29.4.20

Aprovada a criação do Sistema Estadual de Cultura

Em votação histórica, ALEPA aprova o Projeto de Lei 114 de autoria da deputada Marinor Brito/PSOL, que cria o Sistema Estadual de Cultura. Depois de uma longa sessão que foi transmitida ao vivo pela internet e apesar de Emendas apresentadas de última hora, a CULTURA PARAENSE, pode comemorar! Parabéns a todos os envolvidos! 

A sessão iniciada às 9h desta quarta-feira, 29 de abril, trouxe pronunciamento de todas as lideranças de partidos, presentes à plenária, com informações sobre a situação triste situação pela qual passamos com a falta de estrutura, principalmente na área da saúde, para minimizar os impactos gerados pela pandemia à população de todo o Estado.

Triste foi ver que há projetos de lei que querem determinar a volta de aulas para alunos que vivem em regiões ribeirinhas  do Pará, o que é total descabido, mas bem ao gosto do Presidente da República que ontem mesmo, mais uma vez, demonstrou seu desprezo por todos nós, brasileiros.

Num país em que se extinguiu o Ministério da Cultura, transformado em uma Secretaria Especial que ora tem um fascista à frente, ora uma atriz que só sabe dizer a vida inteira que tem medo, a melhor notícia que podíamos ter no Pará começou a se configurar já no final da manhã, com a votação favorável a PL 114, de autoria da Deputada Marinor Brito, do PSOL, que defendeu e na verdade sempre defendeu a cultura paraense e esteve a frente de todas as discussões para a criação do Sistema Estadual de Cultura. É sim, meus amigos, um avanço, em meio ao pandemônio político que estamos vivendo.

“Quando assumimos a comissão de Cultura, como parte importante do nosso mandato parlamentar, estabelecemos como prioridade máxima, a criação do Sistema Estadual de Cultura. Muitos foram os protagonistas da nossa cultura, com destaque para o Fórum Estadual de Cultura que foi parceirão nas muitas reuniões, audiência pública, oitivas da nossa comissão. Hoje, quase um ano, desde o início desta caminhada, conseguimos finalmente aprovar o PL 114. Um passo importante foi dado, agora, vamos seguir, aguardar a sanção do executivo para fazer valer efetivamente uma política pública democrática de cultura que dê conta e esteja à altura do povo deste imenso país chamado Pará”, disse emocionada, a presidente da Comissão de Cultura da Alepa, deputada Marinor Brito (PSOL-PA).

Na sessão, um único deputado criou caso, querendo especificar a Música Gospel, como categoria única, como se a mesma não estivesse já contemplada na categoria Música. É outro descabido, mas algo também que não merece atenção aqui. O Sistema Estadual de Cultura também cria um Conselho amplo e democrático, formado por representantes de todos os segmentos da cultura paraense, como a música, o audiovisual, a literatura, as artes visuais e cênicas. É o que esperamos. 

Agora é aguardar que o PL 114 seja sancionado pelo Governador do Estado para que as ações, inclusive as emergenciais, neste momento de pandemia, sejam colocadas em prática pela Secretaria de Estado Cultura. Evoé!

ALEPA vota projeto do Sistema Estadual de Cultura

A pauta entra em votação, nesta quarta-feira, 29, em primeiro turno. O Projeto de Lei Nº 114/2019, de autoria da Deputada Marinor Brito, dispõe sobre a urgente criação do Sistema Estadual de Cultura. A sessão será transmitida a partir das 9h, ao vivo, pela TV Alepa, também via Facebook e YouTube.

O Sistema Estadual de Cultura do Pará é um objetivo estratégico do Fórum de Culturas do Pará, que entregou um documento à Secretária Estadual de Cultura, Ursula Vidal, assim que ela assumiu a gestão da Secult-PA, no início de 2019, assim como para outras autoridades. É atualmente a mais importante mudança que o cenário da cultura precisa para a implementação de uma política cultural inclusiva e democrática. 

“O Sistema Estadual de Cultura garante um Conselho Estadual de Cultura, democraticamente eleito e com os principais segmentos da cultura representados; um Sistema de Financiamento da Cultura novo e democrático, representado sobretudo pelo Fundo Estadual de Cultura, mais acessível a todos, com funcionamento diferente das Leis de renúncia fiscal, como a Rouanet e a Semear, além de um Plano Estadual de Cultura, elaborado de forma participativa, e que possa substituir a velha política de balcão”, diz Valcir Santos,.

O Fórum de Culturas do Pará é uma articulação de agentes e ativistas culturais que contribui para essa discussão, inclusive dentro do Grupo de Trabalho da Lei do Sistema Estadual de Cultura, instituído ano passado pela Secult.  O projeto vem tramitando desde o início de 2019, mas houve dificuldades em sua tramitação. “Tivemos alguns empecilhos, até que eu consegui esclarecer junto ao Governador e pedi apoio para que o projeto pudesse tramitar e ser aprovado  na Alepa”, disse Marinor Brito ao Holofote Virtual. 

O PL 114 deveria ter sido discutido na semana passada, mas a votação acabou sendo suspensa, em virtude de um pedido de vistas do deputado Martinho Carmona, na reunião extraordinária da Comissão de Constituição e Justiça, porque ele quis analisar se estão contemplados os setores da musica evangélica. Só que o projeto não especifica os estilos musicais, assim como teatro, cinema, literatura, todos estão no contexto da cultura paraense”, disse a deputada.

A Secretária de Cultura Ursula Vidal acredita numa construção mais participativa da estratégia de retomada da cena cultural no Estado. Para ela, isso será um ganho para a gestão pública. “Com a instalação do Conselho, que terá caráter deliberativo, a sociedade civil desempenhará um papel fundamental na proposição de ações e na elaboração do Plano Estadual de Cultura. Será uma missão desafiadora, um aprendizado pra todos  nós, depois deste cenário de paralisação total da economia da cultura e da arte”, disse ela ao blog.

"A queda na arrecadação do estado, porém, é uma realidade e vai nos exigir um planejamento muito responsável, quanto às medidas de retomada da economia da cultura. Uma série de mudanças estão girando na esfera legislativa, garantindo a legalidade necessária para manejar rubricas orçamentárias e modificar  o que for preciso nesse cenário pós- pandemia. Temos uma dificuldade de métrica da economia da cultura e de  mapeamento dos atores que integram esta rede diversa e complexa.Realizar este mapeamento é um bom começo. Sabemos também que intensificar os canais de escuta da sociedade terá um sentido de urgência na garantia da assertividade de nossas ações futuras", diz Ursula.

