Sena, Awazônia e Núcleo Sociocultural e Ambiental São Joaquim, representado pelo músico Manoel Fonseca, do Barreiro. O webdoc é uma produção da ONG Rádio Margarida, com o patrocínio da Equatorial Pará, por meio da Lei Semear, do Governo do Pará. A cada semana, deverá ser lançado um novo episódio.

Para os/as artistas, esta é uma oportunidade de dar mais visibilidade para seus trabalhos, que fazem a diferença na realidade dos seus bairros, e trazer uma outra visão sobre o que é produzido nessas comunidades. 

“Achei uma ideia brilhante difundir a cultura que existe na periferia paraense e seus artistas, o povo que faz de fato a cultura e que transforma a vida e os olhares da sociedade como um todo”, comenta Laura Sena, uma das artistas participantes do webdoc.

Para José Arnaud, diretor geral do webdocumentário, a produção tem sido uma experiência rica que permite uma aproximação com pessoas e realidades que muitas vezes não possuem visibilidade e não chegam ao conhecimento da população de Belém. “Só a arte para propiciar isso para a gente, esse diálogo entre as periferias e os artistas de Belém”, comenta.

Múltiplas linguagens para diversas realidades

Carol Magno
Foto: Deco Barros

O webdoc mostra como a produção dos artistas está entrelaçada à história e à cultura dos seus bairros, e como suas iniciativas promovem um exercício de cidadania com a população. Tudo isso mostrado através de múltiplas linguagens: fotos, textos e vídeos compõem juntos toda essa narrativa. 

“A linguagem do webdocumentário está nos proporcionando a liberdade de criar por várias frentes. Assim a gente consegue ter uma profundidade maior na abordagem de cada subtema”, explica José Arnaud. 

O diretor também conta que cada episódio do webdoc aborda um subtema, totalizando seis: A Arte e seus/suas artistas; Barreiro e Jurunas: o chão por onde andamos; Porque produzir arte na periferia de Belém?; O percurso artístico e sua relação com a periferia; Atravessamentos cotidianos: a vida em comunidade; e De sonho em sonho se transforma a realidade.

Visibilidade e valorização 

Manoel Fonseca no Núcleo São Joaquim
Foto: Deco Barros
Segundo José Arnaud, essa produção traz ganhos não apenas para os artistas que participam do webdoc, mas também para toda a cidade, porque abre a possibilidade de um debate sobre quem são as pessoas que estão nas periferias de Belém. 

“Abre um debate sobre o fato de que o centro urbano da cidade não é o único espaço onde tem produção artística, onde tem pessoas comprometidas com mudanças sociais, e a gente vai entender que dentro das periferias existem pessoas que estão no dia a dia lutando pela melhoria da cidade”, comenta.

O diretor também ressalta a possibilidade que o webdoc traz de debater sobre o cenário da arte e da cultura na cidade. “A partir desse webdocumentário a gente espera propiciar debates em vários espaços públicos, como escolas e espaços culturais, acerca dessa produção artística que é feita na periferia de Belém e as suas potências de transformação social”, avalia. 

Para Michelle Miranda, Analista de Responsabilidade Social da Equatorial Pará, que patrocina o webdoc por meio da Lei Semear, essa é uma forma de apoiar e valorizar os artistas de Belém, especialmente nesse período que estamos vivendo, em que diversas atividades deixaram de ser realizadas. “É uma forma de gerar novas oportunidades para que os artistas possam ser reconhecidos. Além disso, gera perspectiva e esperança a outros jovens da comunidade por meio da arte, afinal, a arte também transforma vidas”, comenta.

Samu Periférico
Foto: Deco Barros

O webdocumentário é uma ação do Projeto "Artecidad(e)ania - Web em Movimento", realizado pela ONG Rádio Margarida. A iniciativa já realizou oficinas de produção multimídia com jovens de 16 a 21 anos, também dos bairros Jurunas e Barreiro.  

O projeto, que tem o patrocínio da Equatorial, por meio da Lei Semear, tem como objetivo promover a cultura, a cidadania e o protagonismo de jovens de bairros da periferia da capital paraense.

A Lei Semear (Lei 6.572 de 2003) é uma política de fomento à cultura que visa estimular a pesquisa e produção no campo cultural através da concessão de incentivo fiscal às empresas que patrocinam a realização de projetos culturais no Estado do Pará, como é o caso da Equatorial Energia, patrocinadora do projeto Artecidad(e)ania – Web em Movimento, produzido pela Rádio Margarida.

Pela lei, o estado concede abatimento sobre ICMS às pessoas jurídicas (empresas) no Pará que patrocinam os projetos aprovados em seleção pública realizada pela Fundação Cultural do Estado do Pará.

Link para o webdoc

http://radiomargarida.org.br/webdoc/

Serviço

Rádio Margarida lança webdocumentário “Arte e cidadania: caminhos que se cruzam em Belém do Pará”, que mostra a história e a vida de 6 artistas do Jurunas e do Barreiro. 

(Holofote Virtual com assessoria de imprensa)

6.5.22

Gerações do Carimbó na Praia do Vai Quem Quer

Mestre Jaci e Priscilla Duque
Foto: Uirandê Gomes

Neste sábado, 07 de maio, Mestre Jaci e Cobra Venenosa realizam um encontro entre gerações do carimbó pau & corda, ancestral e contemporâneo, na Ilha de Cotijuba, a partir das 20h. O evento terá entrada gratuita, com colaboração voluntária no famoso “chapéu do mangueio”, expressão usada pelas novas gerações do carimbó.

