29.12.21

Marcelo Pyrull: disco solo sob a luz do modernimo

“AC DC – Antes da Chuva, Depois da Chuva” é o primeiro disco solo do guitarrista Marcelo “Pyrull”. Produzido sob a influência do movimento Modernista brasileiro, sua pluralidade estética antropofágica ressoa por meio da guitarra e do violão. O álbum foi realizado com apoio do prêmio de música da lei Aldir Blanc, gravado no Studio Z, com participação da banda Jardim Percussivo. 

 

As músicas já podem ser ouvidas no canal de Youtube do artista e em janeiro em todas as demais plataformas de streaming. O lançamento do CD físico será em fevereiro, comemorando o centenário da Semana de Arte Moderna.


São oito composições, todas instrumentais, trazendo ritmos amazônicos sob a influência do modernismo. Tal estética em AC DC, porém, extrapola a linguagem da música e a referência antropofágica do disco passa também está em sua identidade visual, na arte do projeto AC DC, assinada pelo artista visual AndSantos, cujos traços se remetem ao Odivelismo, movimento criado por ele para expressar a particularidade da cultura popular de São Caetano de Odivelas, município situado na região nordeste paraense. O projeto gráfico do projeto, aliás, coube à artista visual Carol Abreu. 

No encarte da obra física, cada música recebeu uma sinopse. Algumas, um subtítulo. “Antes da Chuva” (Paracuri), por exemplo, lembra o mormaço antes da chuva chegar. E o subtítulo se reporta à arte da cerâmica, por meio da poética onomatopaica de seu motivo melódico. Já em “Pra Saci Pular” (Asfalto Quente) se entrelaçam dois gêneros tradicionais da africanidade presentes na Amazônia: o samba e o merengue. Enquanto “No Meio do Mundo” (Guardiões do Marabaixo) reflete o impacto sonoro sentido por Marcelo, quando visitou as terras do Quilombo de Curiaú, no Amapá, em 2003.

Há músicas dedicadas a dois grandes nomes da cultura brasileira ligados na Amazonia ao movimento modernista, ou influenciados por essa estética. “Dança da Chuva”, que não traz um subtítulo, é dedicada ao violonista Sebastião Tapajós, falecido em outubro de 2021. E "Boi Bumbá", a última faixa do disco, de Waldemar Henrique, uma homenagem ao saudoso maestro, artista representante da terceira geração do movimento modernista. 

O álbum traz ainda “Um Dia Qualquer”, alusão ao filme do cineasta Líbero Luxardo; “Mirasselvas”, que lembra viagens da infância do músico com seus pais pelos trilhos da antiga Estrada de Ferro Belém-Bragança; e “Chuva” é uma dádiva poética ofertada à banda Mosaico de Ravena, pelo compositor Ronaldo Silva. 

ENTREVISTA AC DC - MARCELO PYRULL

Marcelo Pyrull: disco em formato virtual e físico
Foto: Eunice Pinto

Guitarrista do Mosaico de Ravena, grupo que marcou uma época em Belém, e atua desde os anos 1990 no Arraial do Pavulagem, Marcelo Pyrulltem formação técnica em violão, guitarra, regência e é bacharel em composição e arranjo pelo Instituto Estadual Carlos Gomes, Belém PA, onde cursa Regência. Pós-graduado em Musicoterapia, Trilha Sonora, Arranjo Musical, Ensino da Música, Metodologia do Ensino de Artes, é atualmente professor efetivo da Rede Municipal de Ensino de Ananindeua, onde leciona a disciplina Ensino das Artes e se dedica à pesquisa de metodologias artísticas musicais. Na entrevista a seguir, ele fala de suas influências do modernismo, da carreira e do disco, que considera uma atualização da carreira, além de revelar seus projetos para 2022.

 

Holofote Virtual: Como você entende esse momento profissional na tua vida e quais tuas expectativas?

Marcelo Pyrull: Talvez a palavra que defina meu espírito neste momento seja exatamente esta: expectativa. A Semana de Arte Moderna está prestes a completar cem anos e o AC DC é esse um álbum repleto de citações da estética modernista, cuja principais características foram o rompimento do modelo artístico tradicional, de cunho conservador e a valorização do que era mal visto ao longo do século IX que é a mestiçagem. 

É um momento muito importante não só na minha carreira de compositor, mas de pesquisador na área da arte educação e cultura, já que o álbum tem relação íntima com o movimento modernista brasileiro. Embora existam inúmeras pesquisas, teses e dissertações sobre a Semana de 22 e suas fases subsequentes, também existem lacunas à luz das questões contemporâneas, da questão da miscigenação brasileira como temática e marca do movimento, segundo especialistas. 

É um momento importante pela atualização da minha obra, que vai se expandindo para além das redes (rs). É o primeiro álbum solo. E agora são outros tempos, o mercado musical vive de streaming, talvez a época mais globalizada de todos os tempos, porém a mais democrática no sentido de que o streaming acabou com a guerra dos volumes, uma das premissas de “qualidade” da indústria cultural da fase anterior onde alguns segmentos mais populares e que masterizavam suas músicas com decibéis acima do padrão estabelecido pelas associações, no intuito de se obter atenção do ouvinte quando executadas. Isso é querer ganhar no grito! (rs). 

Portanto, participar desse “novo” nicho mercadológico é uma novidade para mim como artista solo,  porém, não muito diferente da época do LP independente, ou seja, da filosofia “faça você mesmo.” Por outro lado, há um certo contraponto no teor da minha afirmação, de demorar tanto para gravar discos.

Holofote Virtual: Exatamente. Porque tanto tempo para chegares ao disco solo?

Marcelo Pyrull
Foto: Eunice Pinto
Marcelo Pyrull: Respiramos música, vivemos imersos, desde jovens, nessa energia sonora chamada música. Seja atuando em shows e espetáculos musicais ou atuando como pesquisador, seja na escola lecionando ou ainda com as demandas de obras comissionadas, que são peças produzidas sob encomenda. Então essas atividades demandam tempo e por isso acabam postergando qualquer registro de composições direcionadas ao mercado musical. 

A produção de música em partituras para fins artísticos e didáticos, a divulgação e armazenamento nas redes e nuvens supriam essa necessidade de expressão, de lançar um disco, que exige uma produção direcionada ao mercado, que envolve direção executiva, artística e marketing e que não era a minha vibe. 

No mais, a pandemia nos mostrou a nossa finitude. A qualquer momento, no auge da carreira e da produção, poderíamos partir sem deixar nenhum registro, um legado para os entes queridos, sem as ideias e perspectivas de perpetuar-se através da nossa expressão artística, nosso campo maior. Meu espírito iria ficar muito inquieto do outro lado se morresse sem registrar minhas primeiras composições, de orientação popular (rsrs). Isso me fez refletir e pesou na hora de decidir qual seria a estética do trabalho ao me inscrever no edital da Lei que leva o nome e o legado do grande poeta Aldir Blanc. Graças a Deus que fui contemplado.

Holofote Virtual: Você fez história com o Mosaico de Ravena, segue com o Pavulagem e participa de outros trabalhos, além de vir se preparando também na academia. Como isso tudo converge para este resultado em AC DC?

Marcelo Pyrull: Esse primeiro CD solo é uma convergência entre as práticas do jovem músico autodidata que dedilhava um violãozinho, a guitarra e o performer-compositor-arranjador de formação acadêmica, ou seja, o CD apresenta músicas compostas antes do conhecimento e depois do conhecimento AC DC  (rs), a partir da retomada do curso técnico em violão clássico em 2003, que eu havia abandonado durante a década de 90, e recentemente, após a formação no bacharelado em composição e arranjo. 

