30.3.21

Nego Nelson lança seu "Tiquinho de Céu" na rede

Foto: Carlos Borges
Chega a todas as plataformas digitais, nesta terça-feira, 30, o novíssimo álbum de Nego Nelson, trazendo 9 faixas inéditas. Violonistas e compositor da música instrumental amazônica, Nego Nelson traça uma trajetória inovadora e sofisticada dentro da tradição da música popular brasileira. 

Gravado quase integralmente em Belém no Midas Amazon Studio, "Tiquinho de Céu" tem arranjos e direção musical do próprio Nego Nelson, com participação de Dadadá Castro, Adelbert Carneiro e Jacinto Kahwage. 

Também participa Gilberto Foiquinos, em duas faixas gravadas em São Paulo. Além disso, Nego divide outra faixa com o jovem compositor e instrumentista carioca Jean Charnaux, uma das maiores revelações brasileiras do violão na atualidade. 

Duas faixas do álbum merecem destaque: A faixa título Tiquinho de Céu, onde Nego dialoga com elementos melódicos da composição Pedacinho do Céu de Waldir Azevedo, e que foi lançada como single e videoclipe no final de 2020; e a faixa Quarto n°5, composta em 1975 nunca antes gravada em outro trabalho do compositor. 

Após o lançamento digital, o álbum terá também uma tiragem em CD. O projeto foi um dos contemplados com o Prêmio Preamar de Cultura e Arte da Secretaria de Cultura do Estado do Pará em 2020. O projeto contou com a Direção Artistica de Pedro Vianna e Produção Executiva de Narjara Oliveira. 

Serviço

Lançamento do EP Tiquinho de Céu de Nego Nelson - Em todas as plataformas digitais e redes sociais do artista - Nesta terça-feira, 30 de março.

Virada Cultural de Belém este ano pela internet

Em 2014, a primeira edição da Virada Cultural apresentou mais de 100 atrações locais e nacionais, como o show de Emicida (foto), mas este ano, por conta da pandemia, o projeto adota o formato virtual e realiza sua primeira versão digital, nos dias 7 e 8 de maio. 

Entre os artistas confirmados para a segunda edição, estão Marisa Brito, Allan Carvalho e Aldo Sena, que gravarão suas apresentações em Belém e em São Paulo.  Além dos convidados, a Virada abre inscrições para artistas que queiram integrar seu conteúdo artístico à programação de 24h. A chamada segue aberta até 18 de abril. 

“A Lei Aldir Blanc foi uma revolução. Oportunizou mais de 1500 realizações artísticas. E a Virada quer ser um palco para essas criações. Estamos abertos a tudo. Gostamos de pensar no sentido de performance: musical, videoarte, dança. Estamos abertos a qualquer linguagem desde que o trabalho seja exequível em formato digital”, destaca Pedro Vianna, idealizador e curador do festival. 

Serão aceitas inscrições de propostas artísticas em suporte digital e apresentadas por artistas paraenses, ou residentes há dois anos ou mais no estado do Pará. No total, o projeto contemplará 21 conteúdos que proponham novas experiências ao público em suporte digital, que receberão premiação em dinheiro, no valor de R$ 500,00. 

Entre os critérios de avaliação, estão a originalidade, o ineditismo, a inovação, a relevância cultural e a inclusão social. O material enviado pelos artistas ficará no arquivo do projeto e os publicados, disponíveis para visualização por tempo indeterminado nas redes sociais da Virada Digital 2021. A programação contará ainda com workshops e rodas de conversa online, abordando temáticas referentes à arte e cultura digitais.

Inscrições

REGULAMENTO: 

http://bit.ly/regulamentovirada

A realização é da Secretaria Especial da Cultura, Ministério do Turismo e Governo Federal, Secretaria de Cultura do Pará, Governo do Pará, por meio da Lei Aldir Blanc Pará, em parceria com a Senda Produções.

29.3.21

Bella traz mistura de ritmos no seu primeiro EP

O EP, intitulado ‘Enlaço’, traz quatro faixas que mesclam ritmos latinos, guitarrada e carimbó. É o primeiro trabalho autoral da cantora que é natural de Belém. Aos 24 anos, ela canta ‘Desejo’, ‘Amarrada em Você’, ’Amores líquidos’ e ’ Bolero pra dois’ para contar uma história de amor, que terminou. O lançamento será nesta quarta-feira, 31, às 18h, no perfil da artista no Instagram (@abellapantoja) e pelas plataformas de streaming.

Ela já compunha desde criança, mas nunca mostrava o que escrevia. Deixou de lado essa aptidão até que a pandemia de Covid-19 a fez revisitar suas composições e voltou a escrever. É assim que surge o conceito e toda ideia do EP.  “Os últimos acontecimentos mundiais também serviram para que eu abrisse os olhos e percebesse como é importante vivermos os nossos sonhos logo, e parar de adiá-los e isso me deu coragem para mostrar meu trabalho, que fala sobre amor e natureza, ao mundo”, disse a artista.

A artista preparou as músicas para um público diverso e deseja que as pessoas se sintam representadas, pois “eu defendo o amor, sendo assim, acredito no direito das pessoas amarem quem elas quiserem, independentemente do gênero ou sexualidade. Nas minhas músicas não falo sobre isso explicitamente, mas eu falo sobre amor e onde essa pauta for levantada, eu vou defender o direito do amor a todos e todas”, registrou a artista.

Ela explica que cada faixa aborda a fase de uma história de amor. "Desde o início do romance (faixa desejo) até o momento da separação, quando tudo o que resta é saudade (faixa bolero pra dois); além disso, cada faixa é representada por um elemento da natureza, que ajuda a contar essa história, de uma maneira sinestésica”, comenta a cantora.

Carreira inicia nos palcos do teatro musical

Bella vem trabalhando a carreira como artista de teatro musical. Já participou de espetáculos como ‘Os Miseráveis’, ‘Cats’, ‘Pra Quem é Addams’ da Casa de Artes Tiago de Pinho, assim como ‘Fica Frio’ e, atualmente, o musical ‘Six’, ambos da SWAM Studios – Joba (Warilou), Giovanna Marçal, Lidia Marçal e Yuri Wariss - que assina a produção e direção musical desse novo trabalho. 

“Creio que um fator surpresa para o público seja a coesão do EP, conceitual e musicalmente falando. Cada canção tem o seu toque de carimbó, lambada e outros ritmos dos quais derivam a nossa música, mas sem perder o toque especial e único da Bella. Seja na voz, num desenho de guitarra... Acredito que o público irá se identificar com a música e não vai parar de cantar”, diz Giovanna Marçal.

Inspirações - O trabalho também traz um encontro de gerações. Joba da banda Warilou, que hoje produz o EP, e Bella, que cresceu ouvindo as músicas da banda e de outros artistas regionais. Joba revela em suas falas o privilégio que é trabalhar com alguém tão jovem, mas tão madura musicalmente e destaca que a artista bebe na fonte de grandes nomes da música local, mas traz elementos novos ao seu trabalho, que é muito promissor:

“Bella é uma artista de bastante consistência, apesar de ser o primeiro trabalho, ela tem uma maturidade muito grande em relação às composições. Foi muito simples e agradável trabalhar com ela e com uma equipe também de direção muito competente, que tem uma visão muito inteligente do cenário artístico”, e complementou “a faixa ‘bolero pra dois’ lembra uma música imortalizada pelo Vavá da Matinha. Estamos bebendo o elixir da juventude. Apesar da releitura dos ritmos, o trabalho tem o espírito contemporâneo, é um privilégio assinar essa produção da Bella, que é muito talentosa e é motivo de muito orgulho”, finalizou Joba.

Ficha técnica:

Composições: Bella e Giovanna Marçal

Arranjos musicais: Gabriel Maués

Direção musical: Giovanna Marçal

Produção musical: Joba Marçal

Direção criativa: Mariana Almeida e Bella

Produção audiovisual: Cabrons Studio

Gestão de marketing musical: Lídia Marçal e Yuri Wariss

Figurinista: Leo Pamplona

Assessoria de comunicação Artística: Emanuele Corrêa

Guitarra base: Gileno Foinquinos

Violão: Kim Freitas

Bateria: Jr Júnior

Baixo: Charles Barros

Percussão: Heraldo Santos (percussão da terra)

Vocais: Giovanna Marçal e Lidia Marçal

Vocal principal: Izabella Pantoja

Serviço

Lançamento EP ‘Enlaço’. Dia 31 de março (quarta-feira), a partir das 18h, pelo perfil do Instagram da artista @abellapantoja e pelas plataformas de streaming.