Medidas emergências aos impactos da pandemia

Representantes do GT e Fórum reunidos em fev. de 2019
Marinor Brito reconhece a contribuição do Fórum de Culturas do Pará na idealização do projeto. “Juntos debatemos, aprofundamos as discussões e pudemos apresentar emendas ao projeto para melhorar o processo de democratização, acesso e valorização da cultura. Recentemente, recebemos  do fórum uma nova remessas de demandas foram levadas até ela pelo fórum, em virtude da pandemia", revela. 

O documento elaborado pelo Fórum traz propostas  emergenciais para atender a cultura nesta pandemia.  "São 20 pontos ou medidas, que vão desde a instituição de uma renda básica para agentes culturais; anistia de tributos para espaços culturais e empreendimentos culturais; até abertura de linhas de crédito e microcrédito com juros baixos para setores culturais e criativos com carência de 12 meses. O impacto econômico, social e cultural da pandemia do coronavírus vai perdurar durante um longo do tempo. É provável que o nosso estilo de vida se modifique profundamente a partir da experiência dessa pandemia”, diz Valcir Santos.

Dados do IBGE e da Fundação Getúlio Vargas para 2019 indicam que os setores culturais empregavam 5,7% da força de trabalho no Brasil. Estima-se que 65% dessa força de trabalho na Cultura esteja relacionado a atividades informais. “O fechamento dos bares, restaurantes das casa noturnas está trazendo consequências muito danosas para o setor da cultura e eventos. Junto com trabalhadores desses estabelecimentos, os artistas e profissionais da arte também perderam de imediato sua renda”, ressalta Marinor.

Uma grande mobilização de produtores e artistas do Estado é esperada nesta manhã para acompanhamento da sessão. "A mobilização nas redes sociais durante o debate é importante porque reforça a importância de aprovar o projeto com urgência, principalmente por estarmos vivendo este momento”, concluiu a deputada.

24.4.20

Convite a ficar em casa com os mitos da Amazônia

Artistas e fazedores de cultura que se habilitaram na última fase Festival Te Aquieta em Casa, edital emergencial lançado pelo Governo do Estado, por meio da Secult, aguardam o resultado agendado para a próxima segunda-feira, 27, quando a lista definitiva dos 260 premiados será publicada no Diário Oficial do Estado. Entre eles está Ângelo José de Castro Fonseca, ou simplesmente Ângelo Saci, ou melhor, Mestre Saci, reconhecido assim, em 2018, pelo Prêmio de Culturas Populares Selma do Côco, criado pelo antigo Ministério da Cultura.

Artesão de bonecos já muito conhecido, principalmente por quem frequenta os eventos públicos em Belém do Pará, Mestre Saci está concorrendo no #FestivalTeAquietaEmCasa com um vídeo que, para mim, independente do resultado, já é um prêmio para quem é atento ao fazer da cultura popular. Além de bonequeiro, ele também é contador de histórias e fez uso de mais este talento para contar o “Aniversário de Seu Pequeno”, que concorre à premiação de difusão, cujo valor é de R$ 1.500,00. 

Para entender o video é bacana explicar que Seu Pequeno é encarnado pelo próprio Mestre Saci em suas andanças pela cidade. A história desse personagem começa quando ele é procurado pelos seres dos rios e da floresta para que os ajudassem a pedir que Nossa Senhora de Nazaré protegesse a natureza, onde eles vivem. E a maneira que ele encontrou foi confeccionando bonecos que trouxessem a imagem de cada ser, levando-os assim até a imagem da padroeira do Pará.

No vídeo vemos o bonequeiro, habitante ribeirinho do Baixo Amazonas, relembrando um aniversário inesquecível. Agradecidos pela missão cumprida pelo bonequeiro, Curupira, Matinta Pereira, Mapinguari, Ataíde, Jurupari, Boto, Iara, entre outros, vão chegando a festa de aniversário de Seu Pequeno, trazendo vários presentes. Na contação, o rico vocabulário de Mestre Saci revela costumes, iguarias, segredos de cura, paisagens e modos de ser e de falar do caboclo amazônico, tudo de forma extremamente comprometida com a mitologia de cada personagem. Uma verdadeira aula de cultura popular. Vou deixar o link no final do texto para vocês irem direto à página dele, no Facebook, para conferir.

O vídeo foi feito com uma equipe que envolveu outros fazedores e profissionais da cultura. A fotógrafa Ursula Bahia, vizinha de Saci, na Cidade Velha, fez câmera, cenário e outras utilidades, além da direção, uma facilidade que só ela tinha para fazer, com segurança, em meio a pandemia, já que mora em frente, na sua casa galeria, o Atelier Jupati, tendo ainda a assistência de direção da artesã Silvia Mendonça. 

A edição é de Afonso Gallindo, um dos mais aguerridos produtores do audiovisual paraense; e a produção, de Maria Christina. “Foi tudo muito rápido, tínhamos poucos dias. Saci passou noite em claro decorando o texto, criado por ele mesmo, que já traz consigo esse saber da cultura popular”, me contou a produtora, por telefone esta semana.

Trajetória mergulhada na pesquisa e no fazer popular

Também conversei por telefone com Mestre Saci, nativo de Alenquer, filho de artesão e sapateiro, com quem aprendeu a tecer arte com as mãos. Saiu de seu município muito cedo e depois de uma breve passagem por Belém, nos anos 1970, chegou à Bahia, onde se especializou em dança e aprendeu com os baianos a valorizar a sua própria cultura, a paraense.

Passou muitos anos em Salvador, onde estreou no espetáculo "Viva o Cordel Encarnado", com direção de Arly Arnaud, que na época estava se formando em teatro e hoje tem trajetória reconhecida inclusive no cinema. Em outra ocasião, atuou como bailarino, no show "Coração Brasileiro", da cantora Alba Ramalho. Depois disso viajou pela Europa, com grupos de dança folclórica.

Em outra fase de sua vida, Saci morou em São Paulo, onde entendeu que seu papel neste mundo era o de cultivar e difundir a cultura popular de sua região, em princípio, tendo como carro chefe a própria dança. Na capital paulista, ele morou em Pinheiros, próximo à famosa praça Benedito Calixto, onde via todos os dias adolescentes, moradores de rua, brincarem de dançarinos, imitando os célebres passos que Michael Jackson apresentava ao mundo nos anos 1980.

“Comecei a participar da brincadeira com eles, mas propondo outras danças”, lembra Saci que logo se tornou amigo dos meninos e meninas, dando início a um projeto que envolvia danças como carimbó, lundu,  frevo, maracatu, boi bumbá, entre outros estilos. “Eu queria mostrar a eles que havia mais que Michael Jackson. Aos poucos eles foram deixando de lado o uso de craque e se envolvendo na minha proposta. Batizei o projeto de Saci e acabei ganhando esse nome artístico que tenho até hoje”, continua.