Apresento neste disco músicas cujos temas melódicos foram compostos na época do Mosaico e do Pavulagem que quis retomar por ter relação com o modernismo brasileiro. Algumas músicas foram compostas utilizando a metodologia mão na massa, ou seja tocar, improvisar e experimentar estruturas harmônicas principalmente por dias para se obter o resultado esperado. 

Outras foram produzidas utilizando técnicas de composição, escritas diretamente na pauta, sem o instrumento, usando lápis e borracha apenas e depois repassadas para computador através de softwares de editoração de partitura. Isso é composição, ou seja, visualidade a serviço da sonoridade. Naquele tempo, utilizava um pequeno gravador de fita a fim de registrar as ideias musicais que surgiam. 

Um exemplo prático que distingue essas fases foi quando compus a introdução e a harmonização da canção Belém, Pará, Brasil, escrita e composta pelo Edmar da Rocha e interpretada pela banda Mosaico de Ravena, que é um pequeno estudo de harmonia para violão onde utilizo cordas soltas para extrair sonoridades impressionistas, etéreas, etc.. A introdução se encaixou perfeitamente na música a ponto de se tornar indissociável. Um exemplo das grandes coincidências da arte. Maktub... sei lá.

Holofote Virtual: Vamos falar das citações e relações mais diretas no modernismo nesse trabalho. Como isso está explícito no disco?

Foto: Eunice Pinto
Marcelo Pyrull: Neste disco solo a  pluralidade da estética modernista ressoa através de dois instrumentos de minha predileção: a guitarra e o violão, envolvendo sonoridades quentes e frias, que transpiram escaldante calor e inspiram intimista quietude. Os timbres quentes da guitarra (AC) e frios do violão (DC) emanam das oito composições instrumentais, repletas de citações das propostas modernistas que retratam a simbólica relação deste caboclo compositor com o indefectível ciclo do verão e inverno amazônicos, sobre a sombra do movimento modernista, do Movimento Antropofágico, que influenciou todos os outros movimentos futuros. 

O álbum está repleto desses respingos modernos, da formação do povo brasileiro, da mestiçagem, que é a grande marca dos modernistas. O movimento modernista se apropria dessa brasilidade para conceituar e estruturar sua arte moderna numa via de mão dupla, dialógica. Cada música tem um escopo e sua correspondência com os signos, símbolos  da Amazônia modernista. 

Na música “Um Dia Qualquer”, em homenagem ao cineasta paulista Líbero Luxardo, que é modernista, porque seu cinema tem influências do Cinema Novo, traço uma conversa entre duas guitarras nos moldes do “Choros Número 2”, de Villa-Lobos, que retrata um diálogo estético entre flauta e clarinete, instrumentos que representam a moda de viola e o choro, abrangendo dois centros tonais diferentes. 

Na parte acústica, “Depois da Chuva”, a relação é com o Trenzinho Caipira, através da faixa “Mirasselvas”, que retrata uma viagem de trem pela antiga Estrada de Ferro Belém-Bragança, hoje a Rota Turística, entretanto, as comparações param por aí.  “Um Dia Qualquer'' é música popular, no sentido de ser agradável ao ouvido, uma marca sonora do Sistema Tonal sistematizado por Bach há mais de quinhentos anos e não música moderna, de pouco mais de cem anos. Costumo chamar a música de Villa de chocante quando estou lecionando, música intocável nas grades de programações das rádios comerciais (rsrs).  

Holofote Virtual: Essa influência modernista sempre esteve presente na tua trajetória?

Com o Jardim Percussão no Studio Z
Foto do Instagram de Marcelo Pyrull
Marcelo Pyrull: Sim. A música “O Sumiço do Muiraquitã”, por exemplo, fiz inspirado no livro Macunaíma de Mário de Andrade, que trata simbolicamente do sumiço da identidade brasileira. A obra retrata o sumiço do muiraquitã, o amuleto perdido por Macunaíma e a saga para recuperá-lo. Coincidentemente à época da composição havia sumido um milenar Muiraquitã de um museu aqui de Belém. Serviu como trilha sonora para a história. Essa música não está neste primeiro álbum, ela entrará no segundo volume.  Com ela fui ranqueado no II Festival Cultura de Música, realizado em 2011, na categoria Melhor Intérprete Instrumental.

O modernismo sempre foi o farol dos importantes movimentos culturais brasileiros.  Nos primórdios foi a cultura popular que influenciou a arte modernista e não o contrário, embora o movimento tenha determinado caminhos, apontando direcionamentos, como a invenção da Bossa Nova, o Tropicalismo, quando os líderes do movimento se espelharam no Manifesto Antropofágico de Oswald de Andrade, o mais demolidor dos Modernistas, para produzir suas obras.

Aqui no Pará encontramos a influência do Modernismo na primeira fase do Carimbó, quando Pinduca eletrifica o gênero e também na segunda fase, quando ele (carimbó) ressurge em trabalhos de autores como Ronaldo Silva, César Escócio e demais compositores dessa fase, também na canção “Belém Pará Brasil” do Mosaico e no próprio Pinduca quando re-grava “Esse Rio é minha Rua”, de Paulo André e Rui Barata. É necessário ressaltar que o AC DC não é um disco de música moderna no sentido erudito, mas um álbum recheado de menções ao modernismo, da essência, da inspiração e influências modernistas, de orientação popular.  

Sempre fui diletante, um entusiasta da história da arte e na faculdade de música nos debruçamos sobre a disciplina. Lembro que participei, como ouvinte, de uma conferência sobre  o Modernismo, com a participação do maestro Waldemar Henrique e de outros intelectuais nos idos de 90, que foi a primeira fagulha, o despertar para as artes brasileiras, para a música praticada na Amazônia etc. Desde jovem gostava de ouvir o compositor Heitor Villa-Lobos, o Índio de Casaca, como Menotti Del Picchia o apelidou. Voltei a frequentar o Conservatório por sua musicalidade, por sua sonoridade de inspiração social, do morro, do sertão, da floresta que permeiam suas obras, seja para violão, camerística ou sinfônica.

Holofote Virtual: A música sempre foi a sua primeira escolha?

Marcelo Pyrull: Meu primeiro vestibular foi para o curso de Comunicação na Ufpa, que acabei desistindo para focar no desenvolvimento técnico da guitarra quando entrei na banda Mosaico de Ravena em 1987. Os músicos sabem bem, que requer muito tempo de estudo e prática. Concomitantemente a dedicação à guitarra e ao violão, frequentei um curso livre de Filosofia Clássica, mas foi através do convívio com os amigos do Mosaico e por influência do Leg, compositor, letrista e tecladista do Mosaico, neto do grande escritor, saudoso Ildefonso Guimarães, pelos quais tenho enorme apreço, que me direcionei aos estudos musicais formais. 

De manhã cabulava algumas aulas no colégio Ideal para frequentar a residência do escritor Ildefonso Guimarães, uma verdadeira faculdade de letras. Os cômodos da casa, situada no bairro da Cidade Velha, eram verdadeiras bibliotecas. Nunca frequentei uma casa com tantos livros. Todos organizados em estantes etc. Sou um felizardo por folhear livros raros e neles me deparar com autógrafos como os do casal de filósofos Jean Paul Sartre e Simone de Beauvoir, por exemplo. 

Na literatura me identifico com o realismo fantástico e romance principalmente, talvez pelas questões sociais próprias da linguagem. Gabriel Garcia Marques, Milton Hatoum, Graciliano Ramos, João Guimarães Rosa, o próprio Ildefonso Guimarães, Dias Recurvos e Senda Bruta são referências, lia muita literatura paraense, Bruno de Menezes e Dalcídio Jurandir, os “modernistas paraenses''. Nunca encontrei em um livro uma alegoria literária, uma imagética modernista tão profunda quanto em “Chove nos Campos de Cachoeira”. É impressionante!  Encontra-se na passagem sobre a alcova do casebre de Irene quando Dalcídio descreve Eutanázio taciturno apreciando um calendário com a foto da Estátua da Liberdade e a Ilha de Manhattan ao fundo. Arrebatador. Fruição total.