(Holofote Virtual, com assessoria de imprensa da artista)

27.3.21

Museu no Jurunas reúne acervo de arte e memória

Obra Dança para um futuro cego, de Maria Macedo. 
Exposição Inundada
O “Museu D’Água” inaugura na quarta, 31, com mostra artística e de salvaguarda da memória local do Jurunas e das periferias do “Distrito D’Água”, em Belém. O espaço ocupa uma casa de madeira de mais de 40 anos, reformada por meio da  Lei Aldir Blanc. A inauguração será virtual, pelo canal de Youtube do projeto, às 19h.

Além do fomento à produção de livros, EPs, álbuns, feiras, eventos em geral, um tanto de outras iniciativas também estão sendo realizadas  no âmbito da cultura e da memória, por meio de projetos desenvolvidos com recursos da Lei Aldir Blanc. E acabo de ter notícia de mais uma delas, o  “Museu D'Água”.

Esse projeto desenvolveu uma pesquisa histórica e afetiva tendo em vista a criação de um Museu para a comunidade, assim como gerou um acervo de obras de arte que também inaugura, dentro do museu, uma galeria de arte. São portanto, dois acervos, que foram construídos mediante dois dispositivos de ação.  

No Olhos D’Água encontraremos um acervo da memória local para salvaguarda e pesquisa. A partir de aquisições e doações de antigos moradores, como fotografias, registros de vídeo e objetos que contam a história da região onde o Museu se encontra. O acervo, que ainda está sendo montado, vai proporcionando diálogos antes invisibilizados na história da cidade, e provando que existe riqueza cultural na periferia. Em locais constantemente associados somente à violência, descaso público e preconceito.

Henrique Montagne na Galeria Izabel Aquino. 
Exposição Inundada | Museu d'Água. 
Imagem: Divulgação
“As primeiras peças do acervo são doações de fotografias de famílias familiares, que não são somente afetivas, de construções de sonhos e acontecimentos pessoais, mas que também se inserem em um contexto histórico de transformação urbana no próprio bairro a partir da década 1980.  O acervo garantirá pesquisa cientifica, produções de trabalhos escolares e interesse de estudantes e universitários das comunidades, sendo estes adolescentes, jovens, adultos e idosos para preservação da memória”, diz Henrique Montagne diretor do Museu.

Já o acervo Inundada é um projeto de exposição coletiva e aquisição de obras de arte promovida pelo Museu D’Água. Foi aberta uma chamada nacional para artistas visuais de diferentes linguagens, foram mais de 100 artistas brasileiros que submeteram trabalhos e 5 foram selecionados e participarão da exposição coletiva no bairro do Jurunas. Onde 3 artistas foram premiados e outros 2 tiveram menções honrosas. 

Os artistas premiados foram PV Dias (PA), Maria Macêdo (CE), Rodrigo Selles (SP), tendo os artistas Braco (SP) e Ordep (PA) como menções honrosas. Com curadoria de Henrique Montagne, a exposição terá o intuito de discutir e refletir além da importância da produção de jovens artistas visuais, obras que possuam inclinações poéticas e de investigação sobre a memória desde as periferias e aos interiores do Brasil. 

Acervo: memória
Vizinhos em comemoração - Copa do Mundo 2002
“Nesta exposição, percebemos interações entre contrastes locais e aproximações de passado, presente(s) e futuro. Reflexões sobre a história, paisagem, urbanidade e tradição de forma poética e política. O que pensa um artista fora do centro? Não são somente as diferenças que se destacam, mas as interações entre pontos que cada artista trás que vão formando uma linha em comum, construindo e nos levando a reflexões sobre o nosso presente e o nosso devir nessa inundação de ideias e construção de um espaço em meio ao horizonte de tantas culturas, diferenças, vivências e acontecimentos que integra o povo brasileiro”, diz Henrique Montagne. 

As obras que participarão da exposição foram doadas pelos artistas visuais selecionados, acreditando na construção de um acervo de arte na periferia de Belém, onde as obras poderão ser acessadas gratuitamente no site do Museu para consulta pública. Nesse sentido, é fundamental não pensar somente uma mostra para visitação e exposição temporária, mas também uma ação que integra a história do bairro e de Belém.

A Lei Aldir Blanc está fazendo muito pela cultura brasileira e precisa continuar, pois tem o peso de uma política cultural que tanto precisamos. Por meio dos editais têm sido gerados trabalho e renda não só aos artistas e produtores, mas por meio destes e seus projetos, muitos outros, uma vez que movimenta-se uma cadeia produtiva que hoje está restrita às plataformas digitais. Parabéns aos envolvidos no projeto "Museu D'Água" e que a Lei Aldir Blanc não só prorrogue como medida necessária e emergencial, mas que permaneça como política cultural, mesmo depois da pandemia.

Programação

Dia 31 será a inauguração do espaço, sendo assim promovida uma live no canal do Museu no Youtube para passeio pelo espaço. Contando com a abertura da exposição Inundada que está exposta na Galeria Izabel Aquino, espaço que integra o Museu D’Água. Podendo ser visitada virtualmente em realidade aumentada no site do Museu. O Acesso ao acervo “Olhos D’Água” também ficará livre para acesso no site do museu.

Live de Abertura Museu D’Água 

Dia 31 de Março (Quarta)

A partir das 19h

Instagram: @museudagua  

Youtube:

https://www.youtube.com/channel/UCPncxQ4LWxtvDLR64RvuMr

Exposição Inundada e Acervo Olhos D’Água

Site do Museu: www.museudagua.org

25.3.21

Temas e monumentos que reforçam desigualdades

O artista visual Mauricio Igor
Foto: Samuel Costa

Belém do Pará e Belém Lusitana, com seus contrastes visuais e socioculturais estão presentes na exposição (d)e videoperformance  “De uma Belém a outra - Na própria Pele”, de Mauricio Igor,  disponível a partir de sexta, 26, nas plataformas da Uncool Artist, canal estadunidense-brasileiro de artistas, educadores e criativos independentes.

A obra problematiza temas como racismo, xenofobia, colonialismo e a existência de monumentos históricos que reforçam e renovam tais ideias colonialistas e preconceituosas. O artista retrata as discrepâncias que existem na Belém portuguesa e na amazônica, além de sentir na pele – literalmente – o que os “conquistadores” continuam a enfatizar, até mesmo em monumentos históricos.

O despertar para o assunto surgiu com um incômodo pessoal e estético de Mauricio. Assim como a maioria dos brasileiros, o jovem paraense foi ensinado nas escolas que Portugal "descobriu" o Brasil. Por conseguinte, que a colônia deveria ser “grata” à metrópole, ainda que tantos povos e culturas tenham sido dizimados e anulados devido ao processo de colonização.

Tais percepções foram acentuadas em 2019, quando o artista foi contemplado com bolsa do Programa Santander de Bolsas Ibero Americanas para estudos de um semestre na Faculdade de Belas Artes na Universidade do Porto, em Portugal. Durante a vivência “na metrópole”, ele pôde sentir a sua pele negra e amazônida arder ao deparar-se com o monumento Padrão dos Descobrimentos, localizado em Lisboa.

O símbolo representa uma homenagem aos personagens do processo de expansão marítima de Portugal nos séculos XV e XVI em território brasileiro. Há também, em Braga, por exemplo, monumentos que glorificam atos patriotas de homens que ajudam a “pacificar” africanos no século XX, como é o caso da estátua em “Memória dos irmãos Roby”.

“Os monumentos que homenageiam e exaltam as figuras diretas nos processos de colonização também de são formas contribuir para a ideia de hierarquias entre raças e nacionalidades, pois alimentam um orgulho do colonialismo”, explica o artista.

Deste modo, as navegações, que também se baseavam em princípios dominadores e racistas, parecem ter deixado ainda certo legado material e mesmo mental entre os colonizadores, como nos monumentos. Embora simbolizem a identidade nacional e o “heroísmo” do povo português, em um mundo com fronteiras cada vez mais tênues, parece ser necessário promover uma conscientização de um passado que não deverá ser repetido. Isto é acentuado mais ainda no Pará, o Estado brasileiro que possui maior número de cidades e distritos cuja origem dos nomes é Portugal, algo evidente desde o batismo de sua capital como “Belém”.

Para realizar a obra, Maurício contou com o artista pernambucano Dori Nigro, responsável pelas filmagens e produção da videoperformance. O processo foi fundamental para que a exposição fosse realizada a partir de uma perspectiva de outros corpos, identificados pela mestiçagem, pretitudes, imigração, LGBTQIA+ em um país de brancos e brandos costumes.