Em 2009, já como Ângelo Saci, ele retorna a Belém para participar do Fórum Social Mundial, tendo como firme propósito seguir um trabalho de prática e pesquisa da cultura popular. Procurou o Instituto de Artes do Pará, o antigo IAP, onde propôs resgatar esses saberes por meio dos bonecos de pano, que ele produz e pelo qual é reconhecido.

“Os bonecos de pano têm, além de tudo, memória afetiva. Pode perguntar para sua mãe e seus avós, mas eles perderam espaço para a indústria de brinquedo que apostou no plástico. Os de pano eram tradição, mas foram chamados de bruxas, uma denominação pejorativa do cristianismo que jogou muitas mulheres, chamadas de bruxas, à fogueira”. 

A proposta feita ao IAP vingou e ele começou a ser convocado para realizar ações e oficinas, mas o que ele queria mesmo era estar nas ruas, em contato com o público em meio às tradições das festas populares. Nem lembro qual foi a primeira vez que encontrei Saci na minha vida, e pode até ter sido no FSM de 2009, no qual trabalhei na organização da programação cultural, mas sei que percebi logo que ele tinha algo de especial e com a qual me identifico. Ele acredita no que faz, tem certeza do caminho que escolheu.

Aos 62 anos, segue produzindo, mesmo em meio ao caos instalado no mundo pelo novo coronavírus. O isolamento social não sustou sua atividade, que continua sendo requisitada por pais que acreditam na cultura popular, como um ótimo entretenimento para as crianças, hoje, mais do que nunca confinadas em casa.

“Tenho recebido encomendas de bonecos e estou trabalhando também para realizar outros projetos e sonhos de vida”, diz ele. “E desde que postamos o vídeo do Seu Pequeno, venho recebendo muitas mensagens e incentivos”, revela ele, que reencontrou amigas alemães nas redes sócias, que viram seu vídeo. “Eu não falava com elas há muito tempo, me disseram que adoraram o vídeo”. 

As amigas ficaram interessadas em apresentar o trabalho dele a instituições alemães que realizam intercâmbios culturais com a Amazônia. Acredito que pode dar muito certo. Vestido com seu clássico chapéu de palha ribeirinho ou variando isso com cocar indígena, munido de uma cesta sempre recheada de personagens da floresta, em breve ele e todos nós estaremos de volta aos abraços e ele tem um objetivo maior para alcançar e que havia deixado para trás, desde que saiu de Alenquer, no Baixo Amazonas.

“Na minha cidade, tem um espaço em que funcionou a fábrica de sapatos do meu pai e que está abandonada. Gostaria muito de implementar lá um projeto nos moldes do Curro Velho, para trabalhar com jovens e adolescentes em situação de vulnerabilidade. O projeto se chama Acari, que é o peixe da sustentabilidade na região. Quero fortalecer a cultura do Marambiré, uma festa que reúne a cultura quilombola, indígena e cabocla, e tantas outras coisas. Gosto de me sentir útil”.

No isolamento social, a produção de saci continua, mas isso também deixou alguns planos à deriva, como uma oficina de confecção de bonecos que está fechada para junho com o Sesc da Doca. “Agora eu já não sei quando poderá ser feita. Mas sei que tudo isso que está acontecendo traz uma mensagem muito clara ao homem, de que a riqueza material é nada quando você precisa ficar em casa para perceber a real grandeza da vida”, diz ele que é também budista! É isso, mestre! 

Vejam O Aniversário de Seu Pequeno

Leiam mais sobre o fazer de Mestre Saci

23.4.20

Dejacir Magno comemora o aniversário #em casa

Foto: Otávio Henriques
O vocalista do primeiro grupo de Mestre Vieira, “Os Dinâmicos”, Dejacir Magno, está no berço. Nasceu em 23 de abril do ano de 1952, Dia do Choro e de São Jorge. "Façam as contas", ele diria. Filho da Ilha das Onças, de Dona Rosa e de Seu Vicente, ele vive em Barcarena desde os seus 15 anos. Este ano, a comemoração é dentro de casa, respeitando o isolamento social, mas com muito açaí, que não pode faltar! Deixamos aqui nossa homenagem a ele, que é também reconhecido como o primeiro cantor a gravar sua voz em uma lambada!

Casado com Izabel, pai de Lizandra e Lizangela, ele leva um estilo de vida calmo. Cedo, escolheu o seu caminho. Na década de 70 trabalhou numa empresa pública, mas logo resolveu ficar por conta própria. 

Trabalha como feirante, função que desenvolve até hoje, paralelamente a atividade artística, iniciada na mesma época. Dejacir já era envolvido com interpretação e composição de músicas e cantava nas pastorais da cidade, até ser descoberto por Joaquim de Lima Vieira, em um concurso de calouros, no qual os candidatos eram avaliados por um grupo de jurados. 

Ganhou o concurso e o prêmio era ser “crooner” do conjunto musical “Os Dinâmicos”, que acabara de surgir e pertencia a Mestre Vieira, que mais tarde ganhou outro nome, Vieira e Seu Conjunto. Fez história ao lado do criador da guitarrada que hoje também é lembrado, afinal, tudo começou com o Choro! 

Capa do Compacto produzido por Vieira, em 1982
“Deja”, como os amigos o chamam, é uma das testemunhas de um fato que se tornou emblemático na história da guitarrada, a do filhote de baleia que encalhou em um braço de rio, na região, e acabou sendo levado por pescadores, entre eles Genaro Apollaro, sem que eles soubessem do que se tratava o bicho, até que este foi levado ao rio em frente a cidade, para acabar morrendo na praia. 

“Eu vi, só não comi”, costuma dizer em suas entrevistas sobre a dita baleia que encalhou nos braços de rio da cidade. Ele viu nascer a letra e música compostas por Mestre Vieira, intitulada A Lambada da Baleia, um dos primeiros sucessos de Vieira e Seu Conjunto, gravado no LP Lambada das Quebradas Vol. 1, LP lançado em 1978. 

Dejacir é considerado o primeiro vocalista a cantar uma lambada, ritmo batizado por Vieira, cuja ênfase sempre foi o instrumental. Foram 16 anos como vocalista de ‘Vieira e seu conjunto’, participando de diversos bailes dançantes, shows e eventos culturais. 

Nos anos 80 viajou com o grupo em turnê pelo Ceará, onde Vieira e o grupo todo se tornaram celebridades. Em meio a isso, também gravou um compacto, produzido pelo próprio Mestre Vieira, chamado Magno, onde cantou Anel, Lambada do Maxixe, Macaco que Pula e Homenagem à Conde, todas composições de Joaquim de Lima Vieira.