Holofote Virtual: AC DC é música, cultura popular, literatura e também artes visuais. 

Com Wesley Jardim
Foto do Instagram de Marcelo Pyrull
Marcelo Pyrul: Sim. Transitando entre luminosidade e amenidade, as composições desvelam as singularidades estéticas do Odivelismo, arte grafismo concebido pelo artista visual AndSantos, inspirado nos costumes do povo do interior, como você pode vislumbrar nas ilustrações do projeto gráfico. AndSantos é criador do Odivelismo. Há uma sinopse de cada faixa relacionada à música para o ouvinte ler e se situar sobre a sua paisagem sonora condizente com a proposta do álbum. Aliás, o projeto gráfico produzido pela Carol Abreu é de uma beleza ímpar.

Convidei o AndSantos para criar as ilustrações da capa, contracapa e encarte por termos em comum a relação com a cultura popular. Me identifiquei enormemente pela sua arte após participar de uma das lives do grupo Arraial do Pavulagem. Em seguida nos encontramos para conversar, para eu conhecer seus processos criativos a fim de repassar aos meus alunos o conceito artístico do Odivelismo e o convidei para realizar as ilustrações sobre cada música do álbum. Nas rodas das nossas conversas, das quais outros artistas de diferentes linguagens fazem parte, consideramos a possibilidade da criação de um movimento artístico homônimo.

Holofote Virtual: Vai haver lançamento presencial e disco físico também em 2022, um ano em que você também tem já outros projetos previstos. Vamos falar desse futuro próximo. 

Marcelo Pyrull: 2022 é o ano de conclusão de alguns projetos e início de outros.  A ideia é terminar as gravações do AC DC II, a fim de circular com o show, participar de festivais etc.  Pretendo montar um case durante as apresentações que consistem em palestras sobre os processos criativos do disco e suas relações com o modernismo brasileiro em instituições e empresas.  

Também esperamos concluir o projeto “Anjos do Banjo”, pesquisa arte educativa, cujo foco são os mestres da cultura popular, artesãos que confeccionam e tocam o instrumento, mediadores entre os protagonistas do passado e da nova geração de banjoístas. Esta pesquisa resultará em um projeto educacional direcionado às escolas públicas e privadas, onde serão ministradas oficinas de Banjo e sensibilização da cultura popular amazônica. Em um site serão expostos, além das entrevistas e depoimentos, os instrumentos produzidos por esses mestres. Pretendo concluir minha terceira graduação em música, curso de bacharelado em “Regência De Bandas Sinfônicas”, terminar mais uma especialização, em Musicoterapia, antes de partir para o mestrado em composição. 

Além destas atividades, também pretendo participar de mostras de artes com uma instalação sonora, uma ideia interessante sobre a paisagem sonora ribeirinha, e produzir uma série de vídeos mappings sobre os temas transversais educacionais. A ideia é reunir alunos e a população em geral para prestigiarem as projeções em pontos estratégicos da cidade, espécie de aulas em espaços não formais. Para finalizar, apresentaremos aos gestores e empreendedores duas propostas de um projeto urbanístico para o embelezamento da nossa cidade, aproveitando que estamos na era das cidades inteligentes.

E também vem aí o segundo volume do AC DC. É que a princípio eram dezesseis músicas dessa produção digamos, anacrônica. Então decidi distribuir em dois volumes porque só 8 já excedem o formato EP, e não queria sobrecarregar o álbum. Portanto, a estratégia foi dividir em dois álbuns e duas partes: quatro músicas com guitarra e quatro com violão, o que caracteriza conceitualmente o AC DC. O lançamento do formato físico pretendo realizar shows em teatros como parte das comemorações do centenário da Semana de Arte Moderna que acontecerão, acredito em Fevereiro de 2022.

AC DC - Antes da Chuva, Depois da Chuva

Ouça as faixas na playlist do músico:

https://youtube.com/playlist?list=PL7dvneozM2EfrSdC00BvBQYL8gneELSni

Siga no Instagram:

https://www.instagram.com/marcelopyrull/

Projeto realizado com o Prêmio de Música – Lei Aldir Blanc Pará, SECULT e Governo do Pará, Secretaria Especial de Cultura e Ministério do Turismo e Governo Federal.

21.12.21

Na Casa do Artista comemora sua primeira década

Série- Vitrines- Quando as luzes apagam.  
De Werne Souza- Aquarela 2021.

Há dez anos um lugar muito especial abria suas portas, em Icoaraci, na região metropolitana de Belém do Pará. Na Casa do Artista você frui arte, troca e compartilha saberes, ouve música e apura o paladar. O decenário se completa hoje, 21 de dezembro, mas a comemoração ficou para depois do Natal, já em clima de confraternização de ano novo, no dia 28, a partir das 19h. O evento conta com exposição, som, conversa, petiscos e cerveja gelada. O passaporte custa R$ 30,00.

A ideia de criar o espaço Na CASA do ARTISTA nasceu da inquietação do artista visual Werner Sousa e da produtora e ativista cultural Auda Piani, que já atuam há muito mais décadas na ativação cultural paraense, ganhando notório destaque em Icoaraci que, para quem não conhece, vale dizer, é um caldeirão cultural, com cena que passa pela ancestralidade do carimbó e do barro da cerâmica produzida na área. 

Uma das primeiras motivações foi abrir um espaço às artes visuais, mas ao longos dos anos, as coisas foram se ampliando a outras linguagens artísticas, objetivando a  fruição e acesso a exposições, saraus, show musicais, peças teatrais e debates conceituais de diversos temas. Asim, usufruímos da presença de poetas, cantores, instrumentistas, filósofos, pesquisadores, cidadãos. 

Entre os temas dos eventos, também são destacados os trabalhos de pesquisa desenvolvidos por Auda Piani, dotada de saberes e práticas culinárias que despertam nossos sentidos durante as programações. Garanto que é imperdível. Atualmente, ela coordena o projeto: Entre Panelas, Memórias e Sentidos.

Despertando sentidos e afetos a cada encontro

Auda é Mestra em Planejamento do Desenvolvimento pelo NAEA/UFPA e Turismóloga. É ativista e pesquisadora nas áreas de Patrimônio Imaterial e Saberes tradicionais, já publicou  Livro e artigos sobre o Movimento Cultural de Icoaraci, Políticas Culturais, Patrimônio Imaterial e Mestres da Cultura(prêmio Rodrigo de Melo Franco/IPHAN). 

Werne Souza tem  premiações e participação em exposições e salões de Artes no Brasil e no exterior. Formado em Licenciatura nas Artes Viasuais na Universidade Federal do Pará e Cenografia na Escola de Teatro e Dança da Universidade Federal do Pará, ele já coordenou encontros internacionais de Artes Visuais no Brasil e atualmente coordena o Espaço Cultural Na Casa do Artista.

Em tempos de pandemia, tudo ali viveu de forma mais reclusa. E como a maioria de nós, Auda e Werner sofreram perdas. Durante esse tempo, fez uma falta enorme os encontros que vinham ocorrendo em programações trimestrais Na Casa do Artista. Celebremos que estejam de volta, neste final de ano, anunciando os bons ventos. Viva a arte. Vida longa Na Casa do Artista!

Serviço

Dez anos Na Casa do Artista. Evento no dia 28 de dezembro, a partir das 19h, na Rua Padre Júlio Maria, 163, Prox. a Orla de Icoaraci. São apenas 40 convites a 30,00. Reserve o seu já e apoie a Arte. 

