31.12.22

Valcir Santos analisa as gestões da cultura em 2023

Valmir Santos - Foto reprodução/Internet
Nesta entrevista derradeira do ano, eu converso com o professor Valcir Santos, da UFPA, um dos mobilizadores do Fórum de Culturas do Pará, sobre os avanços e entraves nas políticas públicas de cultura, nos últimos dois anos, no âmbito municipal, e nos quatro anos do governo estadual que acaba de ser reeleito. 

Em 2022, o povo da cultura voltou às ruas, mas isso nem de longe foi o suficiente para recuperar o setor. Houve um processo lento mas no final deste ano vias ser aprovada a Lei Valmir Bispo, devidamente revisada, para instituir o Sistema Municipal de Cultura. Também no finalzinho do ano, a lei que institui Sistema Estadual de Cultura também foi sancionada, mas há algumas críticas sobre ela, enquanto que a Valmir bispo pode ser considerada, desde já, diz Valmir, como uma referência para o país.

"Acho que as perspectivas para 2023 para a Cultura são muito positivas. Sobretudo tendo em vista as mudanças projetadas para 2023 com um novo governo federal eleito, com a vitória de Lula e de uma ampla frente democrática. Somente o fato de ter derrotado o governo de extrema-direita do Bolsonaro, que tinha uma agenda destrutiva para a Cultura, já trouxe um enorme alento", diz Valmir Santos. 

No âmbito federal, temos a volta do Ministério da Cultura, extinto no governo Bolsonaro, e a execução da lei de Política Nacional Aldir Blanc (2) de Fomento à Cultura, que vai garantir repasses anuais de R$ 3 bilhões da União a estados e municípios para incentivar o setor cultural, durante cinco anos, e a lei Lei Complementar 195/22 Paulo Gustavo, que direciona R$ 3,86 bilhões do superávit financeiro do Fundo Nacional de Cultura (FNC) a estados e municípios para fomento de atividades e produtos culturais em razão dos efeitos econômicos e sociais da pandemia de Covid-19. 

"A vitória de Lula traz auspícios muito bons para o povo da Cultura. E não somente por conta da recriação do MinC, mas sobretudo porque traz consigo a reconstrução e fortalecimento das políticas culturais democráticas e inclusivas que foram construídas durantes as gestões de Gilberto Gil e Juca Ferreira à frente do MinC, no primeiro e segundo mandatos de Lula", continua. 

Doutor em Planejamento Urbano e Regional pela Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ (2015), Mestre em Desenvolvimento Sustentável do Trópico Úmido pela Universidade Federal do Pará - UFPA (1997), Especialista em Desenvolvimento de Áreas Amazônicas pela UFPA (1991) e Graduado como Bacharel em Ciências Econômicas pela UFPA (1986), Valcir Santos é professor associado da Faculdade de Ciências Econômicas (FACECON), ligado ao Instituto de Ciências Sociais Aplicadas (ICSA) da Universidade Federal do Pará (UFPA). Confira!

Uma realidade em 2023! 
Holofote Virtual: Quais são as tuas apostas quanto à retomada da política cultural do país, com as Leis Paulo Gustavo e Aldir Blanc 2 e como você analisa a indicação de Margareth Menezes para o Minc, dentro desta nova conjuntura?

Valcir Santos: Em especial, isso quer dizer que na agenda da Cultura vão estar de volta programas como “Cultura Viva” e, sobretudo, o fortalecimento do Sistema Nacional de Cultura (SNC), que possibilita uma integração entre as políticas culturais de Municípios, Estado e União. Além disso, o SNC possibilita uma ampla participação social na gestão da política cultural, além de conter uma visão mais abrangente de Cultura. 

A indicação do nome de Margareth Menezes sinaliza uma inclusão mais ampla e diversificada, sobretudo dos segmentos pretos, mas também LGTQI+++, indígenas e quiçá ribeirinhos, o que pode ser uma grande novidade para os povos amazônicos. Por outro lado, o orçamento da Cultura vai estar muito turbinado, sobretudo com a execução das Leis Paulo Gustavo e Aldir Blanc 2. 

A previsão é de um aporte de recursos acima de 10 bilhões de reais para a Cultura. Aliás, esse deve ser outro grande diferencial, pois nem nos melhores momentos da gestão do Gil e do Juca no MinC se conseguiu tantos recursos para a Cultura! Portanto, há muitos motivos para estar bem otimista com o cenário para a Cultura em 2023, sobretudo tendo em vista que estamos saindo de um governo federal dominado por grupos extremistas e fascistas e que foi muito tenebroso para a Cultura.

Primeiro encontro com a nova Secult, em 2019.
Holofote Virtual: Fechamos 4 anos do governo Estadual e dois da prefeitura de Belém, com a expectativa de que finalmente os Sistemas Municipal e Estadual de Cultura sejam regulamentados e comecem a funcionar. Queria tua opinião especificando cada um deles, a partir das leis sancionadas.

Valcir Santos: Sim, espero que os Sistemas de Cultura Municipal de Belém e Estadual do Pará consigam, enfim, funcionar em 2023. Mas com algumas diferenças importantes. Em comum, há o fato de que ambos foram aprovados e estão sendo sancionados praticamente na mesma época e recentemente. Outro fato em comum é que ambos devem começar a funcionar a partir da eleição dos Conselhos de Cultura – no caso de Belém, por meio do CMPC (conselho municipal de política cultural) e no Pará por meio do Conselho Estadual de Cultura. Em ambas, as eleições dos conselheiros deve ocorrer por meio da efetivação dos Fóruns Setoriais de Cultura, que deve possibilitar uma participação maior e mais direta dos fazedores de cultura. 

Mas creio que o Sistema Municipal de Cultura de Belém (SMC Belém) vai ser mais completo e com instâncias mais democráticas e participativas do que o Sistema Estadual de Cultura do Pará. Isso porque, com a aprovação da Revisão da Lei Valmir Bispo Santos pela Câmara Municipal de Belém no dia 5 de dezembro deste ano, conseguiu recuperar os avanços e inovações democráticas mais importantes do texto original da Lei Valmir. É importante lembrar que a Lei Valmir, em seu texto original aprovado em 2012, foi elaborada pelos movimentos culturais de Belém. Por isso, provavelmente o Sistema Municipal de Cultura de Belém é provavelmente o mais avançado em termos de capitais brasileiras. 

Holofote Virtual: Você poderia destacar os principais avanços que traz o SMC de Belém?

Valcir Santos: O grande desafio vai ser efetivar a Lei e os seus principais mecanismos e instrumentos. Entre os seus instrumentos principais, destaca-se o chamado “CPF da Cultura” (Conselho, Plano e Fundo municipais de cultura). No caso dos recursos para a Cultura, a Lei Valmir prevê um patamar básico (mínimo) de pelo menos 2% da receita líquida do município para a Cultura. 

Nenhum município prevê tantos recursos proporcionais do orçamento municipal destinados à Cultura. Além disso, pelo menos 40% do orçamento da FUMBEL (ou do órgão gestor da cultura municipal) seja destinado ao Fundo Municipal de Cultura. E isso é importantíssimo, pois vai possibilitar um acesso mais amplo e democrático para o financiamento de projetos culturais, especialmente por parte de coletivos, grupos e artistas ligados à cultura popular e regional e da periferia de Belém, que são excluídos historicamente ao acesso de recursos oriundos das leis de renúncia fiscal, como Tó Teixeira (municipal), Semear (estadual) ou Rouanet (federal). 

Outra grande inovação democrática da Lei Valmir é o funcionamento dos Fóruns Setoriais e Distritais de Cultura, que vão ser permanentes e possibilitar uma participação direta dos fazedores de cultura na discussão e definição das políticas culturais. Isso vai estabelecer um modelo inédito de democracia participativa e de governança na área da Cultura. Isso se o Sistema Municipal de Cultura de Belém funcionar tal como estabelece a Lei Valmir.

Holofote Virtual: Quando você fala em diferenças entre o SMC e o SEC , você se refere exatamente a que pontos?