Entre corpos e monumentos de concreto, é certo que o debate em relação aos monumentos históricos é urgente e uma questão aberta às ressignificações. Prova disso em escala europeia foi em Bristol (Inglaterra), onde a estátua de Edward Colston, traficante de escravizados que foi derrubada.

Estar presente em um país que tomou as suas terras diz muito sobre o sentimento que espeta o coração do imigrante. Segundo o artista visual, “ser de um país que historicamente foi colonizado é ser visto com olhar de inferioridade. Por isso, direciono minha produção artística de forma a ver criticamente a formação e construção do Brasil e a como estas configurações afetam nossos corpos hoje”, finaliza Maurício.

Reflexões sobre o corpo não hegemônico

Foto: ARCES

Mauricio Igor é graduado em Licenciatura em Artes Visuais pela Universidade Federal do Pará. Em 2019, foi contemplado com bolsa do Programa Santander de Bolsas Ibero Americanas para estudos de um semestre na Faculdade de Belas Artes na Universidade do Porto, em Portugal. Seu trabalho é focado em reflexões sobre o corpo não hegemônico, atravessando questões de identidades inseridas em temas como miscigenação e sexualidade. 

Tais processos se desdobram em fotografias, performances, vídeos, textos, intervenções e instalações. Por meio destes, participou de importantes exposições coletivas no Brasil e em Portugal, além de já ter sido capa da revista luso-brasileira Performatus em 2020. Com a série “Ô lugarzinho pra ter viado!” recebeu menção honrosa no FotoSururu - 1º Encontro de Fotografia Criativa, em Maceió-AL, e com a criação “Como descobrir o que não é desconhecido?” também recebeu menção honrosa na Open Call Intervenções Artísticas SUPERNOVA, na cidade do Porto, em Portugal.

Serviço

Exposição “De uma Belém a outra” | Quando? Estreia 26 de março, às 20h (Brasil); 23h (Portugal). Onde? Transmissão ao público através do site www.uncoolarts.com/clube-da-uncool  | Vale conferir também "Ruínas ainda presentes", promovida pela artista, pesquisadora e arquiteta, Laura Benevides, sobre a videoperformance de Maurício.

(Holofote Virtual com assessoria de imprensa do artista)

24.3.21

Ficca realiza a sexta edição em tom de celebração

O 6º Festival Internacional de Cinema do Caeté, o Ficca, abre nesta quinta-feira, 25 de março, às 18h, com transmissão pelo canal de YouTube do festival, realizado este ano com apoio da Lei Aldir Blanc-Pa. A programação vai até dia 5 de abril.

Este ano, o Ficca volta a reunir parceiros, para render homenagens e realizar oficinas remotas para o Quilombo América, em Bragança, rodas de conversas, a Mostra Oitava Maravilha, que começa na segunda-feira,  29, indo até 31 de março, reunindo 12 filmes, divididos em três dias com quatro estréias diárias, sempre às 16h, 17h, 18h e 19h, só de filmes já foram premiados ao longo das edições anteriores.

A abertura, nesta quinta-feira, 25, faz breve retrospectiva do festival, que nasce muito tempo antes de sua primeira edição ser realizada em 2014, em Bragança, às margens do rio Caeté, uma história que será contada pelo criador e coordenador geral do Ficca, Francisco Weyl, autodenominado Carpinteiro de Poesia e pelo realizador, músico, além de cineclubista, Mateus Moura. Eles vão bater um papo comigo, que estarei na mediação, e também será exibido o curta “Pará Zero Zero”. Na ocasião da abertura, também será lançado o site oficial www.ficca.net.br que se torna partir de agora a principal plataforma do projeto. 

Francisco e Mojica, em 2003 - Soledade - Belém
As bases que consolidam o Ficca começam a ser construídas em 2003, com a fundação do Cineclube Amazonas Douro, durante um Concílio Artístico Luso-Brasileiro, organizado por Francisco Weyl, com a presença do mestre de cinema da escola do Porto, Sério Fernandes, um dos homenageados do festival este ano; e de nada menos que o saudoso mestre do terror, José Mojica Marins. 

Naquele início de século, Zé do Caixão esteve em Belém e andou em diversos logradouros da cidade, como por exemplo, o Cemitério da Soledade, onde nasceu o Cineclube Amazonas Douro, em noite de lua cheia. 

Eu estava lá, assim como poetas e artistas que aderiram ao chamamento daquele instante. Ao longo de uma semana diversos diálogos foram provocados entre leituras de poemas e projeções cinematográficas também na Praça da República, Centro Cultural Brasil Estados Unidos, Instituto de Artes do Pará, Cine-Teatro Líbero Luxardo, Bar do Parque.

Os anos passaram, o cineclube completa agora 18 anos e com dez a menos, o Ficca se consolida com tudo que já construiu. Ao longo desses oito anos, realizou sessões de estreias de filmes independentes, brasileiros e estrangeiros; e assinou protocolos com parceiros como a Associação Nacional de Cinema e Audiovisual de Cabo Verde, homenageando o cinema do primeiro presidente desta entidade, o documentarista Júlio Silvão que este ano estará presente no festival, participando da mesa de homenagem ao cineasta paraense Chico Carneiro, no dia 3 de abril.

Roda de conversa e oficinas remotas 

Moradores do Quilombo do América que irão 
participar das oficinas.

Após a abertura, na sexta-feira, 26, às 19h, ocorrerá a roda de conversa “A Década Internacional de Afrodescendentes”, com organização de Celso Prudente, presidente do Festival Internacional de Cinema Negro, de São Paulo; e apresentação e mediação de Francisco Weyl, tendo como convidados Rosete Araújo (Presidente da Associação Remanescentes Quilombolas do América – ARQUIA/Bragança do Pará); Misá (Artista plástica e Terapeuta/Senegal-Cabo Verde); Clei Souza (Pesquisador/Gre Amazônia-Unifesspa); Denis Bezerra (Pesquisador/Perau-PPGArtes-UFPa) e Mariana Delgado (Pesquisadora/I2ADS-Identidades/Fbaup-Universidade do Porto).

Já no final de semana,  27 e 28, serão realizadas as oficinas artísticas no Quilombo do América, que serão ministradas de forma remota por Carol Magno, Francisco Weyl e Cuité Marambaia. A comunidade fica em Bragança (PA) e tem mais de 200 anos de existência, sendo certificada pela Fundação Cultural Palmares em 2015. 

"Este ano as oficinas estavam previstas para serem realizadas de forma presencial, mas a pandemia não permitiu. Os exercícios então serão acompanhados por meio de encontros remotos, com a liberdade para que os participantes exercitem a criatividade estética e ao mesmo tempo dialoguem e compreendam o audiovisual como ferramenta de consciência social", explica Francisco. 

No âmbito das oficinas artísticas, além da ARQUIA - Associação de Remanescentes Quilombolas do América, o Ficca também anuncia parceria com o projeto Aluno Repórter, de Bragança do Pará. Ou seja, com a presença dos alunos deste projeto, a 6a edição do festival alcançará dezenas de escolas públicas na Região dos Caetés. Disponibilizados por mídias sociais, os conteúdos que compõem o projeto pedagógico das oficinas estimularão o participante a produzir e realizar vídeos curta metragens com telefone celular.

Homenagens a cineastas e lançamento de livro


Sério Fernandes, Mestre da Escola do Porto - Pt
No dia 01 de abril, às 18h, iniciam as lives de homenagens, com reverência a José Eugénio Sério Fernandes, que foi Mestre da Escola Superior Artística do Porto, entre 1991 e 2015, lecionando no Curso Superior de Cinema.  Sério rodou dezenas de filmes no Porto e na Europa, além da África; e também filmou no Brasil, no Sertão e Amazônia, sempre com uma equipe formada por seus alunos. 

Nesta homenagem serão exibidos “Eu Génio”, “Sofia e o regresso ao paraíso” e “Música para uma exposição”, realizados pelo criador da Teoria dos Magníficos Quadros Artísticos Cinematográficos. A apresentação será de Francisco Weyl.

Rosilene Cordeiro também é homenageada este ano. No dia 2 de abril, às 19h, será exibido o longa Feitiço, com direção dela -  pelo Canal Youtube FICCA, com apresentação de Denis Bezerra. Mulher cis indígena-afro amazônica, Rosilene tem formação de atriz, pela Escola de Teatro e Dança da UFPA, já a colocou na tela do cinema e em palcos diversos. Mestra em Comunicação, Linguagens e Cultura pela Universidade da Amazônia/ UNAMA, com especialização em Artes Cênicas, Estudos Contemporâneos do Corpo pelo Instituto de Ciências da Arte/ UFP, ela também assumiu a direção de seus vídeo-performance, como Feitiço, trabalho mais recente.