Psica: música, empoderamento negro e LGBTQIA+

Elza Soares.
Foto: Divulgação/Psica
Valorização da música local, volta de artistas nacionais aos palcos e empoderamento negro e LGBTQIA+ foram os destaques na última noite do Psica, em três palcos montados no Estacionamento do Shopping Bosque Grão-Pará, em Belém. Patrocínio da Natura Musical e Semear. 

A nona edição do Festival Psica chegou ao fim, no último domingo. A  noite contou com shows de Elza Soares & Renegado, Tasha & Tracie, Potyguara Bardo, Deize Tigrona, Coletivo NoiteSuja, entre outros.


Ativo na cena cultural paraense desde 2013, o coletivo NoiteSuja levou performances, diversidade e entretenimento ao público que acompanhou as artistas LGBTQIA+ no palco Kabana do Gerso. “Com uma programação tão variada, chegamos a achar que o público não viria assistir o NoiteSuja, mas quando o show começou, o espaço já estava lotado. É muito legal ver as pessoas se percebendo no NoiteSuja, outras LGBTQIA+, outras manas, enfim. O Psica foi essa plataforma de expandir nossos territórios e de levar nossa mensagem de corpos livres, pró-LGBTQIA+ e ‘vacina, sim’”, comemorou a drag, DJ e umas das criadoras do coletivo, S1mone.

Tasha e Tracie foram nomes dos mais falados quando o Psica anunciou o cast da edição. E não é para menos. As irmãs gêmeas marcadas pelo rap, moda e atitude viraram destaque na cena hip hop com o lançamento do álbum “Diretoria”. Em conversa com a equipe Psica, elas confessaram que o show do festival já é um dos mais inesquecíveis da carreira. 

“Ver tanta gente cantando e querendo de verdade estar ali por nossa causa foi indescritível”, disse Tasha. As irmãs ainda chamaram ao palco a rapper paraense Íra e destacaram a importância de colocar artistas locais em grandes eventos com nomes já conhecidos da música. “Além da experiência, isso ajuda com que o público conheça o artista. Também passamos por isso”, lembrou Tracie.

Elza Soares & Renegado foram ponto Aldo da noite

Público no Psica, neste ultimo domingo
Foto: Divulgação/Psica

Mas um dos pontos altos da noite foi o esperado e emocionante show de Elza Soares & Renegado. A cantora veterana e seu afilhado musical apresentaram, em primeira mão ao público paraense, o show de estreia da turnê “Onda Negra”, que resgata clássicos da carreira e lançamentos recentes. 

“Belém deu início a essa turnê e não poderia ter sido melhor. Ainda estamos muito emocionados porque foram dois anos de muita luta e, agora, a gente jogou para fora todo esse desejo reprimido de poder se conectar com o público. E que energia tem o público de Belém, hein?”, contou Renegado. 

O Festival Psica 2021 iniciou na sexta-feira, dia 17, com apresentações de Arraial do Pavulagem, Fruto Sensual e Bando Mastodontes. No sábado, dia 19, a festa continuou com Chico César, Marina Sena, Karol Conká e Gigante Crocodilo Prime. “Agradecemos ao público que compareceu a mais uma edição do Festival Psica e contribuiu para o sucesso desse evento. Ainda estamos extasiados pelo impacto que esse projeto teve na sociedade, promovendo a valorização das festas de aparelhagem e da música local de modo geral e a volta aos palcos de grandes artistas do mercado nacional. Até a próxima edição”, despediu-se o coordenador do Festival Psica, Gerson Júnior.

Acompanhe nas redes sociais:

Instagram - https://www.instagram.com/psicaproducoes 

Twitter - https://twitter.com/ProducoesPsica 

Facebook - https://www.facebook.com/psicafestival 

TikTok - https://www.tiktok.com/@psicaproducoes 

(Com informações da assessoria de imprensa do Psica) 

15.12.21

Trajetória de Simões na pesquisa de Vera Pimentel

Simões, em 2008, abertura da exposição "Redesenho"
Doutoranda da Pós graduação em Comunicação, Linguagens e Cultura da UNAMA, a pesquisadora investiga a trajetória de três artistas vencedores do Grande Prêmio do Salão Unama de Pequenos Formatos, entre eles, José Augusto Toscano Simões, ou melhor, Simões, como ele assina suas obras atualmente. 


Na entrevista a seguir, concedida ao HOLOFOTE VIRTUAL, Vera Pimentel fala sobre o percurso de sua pesquisa e das dificuldades encontradas para acessar as obras e definir as fases do artista.

O interesse de Vera Pimentel pelas artes não surge na academia, onde, ela se especializa, torna-se mestra e em breve, Doutora. Nascida em Belém do Pará, em maio de 1963, Vera é a 3ª filha de Carlos e Ghislaine Pimentel, tem três irmãos e uma irmã.  Em relação a trajetória profissional, ela diz que sempre foi muito ligada às artes, incentivada por sua mãe. “Devido ter tido pé chato, ingressei no ballet aos 5 anos de  idade e dancei até o início da vida adulta. Além disso, também aprendi piano no Conservatório Carlos Gomes, mas devido a rigidez do ensino teórico, logo me desinteressei". 

Depois de estudar administração, largar o curso e ingressar numa faculdade em São Paulo, casar, ter filhos e se divorciar, Vera Pimentel voltou para Belém e ingressou no mestrado no Programa de Comunicação, Linguagens e Cultura da Unama, pesquisando a construção do Salão Pequenos Formatos. Foi neste momento que ela conheceu a obra de Simões e de outros artistas locais e nacionais. Com o mestrado concluído, ela decidiu seguir em frente e realizar o doutorado no mesmo programa, optando por aprofundar a pesquisa focando três artistas paraenses que venceram o Grande Prêmio do Salão UNAMA de Pequenos Formatos: Simões, vencedor da primeira versão do Salão em 1995; Danielle Fonseca, vencedora da versão de 2011 e Victor La Rocque, vencedor da versão de 2008.

Simões se configura enquanto artista sob o signo dos anos 1970, destacando-se na década seguinte, como um dos expoentes da geração Oitentista da arte paraense. Já participou de inúmeras exposições, individuais e coletivas, ganhando prêmios importantes, até o final dos anos 1990, quando ele desaparece do cenário tendo, como divisor de águas a criação e gestão do Bar Galeria Café Imaginário, lugar sonoro e gastronômico, onde a música instrumental e a pizza de jambú, que ele criou, reinavam absolutas na noite não convencional de Belém. Vera considera que foi uma época em que ele mesmo não pintando ele soube se manter próximo das artes, uma vez que no Café Imaginário se foi galeria para exposições, palco para performances, projeções e outras artes.

Em 2008, depois de nove anos sem pintar, ele retoma a trajetória com a exposição "Redesenho", na casa Fundação Antar Rohit, no bairro da Campina, seguindo depois para a Taberna São Jorge, da fotógrafa Walda Marques, na Cidade Velha. Em 2009, expôs a série “Natureza Imaginária” no Hall do Tribunal Regional do Trabalho, em frente à Praça Brasil e em 2014, nos apresentou  “Fogo Sagrado”, exposta no Museu do Estado. Nessa época ele já tinha resolvido sair do centro urbano e se sediou na Ilha de Mosqueiro, próxima a Belém, onde segue até hoje, produzindo. 

No primeiro semestre deste ano, Simões exibiu em seu canal no Instagram, imagens de uma nova série intitulada “Cerimônias Privadas”. As curvas e erotismo contido nos desdobramentos das imagens são características já presentes em fases anteriores e que foram pontuadas pela pesquisadora. Mais recentemente, o artista enviou para alguns amigos quatro imagens de uma novíssima série, feita neste final de ano, intitulando-as: “Cardume”, “Para observar a Lua ou Perfil do jovem poeta”, “Rede” e À Margem”. “Todos são 50 x 50 cms. Telas. Novas experiências. Uma pegada abstrata com muita economia de cores”, escreveu via wzp.