Valcir Santos: Nenhum desses instrumentos tão avançados do SMC Belém estão previstos no Sistema Estadual de Cultura do Pará. Aliás, o SEC Pará tem um grande “furo” e que ainda precisa ser consertado. Isso porque o projeto enviado pelo Governo do Estado/SECULT não prevê a criação do Fundo Estadual de Cultura, que é um dos elementos basilares do sistema de cultura. Diga-se de passagem que o Fundo é um instrumento obrigatório do Sistema Estadual de Cultura, e a sua ausência é inexplicável. 

Por mais que a SECULT possa argumentar a existência do FEPAC, que é um fundo ligado à Lei Semear, não se pode comparar um instrumento ligado à lei de renúncia fiscal com um fundo público. Há várias diferenças, entre as quais a que o Fundo requer uma conta própria, regras claras de uso dos recursos e possibilidade de receber recursos do Fundo Nacional de Cultura que um instrumento da renúncia fiscal não tem. 

Além disso, as atribuições do Conselho Estadual de Cultura foram limitadas nesse projeto do Governo do Estado, inclusive retirando a competência de fiscalização sobre o sistema estadual de financiamento da cultura. Por tudo isso, se faz urgente que se faça uma Audiência Pública para definir claramente como pode ser aprimorado o arranjo pelo qual foi aprovado o Sistema Estadual de Cultura do Pará.

Michel Pinho na Fumbel - Memorial dos Povos
Holofote Virtual: Quais os pontos críticos das gestões de cultural tanto no âmbito municipal?

Valmir Santos: Acho que há problemas de gestão tanto da FUMBEL, em Belém, como da SECULT, em termos estaduais. De certa forma, há um grande desapontamento com as gestões dos dois órgãos de cultura por parte dos fazedores de cultura e dos movimentos culturais, de forma geral. Esperava-se que a direção da FUMBEL estivesse à frente das principais bandeiras do programa de governo municipal na área da Cultura, que eram, sobretudo, a Revisão da Lei Valmir e a efetivação do Sistema Municipal de Cultura. 

Estamos praticamente no meio do mandato do Prefeito Edmilson Rodrigues, e só agora, no final do segundo ano de governo é que foi enviada à Câmara Municipal o projeto de Revisão da Lei Valmir. E isso só ocorreu por conta da pressão dos movimentos culturais, sobretudo do Fórum de Culturas do Pará, que desde o início do governo Edmilson propôs para a direção da FUMBEL a formação de um Grupo de Trabalho paritário entre o governo municipal e a sociedade civil para a elaboração de uma proposta conjunta de Revisão da Lei Valmir. 

A gestão do presidente Michel Pinho, da FUMBEL, preferiu elaborar uma proposta por conta própria, e cuja primeira versão quase reproduzia o texto do ex-prefeito Zenaldo Coutinho, que adulterou completamente o texto original da Lei Valmir em 2017. Há uma dificuldade muito grande da atual direção da FUMBEL em dialogar com os movimentos culturais. 

O Fórum de Culturas do Pará só conseguiu ter um diálogo melhor com a Prefeitura de Belém por meio da coordenação do Tá Selado (programa de participação social do governo municipal) e pela mediação dos conselheiros de cultura do Congresso da Cidade, que conseguiram abrir um canal de interlocução com a SEGEP (secretaria municipal de gestão e planejamento). 

Essa dificuldade da atual direção da FUMBEL em dialogar com os movimentos culturais atrasou bastante a execução das principais propostas do próprio governo municipal na área da Cultura. Inclusive isso está emperrando a utilização de recursos do Fundo Municipal de Cultura, pois é preciso a autorização do Conselho Municipal de Política Cultura para isso. 

No entanto, o mandato dos antigos conselheiros (ainda remanescentes da gestão Zenaldo, e cuja legitimidade era muito questionada pelos movimentos culturais) terminou em 2021, e com isso Belém está praticamente há dois anos sem o funcionamento adequado do Conselho Municipal de Política Cultural e utilização dos recursos do Fundo Municipal de Cultura.

Úrsula Vidal, como secretária em 2019.
Ao lado o seu adjunto Bruno Chagas,
atual titular da pasta.
Holofote Virtual: E no caso da gestão de cultura do Estado?

Valcir Santos: No caso da SECULT, a situação também é ruim, pois durante todo o primeiro governo de Helder Barbalho e gestão de Ursula Vidal à frente da SECULT, o Conselho Estadual de Cultura não se reuniu uma só vez. Havia a expectativa de mudanças profundas com a nova gestão, sobretudo depois de duas décadas de domínio praticamente “absolutista” de Paulo Chaves durante os governos tucanos. 

Portanto, era preciso mudar completamente a política cultural do Estado, tornando-a democrática e mais regionalizada. E a principal expectativa para isso seria por meio da implantação do Sistema Estadual de Cultura, pois o Pará é o Estado mais atrasado da Amazônia em termos de adesão ao SNC e de construção do seu sistema estadual de cultura. Mas a gestão de Ursula se mostrou muito tímida nesse aspecto. 

A proposta do Sistema Estadual de Cultura só foi colocada na ALEPA por conta da inciativa da deputada estadual Marinor Brito (PSOL), que presidia a comissão de cultura da ALEPA e pautou o projeto de formação do SEC Pará. Outro fator importante se deve pelo contexto da pandemia do coronavírus e, sobretudo, à reboque da Lei de Emergência Cultural, conhecida como Lei Aldir Blanc. Segundo a Escola de Políticas Culturais, mais de 570 municípios brasileiros criaram sistemas municipais de cultura por conta da execução dos recursos da Lei Aldir Blanc. Isso também se refletiu no âmbito estadual, como no caso do Pará. E o grande sucesso social (e político) da Lei Aldir Blanc se deve à grande mobilização nacional que ela provocou, sobretudo por meio da atuação dos movimentos culturais.

Uma das Galerias do MABE, museu em reforma
atualmente. 
Holofote Virtual: Diante disso tudo, o que podemos esperar para este próximo para Belém e o estado como um todo?

Valcir Santos: Espero que haja gestões mais participativas e profissionais nos órgãos gestores da cultura, tanto no município de Belém, como no Estado do Pará. Em nível municipal, espero que com a constituição e efetivação dos instrumentos do Sistema Municipal de Cultura de Belém, se crie a Secretaria Municipal de Cultura. Já está mais do que evidente que a estrutura atual da FUMBEL é incompatível para gerir o SMC Belém. 

E no caso da SECULT, também se faz urgente a capacitação de funcionários, técnicos e de seus dirigentes para que possam gerir o Sistema Estadual de Cultura. Uma prova do quanto isso se faz urgente é o fato de não ter sido prevista a criação do Fundo Estadual de Cultura no projeto do SEC Pará da SECULT/ Governo do Estado do Pará. 

É uma falha tão bisonha que só pode ser explicada pela falta de conhecimento técnico básico. Ou intenção política. Enfim, espero que haja mudanças efetivas e urgentes na gestão desses órgãos culturais em nível local e estadual. Até para se tornarem mais compatíveis com as mudanças que devem ocorrer em nível nacional, com a recriação do MinC (inclusive de escritórios estaduais do MinC) e fortalecimento do Sistema Nacional de Cultura. A Cultura do Pará e da Amazônia agradeceria profundamente.

30.12.22

Michel Pinho: a gestão cultural da Fumbel em 2022

Foto: Otávio Henriques/Cláudio Ferreira

Aa ações na Biblioteca Avertano Rocha, em Icoaraci, a realização de eventos públicos como o que fechou a Av. Presidente Vargas em alguns domingos, a 1a Bienal das Artes e o Festival de Música. O balanço de final da prefeitura na área cultural completo pode ser lido na Agência BelémNão constam ações de fomento à cultura e, na área  do patrimônio, MABE e Cine Olympia ficaram como metas para 2023. Em entrevista ao blog, o professor e historiador  Michel Pinho, presidente da Fumbel, diz que em 2023 as coisas melhoram e celebra a implantação do Sistema Municipal de Cultura, com a aprovação da lei Valmir Bispo.