No dia 3 de abril, às 18h, a terceira homenagem vai para Chico Carneiro. Será exibido o filme "Quem é Vanda?", dirigido por ele e pelo multi artista Luís Girard, seguido de debate, às 19h, com os convidados Wellingta Macedo, na medição, Julião Silva (Cabo Verde), Mateus Moura e Francisco Weyl (PA). Tudo pelo Youtube. Chico Carneiro é cineasta paraense com vasta filmografia, iniciada nos anos 70. Nos anos 80,  trabalhou em São Paulo e depois mudou-se para Moçambique. 

No dia 04 de abril, às 19h, o bate papo sobre “O Cinema das Amazonas”, com Célia Maracajá, Nani Tavares, Carol Magno e Rosilene Cordeiro e mediação de Luciana Medeiros. A programação encerra no dia 5 de abril pelo Canal Youtube do FICCA, às 17h, com a exibição de resultados das oficinas realizadas durante o 6o FICCA; apresentação da Carta-Proposta do FICCA e Lançamento do livro KYNEMA, de Francisco Weyl. 

A obra reúne ensaios científicos, semióticos, metafísicos, poéticos e políticos sobre arte, cinema e estéticas de guerrilhas, com apresentação de Mateus Moura. “É minha primeira incursão à prosa, particularmente aos ensaios, porque já publiquei  poesias em três livros de autor, além de coletâneas, e, apesar de que, como jornalista, já editei jornais e revistas, tendo, portanto, assinado textos, além de artigos científicos que publiquei em livros e publicações temáticas, no Brasil, Portugal e Cabo Verde”, diz Weyl.

Parcerias e regulamento para mostras competitivas

Beto Amorim, do Programa Tô na Rede - 
Rádio Educadora de Bragança
Antes de encerrar, no dia 5 de Abril, o Festival Internacional de Cinema do Caeté - FICCA vai lançar alguns projetos resultantes de parcerias articuladas no calor da construção desta sexta edição. Em parceria com a Faculdade de Bragança, será apresentado e lançado o Curta Caeté, um festival de curtas apenas para realizadores paraenses e amazônidas. 

Além das oficinas e vídeos, os parceiros Aluno Repórter e ARQUIA vão criar um Cineclube na Comunidade, como resultado dos encontros e das práticas durante o 6o FICCA. Os vídeos resultantes das oficinas do serão exibidos no canal Youtube do festival, mas as ações formativas em cinema e cineclube no Quilombo do América permanecerão até Dezembro.

O projeto Aluno Repórter é coordenado por Beto Amorim, jornalista e radialista que apresenta o programa "Tô na Rede", que vai ao ar de segunda a sexta, de 14:30 às 16:00h na Rádio Educadora FM 106,7, em Bragança-PA. É um programa de variedades e com principal apelo pra Educação e Cultura! 

"Este programa sempre foi parceiro do FICCA, bem como o Projeto Aluno Repórter, também coordenado por mim e pelos professores Diego Fernando e Socorro Braga, realizado na parceria entre a Fundação Educadora de Comunicação e a SEDUC-PA, onde somos lotados como Professores Multiplicadores de Tecnologias Educacionais", explica ele que durante a próxima semana estará no ar, também com transmissão pelo facebook, fazendo entrevista com realizadores e homenageados do Ficca.

E é bom ficar ligado mesmo no programa do Beto, aqui no Holofote e pelas redes sociais do @ficcacinema pois será anunciado, até dia 5, a data de lançamento do regulamento das mostras competitivas que serão realizadas de 8 a 10 de dezembro. Esta edição de marco e abril é realizada no âmbito do Prêmio de Difusão Audiovisual da Lei Aldir Blanc Pará 2020, através do Edital de Audiovisual da Associação de Artistas Visuais do Sul e Sudeste do Pará/Secretaria de Estado de Cultura – Secult/Pará, com financiamento da Secretaria Especial da Cultura/Ministério do Turismo/Governo Federal. 

Serviço

Abertura do 6º Ficca – Festival Internacional de Cinema do Caeté – Dia 25 de março, às 18h, pelo Youtube do Festival. A programação vai até dia 5 de abril, com lives, rodas de conversa, oficinas e mostras de filmes.  Realização no âmbito do Prêmio de Difusão Audiovisual da Lei Aldir Blanc Pará 2020, através do Edital de Audiovisual da Associação de Artistas Visuais do Sul e Sudeste do Pará/Secretaria de Estado de Cultura – Secult/Pará, com financiamento da Secretaria Especial da Cultura/Ministério do Turismo/Governo Federal. Programação completa e mais informações e acesso às redes sociais e Canal de Yotube, pelo www.ficcanet.br

Programação

VI FICCA - de 25 de Março / a 5 de Abril 2020

25 DE MARÇO, 18h/18h30 > Abertura do VI FICCA 

Lançamento do Site com Live > Redes sociais Youtube/Facebook/Instagram

Homenagem ao Cineclube Amazonas Douro 

Roda de Conversa 

Mediação > Luciana Medeiros

Convidados: Mateus Moura e Francisco Weyl

26 DE MARÇO, 19h/20h30  > A Década Internacional de Afrodescendentes

Live > Redes sociais Youtube/Facebook/Instagram

> Roda de Convera Celso Prudente (Pte Festival Int. Cinema Negro - SP)

Apresentação e Mediação > Francisco Weyl (Coordenador do FICCA)

> Convidados: Rosete Araújo  (Pte. Ass. Remanescentes Quilombolas do América – ARQUIA/Bragança do Pará); Misá (Artista plástica e Terapeuta/Senegal - Cabo Verde); Clei Souza (Pesquisador/Grey Amazônia-Unifesspa); Denis Bezerra (Pesquisador/Perau-PPGArtes-UFPa); Mariana Delgado (Pesquisadora/I2ADS-Identidades/Fbaup-Universidade do Porto)

27 e 28/03,  8h-18h > Oficinas artísticas

Quilombo do América (Bragança do Pará) 

29 a 31/03, 19h > Mostra OITAVA Maravilha 

Canal Youtube FICCA  > Exibição de filmes no Canal do FICCA 

29 de Março

- Nódoas (Ângelo Lima/GO/14Min39Seg) - GRANDE PRÊMIO FICCA DE DIREITOS HUMANOS FICCA 2016

- Deuteronômio 22 (Érico Luz/SP/5Min) - MELHOR CURTA-METRAGEM FICCA 2018

- Mestres Praianos do Carimbó de Maiandeua (Artur Arias Dutra/PA/15Min32Seg) - GRANDE PRÊMIO DO JURI  FICCA 2016

- Males sem Terra (João Arthur/RJ/73 Min)  - MELHOR LONGA-METRAGEM FICCA 2018

30 de Março

- Mãtãnãg, A Encantada (Charles Bicalho/MG/14 Min) - GRANDE PRÊMIO EGÍDIO SALES FILHO DE CURTA-METRAGEM FICCA 2020

- O bailarino (Lipe Canhedo/MG/13Min)  - PRÊMIO EXPERIMENTAL FICCA 2016

- A Ver o Mar (Ana Oliveira e André Puertas/PORTUGAL/25Min) - MELHOR MÉDIA-METRAGEM  FICCA 2018

- Paradoxos, Paixões e Terra Firme (Adriano Barroso/PA/80Min) - PRÊMIO IMAGEM-MOVIMENTO  FICCA 2016

31 de março

- feli(Z)cidade, de Clementino Junior (RJ/10Min) - MELHOR DOCUMENTÁRIO FICCA 2014

- Belém Sonora – A paisagem sonora e os marcos sonoros de uma metrópole amazônica (André Macleuri/PA/17Min24Seg) - MENÇÃO HONROSA FICCA 2018

- Desencontro Marcado (Alice Bessa, Duarte Dias e Marcley de Aquino/CE/13Min24Seg) - MELHOR MONTAGEM FICCA 2015

- O Cavaleiro, Elyseu (Iulik Lomba de Farias/MS/64Min) - MELHOR DOCUMENTÁRIO FICCA 2018

01/04 > Homenagem a Sério Fernandes, Mestre da Escola do Porto - Criador da Teoria dos Magníficos Quadros Artísticos Cinematográficos.

Canal Youtube FICCA, 18h > Exibição dos filmes: 

"Segundo Porto" (2017) | "Um Vulto na Praça da Batalha" (2019) | 

"Curtas" (2020).