No último dia 20 de abril, o grupo de Mestre Jaci, criado em Icoaraci, “Os Caçulas da Vila”, completou 22 anos de atuação, alegrando rodas da Cultura Popular. Ainda engatinhando e aprendendo nas vivências entre a capital e as comunidades, o carimbó da Cobra Venenosa, por sua vez, completou, no dia 2 de maio,  6 anos existindo e entoando um canto de liberdade e ousadia no Carimbó Pau & Corda contemporâneo.

A poética de Mestre Jaci, atualmente com 69 anos, é uma viagem pela Baía do Guajará e seus braços de rios que lhe abastecem. Um olhar sensível à realidade de um pescador urbano que passou a vida entre o rio e o asfalto. A dura realidade de quem vive a depender dos rios, a devoção aos Santos padroeiros, as praias e ilhas encantadas e a charmosa Vila de Icoaraci ganham ritmo nas composições desse poeta pescador de sonhos.

Jaci é contemporâneo do Mestre Verequete, filho de pescador e professora, criou-se em cima da canoa tirando matapi - usado para pegar camarão - e rede para garantir a sobrevivência da família. Foi o primeiro vocalista do grupo “Irmãos Coragem”, trabalho liderado por seu tio “Dodó”, e um dos grupos mais tradicionais em Icoaraci na década de 1970. O Mestre se orgulha por ser pescador artesanal e por passar boa parte de seus dias às margens da Ilha de Caratateua, conhecida como distrito do Outeiro.

Com Os Caçulas da Vila, Mestre Jaci fez um resgate de grande importância. Mestres que vinham esquecidos e afastados do cenário ganham nova vida e voltam à cena, tendo suas composições de volta às rodas. Mestre Coutinho e Mestre Saraiva (em memória) antigos integrantes do conjunto Uirapuru do Mestre Verequete, Mestre Bené (em memória), mestre Thomaz (Os Africanos de Icoaraci) são alguns nomes que integraram o mais novo, à época, grupo de Carimbó da Vila Sorriso.

Mestre Jaci e “Os Caçulas da Vila” foram atração no III Festival Se Rasgum (2008), também se apresentou nas duas edições do projeto “Mestres Urbanos da Vila de Icoraci”, em 2017 (independente) e em 2018, contemplado pelo edital Pauta Livre, no Teatro Experimental Waldemar Henrique. Em 2017, foi um dos mestres titulados pelo Prêmio Carimbó Nosso Patrimônio (IPHAN). Além disso, em 2018, Mestre Jaci foi premiado pelo extinto Ministério da Cultura (MINC), no edital “Selma do Coco de Culturas Populares”. 

“Para celebrar nossa parceria - pois com muito carinho e respeito trabalho desde 2017 com o Mestre -, e a resiliência desses dois projetos que podem se dizer opostos complementares da raiz ao hype, convidamos vivos e ‘encantades’ amazônicos das águas, ruas, matas e igarapés para viver carimbó à beira da água doce, sob a luz da lua, saudando mais um lugar de afeto, o “Espaço Cultural e Solidário Maré Sonora”, para os encontros de carimbozeirxs, poetas e outrxs sonhadorxs que ousam se manter vives, vibrantes e esperançosos de novos dias”, afirma Priscila Duque, do grupo Cobra Venenosa, uma das atrações neste sábado. 

O microfone estará aberto às intervenções poéticas e ‘carimbozeiras’ para os entusiastas interessades em somar vibração e alegria para a roda de carimbó acontecer.  A festa conta ainda com três convidados: Luizan Pinheiro,  professor da Faculdade de Artes Visuais da UFPA, compositor e carimbozeiro. Vindo de Marapanim da Praia de Tamaruteua nos anos 70, transita entre a universidade e a cultura popular. 

Ele também fundou e criou o Carimbó Tamaruteua junto com amigxs e parceirxs que tocavam juntos desde 2013: Lu Bessa, Priscila Duque, Tom Vasconcelos, Karol Teixeira e outrxs. Entre suas músicas estão: É Tamaruteua!, Carimbó Tamaruteua Bate!, Chico Braga é Demais! Porrada Seca!... Lançou nas plataformas digitais: Carimbó Tamaruteua: carimbó é vida!(2019) e LP (Luizan Pinheiro): canções urbanas, praianas, existenciais…..Lado A (2021). 

Outro convidado é Mateus Moura, artista e educador. Gosta de compor e aprende muito no processo, principalmente em roda. “Com o Cobra Venenosa já viajei pelo Brasil e rolaram altas sintonias. Cotijuba é um lar antigo, para onde sempre retorno e faço oferendas. Nessa participação prometo saudar mestres como Chico Braga e sumidades como Matinta Pereira. Também apresentarei músicas inéditas!” anuncia o artista. 

Serviço

O quê? Inauguração do Espaço Cultural e Solidário “Maré Sonora” com Mestre Jaci, Cobra Venenosa + convidados (Mateus Moura e Luizan Pinheiro) + Roda aberta;

Quando? 07 de maio (sábado);

Onde? Praia do Vai-quem-quer (Ilha de Cotijuba);

Que horas? A partir das 20h.

(Holofote Virtual com Assessoria de Imprensa)