As expectativas são positivas, mas não deixam passar despercebidas as críticas recebidas pela gestão, como aconteceu um pouco antes do Natal. Artistas denunciaram nas redes sociais que ainda não receberam seus cachês pelos serviços prestados à 1a Bienal de Artes de Belém. O evento foi realizado em setembro e envolveu 8 distritos, além da capital e da Ilha do Combu, que receberam espetáculos, oficinas e outras ações culturais. 

A Fumbel respondeu a postagem explicando que a demora se deve à “escassez de recursos públicos”, e em nota oficial informou que tudo será normalizado em 2023. É também por esse canal virtual que chegam as críticas sobre a demora na entrega das obras dos prédios do cinema Olympia e do Museu de Arte de Belém. Um grande salto em direção a uma política pública de cultura, porém, foi dado neste finalzinho de 2022, com a aprovação da lei Valmir Bispo, que regulamenta o Sistema Municipal de Belém e o Fundo de Cultura do Município. 

Além disso, o cenário nacional é favorável. Nesta sexta-feira, 30, a Ministra Carmen Lúcia do STF, através de decisão unilateral, determinou que seja efetuado pelos órgãos federais competentes, especialmente o Ministério da Fazenda e o Ministério do Turismo o empenho global e emissão de Nota de Empenho para a unidade gestora da SECULT/MTUR para a Lei Paulo Gustavo. Isso garante o recurso da ordem de R$ 3,8 bilhões destinados ao setor cultural, prorrogando ainda seu prazo de execução até 31 de dezembro de 2023.

Outra boa expectativa é com o retorno do Ministério da Cultura, que terá à frente a Ministra Margareth Menezes, com um orçamento inédito, que pode chegar até 10 bilhões, somando recursos das leis Paulo Gustavo e Aldir Blanc 2, e que beneficiarão a política cultural de estados e municípios. A seguir, confira algumas dessas questões no bate papo com o também fotógrafo e Mestre em Comunicação, presidindo a fundação nestes dois últimos anos.

Foto: Otávio Henriques/Cláudio Ferreira

Holofote Virtual: Qual o balanço que você faz de 2022, da área cultural, enquanto presidente da Fumbel? Quais os avanços e as dificuldades que irão refletir em 2023?

Michel Pinho: A Fundação cultural do município de Belém fecha o ano com a aprovação pela câmara e logo a sansão do Prefeito Edmilson Rodrigues em janeiro de 2023, da lei Valmir Bispo. Um processo que vai coroar o extenso debate entre o poder municipal e a sociedade civil da nossa cidade. Um outro ponto importante foi a realização da I Bienal de artes, que cumpriu um objetivo da campanha do Prefeito para que a cidadania cultural fosse exercida da melhor maneira possível. Uma das maiores dificuldades foi em termos financeiros. Em virtude da grave crise econômica que o país vive, o orçamento foi restrito. Mas logo em janeiro conseguiremos saldar os pouco menos de 30% de débitos que precisam ser sanados.

Holofote Virtual: Neste sentido gostaria que você falasse sobre a situação e encaminhamentos sobre o cinema Olympia, cuja situação continua sendo criticada nas redes sociais e sobre o Mabe também. São dois prédios que vc visitou logo quando foi anunciado como presidente da Fumbel.

Foto: Otávio Henriques/Cláudio Ferreira

Michel Pinho: Pergunta importante. A Fumbel não é a executora das obras, a responsabilidade da licitação e da contratação é da secretaria de urbanismo que tem no seu escopo esse exercício de demanda. A Fumbel acompanha e lauda a execução das obras e nesse sentido, oficiamos junto a Seurb o início das obras no ano passado de forma emergencial, pois, o telhado estava em péssimas condições. 

Ele foi completamente refeito, e em função do contingenciamento de verbas não podemos dar continuidade agora no segundo semestre, mas certamente será dado agora em 2023. Em Relação ao MABE a licitação da reforma integral foi assinada e o prazo de entrega é para 2023, tenho acompanhado o desenvolver do trabalho e está dentro do prazo.

Holofote Virtual: E com o país voltando ao mínimo da normalidade, Lula assumindo e o retorno do Minc, o que podemos esperar também de boas novas para a produção, fomento e incentivo à cultura em Belém no ano de 2023?

Michel Pinho: Esse é o maior alento. Não recebemos um centavo do governo federal nestes dois anos, e todos os nossos contatos através do Fórum de Secretários das Capitais com a Secretaria de Cultura Nacional foram pífios. No ano de 2021, chegamos a desenhar um plano para moradia no centro histórico, mas fui informado por um alto dirigente da Caixa Econômica Federal que não havia nenhum recurso para os centros históricos brasileiros. Com a mudança de gestão tenho a certeza que esse olhar vai mudar e poderemos sonhar com uma cultura brasileira mais forte e democrática.

Na Casa do Artista segue com os projetos em 2023

Ela é autora de um dos livros mais importante lançados este ano na área da cultura alimentar. Detentora desses sabers, foi uma das convidadas a subir no palco com Luís Inácio Lula da Silva, na reunião com a cultura, em setembro, no Theatro da Paz. Quem se interessa pelo tema mas ainda não leu "Entre Panelas, Memórias e Sentidos", fica a dica. A seguir, a autora entra na retrospectiva do blog para falar de seus projetos e do espaço Na Casa do Artista, em Icoaraci. 

"Entre Panelas, Memórias e Sentidos" foi lançado no dia 5 de outubro, em clima de Círio de Nazaré e cito a ação aqui como um dos momentos memoráveis da agenda cultural de Belém este ano.  Na ocasião, a escritora e cozinheira de mão cheia serviu, claro, uma iguaria da época, feita com seu toque especial, a famosa maniçoba. 

E como não bastasse a reunião de pessoas incríveis naquela noite, ela ainda trouxe para nossos olhos e ouvidos uma apresentação de artistas do Carimbó de Icoaraci, contando com o Trio Chamote e Íris da Selva. O livro ainda foi lançado em Icoaraci, Na Casa do Artista, espaço cultural mantido em sua casa, em Icoaraci, juntamente com seu companheiro, o artista visual Werner Sousa. 

Lá é seu laboratório culinário, seu paraíso poético, um espaço de fazeres e também feito para receber. Não são raras as provocações e nem poucas as oportunidades. Ao longo do ano são promovidos saraus, encontros musicais e de artes visuais. 

Mestra em Planejamento do Desenvolvimento do Programa de Pós Graduação em Desenvolvimento Sustentável do Trópico Úmido - PLADES/UFPA, com a dissertação sobre Saberes Tradicionais e Patrimônio Imaterial, Auda recebeu o prêmio nacional Rodrigo de Melo, na categoria Salvaguarda de Bens de Natureza Imaterial, em 2007, como produtora do projeto Mestres da Cultura de Icoaraci. 

Pesquisando saberes tradicionais desde 1996 e saberes culinários desde 2013, a ativista cultural também coordenou, em Icoaraci, o Movimento de Vanguarda da Cultura Icoaraci, o MOVA-CI, recebendo o prêmio Culturas Populares e menção honrosa, e o projeto Café com Pupunha (trabalho com oralidade), de Valorização da Arte Cerâmica e Geração de Renda, escolhido entre as 10 melhores iniciativas de Arte e educação pelo Rumos Itaú Cultural em 2008. 

Em 2019, organizou o Intercâmbio de Artes Visuais em parceria coma a entidade Alemã Ponte Cultura, que envolveu artistas europeus e brasileiros. E somente este ano foi possível lançar o catálogo. Durante a pandemia Auda teve perda familiar para a Covid-19, mas aos poucos e com sabedoria, tudo foi sendo retomado e em 2023, Na Casa do Artista já tem programação em janeiro e o projeto com a cultura alimentar, segue em outros desdobramentos. 

Holofote Virtual: Fazendo uma retrospectiva deste ano, o que destacas dentro das realizações do espaço Na Casa do Artista e na produção cultural tua e do Werner?

Auda Piani Tavares: Enquanto produção individual e  produção Na Casa do Artista, posso afirmar que foi um ano que fluiu; e apesar dos resquícios da dor e do isolamento por conta da epidemia conseguimos fazer programação Na Casa do Artista com participações especiais nas Artes visuais: Ricardo Pontieri, Lúcia Gomes e Marcele Nascimento. Na música, tivemos a presença de Vitor Piani, Maurício Panzera, Waldiney Machado, Ronaldo Silva e Allan Carvalho. No teatro, contamos com a maravilhosa Larissa Latif.