Em sua pesquisa sobre Simões, Vera Pimentel divide os diversos momentos de Simões em três fases que marcam mudanças na sua forma de pintar ou reforçam características que passam pelo uso de cores fortes e a presença da figura humana. A seguir o bate papo em que conta um pouco de sua própria história e ligação com as artes e sobre a jornada para qualificar a tese a ser defendida em 2022, e que na minha opinião já se consagra como contribuição preciosa à pesquisa em arte no Pará. 

ENTREVISTA

Holofote Virtual: Você poderia falar um pouco mais sobre o seu contato e interesse pelas artes?

Vera Pimentel (Foto do acervo da pesquisadora)

Vera Pimentel: Sempre fui apaixonada pelas artes visuais, tanto que após estudar 6 meses de Administração no CESEP, hoje UNAMA, ingressei na UFPA, no curso de Educação Artística em 1981, cuja primeira turma teve início em 1980. Fui aluna de grande nomes deste período, como Osmar Pinheiro, Emanuel Nassar,  Neder Charone, La Roque, entre outros e o estudo  estimulou ainda mais  meu interesse pelas artes, todavia não como artista, apesar de ter pintado um pouco, mas principalmente como leitora, historiadora e pesquisadora. 

Ao mesmo tempo que fazia a graduação em Educação Artística e sempre estudei Inglês em cursos livres e com isso comecei a ministrar aulas particulares muito cedo, aos 15 anos.  Após finalizar a graduação na UFPA, cheguei a ministrar aulas de artes, todavia o campo de Inglês era mais proeminente e com isso passei algum tempo ministrando o idioma em curso livre, quando decidi estudar Design Industrial  em São Paulo. Infelizmente o curso foi descartado em virtude do custo da FAAP e assim, trabalhei nos aeroportos de Guarulhos e Congonhas como recepcionista da Sala VIP, esquecendo um pouco meu lado professora. 

Holofote Virtual: Como foi para você iniciar a pesquisa sobre o Salão Pequenos Formatos?

Vera Pimentel: Após casar, ter filhos e divorciar, retornei à Belém e  voltei a trabalhar como professora, primeiramente em cursos livre de Inglês, fiz especialização em Linguística Aplicada e no mesmo período, iniciei minha trajetória no ensino superior  na Unama, ministrando História da Arte para o curso de Design de Interiores. Nesse momento, o viés de historiadora aguçou novamente e decidi fazer o mestrado no Programa de Comunicação, Linguagens e Cultura da Instituição, pesquisando a construção do Salão UNAMA de Pequenos Formatos, momento que conheci a obra de Simões e de outros artistas locais e nacionais.

Holofote Virtual: Os três artistas que você pesquisa são instigantes, mas a nossa conversa agora vai se debruçar sobre seus achados acerca do Simões. Como você o define após esse mergulho em sua obra?

Vera Pimentel: Um artista irreverente, irrequieto, sempre em busca de novas experiências. Um ser mutável, cujas experimentações o ressignificam sempre, sem abrir mão de suas características principais e que, mesmo depois de tantos anos de estrada, se mantém fiel a uma linguagem: a pintura.   Um sujeito corporificado de  Eros, cujo  prazer, entranhado nas suas veias,  são transferidos  para as telas por meio de pinceis e tintas, em uma fatura policromática e ao mesmo tempo explosiva. Por mais que tente ser mais comedido, Simões é pura cor, pura sensualidade. 

Holofote Virtual: Quais são as três fases identificadas na trajetória do Simões, até o momento em que você o investigou? 

Vera Pimentel: O recorte que procuro realizar é verificar o antes e o pós Salão de Pequenos Formatos, analisando as premiações, as exposições e as transformações estabelecidas nas obras  do artista ao longo desse percurso. Simões inicia seu processo criativo com temáticas voltadas para a família, como nas obras vencedoras do Arte Pará ( Beth, Matheus e eu e sem título – que aborda o aniversário de 1 ano de Matheus), alguns trabalhos do interior de casas afetivas, como das suas tias e naturezas mortas.

Em outro momento, verifica-se o Simões erótico-místico, em que se percebe um misticismo predominante, porém sempre voltado para a paixão, o amor ‘endeusado’ por sua ex-esposa como nos trabalhos A Guardiã da Luz (acervo do MABE), um momento do artista como Lombra nossa de cada dia (vencedor do Arte Pará/1989)  e a obra vencedora do Salão UNAMA, também mística, que pode ser interpretado pela luta de Jacó e o Anjo, quando o ‘diabo’ tenta desvirtuar Jacó de conseguir o perdão do Anjo.

Após o período de hiato, posterior ao Café Imaginário, Simões retorna mais erótico, sensual, ainda utilizando cores fortes, revelando a grande influência de Matisse. O figurativismo é uno, não há predominância de elementos,  e está carregado de curvas e languidez, com muita volúpia, porém não tão policromático, não mais abordando as reuniões ou atividades familiares   e nem o misticismo. Seus trabalhos atuais ainda possuem uma fatura de cores fortes, porém mais bicolores e não  policromático.

Holofote Virtual: De que forma essa fase consta na pesquisa?

Vera Pimentel: Hiato e Retorno..... abordo o Café Imaginário como um deslocamento de Simões na sua trajetória, que se afasta dos pinceis para se tornar empresário da noite. Segundo Simões, foi um sonho realizado, porém apesar de passar 10 anos sem pintar, ele não se afasta da cultura, visto que o Café foi um espaço de experimentações culturais, tanto nas artes, como na música e na culinária. Mas, pode-se considerar que  foi um período de ressignificar, repensar e reconstruir sua pintura, pois no seu fechamento, o artista muda para o Mosqueiro, se afasta do turbilhão do cotidiano na cidade,  e retorna a pintar totalmente diferente do Simões antes do Café. 

Holofote Virtual: Tua pesquisa chama atenção para a necessidade de se mapear artistas que como o Simões ainda carecem de catalogação. Como você percebe isso? 

Vera Pimentel: Temos leque muito grande de artistas paraenses, que deixaram um legado de trabalhos artísticos, que nunca foram registrados e ainda uma geração emergente que precisa ter seus trabalhos divulgados, no âmbito acadêmico e social. 

Há um tempo, ouvi numa palestra, o Afonso Medeiros afirmar que precisamos contar a história da arte do Pará e é isso que pretendi com a minha tese...... contar a história da arte de 3 grandes expoentes em suas linguagens: Simões na pintura, Danielle Fonseca na fotografia, vídeo e instalações e Victor La Roque, na performance. Mas há a necessidade de se manter esses trabalhos arquivados ou documentados, e no caso do Simões isso inexistia, até porque, nas décadas de 80 e 90, o custo de fotografar e construir catálogos era muito alto.  

Essa dificuldade não tive em relação aos trabalhos da Danielle Fonseca, visto a artista possuir tudo registrado, principalmente nas redes sociais, o que facilita o acesso do pesquisador, com a sua devida autorização. Portanto, ressalto a necessidade do artista registrar, catalogar e arquivar, e das instituições manterem um centro de documentação para que outros pesquisadores possam ter acesso e só assim, a história da arte paraense poderá ser revelada e divulgada cada vez mais.

Holofote Virtual: Você teve que dificuldades e que facilidades para levantar essa trajetória do Simões? 