Apresentação > Francisco Weyl

02/04 > Homenagem a Rosilene Cordeiro

Canal Youtube FICCA, 19h > Exibição Vídeo-performer realizado pela professora, mãe, atriz, performer, pesquisadora e sacerdotisa afro religiosa Rosilene Cordeiro. 

Apresentação Denis Bezerra.

03/04 > Homenagem a Chico Carneiro

Canal Youtube FICCA, 18h > Exibição filme “Quem é Vanda” (Chico Carneiro)

Live, 19h > Redes sociais Youtube/Facebook/Instagram

Apresentação > Wellingta Macedo

Convidados: Júlio Silvão (Cabo Verde), Mateus Moura

04/04, 19h > Roda de conversa “O cinema das Amazonas”

Live > Redes sociais Youtube/Facebook/Instagram

Mediação: Luciana Medeiros

Convidadas > Célia Maracajá, Nani Tavares, Carol Magno, Rosilene Cordeiro

05/04 > Encerramento 

Canal Youtube FICCA, 17h > Exibição do MiniDoc das oficinas do VI FICCA 

Live > Redes sociais Youtube/Facebook/Instagram

18h: Apresentação da Carta-Proposta do FICCA 

18h30: Lançamento do livro KYNEMA, de Francisco Weyl

Convidado: Mario Loft – Poeta de Cabo Verde

> Apresentação: Mateus Moura 

(Centro Cultural Cineclube Casa do Professor - Praia de Ajuruteua, Bragança Pará)

23.3.21

Conversa com especialistas em cinema e educação

Raquel Pacheco, Maria Alice, Jose Ribeiro e Denise Cardoso 
A utilização da sétima arte nos processos educacionais desde as primeiras séries escolares será tema da roda de uma conversa virtual que reunirá, no dia 31 de março, às 15h, nomes nacionais e internacionais ligados a educação e cinema. A iniciativa é dProjeto Cinema no Marajó, aprovado pela lei Aldir Blanc de Audiovisual – 2020. Acesse Youtube e se inscreva no canal. 

Maria Alice Carvalho Rocha vem da Universidade de Góias; Raquel Pacheco, de Portugal, onde é coordenadora do projeto Entre Planos, além de pesquisadora de pós-doutorado pelo CIAC – Centro de Investigação em Artes e Comunicação da Universidade do Algarve e pela FCT – Fundação para a Ciência e a Tecnologia em Lisboa. O papo  conta, ainda, com José da Silva Ribeiro, doutor em Ciências Sociais – Antropologia pela Universidade Aberta de Portugal com pesquisas de campo realizadas em Portugal, Cabo Verde, Brasil, Argentina e Cuba. A conversa será mediada pela coordenadora do Projeto Cinema no Marajó, Denise Cardoso.

Segundo José da Silva Ribeiro, o cinema é interdisciplinar e praticamente cobre todas as áreas da educação formal por isso tem um potencial incrível para ser ferramenta educacional. “Cinema e literatura, Cinema e ciências, cinema e escrita para as mídias, todas essas áreas interdisciplinares podem ser trabalhadas com os alunos através do cinema”, aponta o pesquisador.

Denise Cardoso, coordenadora do projeto Cinema no Marajó, diz que a roda de debate Cinema e Educação faz parte de uma série de eventos que devem acontecer entre os meses de abril e maio, no arquipélago. Na agenda estão programadas mais duas lives e duas oficinas, de fotografia e de audiovisual, além de exposição online e uma Mostra de Cinema, evento em que também se pretende mostrar o resultado das oficinas realizadas com  estudantes.

“A proposta foi aprovada no edital da Lei Aldir Blanc e nos teremos esse suporte para desenvolver atividades em dois municípios no arquipélago do Marajó, Breves e Melgaço. A nossa intenção é oferecer oficinas que de alguma maneira contribuam com o desenvolvimento de técnicas e debates que sobre a maneira que nós produzimos fotografia e audiovisual”, relata Denise.

Leia mais | Tá no blog

http://bit.ly/2PiDUwa

YouTube | acesse e se inscreva 

http://bit.ly/3cWYCd3

(Holofote Virtual, com a jornalista Márcia Lima)

21.3.21

André Macleuri no Palco Virtual do Itaú Cultural

Em 2015, em show no Rio de Janeiro | Lançamento 
Guitarreiro do Mundo | Caixa Cultural
Multi-instrumentista, compositor e produtor, André Macleuri faz show, com canções executadas ao piano e ao violão, no próximo dia 25 de março, às 20h, na programação do Palco Virtual do do Itaú Cultural (IC). É gratuito, são
270 ingressos, reserve. E saiba como acessar a transmissão via Sympla. O músico se apresentará, ao vivo, direto de Portugal, onde atualmente reside. 

Licenciado em Música pela Universidade Estadual do Pará (UEPA), além da vida acadêmica, André Macleuri possui uma produção independente. Entre outros trabalhos, apresentou, em 2018, o projeto "Belém Sonora", premiado em edital pela Fundação Cultural do Pará, resultando em um filme, que também foi premiado em 2020 e voltará em cartaz, este mês, no 6o Ficca – Festival Internacional de Cinema do Caeté (fica.net.br). O músico também já lançou álbum, EP e vários singles publicados em plataformas virtuais.

No show desta quinta, ele vai mostrar canções inéditas, composições de trabalhos anteriores e guitarradas clássicas de Mestre Vieira. "Vou mostrar composições inéditas do álbum Renascimento, que está em fase de pós-produção, e o novo álbum da 'Atrás do Tempo'’, trabalho de um cliente e parceiro de Belém do Pará que eu produzi recentemente. Adicionei sobre isso algumas canções mais antigas e um bloco com músicas do Mestre Vieira, pois o convite para tocar no Palco Virtual do Rumos se deu através do projeto ‘Inventário Mestre Vieira’, que está na reta final; além do mais, eu sempre que posso, toco algumas músicas do Mestre Vieira em minhas apresentações”, diz.

Pesquisa, produção e guitarrada 

A pesquisa sobre guitarrada iniciou com o projeto Suíte Guitarradas Amazônicas, gravado entre agosto de 2009 e fevereiro de 2010, com o apoio da bolsa de pesquisa, experimentação e criação artística do extinto Instituto de Artes do Pará 2009. André fez quase tudo sozinho. 

Gravou guitarra, baixo, baterias, percussão, teclado e samplers, o saxofone tenor e o trombone tiveram convidados, Adriel Silva e Diego de Jesus, respectivamente. Ele também mixou as sete faixas, masterizou e ainda fez a foto da capa, foto em que se vê Belém às margens do Rio Guajará em confluência com o Rio Guamá. 

A época do interesse dele pela guitarrada, bate mais ou menos com o mesmo tempo em que iniciei, em meados de 2008, as conversas com Mestre Vieira e a pesquisas para o projeto "Mestre Vieira - 50 anos de Guitarrada" que só começaríamos três anos depois. Passei a encontrar Macleuri em várias ocasiões em que Vieira se apresentava. Certa vez o acompanhávamos numa apresentação aberta ao público, na praça Batista Campos e lá estava André Macleuri filmando e gravando. Tem registro, bem despojado, sendo um dos videos mais acessados no meu canal de YouTube

Em 2012, André participou da gravação do DVD, um dos resultados do projeto dos 50 anos de guitarrada, no qual escolheu tocar junto com o mestre "Força Total", do LP Melô da Cabra (1982). Na época, ele também disponibilizou seu acervo digitalizado dos LPs Vieira e Seu Conjunto para compor o site www.mestrevieira.com.br que segue no ar, mas em fase de mudanças. 

Partituras para o songbook do mestre 

André se tornou parceiro em diversas iniciativas e projetos que desenvolvi envolvendo trajetória e obra de Mestre Vieira. Em 2015, integrou a banda que fez a turnê de lançamento do álbum "Guitarreiro do Mundo". 

“Fizemos shows no Rio de Janeiro, Recife, Brasília e Belém. Só é lamentável que ele não esteja mais entre nós”, lembra ele que, mais recentemente foi convidado para transcrever em partituras, as guitarras de 30 composições da discografia de Vieira, para o songbook do projeto Inventário Mestre Vieira, selecionado pelo Rumos Itaú e em vias de lançamento. 

“É a realização de um sonho, pois minha vontade de fazer isto vinha desde a época em que realizei o projeto de pesquisa sobre guitarradas, há doze anos. Mas acho que veio em boa hora, porque de lá para cá eu pude amadurecer mais no assunto”, diz o multi-instrumentista.