Werne realizou a exposição Vitrines no espaço Ná Figueiredo. Conseguimos concluir o catálogo "Territórios", resultado do Encontro Internacional de Artes Visuais "Territórios", realizado em 2019, o qual foi lançado Na Casa e depois no Intercâmbio internacional da Ponte Cultura em Fortaleza-CE, que Werne participou com a obra Operária.

Quanto ao projeto “Entre Panelas, Memórias e Sentidos”, de minha autoria consegui concluir a primeira etapa de viagens e entre janeiro e outubro tratamos da edição e publicação do livro, que saiu do jeitinho que sonhei. Lançamos em outubro no espaço Ná Figueiredo e em novembro Na Casa. Encerramos o ano com o lançamento e entrega do livro aos mestres de Quatipuru-PA, no dia 26 de dezembro no Barracão da Marujada, durante os festejos de encerramento daquela glamourosa festa.

Holofote Virtual: O ano, apesar de tudo, foi de realizações, que maravilha. E as expectativas para 2023?

Auda Piani Tavares: Iniciaremos o ano com programação na Casa, que inclui o show Duo Norte (Vitor Piani, Charles Matos e convidados), exposição de aquarelas de Werne Souza, Sarau Poético, Roda de Conversas sobre o Registro enquanto salvaguarda de Saberes. Isso é só começo. Deixamos fluir, o que vem é resultado de ideias, planos, projetos e muito trabalho

Holofote Virtual: Sobre politicas públicas pra cultura...

Auda Piani Tavares: As políticas culturais devem possibilitar a criação, produção, desenvolvimento artístico e fomento. O que percebemos é que a Lei Aldir Blanc favoreceu aos beneficiados. Entendo que política públicas deve considerar os trabalhos já realizados, fomentando o trabalho artístico continuado, mas ainda ocorre equívocos quanto a isso, dentro dos desenhos das políticas públicas para cultura tanto municipal quanto estadual.

Holofote Virtual: Quais as expectativas e novos projetos para este novo ciclo?

Auda Piani Tavares: Entre os projetos em vista, já citei alguns, mas pretendo entre outras coisas, dar continuidade ao trabalho relacionado aos saberes culinários e patrimônio imaterial. A esperança se renova com a recriação do MINC, uma mulher negra a frente já demonstra avanços no sentido de garantia de espaços.  Nessa crença de avanços, esperamos uma descentralização efetiva, começando com o fortalecimento de estruturas do MINC na nossa região, assim como o repasse de recursos que atenda nossa dimensão tanto territorial quanto suas potencialidades fruto da diversidade cultural e ambiental.

Para seguir e saber mais:

https://www.instagram.com/projetoentrepanelas/

https://www.instagram.com/na.casa.do.artista/

Para ler a matéria sobre o lançamento do livro:

https://auda-piani-lanca-receitas-com-saberes-e.html

19.12.22

Psica recebe elogios e o axé de Daniela Mercury

Daniela Mercury esbanjou alegria, simpatia e carisma na última noite do Psica, neste domingo (18). A cantora fez o show de encerramento do evento, que iniciou na sexta (16), no Espaço Náutico Marine Clube, celebrando 10 anos de festival. Já passavam de uma e meia da manhã desta segunda-feira (19), quando a baiana entrou no palco Güera para cumprir o que prometeu à imprensa, ainda no camarim. Não deixar ninguém parado. Ela também falou aos jornalistas sobre a importância e o papel da cultura na redemocratização do país, e sobre seu reencontro com Dona Onete. Confira.

Cores vibrantes, iluminação perfeita e uma visualidade pela qual o festival prezou durante os três dias. Tudo isso estava ali estampado no show de Daniela Mercury, que fez duas horas de apresentação, quando o previsto era uma hora e meia. Estava encantada com o festival e sua proposta de conceito musical periférico e de valorização da cultura popular e afro amazônica. 

A cantora trouxe bailarinos e cantou músicas do álbum mais recente, "Baiana". “Ninguém vai parar um segundo, não vai dar nem pra respirar”, avisou. "Hoje eu vim aqui reforçar essa iniciativa que é o Psica. Fiquei encantada, já são 10 anos fazendo um festival feito dessa forma, com arte da melhor qualidade, trazendo uma turma que muitas vezes não tem visibilidade. E tem gente de todo lugar do Brasil, gente que teria dificuldade de chegar aqui na região norte. Eles fazem isso com esforço e sem patrocínio. São ‘loucos’ igual a mim, vão pra rua e o que importa é fazer acontecer”, disse a cantora, que também fez uma previsão para um futuro próximo.

“Eles vão se consagrar. É um grande festival, com uma infra estrutura fantástica e ainda fizeram  um dia inteiramente gratuito. É assim que você vai ensinando como a cultura é transformadora e que não tem nada mais importante pra gente se reconhecer enquanto ser humano do que a cultura”, disse a rainha do axé, como a identificam na Bahia. 

Intensa e apaixonada pelo que faz, no palco, ela impressiona. Dança e canta o tempo todo, com exceção de dois momentos, uma para troca de figurino, ela sai do preto para o vermelho, e outra abrindo espaço e visibilidade ao seu corpo de bailarinos, também impressionantes pela precisão de movimentos, todos moldados na cultura africana. 

Em determinado momento, um deles entra em cena com as vestimentas de Omulu, encantando e arrancando aplausos fervorosos da plateia. Além dos bailarinos, as percussões também são presentes e marcantes em todo o show. Baixo, guitarra e teclado também estão ali, mas dispostos de forma discreta no palco. 

Na plateia, na área vip estava Flora matos que cantava todo o repertório, chamando a atenção de Daniela que a chamou para uma participação inusitada. No repertório recheado de sucessos, não faltou "Banzeiro", música de Dona Onete gravada por Daniela em um clipe que se tornou um hit no carnaval de Salvador, em 2018. A partir daí, ela que já conhecia a artista paraense, desde o primeiro disco, ficou fã.

A rainha do axé encontra a rainha do chamegado

Daniela  Mercury já estava em Belém desde o sábado (17), com o empresário Geraldinho Magalhães, também empresário de Dona Onete, outra rainha, mas esta do carimbó chamegado. O encontro na casa da paraense trouxe histórias, literalmente, de outros carnavais. Em 2017, a cantora gravou um clipe com a música Banzeiro, faixa título do álbum lançado naquele mesmo ano por Dona Onete. O sucesso foi tão grande, que a música se tornou um dos grande hits do carnaval na Bahia, em 2018. 

“Dona Onete é maravilhosa, foi um dia encantador e inesquecível pra mim. Relembrei vários sucessos dela, cantamos, fiz o treme. São musicas maravilhosas”, comentou Daniela revelou que gostaria de colocar mais músicas do Pará no carnaval da Bahia. “E vou inserir isso de forma mais ampla, eu acho importante, porque a gente, em Salvador, começou a valorizar a musica local e estimulou que outros lugares também fizessem o mesmo. Eu sinto felicidade em ver isso florescer em todos os cantos”, disse a cantora. 

O Ministério da Cultura e a redemocratização 

Com quase 30 anos de carreira, Daniela Mercury é uma das artistas brasileiras mais reconhecidas e respeitadas dentro e fora do país. Possui 22 álbuns gravados, um deles, o "Baiana"além de DVDs, clipes e turnês internacionais, além de premiações. Ela chegou a ser cogitada para assumir o Ministério da Cultura e no camarim perguntei também pra ela como está vendo o atual momento do país e o retorno do MinC, tendo uma mulher como Margareth Menezes, baiana como ela, no comando.

“Vejo com muita esperança. Margareth Menezes e eu somos amigas há mais de 30 anos e ela é genial, artista de potência nordestina, mulher na luta pelos Direitos Humanos. Ficamos nós duas sendo cogitadas para ministério e a gente se perguntava: quem vai? A gente estava colada, mas quando ela foi para a transição, eu disse olhe, segure aí, que eu vou ajudar de outro jeito.  Aqui fora vou estar no palco e na sociedade civil organizada, a gente precisa se organizar pra ter outras condições de trabalho, a gente aprende muito ao longo da vida . Então estou muito feliz e muito esperançosa. Margareth tem uma força positiva para assumir o ministério junto com essa equipe que a gente tá vendo se formar”, comentou.

