30.4.21

Encantarias abre exposição e lança documentário

Pai Kauê, no rito de despedida 
Março - Vila Que Era
Foto: Mayka Melo

Desde março, venho acompanhando o projeto "Encantarias de São Benedito: performances visuais do Santo Preto em comunidades de terreiro – Bragança-PA”, contemplado pelo edital de Artes Visuais Fotoativa Aldir Blanc, Secult-PA. Neste sábado, 1º de maio, a partir das 19h, a equipe faz a entrega da sua primeira etapa, na comunidade de terreiro da Vila Que Era. A programação será no centro comunitário, com exposição de fotos e vídeo performances, além do lançamento do videoarte documental "Ritos de Passagem - Pai Raimundo da Vila Que Era”.

O projeto iniciou em fevereiro, mas com a situação pandêmica, ações foram adiadas. A equipe também se deparou com o falecimento de Pai Raimundo, um personagem importante para essa história. A exposição e o documentário trazem registros dos ritos de despedida dele, com ladainhas e tambor de choro acompanhados pela comunidade, em seu terreiro, logo após seu falecimento, no dia 8 de março. 

Mestre da cultura bragantina, ele ainda mantinha práticas tradicionais da Umbanda e da Marujada. Todos os anos, ele recebia a esmolação do santo preto que ainda passava pela Vila Que Era, e na festividade de dezembro, ele também costumava dançar no barracão, o Retumbão. Geralmente já saía de lá, incorporado, seguindo para o terreiro, onde as celebrações continuavam, ao som do tambor de mina. O terreiro dele ficava na rua para todo mundo ver.   

“Isso é interessante, pois não era uma prática velada, embora muitos marujos tenham abandonado suas práticas religiosas umbandistas ou como eles chamam, macumbeiras, pra poder se encaixar melhor nas exigências da Marujada”, diz Marília Frade, artista-pesquisadora e educadora com estudos teóricos e práticos no teatro do oprimido, moradora de Bragança.

Esse projeto ressalta essa ancestralidade, ao propor a vivência artística e coletiva da fotografia e do vídeo performances a moradores que vivem nessas comunidades de terreiro. São filhos de santo, marujos e marujas, que ainda mantém relação com os cultos a Toiá Averequete, da tradição afro-brasileira do Tambor de Mina; e com São Benedito, da tradição católica. 

A Marujada, de acordo com os historiadores, foi realizada pela primeira vez em 1798, quando os escravos tiveram permissão de seus senhores brancos para criarem a organização de uma Irmandade para a primeira festa em louvor a São Benedito. Teria surgido assim, por iniciativa dos homens pretos, a Irmandade do Glorioso São Benedito. 

A exposição na comunidade da Vila Que Era só poderá ser vista neste sábado, mas o público em geral poderá acompanhar os conteúdos pelas redes sociais do projeto. O vídeo arte documental será disponibilizado no canal de YouTube do projeto. 

Próximas ações do projeto no Terreiro

Dona Rosa se despede do irmão
Imagens estarão no video documental
Foto: Mayka Melo

Após o compartilhamento desta primeira etapa, com a comunidade da Vila que Era, o projeto segue para o Terreiro do Pai Kauê, sobrinho de Pai Raimundo, que era irmão de Dona Rosa, conhecida maruja da região, mantenedora da tradição da Marujada. A exposição final, que encerra o projeto  no mês julho, contará com uma mostra maior, reunindo as produções realizadas nos dois terreiros. 

“A segunda etapa do projeto prevê oficinas de foto e vídeo performances a serem produzidas pela comunidade do terreiro do Pai Kauê, localizado no bairro da Piçarreira em Bragança. Esperamos que essas práticas tenham um potencial não só de registro dessas memórias, mas também de criação para que essas pessoas percebam que elas criam a cultura, elas criam a arte, elas também são produtoras e fazedoras desse saber cultural e artístico”, conclui”, diz Marília. 