Simões, em 2014, divulgação da exposição 
"Fogo Sagrado, no MEP.
Vera Pimentel: Muito mais dificuldade do que facilidades. Primeiro o fato de o artista não possuir arquivos ou registros dos trabalhos e muitas vezes não lembrar dados das obras para compor a ficha técnica; segundo, colecionadores que possuem obras de Simões, porém sem ficha técnica; terceiro a pandemia, que prejudicou muito o acesso aos museus e ao contato com o artista, devido a necessidade de isolamento. E o fato das próprias Instituições não possuírem documentos ou registros das exposições realizadas, sendo necessário contar com a colaboração de várias pessoas para que pudesse ter acesso as obras. 

Cito como exemplo a exposição Natureza Imaginária no TRT 8ª Região, cujo único documento da mostra era um DVD não encontrado pela ASCOM. Sendo assim, precisei contar com a colaboração do curador da exposição, Desembargador Mário Soares e sua assessoria para conseguir  dados. No MEP não foi encontrado nenhum registro, informação ou dado sobre a exposição Fogo Sagrado, o que dificultou ainda mais registrar uma individual tão importante do artista. Mais uma vez contei com a sua colaboração, do Armando Queiroz e de pessoas que ao tomarem conhecimento da minha pesquisa,  foram me enviando o que encontravam. 

Holofote Virtual: Você fez uma verdadeira 'escavação' em busca das obras para identificar as fases do artista Simões. Onde estão essas obras? 

Vera Pimentel: Muito mais com colecionadores do que em museus, apesar dos  nossos principais museus em Belém (MABE, MEP e  CASA DAS ONZE JANELAS) possuírem em seus acervos, obras do artista. Porém, encontrei trabalhos de Simões, principalmente dos anos de 1980 e 1990 em coleções como Jorge Alex Athias, Desembargador Jose de Alencar, Arquiteto Julio Lima, Eduardo Vasconcelos, Cláudio Acatauassú Nunes, Walda Marques e outros. Interessante destacar aqui que, muitas obras Simões não lembrava e que com meu trabalho de ‘arqueóloga’ (palavras do artista), muito da sua memória afetiva foi resgatada, a partir da revelação desses quadros.

Holofote Virtual: E como você analisa a cena artística em Belém no campo das artes plásticas hoje em dia?

"Sala da casa de minha avó, onde me criei.
Obra de 35 anos atrás". Simões
Vera Pimentel: Consolidada e sempre divulgando novos talentos. Apesar da proeminência na fotografia, nos vídeos e nas instalações, ainda há os que optam por linguagens mais tradicionais, como a pintura.  Em especial cito Jorge Eiró, Geraldo Teixeira, Ruma, Armando Sobral, Zoca, participantes regulares do circuito local e nacional e alguns mais novos como Gonçalves Filho, Lara Dahas, Yuri Dahas, Jéssica Soares, que vêm se destacando neste cenário, em algumas exposições.

Na fotografia possuímos um grupo de notáveis, como Alexandre Sequeira, Mariano Klautau, Guy Veloso, Chikaoka, Dirceu Maués, Danielle Fonseca  e alguns mais novos como Nayara Jinkins, que possui um trabalho maravilhoso no Ver-o-Peso. O cenário  artístico  de Belém ainda é  um grande difusor de novos  talentos e consolidador dos veteranos, pois percebo que estes artistas procuram estar sempre inseridos no circuito com excelentes produções, seja em individuais, seja em coletivas, estimulados também por  vários projetos, como por exemplo o Circular, que promove mensalmente, abertura dessa vitrine artística ao público de forma geral.  

Holofote Virtual: Quando será a defesa da Tese, há pretensão de publicar? 

Vera Pimentel: Pretendo defender até o final de 2022. Tenho pretensões de publicar sim, até porque é algo que precisa ficar registrado na história da arte do Pará e que leitores possam ter conhecimento. Espero com isso poder estimular outros pesquisadores a escreverem sobre os artistas paraenses e assim divulgar grandes feitos nas Artes Visuais Paraense. Agradeço a oportunidade da entrevista, e espero que minha tese possa ‘aguçar’ novas investigações sobre artistas paraenses, além de possibilitar aos futuros leitores, o conhecimento das estrelas das artes visuais paraenses, desconhecidas de grande parte da população na região.

14.12.21

FAM dialoga com artistas indígenas e internacionais

Djuena Tikuna

Nos dias 18 e 19 de dezembro, o Festival Amazônia Mapping (FAM) chega à ilha 3D, um ambiente virtual criado especialmente para ser palco da programação online do projeto, que no começo do mês, ocupou o centro histórico de Belém com grandes projeções mapeadas. Este ano a programação conta com mais de 40 artistas convidados e suas multilinguagens.

Prepare-se para desembarcar no coração de uma Amazônia imaginária, entre a floresta e a cidade, para conferir uma série de apresentações inéditas de música e som, além de mostra visual que reúne dezenas de artistas de todo Brasil, desfile de moda sustentável e a parceria internacional que traz espetáculos de artistas do Reino Unido e Espanha. 

O FAM também exibe “Belém Fashion 405”, um video-mapping de desfile de moda e sustentabilidade desenvolvido pela designer indígena de moda Jacke Tupi. O trabalho homenageia Belém a partir do Ver-o-Peso, um dos cartões-postais da cidade através de um olhar ancestral. As peças que compõem o desfile foram garimpadas em brechós do Ver-o-Peso e seu entorno. A partir da seleção, a designer desmontou as peças e criando novos produtos. Ao todo, sete looks compõem a coleção, onde podemos identificar as erveiras, os peixeiros, o açaí, os barcos, elementos presentes no Ver-o-Peso.  

O festival traz ainda música com Félix Robatto, que se apresenta em parceria com a VJ Grazzi, que já trabalhou com artistas como Uiras e Pablo Vittar. Para o palco do Amazônia Mapping, Félix preparou um repertório 100% autoral com músicas que foram compostas ainda quando ele estava à frente da banda La Pupuña, mas também traz músicas dos seus dois álbuns solo: “Equatorial, Quente e Úmido” e “Belemgue Banger”. A sonoridade latino-amazônica de Félix embala o trabalho da artista visual, que se inspirou nas texturas de cestaria cabocla à floresta, com muita psicodelia, para suas projeções.  

Na segunda noite da ilha, o palco Samaúma recebe o encontro da dupla de artistas indígenas Djuena Tikuna, cantora amazonense, e o cineasta do Mato Grosso, Takumã Kuikuro. Para a floresta digital do FAM, Djuena apresenta um ritual de conexão com os encantados que tem as projeções assinadas por Takumã, reconhecido nacional e internacionalmente por seus filmes. 

“O FAM se consolida como um projeto multilinguagens, atravessado por poética, arte visual, sonora, moda, cinema, ativismo; que celebra a cultura ancestral e pensa o futuro a partir desse reconhecimento da Amazônia como espaço identitário, ambiental, cultural e potente também no que traz de contemporâneo”, diz Roberta Carvalho.  

Parceria internacional 

Bianca Turner

Outra novidade é que esta edição do Festival integra o Amplifly, uma parceria com o Britsh Council, instituição pública cultural do Reino Unido. O Amplifly busca promover conexões e networking que destacam a prática artística e questões sociais, ao mesmo tempo que oferece oportunidades de exposições que transcendem o eixo geográfico norte-sul. Dentro desta parceria, realizam apresentações de música e imagem as duplas Edy Fung (Quantum Foam) (China/UK) e Astronauta Mecanico (MA); e Ana Quiroga (Espanha/UK) e Bianca Turner (SP). O grupo também convida o público à imersão em seus processos criativos, em bate-papo online.  

A Amplify envolve residência artística, produção das obras e projeção das mesmas dentro do FAM. Deste processo, surge “Cíclica”, resultado da colaboração artística de Ana Quiroga e Bianca Turner. Quiroga é uma compositora, produtora musical e designer de som baseada em Londres. Turner é artista multimídia, bacharel formada em Londres, que pesquisa a subjetividade da memória, explora a documentação do efêmero, o imaterial de um objeto ou um lugar. 