Daniela Mercury também ressalta a necessidade de estarmos atuantes, representando o nosso papel enquanto sociedade. “O povo é soberano então precisa participar. E eu vejo que todos esses movimentos periféricos em inserção na democracia. Essa redemocratização deu um susto pra gente perceber que não dá pra ficar descansado e deixar que os representantes (políticos) tomem conta. Foram seis anos nada democráticos,  mas a partir de Lula, podemos avançar, aperfeiçoar e derramar cultura pra todo lado, fazer ocupação artística. Esse é o caminho”, concluiu.

18.12.22

Festival coleciona emoções na edição dos 10 anos

Após dois dias de evento, a programação do Psica 10 Anos vai encerrar neste domingo (18), no Espaço Náutico Marine Club, localizado no bairro do Guamá, esperando cerca de 10 mil pessoas esse terceiro dia. Ontem, foi mais um dia memorável com Lia de Itamaracá, que fez uma belíssima apresentação, emocionado-se e emocionando o público. Hoje, o domingo também promete. Os ingressos individuais estão à venda em festivalpsica.byinti.com. 

Dançarina, compositora e cantora, reconhecida como a mais célebre cirandeira do Brasil, intitulada como Patrimônio Vivo do estado de Pernambuco, Maria Madalena Correia do Nascimento quando pisa no palco chama atenção por sua presença e personalidade forte, com 1,80 metros. No próximo dia 12 de janeiro, ela completa 79 anos vividos na ilha de Itamaracá, onde nasceu e onde começou a participar de rodas de ciranda com 12 anos de idade. 

Após sua apresentação, estivemos com ela no camarim, onde mais uma vez ela nos ensinou sobre a ciranda da vida e do amor pela cultura. O vídeo está no meu Instagram (@holofote_virtual). O festival segue assertivo, em sua essência, ao escalar tal mestra para essa edição especial. Em 2017, tive a honra de conhecê-la pessoalmente e de apresentar a ela e seu grupo, ninguém menos que Mestre Vieira. Estávamos em Niterói para o Interculturalidades/Território das Artes (UFF/FUNARTE). Foi um poderoso encontro que presenciamos e ontem, espero tê-lo estendido pelas páginas do songbook que Lia levou em mãos.

Mistura de ritmos e cenas marcam o último dia

Hoje tem mais Psica. É o encerramento e o show do Madame Saatan é aguardado com expectativas pelo público. Muita gente que viveu a época da banda, mas também muita gente curiosa e até empolgada, pois verá pela primeira vez a banda que já se tornou uma lendária, no palco. 

Focando no estilo rock/heavy metal, o Madame Santana surgiu em 2003, durante a composição da trilha sonora da montagem de Ubu – Uma Odisseia em Bundalele, espetáculo inspirado na obra de Alfred Jarry. Chegou a lançar, e chegou a lançar três álbuns, “O Tao do Caos” (2004), “Madame Saatan” (2007) e “Peixe Homem” (2011). 

Até 2011, fizeram shows e participaram de diversos festivais em todo o Brasil, destacando-se na cena independente do Metal Nacional, até que em outubro de 2012, um acidente de trânsito que atingiu o baixista Ícaro Suzuki, muda também o destino do grupo.

Esse show especial e que tem clima de um possível retorno da badan é, portanto, plateia obrigatória para quem acompanha a história do rock paraense.  Também estarão no palco deste domingo,  Luedji Luna (BA), Flora Matos (DF), BK’ (RJ), MC Naninha (RJ), Surreal Crocodilo Arthur da Silva, Rawi (Santarém), Ogro Jazz Band (RJ), Filhos de Maiandeua (Maracanã), Victor Xamã (AM), Viviane Batidão, Reggaetown convida Negro Edi, Bruna BG e Bruno BO e Badsista (SP) completam a programação da noite.  

Diretamente de Salvador, Bahia, um dos maiores nomes do Axé, Daniela Mercury, vai fazer do palco de 10 anos do Festival Psica uma verdadeira micareta ao som de hits de carnaval como “O Canto da Cidade” e “Swing da Cor”, além das canções do novo álbum, o recém-lançado “Baiana”. 

Na cidade desde o sábado, a cantora já andou por aí e fez uma visita especial a Dona Onete. Ao regravar, em 2017, a música Banzeiro, da cantora e compositora paraense, musa do nosso carimbó chamegado, Daniela roubou a cena do carnaval, no ano seguinte, em Salvador, Bahia, arrastando multidões em trios e blocos. 

“O show será uma adaptação da apresentação que estreei em Portugal do álbum novo ‘Baiana’. Falo adaptação porque esse show tem 2h25 de duração e no festival teremos 1h30. O meu show é muito dançante e rítmico", disse Daniela. 

"Vou com a banda completa e os bailarinos. Do novo álbum estão no repertório as músicas ‘Mulheres do Mundo’, ‘Baiana’, ‘Soteropolitanamente na Moral’ e ‘Bombinha’. Vou cantar também ‘Banzeiro’, ‘Nobre Vagabundo’, ‘As Rendas do Mar’, ‘O Canto da Cidade’, ‘Oyá por Nós’, ‘Rainha do Axé’ e muito outros grandes sucessos do meu repertório. Se preparem para dançar”, adiantou.

Conterrânea de Daniela, Luedji Luna vem se consolidado como um dos maiores nomes da Nova Música Popular Brasileira (MPB). Ela traz ao Psica as músicas do também recém-lançado “Bom Mesmo É Estar Debaixo d’Água Deluxe”. 

“Já já a gente se encontra no Festival Psica. Convido a todos para a gente se encontrar e cantar as canções do ‘Bom Mesmo É Estar Debaixo d’Água’. Para mim é uma honra imensa fazer parte desse line-up, nesse festival que é capitaneado por pessoas amazônicas, pretas e periféricas do Norte”, vibra Luedji.

A programação do Festival Psica tem como objetivo valorizar a cultura amazônica e periférica de todo o país, dialogar sobre decolonialidade, a partir das cidades do interior e de suas manifestações culturais de resistência secular, e promover acesso à cultura. “São artistas que refletem as bandeiras que o Festival Psica levanta ao longo desses 10 anos como um movimento cultural de música periférica, preta e nortista”, explica Gerson Júnior, diretor e criador do Psica.

Veja também papo com a cantora e cirandeira, no instagram: https://www.instagram.com/reel/CmUjaP7joDh/?utm_source=ig_web_copy_link

Sobre a Psica Produções

O Psica, muito além de um festival multicultural, é um movimento artístico preto e periférico nascido na Amazônia que vem alcançando influência em todo o Brasil. A Psica Produções também é responsável por um selo, a Psica Gang, que reúne 17 artistas da música e das artes visuais e que este ano assinou contrato de distribuição musical com a Warner Music Brasil.

Serviço

Festival Psica 10 Anos. Local: Espaço Náutico Marine Club - Avenida Bernardo Sayão, Nº 5232 - Guamá. Mais informações @psicaproducoes


17.12.22

Psica abre com força popular e swing de Liniker

O festival está celebrando uma década dedicada à cultura periférica e amazônica e pretende dar um salto para sua consolidação em 2023. Na abertura de ontem, houve cortejo reunindo movimentos como a Marujada de São Benedito, os Pássaros Juninos, a bateria do Bole-Bole, as Themônias, o Auto do Círio e o Batalhão da Estrela. O ponto auto da noite, que encerrou com DJs e com a aparelhagem Super Pop, foi o show de Liniker, que entrou no palco já próximo da meia noite. 

Há dez anos, o festival Psica surge com o ideal de abrir os espaços e os caminhos para a música preta, feita por pessoas da periferia, em todo o país, e da Amazônia, artistas que ficam muitas vezes invisibilizados ou, ainda que sejam geniais, seguem enfrentando um preconceito. Foi com a ideia de mudar algo, que o festival também recebeu o nome de Psica, que significa má sorte, uma espécie de feitiço que se joga contra os adversários, mas no caso do festival, a história é outra. 