Para Macleuri, o que se convencionou chamar “Guitarrada” é, na essência, “Lambada Instrumental”, constatação feita ao longo de sua pesquisa, na qual ele reuniu o máximo que podia de discos em LP para portabilizá-los na internet."Peguei esses discos de vinil, e os digitalizei, pois havia nada ou muito pouco conteúdo digitalizado até então, muito do que se ouve hoje pela internet é deste trabalho"” diz. 

Em 2017, o músico também criou canais de difusão desses ritmos em parceria com Bruno Rabelo, da banda Cais Virado, e que também chegou a integrar a banda de Vieira, em 2015.  "Criamos um canal no youtube e um blog chamados “Lambadas das Quebradas” para publicar esses áudios e as nossas resenhas, as respostas para muitas perguntas acerca deste estilo musical estão lá, além de toda uma discoteca digitalizada para a apreciação”, finaliza.

Serviço

André Macleuri no Palco Virtual do Itaú Cultural. Na próxima quinta-feira, 25, às 20h. Duração aproximada: 60 minutos. Gratuito e on-line – plataforma Zoom/Sympla | 270 ingressos. 

Reserve seu ingresso:

https://www.sympla.com.br/andre-macleuri__1150500

Saiba como acessar a transmissão via Sympla

https://www.itaucultural.org.br/secoes/noticias/saiba-como-reservar-ingressos-sympla-assistir

19.3.21

Elas contam como soltam a voz no palco e na vida

Naieme Reis
Fotos: Maíra Henriques
A FEMEA – Feira de Empreendedorismo, Música e Arte da Amazônia, realizada de 8 a 14 de março, construiu um acervo de entrevistas, bate papos e apresentações musicais que continuam on-line. No site seguem expostos 20 negócios criativos; e no Canal de Youtube, dois programas de web e quatro mesas de debates. As oito performances em vídeos selecionados por curadoria, seguem disponíveis no IGTv @feirafemea. E a nossa conversa, por aqui, também não cessa! Trazendo o tema do ser mulher na cena musical, o blog publica um papo com três cantoras que se apresentaram no FEMEA TV Web.

Pode ser MPB, samba, rock, reggae, rap ou carimbó. Não importa ritmo, trajetória, nem qualidade técnica: de modo geral, toda cantora, musicistas e técnicas de palco já foi algum dia alvo de piadinhas misóginas nos bastidores de equipes masculinas que não acatam decisões de chefes mulheres. Basta uma conversa superficial com artistas e trabalhadoras da música para que a lista de ataques machistas se revele extensa e muito presente no cotidiano destas profissionais. 

No caso das cantoras, várias já foram assediadas por contratantes e empresários. E três delas falaram um pouco sobre suas experiências e formas de superação das opressões patriarcais. A cantora Naieme Reis, que a maioria do público ainda conhece como  Nanna Reis, não perde tempo e usa as armas que considera mais eficazes: o conhecimento e a capacitação. 

“Além de ser mulher, também sou afro-indígena e não venho de família rica. Então, precisei lutar o triplo para conquistar meu espaço.  Estudar foi a maneira que encontrei de me fortalecer. Nós artistas precisamos ser empreendedoras, gerir nossa carreira, nos ver como um produto e sermos estratégicas”, considera a cantora. 

Naieme Reis está em novo momento de sua carreira e foi em busca dessa nova conquista. Gravou em novembro do ano passado, em São Paulo, cinco episódios da série "De Nanna à Naieme", em que ela fala desse retorno a sua ancestralidade. Além da série, outras ações virão até maio, quando ela completa 30 anos, e inicia o processo de lançamento de um novo disco. Aguardem!

Para a cantora Joelma Klaudia, a oportunidade de trabalhar apenas com mulheres no palco foi motivo de euforia. Também, pudera. Em vinte anos de carreira, após participar de diversos projetos musicais tanto cantando como produzindo, esta é a primeira vez que ela se vê cercada por uma equipe totalmente feminina. Na FEMEA, além de ser uma das atrações musicais, ela também é a apresentadora dos programas de WebTV. 

“As artistas e produtoras estão cada vez mais engajadas na cena local, mas ainda há muito o que percorrer para igualar. Resumindo, chegamos nos palcos, mas a maioria dos holofotes está virada para os homens”, analisa a cantora de Altamira, que atualmente trabalha na produção de “Nua & Crua”, 3º álbum de sua carreira. Juntas no palco e na produção, elas falam sobre os desafios do mercado musical para mulheres.  

Durante a FEMEA Joelma se deparou também com um novo potencial. Ao longo de dois programas ela entrevistou além das cantoras que se apresentaram nos dois dias, empreendedoras como Clóris Figueredo e a fundadora do Grupo de Mulheres Brasileiras, o GMR - Belém. Também bateu papo com a professora de história Anna Maria Linhares e com a iluminadora Júlia Freitas. Dinâmica, extrovertida e corajosa. Não deixem de ver os programas.

A cantora Thalia Sarmanho - que este ano apresenta seu novo Ep, Passarear - acredita que a união feminina tem sido uma frente importante nessa luta. 

“Estar com outras mulheres é uma forma importante de superar os obstáculos dessa sociedade. Ser cantora, compositora e instrumentista na cidade e Belém já é um posicionamento diante de todas essas lutas que nós mulheres trazemos. Da minha forma, falo minha verdade, e quanto mulher e artista sinto que esse é meu papel”. 

Esses e diversos outros assuntos foram temas de bate papos e debates com artistas, cantoras, técnicas e empreendedoras convidadas não só dos dois programas, como das mesas de debates que se formaram durante a semana de 8 a 14 de março, mas que podem ser acessados a um clic no canal de YouTube da FEMEA - Feira de Empreendedorismo, Música e Artes da Amazônia, evento produzido e realizado 100% por mulheres.  

O projeto selecionado pelo edital Festivais Integrados da Lei Aldir Blanc, com realização do Holofote Virtual- Comunicação, Arte e Mídia e Senda Produções, Secretaria Especial da Cultura, Ministério do Turismo e Governo Federal, Secretaria de Cultura do Pará, Governo do Pará. 

Links: 

https://www.femea2021.com.br/

https://www.youtube.com/channel/UC3ZkQSx3jHT42ZTbgyRIvsA

https://www.instagram.com/feirafemea/

https://www.facebook.com/feirafemea

https://twitter.com/FeiraFemea

(Texto: Luiza Soares, com Holofote Virtual)

18.3.21

Das margens do Caeté, uma janela para o mundo

Por um cinema crítico e democrático, que fortaleça os processos identitários. Esse é o chamado que ecoa do município de Bragança, no Pará, para o mundo, por meio do FICCA – Festival Internacional de Cinema do Caeté, que será realizado entre 25 de março e 5 de abril. O coordenador e idealizador do projeto, Francisco Weyl, antecipa os principais pontos da 6a edição, que chega em versão online, ampliando horizontes para celebrar uma história de resistência e amor ao cinema. 

A 6a edição do FICCA ganha tom de celebração com a mostra Oitava Maravilha, que exibirá gratuitamente 12 filmes que foram premiados ao longo da trajetória do festival. Rodas de conversa e homenagens em formato de lives, além de oficinas cinematográficas na comunidade Quilombo do América, em Bragança, também integram as atividades. Tudo pelo canal do Youtube. A programação também pode ser acompanhada por meio das comunicações diárias feitas pelas redes sociais @ficcacinema e pelo site ficca.net.br

Com oito anos de existência, o FICCA realizou cinco edições anteriores, sendo duas delas diretamente de Portugal, conexão que rendeu ao festival um certificado internacional da Escola Superior Artística do Porto. Trata-se de um evento de cinema com agenda contínua de atividades que ocupa escolas, universidades e espaços comunitários do Estado do Pará. 

Os números gerais revelam a amplitude do festival. Somam-se centenas de obras inscritas ao longo destes anos. Até aqui, já foram selecionados 33 filmes estrangeiros, e 310 brasileiros, dos quais 63 são de origem amazônica - sendo 54 paraenses. A partir deste acervo, o poeta bragantino Francisco Weyl, idealizador do FICCA, organizou a mostra Oitava Maravilha para esta edição. 

“Entre os filmes vencedores de edições passadas, trazemos agora um recorte democrático, compondo uma mostra expressiva, com longas, médias e curtas de diversos estados brasileiros e outros países, como Cabo Verde e Portugal.  A mostra traz questões feministas e relacionadas aos Direitos Humanos, perspectivas do movimento trans e da negritude. Assumimos o melhor do nosso caráter cineclubista, dando espaço de divulgação para obras que estão alheias ao grande circuito e que abordam os debates de base do nosso festival”, explica Weyl. 