Lambada das Quebradas Vol. 2, disco que vendeu mais de
300 mil cópias em 1980. Dejacir é o da ponta esquerda!
Chegou a fundar a banda “Pôr do Sol”, na qual atuava não como vocalista, mas como administrador do grupo. Hoje, mais de 45 anos depois, ele integra novamente Os Dinâmicos, banda retomada em 2011, quando o grupo todo se reencontrou numa entrevista para o documentário Coisa Maravilha, que lançaremos no segundo semestre! 

O reencontro deles, além do documentário e da retomada da banda, gerou também um novo projeto que desenvolvemos entre 2016 e 2018, e estreou na TV em 2019. Eu já conhecia o Mestre, mas entrar em contato com Dejacir e os músicos do grupo de Vieira e Seu Conjunto foi uma inspiração que, com a convivência passei a vê-los como  heróis, me levando a criar o argumento para a série de animação que chamamos de “Os Dinâmicos”. 

Dejacir se transformou em Alado, personagem que, por sua vez, é inspirado exatamente neste jeito que ele tem de cativar os amigos, sendo engraçado, comedido, com certa dose de humor e vaidade, inerente de um vocalista que está sempre à frente da banda, uma observação do nosso roteirista Adriano Barroso.

Extremamente companheiro e fiel escudeiro de Mestre Vieira, Dejacir se emocionou com a série e não perdia um só capítulo na TV Cultura. Espero que em breve algum canal de TV se interesse em fazer um licenciamento para que possamos novamente veiculá-la. Esse post é uma homenagem a ele, mas vou deixar a seguir links para quem se interessar em saber mais sobre toda essa história.

VEJA MAIS

A estreia da animação na TV

Dejacir se vendo desenho animado

Dinâmicos falam sobre a animação

Lançamento do 1o CD dos Dinâmicos em 2015

Clipe Lambada da Baleia

Coisa Maravilha Trailer

20.4.20

Mais de 30 filmes paraenses disponíveis ao público

Filhas da Chiquita
Em tempos de isolamento o grande desafio é aproveitar o tempo em casa. E muito desse tempo acaba indo parar na internet, inevitavelmente. Artistas do mundo inteiro tem feito lives e postado vídeos sobre seus trabalhos. Já a dica do Festival Amazônia Doc é que todos fiquem em casa e aproveitem também para conhecer o cinema paraense, a partir dos 36 filmes que estão disponibilizados pela Mostra Égua do Filme, no site www.amazoniadoc.com.br.   

A Mostra Égua do Filme é um catálogo que além dos links para os filmes, traz as sinopses e informações sobre a equipe técnica, sendo possível também conhecer quem são os profissionais do audiovisual paraense. Diversificada,  amostra traz documentários, filmes de ficção e animações, formando um panorama das várias fases da produção cinematográfica do Pará. 

“Assustado”, de San Marcelo, por exemplo, é o mais recente, foi lançado no início de 2020. O curta filmado em Bragança traz de volta uma manifestação carnavalesca comum na segunda metade do século 20, mas com registros ate década de 90. “Pela pesquisa que fizemos a manifestação também ocorria em outras cidades brasileiras, mas são poucos os registros que existem sobre ela. Esse é meu primeiro filme de curta de ficção, é pra cima, com trilha autoral de Almirzinho Gabriel e Alex Ribeiro, o que faz com que a trama fique bem divertida”, diz o diretor.
  
Outra surpresa da mostra é “Canção do Amor Perfeito”, de Fernando Segtowick e Alexandre Nogueira, lançado em 2018, mas que ainda estava inédito na internet. As demais obras já estavam há anos disponibilizadas nos canais dos próprios realizadores, mas que agora poderão ser acessadas a partir de um único site, revelando assim um conjunto da produção cinematográfica da região. São documentários, filmes de ficção e animação em curta e longa metragem. 

Assustado
Para o realizador bragantino San Marcelo, a iniciativa da Mostra é muito bem vinda, num momento em que a produção cinematográfica brasileira está paralisada e já vinha também sofrendo muitos ataques. 

“O audiovisual é coletivo e requer um aglomerado de pessoas, pelo menos até então. Vejo essa mostra não como solução, mas como sendo um passo a mais em direção à unificação do nosso cinema. É pretencioso falar de um cinema paraense mas há varias produções espalhadas por aí que as pessoas gostariam de conhecer e às vezes não sabe onde”, diz San.

Para o público infantil, a Mostra Égua do Filme oferece as animações de Cássio Tavernard, como “A Onda – Festa na Pororoca”, “O Rapto do Peixe Boi” e “Alegro Pero no Mucho”, realizados entre 2008 e 2019. Também tem uma obra de Andrei Miralha e Marcilio Costa, “Pedaços de Pássaro”, produção de 2016.

“Excelente a iniciativa dessa mostra, justamente por reunir produções paraenses num mesmo espaço virtual. Muitas vezes, essa produção fica muito dispersa e o grande público, fora do meio artístico, muitas vezes não acompanha notícias relacionadas à produção audiovisual local, não sabe onde encontrar e muitas vezes nem sabe que existe”, comenta Andrei Miralha. 

Pedaços Pássaros
Pedaços de Pássaros é resultado de um edital de audiovisual do MINC, lançado em 2012. “Esse filme aborda questões muito pertinentes ao nosso tempo, trás o pássaro como uma metáfora para as relações que estabelecemos com o mundo, com a vida e com o outro. O pássaro atravessa 6 capítulos que apresentam estéticas diferentes utilizando pintura digital, animação 3D rotoscopia, animação em composite e vídeos em live action”, conclui o realizador.

Produções dos anos 1990 e 2000

Mulheres Choradeiras
Entre outros filmes disponibilizado na mostra, alguns foram produzidos no final dos anos 1990 e lançados no início dos anos 2000, como “Quero Ser Anjo”, de Marta Nassar, que traz no elenco Zê Charone, Cacá Carvalho e a atriz, hoje jovem dramaturga, Bárbara Gibson, ainda criança; “Mulheres Choradeiras”, de Jorane Castro, que traz no elenco atores da rádio novela paraense, como Nilza Maria, Tacimar Cantuária e Mendara Mariani, além de Armando Pinho; e Açaí com Jabá, de Alan Rodrigues, Marcos Daibes e Walério Duarte, filmado em Mosqueiro. O momento era de retomada do cinema brasileiro. 