“O nome surge do nosso regionalismo, falar do que a gente vive aqui na Amazônia, esse nome é uma forma de reverter o que aqui se entende como uma mandinga pra jogar azar no outro. Revertemos isso e jogamos uma psica boa na galera. Entendemos que esse nome se encaixa perfeitamente no festival, por causa dessa regionalidade”, diz Gerson Júnior, criador e diretor do Psica.

O produtor acredita que a realização desse evento que celebra os 10 anos do Psica é um momento de virada do festival para um outro patamar. “Em 2023, o Psica quer entrar no calendário nacional. Os olhares de todas as regiões estão voltados pra gente. Por isso estamos entregando o evento deste ano da melhor forma possível , queremos nos consolidamos como uma potência da Amazônia”, diz .

O projeto surge de forma independente e assim segue, buscando apoios como este ano, conta com o Governo do Estado, por meio das secretarias de cultura e turismo, Prefeitura de Belém, Hotel Princesa Louçã e Na Figueredo. “É um corre muito grande, a gente trabalha muito. E contamos com o público, o nosso maior patrocinador, além de outras fontes também, mas esse ano a entrega é muito maior e por isso estamos nos dedicando de corpo e alma”, comenta. 

Para o Psica, o maior retorno de tudo isso é o público. “A gente vê esse retorno, no público que consome o Psica. Ele é diverso e se sente bem em estar aqui. Abrimos as portas para grupos minoritários, pessoas pretas, mulheres, por exemplo, para que se sintam o mais acolhidos possível.  Então sabemos que o nosso discurso funciona quando a gente olha pro nosso publico”, conclui Gerson.

Fitas coloridas, cortejo e tambor

No final da tarde desta sexta-feira, o Arraial do Pavulagem levou cortejo, levantamento de mastro e muita alegria e cantoria para a abertura do Festival Psica 10 Anos, no Espaço Náutico Marine Club, situado à beira do rio Guamá. “É um prazer sempre enorme tocar no Psica. É uma galera que provoca inclusão, recebe todo mundo muito bem e a expectativa é sempre a melhor possível. Quando construímos o ‘Arrastão’ de junho, na Praça da República, nosso princípio era arrastar as pessoas para assistir o show e nós reproduzimos isso hoje junto a vários grupos”, disse Ronaldo Silva, fundador e músico do Arraial do Pavulagem.

Em seguida vieram Os Tambores do Pacoval, grupo da comunidade de Pacoval, no Marajó. “Hoje foi um dia histórico para nós que viemos de uma comunidade para o maior palco da sua história até o momento. Estamos muito agradecidos ao Psica, isso nos incentiva a tocar mais. Todos aqui começaram a tocar criança, em contato com os mestres, como o mestre Diquinho, que é um grande artista, poeta e produtor de boi bumbá e um série de outras manifestações artísticas. Temos muito orgulho do nosso movimento. Hoje, nosso bairro se transformou por causa do carimbó e dos Tambores do Pacoval”, diz Airton Favacho, integrante do Tambores do Pacoval, da comunidade do pacoval. 

A programação seguiu com o show do Baile do Mestre Cupijó, que levantou o público com um show de saxofones no palco, a marca registrada de Cupijó, saudoso mestre do município de Cametá. Logo depois o show da cantora e baterista “Layse e Os Sinceros” nos levou ao embalo de bregas, merengues e canções de amor sensual. Em cada apresentação, toda a representatividade que tanto se preza no conceito do projeto. Até domingo, o público de certo vai ter muitas outras gratas surpresas como ontem tive com a Liniker.

Explosão de personalidade e musicalidade

Dona de si, ela faz o público literalmente delirar por ela. A cantora levou sucessos do premiado álbum “Indigo Borboleta Anil” e hits da carreira. Groove swingado, sua banda maravilhosa. Mesmo nas canções mais lentas, é difícil ficar parado. Liniker foi generosa e atenciosa com seu público, mas a imprensa não teve tanta sorte. A cantora tinha um tempo curto, segundo informou a produção, e não recebeu os jornalistas após sua apresentação, como era a expectativa também do blog, mas disse muito no palco, com posicionamentos políticos e mostrando-se emocionada no reencontro com Belém. Foi aqui, o ultimo show da turnê do novo álbum.

“Estou muito feliz de voltar a Belém, é uma cidade que eu gosto muito. Não via a hora que a turnê chegasse aqui. É muito doido como sendo uma cantora independente, às vezes é difícil que a gente chegue com um show do Norte. Estou feliz de voltar a Belém em uma edição tão bonita quanto essa do Psica, principalmente por saber que é um show gratuito. Acho que é muito legal quando os festivais conseguem, para além de trazer artistas do Brasil inteiro, fazer um evento para que a cidade seja inclusa e aproveite”, comemorou a cantora.

Também compositora, atriz e artista visual, ex-integrante da Liniker e os Caramelows, banda com a qual lançou os primeiros trabalhos, ela desponta soberana para o mundo e, mais recentemente, fez história ao tornar-se a primeira artista transgênero do Brasil a receber um Grammy Latino. Liniker recebeu o prêmio de ‘Melhor álbum de música popular brasileira’ pelo disco Indigo Borboleta Anil, disputando a premiação com Caetano Veloso e Marisa Monte. 

O que rola no sábado

Festival Psica continua neste sábado (17), com shows de Urias (MG), Gaby Amarantos(PA), Baco Exu do Blues (BA), Lia de Itamaracá (PE), Nic Dias (PA) e outras dez atrações. O Espaço Náutico Marine Club, localizado no bairro do Guamá, espera cerca de 10 mil pessoas no segundo dia de evento. Os passaportes para os dois dias, assim como os ingressos individuais, estão à venda em festivalpsica.byinti.com. O Psica tem abertura dos portões às 17h.

Sereia do Mar (Marapanin), Desalmado (SP), Molho Negro, Rejeitados pelo Diabo, Rock da Meury, Quebrada Queer (SP), Tonny Brasil + Maderito & Banda Bundas, Melissandra (Marabá) e Kratos (Castanhal) + Íra também animam a noite. Seguindo a ordem de uma aparelhagem sonora por dia de evento, quem encerra a programação é o Mega Príncipe New Tech, em celebração a música periférica e nortista. Os DJs Edilson e Edielson compartilharam a expectativa de tocar no 10º Festival Psica.

Confira o line-up completo

Daniela Mercury - Baco Exu do Blues - Liniker - Gaby Amarantos - Lia de Itamaracá - Mega Principe New Tech - Super Pop Live - Surreal Crocodilo - Viviane Batidão - Luedji Luna - Flora Matos - BK - Nic Dias - Urias - Madame Saatan - Arraial do Pavulagem & Batalhão das Estrelas - Rock da Meury - Mc Naninha - Molho Negro - Tony Brasil + Maderito & Banda Bundas - Badsista - Victor Xamã - Arthur da Silva - Baile do Mestre Cupijó - Sereia do Mar - Quebrada Queer - Reggaetown Convida Bruno BO, Negro Edi & Bruna BG - Layse & Os Sinceros - DJ Eric Terena - Tambores do Pacoval - Kratos + Íra - Filhos de Maiandeua - Sisa - Daniel ADR - Rawi - Desalmado - Cerebro de Galinha - Melissandra - Rejeitados Pelo Diabo - Dj Jon Jon

Sobre a Psica Produções

O Psica, muito além de um festival multicultural, é um movimento artístico preto e periférico nascido na Amazônia que vem alcançando influência em todo o Brasil. A Psica Produções também é responsável por um selo, a Psica Gang, que reúne 17 artistas da música e das artes visuais e que este ano assinou contrato de distribuição musical com a Warner Music Brasil.