A “Cíclica” foi desenvolvida a partir da manipulação audiovisual ao vivo de material de arquivo, samples de sonoridades da natureza, e dos designs e padronagens marajoaras. É uma obra que traz um ritual de nascimento, morte e transformação. Um mergulho em direção ao centro da Amazônia, o útero da mãe, guiado por sonoridades e visualidades locais.  

Djuena Tikuna e Takumã

Uma das mulheres VJs pioneiras no Brasil, Astronauta Mecanico é designer do Maranhão, e se apresenta na transmissão ao vivo do festival, criando e manipulando imagens, funde o digital e o analógico. 

Edy Fung é uma artista, curadora e produtora musical. Seu projeto experimental Quantum Foam presta atenção ao processo de escuta de máquina e manipulação de sons. No FAM, a dupla apresenta a obra “Uma tempestade está soprando do paraíso” é uma performance que captura nosso estado de incerteza. A peça sonora imagina uma sequência de narrativas que começa com o vento sazonal, que se transforma em tempestade, e termina com gotas de chuva perpétuas.  As imagens versam sobre a natureza, a reprodução, o descarte, o excesso, o erro. Abstratas e figurativas, transitam no vão das realidades, onde o fogo conduz à transformação, e o sonho é revolução. A imperfeição como elemento criador contínuo.

Para a apresentação das duas duplas do Amplify, foi desenvolvido um espaço criado especialmente para esta parceria. O Domo Marajoara, uma espécie de planetário em 360º inspirado na cultura marajoara ancestral.  A curadoria do FAm é de Roberta Carvalho, idealizadora do festival, que este ano tem o patrocínio da Oi via Lei de Incentivo à Cultura Semear, Governo do Estado do Pará e Fundação Cultural do Pará, apoio do Oi Futuro e Amplify, através da British Council, Summerset House Studios, Mutek e ArtLab. Realização da produtora 11:11 ARTE. 

Serviço

Festival Amazônia Mapping 2021: apresentações artísticas e imersão em processos criativos online dias 18 e 19 de dezembro. Canal do Youtube do festival www.youtube.com/amazoniamapping. Mais infos no site oficial do Festival: www.amazoniamapping.com.

(Holofote Virtual com informações da assessoria de imprensa)

Ver-o-Peso 24 Horas lança episódio piloto da série

Fausta, uma das protagonistas
Fotos: Divulgação

A web-série documental "Ver-o-Peso 24 Horas", acaba de lançar seu episódio piloto, realizado com apoio do Edital de Multilinguagens, da Lei Aldir Blanc Pará. O projeto foi idealizado pelo jornalista e produtor cultural Wanderson Lobato, do coletivo Amigos do Ver-o-Peso.

“Nossa intenção é destacar que o Ver-o-Peso não se resume somente ao espaço físico onde está localizada a Feira, em Belém. Para nós, o Ver-o-Peso transcende isso e alcança outros territórios. Então, o Ver-o-Peso também está no Acará, onde são produzidas muitas ervas. Está em Barcarena, de onde vêm as mudas de plantas, em Monte Alegre, onde é extraída a balata para a produção e artesanato. Em todos estes locais e em muitos outros, o Ver-o-Peso também vive, intangível,” explica o produtor cultural.

Um lugar, muitas histórias. Com um pouco mais de 10 minutos de duração, o audiovisual acompanha um pouco da rotina de três personagens que circulam pela Feira ao longo de um dia de trabalho. Fausta Galiza é quilombola, da comunidade de Guajará Miri, no Acará. Guardiã do Boi Resolvido, Tia Fausta também é uma repentista de mão cheia que topou fazer uma apresentação musical no Ver-o-Peso para o projeto.

Aluna de turismo, entrevista sobre o artesanato

“Vir aqui no Ver-o-Peso é relembrar muitas coisas boas que meu pai viveu aqui. Trabalhava com mastruz, quebra barreira, carrapatinho,” lembra a artista ao falar de seu pai, Mestre Ciló, fornecedor de produtos para o setor de ervas.  Júnior Costa é morador da Ilhas das Onças, em Barcarena, e vendedor de rasas de açaí. É a fruta que “leva” o documentário para o ambiente da Feira, marcado pela diversidade de produtos e de histórias.

“A gente tem que vir cedo para cá para marcar lugar. Se não vier, acaba que não consegue espaço pra colocar suas rasas,” ele explica sobre o porquê chegar na Feira do Açai no final da tarde pra só começar a comercializar o fruto na madrugada. Ribamar Oliveira, conhecido como Luneta, mora em Belém e atua como balanceiro na Pedra do Peixe. “Eu já trabalho 25 anos aqui nessa Pedra do Ver-o-Peso. Essa é a nossa realidade que vivemos aqui diariamente”, conta.

Nassif Jordy, que dirigiu o episódio com o apoio de Renato Chalu, explica que a ideia do documentário foi mostrar o funcionamento do Ver-o-Peso em 24 Horas que não para em todos esses séculos. “Tentamos mostrar um pouco dessa dinâmica. Tentar falar da história do Ver-o-Peso através das pessoas que fazem a feira. As pessoas que fazem a Feira, a maioria não são moradores de Belém, são moradores das ilhas, dos arredores da cidade, moradores do interior do Estado. Eles que abastecem o Ver-o-Peso que fazem ele funcionar”, destaca. 

Em busca do registro da feira como patrimônio imaterial

Alunos - Cultura Alimentar Ver-o-Peso

O patrimônio imaterial é o foco do projeto e vai, em breve, ser o mote de uma campanha para o registro do Ver-o-Peso como Patrimônio Cultural Brasileiro, assim como o Círio de Nazaré e o Carimbó, já  reconhecidos. 

“Sabemos que falar de patrimônio é falar de memória coletiva. O projeto tem esse foco na memória dos trabalhadores e usuários da feira. Nossa intenção é procurar o IPHAN para retomar um diálogo para a realização de uma campanha de mobilização para o registro da Feira como Patrimônio Imaterial,” conta.

A campanha de mobilização chegou a ser articulada com o IPHAN no final de 2019. Técnicos do Instituto, responsável pela preservação do patrimônio cultural brasileiro, chegaram a se reunir com lideranças dos feirantes que aprovaram a realização da campanha, mas com a chegada da pandemia os planos foram interrompidos.

“Com o projeto aprovado na Lei Aldir Blanc vamos voltar no IPHAN para retomar esse diálogo”, completa Wanderson. “Já iniciamos a apresentação do episódio em escolas do Ensino Médio e junto aos alunos do Curso de Turismo, da Universidade Federal do Pará. Nossa intenção é com o audiovisual envolver a sociedade em torno do tema”.

Ribamar, o Luneta
A apresentação do episódio para os jovens nas escolas e UFPa integra outro projeto do coletivo Amigos do Ver-o-Peso. É o Museu Ver-o-Peso, onde os alunos e universitários realizam visitas monitoradas na Feira e são convidados a realizarem trabalhos acadêmicos sobre os produtos e personagens da Feira.

“Ainda estamos trabalhando com recursos próprios, mas estamos na captação de recursos e inscrevendo o projeto em editais para conseguir avançar com esse projeto em que o Ver-o-Peso se torna um material educativo, tanto para os alunos quanto para os professores,” conta Wanderson Lobato.

Assista ao episódio piloto da web-série "Ver-o-Peso 24 Horas":

Serviço

Ver-o-Peso 24 Horas. Um trabalho dedicado aos trabalhadores e trabalhadoras do Ver-o-Peso, mestres e guardiãs de nossa cultura ancestral. Disponível no Youtube – canal amigos do veropeso. Projeto selecionado pelo Edital de Multilinguagens da Lei Aldir Blanc Pará. 