Além de elencos do nosso cenário artístico, o público vai conferir na telinha (do celular ou do computador) e se identificar ao ver símbolos da nossa cultura e locações familiares em cada produção. Em "Quando a Chuva Chegar", de Jorane Castro, filmado em 2005, por exemplo, temos o edifício Manoel Pinto da Silva. Em  Shala, de João Inácio, já lançado em 2016, identificamos locações como o Colégio Gentil Bittencourt e um casarão antigo na Braz de Aguiar. 

Mãos de Outubro
Também estão catalogados os premiados “Ribeirinhos do Asfalto” (Jorane Castro), de 2011, que levou os Kikitos de Melhor Atriz (Dira Paes) e Melhor Direção de Arte no Festival de Cinema de Gramado; “Matinta” (Fernando Segtowick), de 2010, que ganhou o prêmio de Melhor Som (Evandro Lima, Mirian Bidermam, Ricardo Reis e Paulo Furnari) e de Melhor Atriz (Dira Paes), no Festival de Cinema de Brasília – e “Mãos de Outubro” (Vitor Souza Lima), de 2009, que já recebeu cinco prêmios, dois deles no festival É Tudo Verdade.

Também destacam-se o longa “A Besta Pop”, de  Artur Tadaiesky, Fillipe Rodrigues e Rafael B. Silva, de 2018; “Brega S/A”, de 2009, de Gustavo Godinho e Vlad Cunha, um documentário que aborda o processo de massificação do tecnobrega; “Gritos da Terra”, de Geneviève Pressler e Zienhe Castro e ainda Memória do Cine Argus”, documentário e Edvaldo Moura, que aborda  a existência do Cine Argus, que movimentou a vida cultural da cidade de Castanhal, no nordeste do Pará, 1938 e 1995. 

A chamada para submissão de filmes ao catálogo abriu no inicio de abril, mas ainda podem ser feitas as inscrições até o dia 30 de abril, basta acessar o site www.amazoniadoc.com.br e preencher o formulário, além de enviar o link de seu filme, cartaz e fotos de divulgação. O critério principal, para passar pela curadoria e integrar a mostra é que sejam filmes que já tenham sido exibidos no circuito de festivais, nos cinemas, na televisão ou inéditos, mas que atendam a critérios cinematográficos que serão analisados pela curadoria.

A mostra pode ser acessada pelo site: www.amazoniadoc.com.br

Catálogo – Mostra Égua do Filme

1.     A Besta Pop – Dir. Artur Tadaiesky, Fillipe Rodrigues, Rafael B. Silva
2.     A Explosão da Ilha – Dir. Gabriel Portella e Léo Chermont
3.     A Onda – Festa da Pororoca - Dir. Cássio Tavernard
4.     Açaí com Jabá – Dir. Alan Rodrigues, Marcos Daibes e Walério Duarte
5.     Alegro Pero no Mucho - Dir. Cássio Tavernard
6.     As Filhas da Chiquita – Dir. Priscilla Brasil
7.     As Mulheres Choradeiras – Dir. Jorane Castro
8.     Assustado – Dir. San Marcelo
9.     Brega S/A – Dir. Gustavo Godinho e Vladimir Cunha
10.  Canção do Amor Perfeito – Dir. Alexandre Nogueira e Fernando Segtowick
11.  Certeza – Dir. Pedro Tobias
12.  Covato – Desenterre seus segredos – Dir. Emanoel Franklin
13.  Damasceno Novos & Usados – Dir. Kemuel Carvalheira
14.  Ervas e Saberes da Floresta – Zienhe Castro
15.  Gritos da Terra – Dir. Geneviève Pressler e Zienhe Castro
16.  Invisíveis Prazeres Cotidianos – Dir. Jorane Castro
17.  Josephina – Dir. Zienhe Castro
18.  Juliana contra o Jambeiro do Diabo pelo coração de João Batista – Dir. Roger Elarrat
19.  Lugares do Afeto - A fotografia de Luiz Braga – Dir. Jorane Castro
20.  Mãos de Outubro – Dir. Vitor Souza Lima
21.  Matinta. Dir. Fernando Segtowick e Adriano Barroso
22.  Memórias do Cine Argus – Dir. Edivaldo Moura
23.  Miguel Miguel – Dir. Roger Elarrat
24.  Mulheres de Mamirauá – Dir. Jorane Castro
25.  O time da croa – Dir. Jorane Castro
26.  Ópera Cabocla – Dir. Adriano Barroso
27.  Pedaços de Pássaros – Dir. Andrei Miralha e Marcílio Costa
28.  Promessa em Azul e Branco – Dir. Zienhe Castro 
29.  Quando a chuva chegar – Dir. Jorane Castro
30.  Quero ser anjo – Dir. Marta Nassar
31.  Ribeirinhos do Asfalto – Dir. Jorane Castro
32.  Salvaterra, Terra de Negro – Dir. Priscilla Brasil
33.  Serra Pelada - Esperança Não é Sonho – Dir. Priscilla Brasil
34.  Shala – Dir. João Inácio
35.  O Rapto do Peixe Boi – Dir. Cássio Tavernard
36.  Verde Terra Prometida – Dir. Cláudia Kawage e Zienhe Castro

16.4.20

MIS-SP oferece conteúdos on Line para todo o país

Nesta pandemia, o público vem tendo acesso a coisas que até poderiam ter sido disponibilizadas antes, mas que apenas com a necessidade de (re)existir, diante do isolamento social, vieram à tona mostrando o quanto de potencial estávamos deixando de explorar com a tecnologia. A campanha MisEmCasa, do Museu da Imagem e do Som de São Paulo, é um exemplo que faço questão de destacar aqui no blog.

A programação já vem rolando há uns dias, trazendo conteúdos em diferentes formatos em todas as plataformas digitais do MIS-SP. A ação, realizada em conjunto com o #Culturaemcasa, é desenvolvida pela Secretaria de Cultura e Economia Criativa, par atender as orientações do Centro de Contingência do Covid-19 , determinada a partir de 17 de março. 

Nesta sexta-feira, 17, o público pode conferir conteúdos inéditos da exposição John Lennon em Nova York por Bob Gruen (inaugurada em 13 de março de 2020), que apresenta pílulas em vídeo com bastidores e curiosidades sobre a mostra. Em um vídeo, o curador da exposição, Ricardo Alexandre, fala ao público detalhes sobre o forte impacto da morte do astro em Nova York, vítima de assassinato.

Já no sábado, 18, fique atento. A quarta edição do Pontos MIS – bate-papo de Cinema, vai apresentar uma sessão de cinema online do longa nacional Meu amigo hindu, última obra de Hector Babenco, lançada em 2016. 

Para assistir, é preciso que se inscrever, há apenas 100 vagas disponíveis. Em seguida, haverá uma conversa, ao vivo, no canal do MIS no YouTube, com a atriz, diretora e produtora Bárbara Paz, que comenta sua atuação no filme, e com o pesquisador e crítico de cinema Cássio Starling Carlos.