Festival Psica 10 Anos

16 a 18 de dezembro

Local: Espaço Náutico Marine Club - Avenida Bernardo Sayão, Nº 5232 - Guamá

Ingressos

Passaporte Psica

Lote 4: R$180,00 (meia estudantil / solidária)

Shopping Bosque Grão Pará - Loja Imaginarium (Piso 1)

Boulevard Shopping - Loja Imaginarium (Piso 1)

Realização: Psica Produções

16.12.22

Psica celebra 10 anos de festival multicultural

Programação gratuita dá início ao 10º Festival Psica. Ao todo, 12 atrações participam do primeiro dos três dias de festival no Espaço Náutico Marine Club_

Na primeira noite, com shows de Liniker (SP), Arraial do Pavulagem & Batalhão da Estrela, Super Pop Live e mais oito atrações, o maior festival independente de música periférica da Amazônia ocupa o Espaço Náutico Marine Club, localizado no bairro do Guamá, com entrada totalmente gratuita. Os passaportes para os outros dois dias, que serão pagos, estão à venda em festivalpsica.byinti.com.

Tambores do Pacoval (Soure), Baile do Mestre Cupijó (Cametá), Layse (Breves) & Os Sinceros, Sisa, Daniel ADR, DJ Jon Jon, DJ Eric Terena (MS) e Eduardo du Norte & Os Tambores do Pancoval completam o line-up do primeiro dia de festival. A programação terá início com um cortejo e levantamento do mastro para cada um dos quatro palcos do evento, em celebração às expressões culturais populares, sobretudo do interior do estado.

“A nossa ideia é abrir o 10º Festival Psica da mesma forma que as festividades do interior do estado e também da região metropolitana iniciam suas programações: com o levantamento do mastro. Para isso, vamos unir diversas expressões populares em um cortejo de uma hora. Estarão presentes, por exemplo, a Marujada de São Benedito (Bragança), o Batalhão da Estrela, o Cordão de Pássaros, as Themônias, em uma celebração à cultura do interior e de Belém também, antes do show do Arraial do Pavulagem, o primeiro do dia”, adianta Jeft Dias, diretor e criador do Psica.

A programação reflete o objetivo da 10ª edição do Festival Psica: valorizar a cultura amazônica, dialogar sobre decolonialidade, a partir das cidades do interior e de suas manifestações culturais de resistência secular, e promover acesso à cultura. “Para isso, além de trazer as expressões populares e os artistas locais, um dos principais nomes do line-up do festival, a cantora vencedora de Grammy, Liniker, se apresenta às mais de 20 mil pessoas esperadas no primeiro dia de evento gratuito”, completa Gerson Júnior, diretor e criador do Psica.

Layse é uma das atrações desta sexta-feira. Ela se apresenta junto ao Os Sinceros e fala da expectativa para o show. “Égua, muito honrada de estar tocando nesse primeiro dia do Psica, em um palcão desse para a galera, de grátis. Além do mais, abrindo o show da Liniker, essa grande referência de vida para a gente, para a nossa batalha, essa grande mulher. E fazendo um show lindo, de bolero, de brega para a gente poder dançar todo mundo coladinho. Eu acho que o Psica faz isso, uma grande valorização da música paraense e eu sou muito honrada de poder estar nesse palco, representando a música latino-caribenha”, vibra a artista natural de Breves, no Marajó.

Motins

Foto: Bernie Walbenny

FAo longo da semana do festival, o Psica promove atividades formativas e espaços para divulgação de artistas locais. A programação iniciou na quarta (14) e quinta-feira (15) no anfiteatro da Usina da Paz do Jurunas. “O Motins é um momento para falar sobre mercado de trabalho, decolonialismo e Amazônia. E, ao mesmo tempo, se propõe a ser uma vitrine para artistas da cena local independentes. 12 bandas se inscreveram e foram selecionadas por nossos curadores para se apresentarem a figuras de renome da indústria musical nacional, como representantes da Warner Music, Festival Afropunk, Poesia Acústica e mais”, explica Jeft.

Psica continua no sábado e domingo

Um dos festivais periféricos mais influentes do país, o Psica completa dez edições em 2022. Para a comemoração, a expectativa é de 10 mil pessoas em cada dia de evento no Espaço Náutico Marine Club. No sábado (17) e no domingo (18), o Festival Psica traz à capital paraense nomes como Gaby Amarantos, Daniela Mercury (BA), Luedji Luna (BA), Flora Matos (DF), Urias (MG), Baco Exu do Blues (BA), BK (RJ), MC Naninha (RJ), Victor Xamã (AM), Lia de Itamaracá (PE) e muito mais.

Confira o line-up completo

Daniela Mercury - Baco Exu do Blues - Liniker - Gaby Amarantos - Lia de Itamaracá - Mega Principe New Tech - Super Pop Live - Surreal Crocodilo - Viviane Batidão - Luedji Luna - Flora Matos - BK - Nic Dias - Urias - Madame Saatan - Arraial do Pavulagem & Batalhão das Estrelas - Rock da Meury - Mc Naninha - Molho Negro - Tony Brasil + Maderito & Banda Bundas - Badsista - Victor Xamã - Arthur da Silva - Baile do Mestre Cupijó - Sereia do Mar - Quebrada Queer - Reggaetown Convida Bruno BO, Negro Edi & Bruna BG - Layse & Os Sinceros - DJ Eric Terena - Tambores do Pacoval - Kratos + Íra - Filhos de Maiandeua - Sisa - Daniel ADR - Rawi - Desalmado - Cerebro de Galinha - Melissandra - Rejeitados Pelo Diabo - Dj Jon Jon

Sobre a Psica Produções

O Psica, muito além de um festival multicultural, é um movimento artístico preto e periférico nascido na Amazônia que vem alcançando influência em todo o Brasil. A Psica Produções também é responsável por um selo, a Psica Gang, que reúne 17 artistas da música e das artes visuais e que este ano assinou contrato de distribuição musical com a Warner Music Brasil.

Festival Psica 10 anos

16 a 18 de dezembro

Local: Espaço Náutico Marine Club - Avenida Bernardo Sayão, Nº 5232 - Guamá

Ingressos

Passaporte Psica

Lote 4: R$180,00 (meia estudantil / solidária) festivalpsica.byinti.com 

Shopping Bosque Grão Pará - Loja Imaginarium (Piso 1)

Boulevard Shopping - Loja Imaginarium (Piso 1)

Realização: Psica Produções

(Holofote Virtual com informações da assessoria de imprensa do festival).


6.12.22

Um show em prol do percussionista Nazaco Gomes

Nazaco Gomes
Foto: Cláudio Ferreira

“Um Som pro Nazaco” reúne 20 atrações num show realizado em colaboração ao tratamento de saúde do músico percussionista, arte educador e pesquisador Nazaco Gomes, um "Mestre de Notório Saber".  Os ingressos estão à venda antecipadamente e na bilheteria do teatro. Há também como colabora fazendo doações via pix. É nesta quinta-feira, 8, de dezembro, a partir das 20h, no Teatro Experimental Waldemar Henrique, na Praça da República, em Belém (PA).

Nazaco Gomes (Trio Manari) é um músico referência na Percussão Amazônica, e que recentemente precisou ficar internado por 16 dias no hospital, pois o quadro diagnosticado de Diabetes foi bastante avançado. O músico teve alta, mas precisa prosseguir com o tratamento em casa, com necessidade de cuidadores e medicação. Ele também vai precisar tratar da visão, cujo tratamento é particular e se agravou com a diabetes. 

Tudo isso tem um custo alto e ele está impossibilitado de trabalhar. Por isso, o show "Um Som Pro Nazaco" tem o intuito de unir forças e arrecadar uma ajuda financeira para auxiliar no tratamento e melhora do quadro de Saúde do Nazaco. Nesta primeira ação, o evento organizado por amigos, vai contar com diversos músicos e parceiros do músico.

A ideia é que outras ações sejam realizadas até que ele esteja firme novamente. Nesta primeira ação musical teremos Marcos Campelo, Kim Freitas, Marcio Farias, Renato Rosa, Alba Maria, Andrea pinheiro, Pedrinho Cavallero, Pedro Callado, Mário Mouzinho, Ronaldo Silva, Nego nelson e Bob Freitas, Floriano, Marcelo Sirotheau, João da Hora, Nilson Chaves e Mahrco Monteiro, Ziza e Dayse Addario, Renata Del Pinho, além de Raízes Latinas, um dos trabalhos mais recentes de Nazaco, com o músico Gabriel Dietrich, e do Trio Manari, que estará representado por Márcio Jardim, Kleber Benigno (Paturi) e convidados.