Homenagens, rodas de conversa e oficina

Nomes de peso das artes e do cinema comumente recebem homenagens do FICCA e este ano não será diferente. Os holofotes da vez vão para os cineastas Sério Fernandes (Portugal) e Chico Carneiro, de Castanhal. A atriz paraense Rosilene Cordeiro, que atualmente trabalha no lançamento de seu primeiro filme como diretora, também entra na roda dos prestigiados.

“Homenagearemos essas três figuras por suas contribuições para o cinema.  Sério Fernandes é um mestre da Escola do Porto, realizou dezenas de filmes e possui uma estética muito própria. O Chico Carneiro é um documentarista paraense incrível, cujo trabalho é referência. Já a Rosilene Cordeiro, parceira querida do FICCA que traz ao festival a força da performance, tem se voltado cada vez mais para o audiovisual”, comenta Weyl. 

Cada homenagem se dará a partir de um ciclo de lives com debate e apresentação de trabalhos dos homenageados. A homenagem a Chico Carneiro contará, por exemplo, com a exibição do filme “Quem é Vanda”, filmado em Belém.

O FICCA também promove as rodas de conversa “O Cinema das Amazonas”, com mulheres do audiovisual, como a cineasta Célia Maracajá e a atriz Nani Tavares; e “A década internacional de afrodescendentes”, com a participação de Celso Prudente, organizador do Festival Internacional do Cinema Negro, de São Paulo. Na live de encerramento do festival haverá também o lançamento do livro KYNEMA, de Francisco Weyl.

Diretamente do Quilombo do América, comunidade de resistência negra localizada em Bragança, o FICCA realiza um ciclo de oficinas artísticas, seguindo todos os protocolos de segurança sanitária. “O Quilombo do América é parceiro do FICCA desde o princípio. Instrumentalizar os movimentos sociais faz parte da nossa missão. A ideia é firmar cada vez mais essa relação e também contribuir para a criação e manutenção de um cineclube da própria comunidade”, conta Weyl. 

Serviço

6º FICCA - Festival Internacional de Cinema do Caeté – Projeto selecionado pelo edital Audiovisual – Lei Aldir Blanc-Pa. Programação de 25 de março a 5 de abril de 2021, pelo canal de Youtube. Mais informações: www.ficca.net.br e redes sociais @ficcacinema. 

(Holofote Virtual com texto de Luiza Soares)

17.3.21

Paulo Chaves deixa legado e polêmicas na história

Paulo Chaves (Foto: Sidney Oliveira)

A notícia chegou no final da tarde. Paulo Chaves, ex-secretário de Cultura do Pará, faleceu nesta quarta-feira, dia 17, no Hospital da Beneficente Portuguesa, em decorrência da doença degenerativa Mal de Parkison, com a qual ele já convivia há alguns anos. 

O arquiteto e também ex-professor do curso de Comunicação Social da UFPA, esteve a frente da Secretaria de Cultura do Estado nos governos do PSDB, deixando o cargo em 2018. Foi responsável por projetos importantes que valorizaram Belém do ponto de vista turístico cultural, como a Estação das Docas, o Mangal das Garças e, no Complexo Feliz Lusitânia, o Museu de Arte Sacra e o Museu de Arte Contemporânea Casa das Onze Janelas. 

Em suas gestões também foram inúmeras coleções livros e de CDs, com foco na música erudita, memória, cultura popular, teatro. Na área da arquitetura a publicação Teatro Waldemar Henrique - Série Restauro - Vol. 1 (1997) é uma jóia.  Em outra, está o processo de restauro também da Igreja e Seminário de Santo Alexandre, até serem transformados no Museu de Arte Sacra.  

Tinha paixão pelo Theatro da Paz. Em 2011, ele mesmo subiu ao palco para anunciar seu fechamento provisório, para uma reforma. Havia, entre outros, problemas enormes com cupins. 

“O teatro está correndo um sério risco e nós já estamos tomando as medidas necessárias para recuperá-lo o mais rápido possível. Tomamos essa decisão em conjunto com o Iphan, pensando sempre na segurança de todos”, afirmou o secretário, no final do recital especial naquela noite de terça-feira, 15 de fevereiro, aniversário do da Paz. A reforma rendeu mais um livro da série restauro, o volume 5 - Theatro da Paz, lançado em 2013.

Não é difícil perceber o quanto do arquiteto tinha forças sobre o secretário de cultura. Entre outras obras, Paulo Chaves também criou o projeto do polo Joalheiro no Complexo São José Liberto, o Parque da Residência, onde hoje esta a sede da Secult e o Teatro Estação Gasômetro. Entre os feitos mais recentes, o Parque do Utinga, em Belém, e o Liceu de Música de Bragança, iniciativa que recuperou o prédio histórico da escola estadual Monsenhor Mâncio Ribeiro.

Das polêmicas e reconhecimento

Inteligente, polêmico, vaidoso. As três características o acompanharam ao longo de suas gestões como secretário de cultura. Foi amado e muito criticado. Admirado por uns, odiado por outros. A classe artística e produtores culturais cobravam diálogos e política cultural, a implantação do Sistema Estadual de Cultural, a distribuição dos recursos da cultura de forma mais inclusiva.

Lembro do Movimento Chega, formado por artistas de teatro, música e dança, promoveu um funeral simbólico do secretário que percorreu as principais avenidas até chegar à Secretaria de Cultura, na Governador Magalhães Barata, para um ato final, tendo a frente à sede da secretaria de cultura do Estado. As ações do Chega foram realizadas também em frente ao Theatro da Paz, como crítica a concentração de recursos para a realização do festival de ópera.

Na época, o secretário defendeu o festival, como uma ação coerente e que traz, como benéfico, a formação para cantores, músicos e técnicos que trocam experiência com profissionais que são convidados para trabalhar no evento trazendo a experiência de ouros estados. A conta era de que 300 profissionais estavam envolvidos, a maioria paraenses.

Paulo Chaves foi meu professor em duas disciplinas no curso de Comunicação. Naquela época eu já gostava muito da ideia de fazer jornalismo cultural. Já formada, cobri inúmeros eventos nos idos anos 1990, quando ele já estava secretário de cultura do estado. 

Quando repórter no caderno D, no Diário do Pará, estive na coletiva de abertura do 1º Festival de Ópera do Theatro da Paz, com grande solenidade e burburinhos no meio artístico e na sociedade paraense estampada nas colunas sociais. Anos depois, trabalhei nas coberturas ao vivo da Tv Cultura do Pará. Entre 2012 e 2014 e, mais recentemente, em 2018, faria a assessoria de comunicação do festival. Jornadas incríveis de trabalho, corre danado, mas também muito aprendizado nos bastidores. 

As coletivas de imprensa eram tradicionais, realizadas ao hall de entrada do teatro. Uma cena, com jornalistas acomodados, tendo à frente deles Paulo Chaves, ladeado por cantores líricos, técnicos responsáveis pelas principais óperas; maestros e ainda, Gilberto Chaves, parceiro maior de Paulo para a realização do festival. 

Festa literária de um país chamado Pará

A Feira Pan Amazônica do Livro também foi um dos eventos mais cultivados por Paulo Chaves na Secult. Cobri o evento em várias edições, também pelo Diário do Pará, quando ainda eram realizadas no Centur. Depois em outros anos, trabalhei na feira pela TV Cultura, já sendo realizada no Hangar. Início dos anos 2000, se não me engano. 

Na décima sétima edição, em 2013, lá estava eu novamente, no dia 25 de abril, mas desta vez atendendo a imprensa na coletiva de abertura. Naquele ano a feira esperava receber cerca de 400 mil pessoas, ocupando todos os espaços do Hangar Centro de Convenções da Amazônia.  Na ocasião escrevi uma matéria para o Holofote e de lá, retiro algumas das falas de Paulo Chaves. 

Paulo Chaves estava com um bom humor extraordinário, disposto, como sempre, a falar sobre suas ideias e da programação avassaladora daquele ano. E iniciou sua fala lembrando das primeiras feiras realizadas no Centur e seu crescimento a cada ano, se expandindo para outras cidades paraenses. “Na época, quando eu sonhei com esta feira, nunca imaginei a dimensão a que ela chegaria. A feira na verdade acontece o ano inteiro, com a Pan nos municípios, que irá para seis cidades do interior, e mais dois salões em Santarém e Paragominas”, disse com orgulho. 