No domingo, 19, O MisEmCasa traz mostra de curtas e média-metragens brasileiros produzidos entre os anos de 1980 e 1990 e que pertencem ao Acervo MIS.Serão mostradas obras provenientes do Prêmio Estímulo, ferramenta criada em 1968 pelo Governo do Estado de São Paulo com o objetivo de fomentar o surgimento de novos realizadores de cinema.

Os filmes dessa programação são versões digitalizadas de obras produzidas nos formatos 35mm e também 16mm. Estão programados: A matadeira (Dir. Jorge Furtado, Brasil, 1994, 15 min, 12 anos, ficção, colorido); O outro lado da lua (Dir. Francisco Magaldi, Brasil, 1983, 36 min, 12 anos, ficção/documentário, colorido); e Amor (Dir. José Roberto Torero, Brasil, 1994, 14 min, 10 anos, ficção, colorido)

Também no domingo, 19, tem CineCiência, tradicional programa mensal do MIS, que em sua versão on line vai discutir o filme Blade Runner, o caçador de androides, clássica ficção científica dirigida por Ridley Scott em 1982, a partir do romance de Philip K. Dick. O bate papo ao vivo será com a socióloga da cultura Laura Trachtenberg Hauser e o físico Dr. Luis Carlos Meneses, com mediação do Dr. José Luiz Goldfarb, coordenador do programa, a partir das 17h, ao vivo, no canal do MIS no YouTube. A dica é que você veja o filme, que está dispon;ivel em diversas plataformas de streaming (Netflix, Google Play, Apple TV, Microsoft e Looke), para aproveitar mais a live.

MIS-PA – Acessando a essa programação do museu paulista, não pude deixar de pensar no Museu da Imagem e Som do Pará, que poderia também trazer aos paraenses e para todo o país, suas pérolas, ah, quem dera. Recentemente fiz uma matéria lá, conversei com o cineasta Januário Guedes, atual diretor, e alguns dos mais antigos funcionários do Museu. 

Publicada na Revista Circular Digital, a reportagem desbrava seu acervo e também as dificuldades encontradas pela atual gestão e até que trouxe boa notícia, como a transferência física do MIS para um dos prédios que integram o complexo do Palacete Faciola, que está (ou estava) em obras. A pandemia, porém, vai mais uma vez paralisar um processo e por sua vez o sonho de que a nossa memória audiovisual tivesse uma morada pra chamar de sua. Oremos!

13.4.20

Single "Uma Voz" é grito poético de Márcio Moreira

Foto/Capa: Liliane Moreira
A faixa estará disponível nas plataformas de música, a partir do próximo dia 15 de abril, e também vai ganhar um clipe de estúdio dirigido por Serginho Bittencourt, a ser disponibilizado no canal do artista no Youtube. O lançamento chega realçado pela mudança que o mundo vem sofrendo  ante a pandemia.

Quando lançou no primeiro dia do ano o primeiro Single "Em Paz", Márcio Moreira debutava sua presença num lugar diferente do que o mercado da música está acostumado a vê-lo. Ele é jornalista de formação e executivo do segmento musical há quase uma década, mas decidiu descumprir sua promessa e dividir com o público uma segunda obra, que lhe pareceu urgente nestes tempos de caos. 

O paraense de 32 anos sempre foi um compositor de canções e, quem o conhece nos bastidores, sabe de sua verve artística apurada que, inclusive, lhe é a útil ferramenta na lida de seu trabalho diário com os artistas para quem trabalha. 

“Sigo não tendo uma pretensão formal de me lançar como um artista de carreira, mas de fato carrego em mim a sensibilidade artística que, vez por outra, me convida a querer compartilhar com as pessoas, em forma de poesia, aquilo que me afeta e sei que, em tempos tão duros, tem afetado a tantos”, conta Márcio.

‘Uma Voz’ nasce, por tanto, do olhar deste compositor sobre a relação do artista com sua música, mas ganhou densidade nova com a mudança no cenário nacional. “Era pra ser uma declaração de amor ao ofício de cantar, mas diante desta pandemia que o mundo atravessa e que tem polarizado as discussões a cerca do caminho que nosso país precisa seguir, se olhar para saúde ou se cuidar da economia, que uma voz virou um grito poético para chamar atenção do essencial que precisa ser o amor à vida em todas as suas formas”, explica.

O novo single é também a reunião de antigas e novas parcerias. “A música tem dessas coisas né? Te enseja encontros com o passado, o presente e até com o futuro e ‘Uma Voz’ é exatamente o caso. Trata-se de uma parceria com meu mestre na música, o poeta e compositor paraense da pesada Renato Torres, que literalmente forjou a poesia em mim desde menino e tem a produção musical, arranjos e afins assinada pelo Rodrigo Campello que é um dos profissionais da música mais sensíveis que tive a honra de conhecer há poucos anos, mas já virou um amigo super especial”, confessa o artista.

UMA VOZ
(Márcio Moreira | Renato Torres)

Uma Voz
Um rio que nasce da foz dos pulmões
Canção de ar a voar
Palavra a ventilar emoções, canções
Ouvidos ávidos haverão na estação propícia
Províncias emanciparão
Adesão ao que vier do coração em Paz.
Um de Nós
Um brio crescendo em toda multidão
Irmão da terra e do mar
Amar será o verbo e o pão, então
Olhares úmidos ouvirão a pulsão da luz solar
O solo da consolação
Um afeto varrerá toda a aflição de vez.
Será a voz de todos nós a por os pés no chão
Será a vez do coração parar a mão do algoz.
Será a voz de todos nós a por os pés no chão
Será a vez do coração parar a mão do algoz.
Será a voz de todos nós a por os pés no chão
Será a vez do coração parar a mão do algoz.
Será a voz de todos nós a por os pés no chão
Será a vez do coração parar a mão do algoz.

Ouça, a partir do dia 15, no canal de Youtube e redes sociais do artista
www.facebook.com/marciomoreira1988
instagram.com/omarciomoreira
http://bit.ly/CanalMarcioMoreira

12.4.20

Briquedonautas está no ar na TV Cultura do Pará

Em tempos de Pandemia tem muita Live e dicas bacanas para você curtir on line, mas na televisão também está rolando algo interessante para distrair toda a família, mas principalmente, as crianças. Estreou na semana passada, no canal 2.1 da TV Cultura do Pará, a série "Brinquedonautas", que segue em exibição segunda a sexta, sempre às 18h. São 13 episódios de 7 minutos, produzidos pelo Iluminuras Estúdio de Animação, de Belém do Pará.