(Holofote Virtual com informações da produção do filme)

San Marcelo lança o segundo curta em Bragança

Emoção, drama, romance e danças como o brega e o retumbão, além da religiosidade de São Benedito, estão presentes em “Madá”,  curta metragem de San Marcelo, cineasta bragantino que vem se destacando como realizador no cenário do audiovisual paraense. O lançamento é nesta quinta-feira, 16, às 20h, na Casa da Cultura da cidade. A realização é da Sapucaia Filmes, com apoio do prêmio de audiovisual da lei Aldir Blanc, Secult-Pa. 

Destinado ao público adulto, Madá trata de forma leve alguns temas complexos. O drama central é atravessado por cenas do cotidiano da vida e cultura da cidade de Bragança, no intuito de fazer um cinema de entretenimento, sem deixar de lado a função de comunicar e denunciar.

Madá, interpretada pela jovem atriz Luana Oliveira, é dançarina de brega, mas quando descobre que sua banda vai viajar para uma turnê de shows, ela precisa fazer uma opção, entre cuidar da família ou ir em busca de realizar seu sonho profissional. Essas questões emocionais ganham força com a atuação da atriz Astrea Lucena, que dá vida à Rosa do Rosário, mãe de Madá, personagem livremente inspirada na história de vida da maruja Rosa, que faz parte do quadro da Marujada, em Bragança. 

"Fico muito feliz de fazer cinema na Amazônia, é o que eu sempre quis, mas uma boa parte da minha vida eu achei que não era possível”, diz San Marcelo, que vem desenvolvendo séries e curtas que podem ser acessados pelo canal de Youtube da produtora Sapucaia Filmes. 

A produção do filme foi realizada durante a pandemia e o processo foi interrompido e adiado por três vezes antes de iniciar as filmagens. Para poder trabalhar com mais tranquilidade, toda a equipe de técnicos, elenco e figurantes fizeram exames no início das gravações. 

A realização é da Sapucaia Filmes, Edital de audiovisual da Lei Aldir Blanc. Apoio da Secretaria Municipal de Saúde de Bragança, Secretaria Municipal de Cultura e Desportos, Universidade do Estado do Pará - Liceu da Música de Bragança – Campus XXI, Instituto Federal do Pará – Campus Bragança e Instituto Nova Amazônia - INÃ, Hospital de Clínicas de Bragança, Renata Tecidos, Ótica Sousa e Estúdio de Dança Step By Step.

O acesso à cena do audiovisual paraense

Em 2019, lançou o seu primeiro curta de ficção, “Assustado”, rodado inteiramente em Bragança, realizado com o Prêmio de Produção e Difusão Artística do Programa de Incentivo à Arte e Cultura da Fundação Cultural do Pará.' 

San é  também um dos diretores de "A Pandemia e os Conflitos no Território de Jambuaçu”, assina direção em "A Cidade e o Trem”, lançado recentemente, e do documentário "Inclusão Social e Produtiva dos catadores de materiais através da gestão de resíduos domésticos, e é diretor da série "Saber Bragança", de onde sai o curta "Benzedeira - Maria do Barro", que se destacou da série construindo carreira própria chegando a ficar entre os semifinalistas do Prêmio ABC - Associação Brasileira de Cinematografia em 2021. 

Para entrar na cena do audiovisual, ele iniciou como muitos outros de nós, participando de oficinas, encontros, festivais, conhecendo o meio até que a primeira oportunidade de trabalho aparece e você segue seu caminho. 

Caravana da Imagem, da Central de Produção Cinema e Vídeo na Amazônia, em 2005, e o Aluno Repórter, da rádio educadora de Bragança, são dois projetos importantes na trajetória dele, assim como as oficinas de fotografia que ele fez com vários profissionais. 

“O projeto Aluno Repórter aqui em Bragança, do professor Alberto Amorim, e o fotógrafo Renato Chalu, que me levou pra vários trabalhos fora daqui de Bragança, são pessoas importantes, assim como outras que eu fui conhecendo ao longo do caminho e que me proporcionaram fazer cinema, oficio que hoje eu desempenho ao lado de outros profissionais também talentosos, muitos deles estão na equipe de Madá, só tenho a agradecer a todos pela dedicação”, conclui San Marcelo.

Ficha técnica

Roteiro/Direção - San Marcelo 

1º Assistente de Direção – Felipe Cortez

2º Assistente de Direção – Paulo Cesar Jr.

3º Assistente de Direção - Pedro Olaia

Direção de Fotografia - San Marcelo 

Op. de Câmera – Rodrigo Lima 

1º Assistente de Câmera/Gaffer – Claudio Castro 

2º Assistente de Câmara – Romão Gomes

Direção de Arte - Jef Cecim 

Assistente de arte – Anderson Miranda

Figurino - Patrícia Reis

Maquiagem – Bruna Fernanda

Som Direto – Michael Barra

Sonorização – Ladeilson Tavares

Locução – Beto Amorim

Preparador de elenco - Paulo César Jr. 

Coreógrafo – Julius Silva

Produção Executiva - Cecilia Nascimento 

Coordenação de Produção – Raquel Leite

Assistente de Produção – Adson Pereira e Patrícia Reis

Produtor de Objeto – André Romão

Platô - Pedro Olaia

Canção Original – Judite Nascimento 

Arranjador - Fausto Duantos

Música "Marujinha"” de Almirzinho Gabriel 

Editor – Felipe Negídio

Fotografia Still – Pedrosa Neto e William Mello Alves

Poster e title designer - Mhorgana Santos

Assessoria de Imprensa – Luciana Medeiros

Coordenador de Transporte – Lindemberg Silva

Motorista – Valdir Silva

Segurança - Emerson Pereira

Técnica em enfermagem – Rita Martins

Elenco 

Luana Oliveira – Madá

Astrea Lucena – Rosa do Rosário

Alana Ribeiro – Celina do Rosário

Patrícia Reis – Gisele Ramos

Marília Frade – Roberta Lisboa

Cícero Pedrosa Neto - Paulo de Tasso

Alceny Garrido – Carlos Borges

Juan Muniz – Médico 

Roseti Araújo – Enfermeira

Felipe Cortez – Diego Sousa

Faby Lenise – Thays Cantora da Banda

Hugo Ribeiro – Tecladista

Valdo Ibrahim - Guitarrista

Silvio de Lima - Dançarino

João Alberto – Atendente da Farmácia

Emerson Pereira – Segurança 

Julius Silva - Coreógrafo

Raquel Leite – Avaliadora

Pedro Olaia – Avaliador

Bruna Fernanda – Avaliadora

Lindemberg Silva – Atendente do Teatro do Liceu

Luciana Lemos – Motorista

Rosa Lins - Maruja

Elenco de Apoio

Alice Paes

Ana Beatriz

Andressa Lohana

Brenda Paixão

Carla Bessa

Évora Miranda

Fabricia Mota

Flávia Lobão

Gustavo Sousa

Jamerson Braga

Jay Soares

Jôh Macias

Laura Martte

Porfiro Caeté

Thayse Vitória 

Wells Matheus

Luciana Lemos 

Silvio Ferreira 

Raissa Matos

Romeu Figueiró Jr. 

João Alberto 

Júlia Ribeiro

Serviço

Lançamento do curta metragem "Madá", de San Marcelo - Sapucaia Filmes. Nesta quinta-feira, 16, às 20h, na Casa da Cultura de Bragança. Realização Edital de Audiovisual, lei Aldir Blanc, Secult-Pa, Governo do Estado, Secretaria Especial de Cultura, Ministério do Turismo, Governo Federal.

Mais informações: www.sapucaiafilmes.com.br 

Siga no Instagram: https://www.instagram.com/curta_metragem_mada/