O tema da Pan Amazônica era “Um País Chamado Pará”, ou seja, o próprio Pará, uma inspiração que veio da canção Porto Caribe, de Ruy Barata, escritor que também era homenageado na edição. “O país é o nosso, a frase de inspiração é do Ruy”, arrematou Paulo Chaves. “É uma dívida que tínhamos com ele, que já deveria ter sido homenageado. Ruy sempre foi surpreendente, como esta feira também é”, comentou.

Paulo Chaves também fez questão de ressaltar naquela ocasião, a homenagem ao livreiro Raymundo Jinkings, “muito perto do Ruy Barata em sua importância”, disse, lembrando da trajetória de projeção nacional de Jinkings, que realizou em sua trajetória inúmeras ações de incentivo à leitura em Belém e formou muitos, dos grandes intelectuais paraenses. “Lembro ter encontrado, na livraria Jinkings, com Benedito Nunes, Paulo Mendes Campos, Benedicto Monteiro, entre outros”, disse o secretário. 

Paulo Chaves Fernandes formou-se em 1964, na primeira turma de arquitetura da Universidade Federal do Pará (UFPA), e foi um dos responsáveis por redesenhar a paisagem urbana de Belém no governo de Almir Gabriel (1995-2003) e também no governo de Simão Jatene (2003-2007 e 2015-2019).  Ele estava há 37 dias internado no hospital, pois havia sofrido um infarto há algumas semanas. Hoje, após duas paradas cardíacas, ele teve uma embolia pulmonar e morreu, deixando um legado a cultura do Pará.  Rip.

A trajetória de Zélia Amador em curta metragem

Zélia Amador (Foto: divulgação)
Em linguagem documental, trazendo depoimentos, animação e dramatização, o curta vai contar a história de Zélia Amador, professora e ativista do Movimento Negro. O projeto do jornalista e filmmaker Glauco Melo, foi contemplado no Edital Aldir Blanc - Audiovisual, via Secult-Pa e Associação dos Artistas Visuais do Sul e Sudeste do Pará. 

A primeira vez em que lembra de ter sofrido racismo, a professora emérita da Universidade Federal do Pará, Zélia Amador, tinha pouco mais de nove anos. Filha de uma empregada doméstica vinda da ilha do Marajó, no Pará, Zélia fazia os primeiros anos numa escola administrada por freiras. As notas chamavam a atenção. Não menos que a cor de sua pele, descobriria depois. A escola ia fazer um espetáculo de dança, baseada em religiões umbandistas. 

A freira-professora perguntou quem gostaria de participar. Zélia levantou o braço.  A irmã optou por uma menina branca. “Ela tinha uma cara de cavalo”, lembra Zélia. Para justificar, a professora explicou que naquelas atividades sempre eram escolhidas meninas mais ‘ajeitadinhas’. “E eu não me achava desajeitada, pelo contrário”, lembra Zélia Amador.

Muita água passou por baixo da ponte desde esse primeiro despertar para o preconceito vivido por essa mulher paraense preta. Zélia se tornou militante estudantil, ingressou em siglas clandestinas esquerdistas que combateram a ditadura, revolucionou o teatro paraense, à frente do grupo Cena Aberta, foi uma das fundadoras do Centro de Estudo e Defesa do Negro no Pará, lutou pela implantação das cotas raciais na UFPA. É considerada atualmente um dos principais e históricos nomes do movimento negro não só na Amazônia, mas no Brasil. E toda essa história está se tornando filme.

Reprodução/Internet
“A história de Zélia é inspiradora para toda a sociedade, principalmente nos tempos de retrocessos que estamos vivendo”, resume Glauco Melo ao refletir sobre a ideia de documentar a vida e a obra de Zélia Amador. 

Uma das ideias propostas no roteiro foi a de sublinhar algumas passagens da trajetória de Zélia com uma dramatização simulando um monólogo teatral. Quem assume esse papel é a atriz e ativista cultural Carol Pabiq.

A atriz tem experiência, mas estava afastada dos palcos e das câmeras há cerca de dez anos. Iniciou a carreira nas artes cênicas em 2005 quando ingressou na Cia Atores Contemporâneos dirigida por Miguel Santa Brígida. Atuou e modelou em campanhas publicitárias. Atuou no cinema, ganhou prêmio de melhor atriz no curta “Luz” (2010). ‘Amador, Zélia’ foi um reencontro com a arte da interpretação.

“Costuma-se chamar de ‘prêmio’ ou de ‘presente’ quando a gente recebe um trabalho para dar vida a um personagem. E depois de 10 anos longe dos palcos e dos sets de filmagem ser convidada para viver Zélia Amador de Deus no cinema é uma honra. Pois Zélia é muito querida e admirada por mim, por artistas, por ativistas, pela intelectualidade, pela sociedade como um todo”, avalia Carol Pabiq. Logo, no entanto, ela sentiu o ‘peso’ da missão.

“Assim que recebi o convite, fiquei em choque e muito emocionada. Em seguida bateu um leve desespero e uma chuva de perguntas, dúvidas e reflexões. E agora? O que eu faço? Dez anos fora das artes cênicas... é um personagem que existe, é um personagem real. Ora pareceu fácil, ora pareceu difícil. Como interpretar uma personagem no cinema, que é uma pessoa real, sem imitar e ser tosco? Precisei revisitar técnicas, estudei Zélia, fiz uma pesquisa de informações e imersão, emoções e memórias. Inclusive, cheguei a me emocionar de verdade em alguns momentos, mexeu com o meu íntimo”, diz.  

Equipe trabalha afinada e emocionada 

Carol Pabiq e Josiel Paz
Foto: divulgação

Parte da responsabilidade da missão foi amenizada a partir das conversas de Carol com a equipe. “Foi quando percebi que não precisava construir um personagem, eu precisava esculpir o personagem que já estava dentro de mim”.

Outro diferencial no curta é o uso de ilustrações animadas para contar outras passagens da vida de Zélia, assim como representar algumas emoções relacionadas à personagem. A tarefa coube a Josiel Paz, jovem ilustrador ‘queer’, que aos 21 anos, descobriu na arte um “alivio às dores que o racismo e as inúmeras fobias sofridas lhe causavam”.

“Estar nesse projeto, falando de Zélia especificamente, é entusiasmante e desafiador. Ela foi uma das primeiras professoras que tive na universidade, a primeira preta. E vê-la naquela posição me deu mais coragem para não desistir. Zélia não é qualquer professora. Ensinou a turma, apenas provocando debates, discussões, tirando máscaras que tapavam o racismo e a intolerância pré-existente advinda da nossa criação”.

Josiel é um mix. É artesão, ilustrador, drag queen e, em paralelo, poeta, maquiador, estilista, dançarino. Mas acima de tudo, destaca, uma pessoa preta. Por isso o sentimento de estar em trabalho ligado à Zélia Amador, é ainda mais especial. 

“Falar da vida dela, através da minha linguagem, da minha maneira, da minha arte, é não permitir erros, pela tão explícita história de luta dessa mulher. É falar também de mim, como pessoa preta em um espaço seu, mas tomado por gente que não a quer lá. Mas, ainda assim, está. Insiste e resiste. E sinto um imenso orgulho em saber que estou lá também por ela”.

Levantamento histórico para compor o roteiro 

Zélia, em cerimônia na UFPA
Foto: Alexandre Moraes

Com uma história de vida riquíssima, a produção recorreu a um historiador para pesquisar material não apenas sobre a personagem, mas também ao contexto histórico e político de cada época. Marcelo Gomes, que já possui experiência na mistura entre pesquisa histórica e produção jornalística é quem tem mergulhado nesse universo, mesmo com as limitações ocasionadas pela pandemia.

“É um trabalho feito com muito carinho”, resume a produtora executiva do projeto, Aline Paes. Isso se reflete, inclusive nos procedimentos de segurança à saúde no processo de filmagem. Os depoimentos colhidos com Zélia foram cercados de todos os cuidados. A equipe manteve distanciamento, usou luvas, máscaras e pantufas. Antes de adentrar o apartamento da professora, todos foram submetidos a um verdadeiro banho de álcool em spray. “Nem microfone lapela usamos para não precisarmos tocar nela”, lembra Melo.

As filmagens foram encerradas nesta primeira quinzena de março. Já em fase de edição, a previsão é que entre meados de abril e início de maio, Amador, Zélia já esteja disponível para exibição. A primeira janela prevista é a TV Cultura do Pará, mas a intenção da equipe é que o filme percorra festivais de curtas e seja incorporado a canais pagos e plataformas de streaming o mais breve possível.

(Holofote Virtual com assessoria de imprensa do projeto)