A animação apresenta um grupo de cinco crianças que viaja pelo mundo, para conhecer brinquedos e brincadeiras, a bordo de um fantástico Zeppelim que também é uma brinquedoteca ambulante. Por onde passam, os personagens se encontram com outras crianças, aprendem com elas novas e divertidas maneiras de brincar, descobrem novos brinquedos, resolvem problemas e conhecem diferentes visões de mundo com muita aventura e diversão.  Selecionada pelo edital de financiamento Prodav 08 – 2015 - Programa de Apoio ao Desenvolvimento do Audiovisual Brasileiro, que investe na produção de conteúdos para Tvs públicas, comunitárias e universitárias, a obra contou com recursos públicos geridos pela ANCINE.

Nesta primeira temporada, os Brinquedonautas viajam por vários lugares da Amazônia. Os animadores nos levam então a conhecer, junto com eles, os brinquedos de miriti, em Abaetetuba; o Boi de Máscara, em São Caetano de Odivelas, o carnaval no mangue, em Curuçá, no Pará; além dos piões de babaçu, em Camiranga, uma comunidade Quilombola, que fica na fronteira com o Maranhão. Passam ainda por Cabanas, numa aldeia Ashaninka, situada no Acre; as Pipas em Boa Vista (RR), o Marabaixo, em Mazagão (AP) e as fantasias de folhas, numa aldeia Tembé, dentre outras brincadeiras em diferentes localidades da região norte do Brasil.

“Nas temporadas seguintes o zepelim viajará por outros lugares do Brasil e da América Latina, mas nessa primeira temporada a gente decidiu mostrar algumas brincadeiras da Amazônia, encontrando crianças indígenas, quilombolas, ribeirinhas, entre outras que vivem em grandes e pequenas cidades da região", ressalta Andrei Miralha, um dos diretores da série. “Cada personagem, possui uma relação diferente com os brinquedos e brincadeiras, além de colocar em foco a inclusão social por meio de personagens que apresentam necessidades especiais”, explica.

No episódio que enfatiza Belém, algumas crianças brincam de jogar peteca na Praça do Carmo, quando veem enormes bolhas de sabão voando pelos céus. Uma das crianças aponta o dedo para cima e grita empolgado "Olha, são os Brinquedonautas!". De um fantástico Zeppelim que paira  no céu, as crianças descem magicamente, dentro de enormes bolhas de sabão. No chão, elas se encontram e conversam. "De onde eu vim, essa brincadeira a gente chama de bolinha de gude", diz uma delas. 

A inspiração para a série veio de uma antiga iniciativa que existia em vários bairros de Belém, as "ruas de lazer", uma prática sócio-cultural dos anos 80 e 90, quando algumas ruas eram fechadas dando vazão a uma série de brincadeiras. Era super divertido, com diversos jogos, brinquedos, competições, desafios e brincadeiras voltadas para crianças, mas que envolviam toda a comunidade. 

“O brincar as aproxima e pode ser o elo para construir admiração mútua e interação entre elas. Ainda que brinquem de múltiplas maneiras diferentes, o ato de brincar é universal, e um caminho para construir desde a infância o tão necessário respeito à diversidade”, afirma Petronio Medeiros, que também assina a direção e produção da série. Ele também assina o roteiro, junto com David Matos,  Rita Careli, Petronio Medeiros, Andrei Miralha e Marcus Vinícius de Oliveira. Os Storyboards, de Otoniel Oliveira, Ty Silva, Tiago Ribeiro, Andrei Miralha, Adriana Abreu, Arthur Braga, Mário Aires e Alexandre Coelho.

Outra coisa muito bacana e bem pensada pelos produtores da série, foi a trilha sonora. Cada episódio traz um clipe musical da brincadeira apresentada e todas as canções, arranjos e trilha sonora foram criadas pelo músico André Moura, inspirados nas referências culturais do local visitado pelos BRINQUEDONAUTAS. Para o episódio que se passa em Mazagão, no estado do Amapá, por exemplo, ouve-se as referências do Marabaixo, um ritmo musical com dança, típico daquele lugar. 

Produção é 100% paraense 

Produzido em Belém, com uma equipe multicultural, a série é assinada pelo Iluminuras Estúdio de Animação, que contou com a participação de mais de 50 profissionais, entre roteiristas, animadores, ilustradores, dubladoras, editores, músico, storyboarders, produtores, etc.

“O estúdio contou tanto com profissionais experientes quanto formou profissionais novos, que hoje estão aptos para trabalhar no mercado de animação em qualquer parte do mundo”, diz Otoniel Oliveira.  Dentre os profissionais experientes, destaca-se o ilustrador Fernando Carvalho, que desenvolveu a maioria das ilustrações digitais para os cenários que realiza um trabalho de qualidade internacional. Igor Alencar, que trabalhou como assistente de ilustração no projeto anterior, nessa nova produção, assumiu os desenhos conceituais dos personagens secundários e objetos de cena, além de outras ilustrações para a série.

Dentre os 10 animadores, a maioria obteve formação no próprio Iluminuras. Cinco deles já faziam parte da equipe principal da série Icamiabas na Cidade Amazônia, outro trabalho que encantou o público.  Arthur Braga, um dos animadores, começou a animar nas oficinas do Laboratório de Animação do Curro Velho antes de trabalhar profissionalmente no estúdio como animador.

Gizandro Santos, que começou a fazer animação dentro do Iluminuras, foi animador da Icamiabas, e nos Brinquedonautas passou a exercer a função de Gerente de Animação. “O processo de aprendizado é constante, a equipe vai evoluindo a cada novo projeto, ficamos muito felizes com a evolução de cada um, e principalmente em colaborar na formação de novos profissionais para área e no desenvolvimento do mercado de animação no Pará através desses projetos”, destaca Andrei Miralha.

Dica
Para acompanhar as novidades da série e conhecer mais sobre o trabalho dos animadores, acesse a página @iluminuras no Facebook.

11.4.20

Iniciativa reúne obras do cinema paraense on Line

O Amazônia Doc – Festival Pan Amazônico de Cinema está com inscrições abertas para a Mostra Égua do Filme, iniciativa que busca catalogar e disponibilizar, por meio de links, produções antigas e recentes do cinema paraense, em um só lugar. A ação se insere no movimento digital que tem se intensificado, no mundo todo, por causa dos riscos da contaminação da Covid-19, levando as pessoas ao isolamento social. 

Esta é uma chamada aos realizadores paraenses. Podem ser inscritos filmes de todos os tamanhos e categorias: filmes de mistério, de paixão, animações infantis e adultas, documentários de todos os tipos. “É uma forma de levar entretenimento de qualidade, além de incentivar as pessoas que estão em casa a conhecerem obras de realizadores paraenses”, explica Zienhe Castro, diretora geral do Amazônia Doc. 