Além dela,  o projeto conta com Pierre Azevedo, pesquisador e produtor em projetos científicos, culturais e audiovisuais; Pedro Olaia, ator, performer e articulador cultural em rede, que vem desenvolvendo projetos artísticos e culturais em comunidades tradicionais; com as fotógrafas bragantinas, Mayka Melo, mantenedora da cultura popular como maruja há sete anos; e Raquel Leite, que também atua na área do audiovisual; além de San Marcelo, operador de câmera, diretor, roteirista e montador.  

Serviço

Encantarias de São Benedito: Lançamento de Videoarte e "Mostra Fotográfica e Audiovisual". Neste sábado, 1o de maio, a partir das 19h, no Centro Comunitário da Vila que Era, em Bragança-PA. O projeto tem apoio da Lei Aldir Blanc-Pa, por meio do edital Artes Visuais Fotoativa, Secult-PA. Acompanhe também nas redes sociais: @encantariasdesaobenedito.

26.4.21

Milton Aires estreia obra cênica de dança-teatro

Curral de Peixe compõe o projeto de pesquisa “Cena-memória: poética de atuação de um ator dançarino”, do paraense Milton Aires. A obra foi selecionada pelo Edital de Atividades Artísticas da Lei Aldir Blanc, da Secretaria de Cultura de Goiânia. A produção é da JamboeJambú, coprodução da ACERCA e apoio do IFG e BACAE. O lançamento é quinta, 29, às 20h, pelo YouTube da produtora.

No cerrado brasileiro, um artista recria ambientes e lugares de sua tenra infância até a vida adulta na Amazônia paraense. Nesse retorno ao passado, corpo e memória são os guias para um encontro com suas origens. A casa antiga nas margens de um rio, as primeiras experiências de aprendizado em família, as construções de amor, afeto e identidade. As alegrias, despedidas e saudades. 

Resultado do Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Licenciatura em Dança do IFG - campus Aparecida de Goiânia, a obra cênica de dança-teatro estava prevista para estrear em 2020,  com apoio do Edital PROEX / IFG InspirArte 2020, mas com a necessidade de isolamento social imposta pela pandemia da COVID- 19, que instituiu ao mundo inteiro uma pausa e interrupção das atividades presenciais e de aglomeração, tudo foi adiado. 

“Após três meses da pandemia no Brasil, foi perceptível que a quarentena não seria tão breve e que aquele estado de exceção perduraria sem prazo para terminar”, diz Milton Aires, que nasceu em Ponta de Pedras, no Marajó, fez carreira no teatro e dança, em Belém, e que desde 2015, vive em Goiânia (GO), onde além de estudar, criou a JamboeJambú Produtora, junto com Patrick Mendes.

As atividades foram reiniciadas em meados de julho, através de um aporte aprovado no Edital InspirArte, um programa emergencial de fomento a ações de Arte e Cultura no período de isolamento promovido pela Pró-Reitoria de Extensão do IFG – Instituto Federal de Goiás. Neste novo contexto a proposta foi atualizar o trabalho prático e adaptá-lo para o formato audiovisual. Etapa feita de forma remota pelo artista criador Milton Aires, que contou com as colaborações fundamentais do artista Patrick Mendes, que assumiu a captação e direção de vídeo, e a orientação artística de Tainá Barreto, por meio de encontros virtuais.

O desafio então passou a ser a composição para essa outra linguagem, fenômeno que naturalmente alterou a dramaturgia e as paisagens que passaram a ambientar a cena-memória em Curral de Peixe, avesso da cena-memória. Produção que obedeceu a um ciclo próprio de experiência prática. “Num primeiro momento estudamos o roteiro partindo de uma observação dos espaços da casa e quintal, que se mostraram potentes a ocupação das cenas, seguido de ensaios pontuais e testes de câmera que auxiliaram na reconfiguração do roteiro para a versão audiovisual” comenta Milton.