Nazaco Gomes - Foto: Cláudio Ferreira

Pesquisador de ritmos brasileiros, com ênfase nos tambores e ritmos Amazônicos, Latino-Americanos e Africanos, ele é um dos membros fundadores do Trio Manari (2000). Nazaco também elabora arranjos percussivos para grupos populares, é especialista em sonoplastia de diversos sons da floresta, e confecciona instrumentos de materiais recicláveis, atuando ainda como arte-educador.

Com o Trio Manari viajou pelo mundo levando a percussão amazônica, tendo ministrado Workshops, na Universidade de Caiena, no PASIC (Percussive Arts Society Convention) na Universidade de Columbia. Já participou de inúmeras apresentações pelo mundo a fora; dividindo o palco com artistas da grandeza de Giovani Hidalgo, Naná Vasconcelos, Sebastião Tapajós, Fafá de Belém, Nilson Chaves, Celso Viáfora, Iva Rothe, Marco André, Patricia Bastos, dentre vários outros.

Ano passado trabalhamos no projeto "Ritmos e Tambores da Amazônia", um documentário com video aulas sobre pesquisa do Trio Manari e no qual o Nazaco fala e faz demonstrações do ritmo e instrumentos do carimbó, sua especialidade. O primeiro episódio pode ser visto no Youtube: https://www.youtube.com/@triomanari_oficial.

COMO COLABORAR

“Um Som pro Nazaco”, show com diversas participações. Nesta quinta-feira, 8 de dezembro, às 20h, no teatro Waldemar Henrique – Praça da República. Ingressos antecipados via chave pix: roldinaldo@gmail.com, da conta do banco Caixa (Reginaldo Santos Conceição). Podem também ser feitas doações em qualquer valor. Enviar comprovantes para o WPP: (91) 985318816 (Carlos Canhão Brito Jr). Mais informações: (91) 98134.7719.

Abílio Dantas lança o primeiro livro "Fogo de Rua"

Em seu primeiro livro, Fogo de Rua, lançamento da editora Folheando, o jornalista e compositor Abílio Dantas reúne 40 poemas que tratam de manifestações artísticas, personagens da cultura paraense e vivências pessoais de quem entende a boemia como parte da história e do modo de existir de um povo.

Memória e esquecimento são irmãs inseparáveis na história da Amazônia. Na literatura e na música, o grande número de autores e autoras cuja obra não é reeditada e conhecida revelam a negação da produção artística da região. “Tudo começou com a vontade de criar um livro de poemas em que as memórias coletivas e individuais conversassem, com destaque para a importância da festa, da música, da poesia e do afeto para a vida”, explica o poeta. 

De acordo com ele, o incômodo de perceber o silêncio sobre a história de artistas como o poeta Bruno de Menezes, o violonista Tó Teixeira e a escritora Lindanor Celina, por exemplo, impulsionou o volume de estreia, após já ter lançado publicações artesanais de poemas e de ter canções gravadas por artistas como Bando Mastodontes, Joelma Kláudia e Banda Na Cuíra.

A escolha por fazer um livro de poemas, no entanto, faz com que o trabalho não seja didático ou jornalístico, com informações historiográficas, objetivas, e sim construído com imagens e ritmos na feitura dos versos, próprios da linguagem poética. “A poesia que me interessa não é a que tira do chão, inebria, e sim a que aponta para a vida em carne e osso, das andanças pelas ruas, dos jogos de dados, do bilhar, dos amores que surpreendem os amantes, das histórias noturnas, dos casos contados pelas pessoas da capital e do interior do Pará. Tudo com a liberdade de imaginação que só a poesia é capaz de trazer”, explica.

Para o poeta e pesquisador da Universidade Federal do Pará (UFPA), Clei Souza, autor do posfácio de Fogo de Rua, o livro traz características incomuns para um primeiro livro de poemas. “Trata-se de um livro com um corpo consistente, o que revela uma maturidade já na estreia por parte de seu autor, e trazendo uma poética original para a poesia contemporânea”, escreve.

O livro conta ainda com ilustrações e capa do artista plástico Bruno Rocha, natural de Castanhal, que reside hoje em Portugal. A pré-venda foi iniciada em novembro e segue durante o mês de dezembro, sempre pelo site www.editorafolheando.com.br.

(Holofote Virtual com informações da assessoria de imprensa)

4.12.22

Crianças ganham circuito histórico no 43º Circular

As crianças sempre tiveram um espaço garantido nas programações do Circular Campina Cidade Velha, por meio das contação de história, espetáculos teatrais e oficinas, mas desta vez, a proposta é convida-las para uma caminhada histórica no bairro da Cidade velha. O “Circuitinho Circular - Pequenos passos: A Rua é a história” será realizado hoje, a partir das 9h, com saída da Praça Frei Caetano Brandão, pela rua Siqueira Mendes. A ação contará com intérprete de LIBRAS para atender o público infantil de forma democrática e inclusiva. 

As histórias que atravessam a Rua Siqueira Mendes, no bairro da Cidade Velha, contadas para crianças de 5 a 10 anos! É o que propõe o “Circuitinho Circular - Pequenos passos: A Rua é a história”, uma caminhada com paradas estratégicas para contar aos pequenos, as coisas sobre o lugar e apresentar-lhes o patrimônio cultural material e imaterial presentes no trecho que vai da Praça Frei Caetano Brandão e segue até a Praça do Carmo, onde se entrará no Fórum Landi para atividades de desenho e pintura, finalizando a ação. 

Tarta-se de uma iniciativa inédita de educação patrimonial, com a ideia de promover a percepção e reflexão das crianças quanto à importância de preservar e valorizar os bens históricos, memória e as manifestações culturais que nos cercam por meio de uma caminhada. A ação se integra a circulação da 43ª edição, que reúne ainda 26 espaços abertos com programação cultural, nos bairros da Cidade Velha, Campina e Reduto. 

A pequena caminhada, para as crianças interessadas em conhecer mais sobre a história da cidade, tem concentração às 9h, na Praça Frei Caetano Brandão, com saída às 9h30, pela rua Siqueira Mendes. Ao longo do trajeto serão feitas paradas com intervenções teatrais, onde os condutores da ação, com coordenação da pedagoga Luci Azevedo, trarão informações históricas de prédios, casarões e igrejas existentes ao longo do percurso, que finaliza no Fórum Landi com atividades lúdicas de desenho e pintura. 

“Este ano já é nossa segunda ação educativa, dentro da programação bimestral do projeto, tendo as crianças como público alvo. É importante que as crianças vivenciem a cidade e estabeleçam relações de afeto com os espaços históricos”, diz Luci Azevedo, pedagoga e integrante da equipe gestora do Circular Campina Cidade Velha.

A rua escolhida foi proposital, pois se conta, a partir dela, muitas histórias sobre a cidade e seu patrim6onio cultural material e imaterial. Além de ser a primeira rua aberta pelos colonizadores portugueses dando inicio a cidade de Belém,  ela é um corredor importante da nossa história interligando as praças Frei Caetano Brandão e do Carmo. 

“Percebemos que a rua Siqueira Mendes, por toda sua relevância histórica,  seria o nosso lugar de partida para iniciarmos esse projeto. Faremos 

um percurso que, além de pedagógico com narrativas feitas por mim e pela professora Geógrafa Magaly Caldas, também será lúdico  com intervenções teatrais com o artista Cleber Cajun, contando histórias de personagens comuns da cidade”, explica Luci. 

Serviço

Circuitinho Circular “Primeiros Passos - A rua é a história””. Concentração: 9h - Local: Praça Frei Caetano Brandão – Complexo Feliz Lusitânia – Cidade Velha. Saída: 9h30 - Percurso: Rua Siqueira Mendes – Praça do Carmo – Fórum Landi. Mais informações circularcampina01@gmail.com . Para ver a programação completa da 43ª edição do Circular Campina Cidade Velha, acesse: www.projetocircular.org.