A submissão dos filmes é um processo simples, bastando preencher uma ficha de inscrição disponibilizada no endereço www.amazoniadoc.com.br, onde também será necessário deixar o link do filme e fazer o upload de materiais de divulgação do mesmo, para que a curadoria seja realizada pela equipe do Amazônia Doc. Ao todo 30 obras serão catalogadas.

A produção cinematográfica paraense se intensifica a partir do final dos anos 1990, junto com a retomada do cinema brasileiro. O movimento de 1998, formado por um grupo de profissionais interessados em desenvolver a arte cinematográfica na região, fortaleceu e obteve conquistas como a realização do 1º e 2º Prêmios Estímulo à realização de curta metragens de Belém, a implantação do Núcleo de Produção Digital, instalado no IAP, nos anos 2000, e ainda um edital inédito do Governo do Estado, em 2008.  

Matinta, com Dira Paes, filme de Fernando Segtowick
Outras premiações como o Doc TV vieram também para incentivar a produção de documentários e naquele momento a formação da mão de obra também ganhou força aperfeiçoando práticas que refletiram-se nas equipes e resultados dos filmes que vieram em seguida e que a Mostra Égua do Filme, também pretende reunir e deixar disponível para o acesso de todos. 

“É importante deixar claro que não se trata de uma plataforma de streaming, mas sim reunir esses filmes que serão catalogados e terão seus links originais disponibilizados em nosso site, facilitando o acesso de todos. Esperamos com isso mostrar que temos um cinema atuante em diversas fases”, explica Zienhe.

Outras novidades - Na sua 6ª Edição, prevista para ser realizada de forma presencial, no segundo semestre, o Amazônia Doc se torna um Festival 3 em 1 e passa a abranger dois novos festivais dentro do seu projeto, o 1º Curta Escolas e o 1º Festival As Amazonas do Cinema, cujas inscrições iniciam no próximo dia 20 de abril.  O evento também oferece duas mostras de cinema documental Pan Amazônico, cujas inscrições seguem abertas até dia 17 de abril, com acesso ao regulamento e forma de submissão também pelo site.

"Juliana contra o Jambeiro do Diabo pelo coração de João 
Batista", curta de Roger Elarrat.
“Enquanto preparamos tudo para o segundo semestre, neste momento estamos investindo em ações desta natureza, digital, afim de manter um diálogo constante com os realizadores e também com o nosso público”, conclui Zienhe, referindo-se à Mostra Égua e outras iniciativas que por meio digital visam fortalecer o cinema.

O Amazônia Doc é uma realização do Instituto Culta da Amazônia em Co-Realização com a SECULT- Governo do Estado do Pará e Instituto Márcio Tuma. A Produção é da ZFilmes, com parceria do Sesc; Sebrae; Belém Soft Hotel. Apoio Cultural:  FCP - Cine Líbero Luxardo - Funtelpa - Pará 2000- Distribuidora Estrela do Norte, Elocompany – Distribuição Audiovisual. Apoio institucional: Chama Amazônia Brasil; Holofote Virtual – Comunicação, Arte e Mídia.

Serviço
Informações e novidades sobre o 6º Amazônia Doc, além das submissões de filmes para integrar a Mostra Égua do Filme, pelo site www.amazoniadoc.com.br

9.4.20

Secult divulga lista de habilitados ao Te Aquieta

A Secult publicou no Diário Oficial do Estado (DOE), desta quinta-feira (09), os nomes dos artistas que atenderam o requisito obrigatório para HABILITAÇÃO no Festival Te Aquieta em Casa: a apresentação da documentação completa. No total, 641 artistas foram habilitados para a etapa de SELEÇÃO. 

Todos os candidatos ao Te Aquieta que tiveram seus nomes publicados no DOE, caso ainda não tenham enviado a documentação complementar (release e clipping), devem providenciar os mesmos em até 24 horas, enviando para o mesmo e-mail de inscrição artedigitalsecultpa@gmail.com ou caso retorne, pode também ser enviado para o mesmo email de recursos: recurso.editalsecult@gmail.com.

Houve, porém, um problema com a listagem publicada no DOE, saindo duplicidade em seis nomes e com uma falha na ordem numérica.  “Pedimos desculpas aos inscritos pelo transtorno. Vamos corrigir a listagem na publicação do DOE de segunda-feira, dia 13 de abril, já que nesta sexta-feira, dia 10, é feriado”, informa a secretária de cultura Úrsula Vidal.

Recurso - Até a meia noite do dia 07, a Secult recebeu em torno de 1.000 e-mails com inscrições e todos que não enviaram a documentação básica completa, não foram habilitados. De acordo com o edital, há 48 horas de prazo recursal e, segundo a secretaria, quem tiver a comprovação de que enviou e-mail com a documentação completa exigida no edital, até este horário do dia 7, e o e-mail tenha voltado, será incluído em lista complementar de homologados. 

O recurso deverá ser apresentado até a meia-noite do dia 15 de abril, quarta-feira, através do endereço eletrônico recurso.editalsecult@gmail.com, anexando a documentação obrigatória do edital e o comprovante da mensagem do gmail, informando a devolução da mensagem. A Secult terá mais 48 horas para analisar e responder aos recursos. Em caso de deferimento, uma nova lista de habilitados será publicada no DOE, no dia 20 de abril. 

3a etapa é antecipada - “Como o número de inscrições na primeira e segunda etapas foi muito significativo, decidimos contemplar agora 260 conteúdos digitais, antecipando a terceira etapa do Festival. Essa decisão é uma forma de ampliar, de imediato, o acesso aos recursos, agilizando o pagamento dos selecionados neste momento tão desafiador para a cena cultural. O resultado final com a lista dos 260 conteúdos digitais será divulgado no dia 27 de abril, segunda-feira”, explica a secretária.

O complemento do edital de credenciamento publicado pela Secult-PA em 19 de março, foi uma iniciativa do Governo do Estado, por meio da Secretaria de Estado de Cultura, para amenizar os impactos das medidas restritivas adotadas para a prevenção do novo coronavírus, causador da Covid-19, sobre diversas manifestações culturais, como shows, espetáculos teatrais, visitas, entre outras expressões artísticas tiveram que ser suspensas. A ideia foi de compensar a ausência de trabalho para quem vive das apresentações públicas.

RESULTADO DA HABILITAÇÃO
A lista com os habilitados a fase final de premiação desta segunda etapa pode ser consultada nas página de 38 a 41: Clique aqui.