O passo seguinte foi trabalhar a direção de arte do espaço para atender às necessidades do novo roteiro. A ambientação e adaptação cenográfica para cada acontecimento de modo que os ambientes aludissem as imagens poéticas de um trapiche, ponte, um lago, curral de peixe e quintal de interior, paisagens essenciais que compõem a narrativa construída.

Já na última fase vieram os processos de gravação e edição das imagens capturadas, norteados por elementos da criação de vídeo-dança e videoarte, bem como, da experimentação própria da linguagem audiovisual. “Um momento prazeroso do trabalho e de enorme maturidade também. Percebemos que o encontro da cena presencial com a linguagem do vídeo se deu ali. A adaptação do trabalho reflete nosso contexto, atualiza e traduz o processo de criação enquanto obra audiovisual, transmitindo um último e necessário aprendizado, as possibilidades de um trânsito entre as linguagens na arte contemporânea” comenta Patrick Mendes, um dos realizadores.

FICHA TÉCNICA

Produção: Jambo e Jambú

Coprodução: ACERCA

País, ano, duração: Brasil, 2021, 27'

Com: Milton Aires

Direção: Milton Aires e Patrick Mendes

Orientação artística: Tainá Barreto

Serviço
Curral de Peixe, Avesso da Cena-memória Obra autoficcional de Milton Aires Estreia nesta quinta-feira, 29 de abril e ficará disponível até dia 1 de maio de 2021), no Canal YouTube / jamboejambu. Informações acesse: https://linktr.ee/curraldepeixe

Mais sobre Milton Aires aqui no blog:

Circuito Saravah realiza em maio a 2a temporada

Afoxé Ita Lemi Sinavuru
Foto: Divulgação
O Circuito Saravah chega em formato híbrido (virtual e presencial), de 1º a 9 de maio, trazendo um encontro de multilinguagens artísticas, ocupando diferentes espaços com reflexões e debates a respeito do indivíduo e sua trajetória. Além da programação diversa e inclusiva, o Saravah tem como objetivo compartilhar a vivência de sua produção cultural. 

O empreendedorismo criativo e cultura pulsam no Brasil, e nos atravessam de uma forma única. E é isso que o Circuito Saravah busca compartilhar com o grande público. Ao todo são mais de 30 artistas e empreendedores criativos envolvidos em toda a programação do Circuito Saravah, trazendo a potência da arte e uma grande experiência cultural para o espectador.

Toda a produção do Circuito Saravah foi pensada com o propósito de garantir a segurança e saúde de todos os envolvidos no processo. Por isso, a ação que será realizada de forma presencial na Casa Samaúma, vai contar com todos protocolos, garantindo que artista e espectador possam ter a melhor experiência possível.

Helena Ressoa, Sinara Assunção e 
Anna Suav - Toma Roda de ConversaTua Pisa
Foto: Divulgação
A 1ª Edição do Circuito Saravah foi realizada em 2019, com duração de 3 dias, a programação foi composta por rodas de conversas, shows, exposição e performances, ocupando a galeria Benedito Nunes e terreiros de candomblé na cidade de Belém. 

Nesta edição, o evento contou com a participação de 2 jovens do bairro da Terra Firme, que atuaram como estagiários, recebendo bolsa e participando de todo processo de construção e desenvolvimento do projeto cultural, contribuindo a partir de suas experiências pessoais.

O Circuito Saravah é um Projeto selecionado pelo Edital de Festivais Integrados via Lei Aldir Blanc Pará, contando com o patrocínio de Secult/ Governo do Estado e do Ministério do Turismo / Governo Federal. Apoio do Ôvibe, Treme Filmes, Ôvibe Kitchen, Casa Namata, Casa Igá, Casa Samaúma e Guardô Self Storage. A programação é totalmente gratuita e conta com performances, oficinas, bate-papo, desfile, grafite e shows, que serão compartilhados no Instagram, canal do YouTube da Melé Produções e Via Zoom. 

AGENDA SARAVAH

01.05 – SÁBADO

20h - Show da banda de Afoxé Ita Lemi Sinavuru: YouTube da Melé Produções - https://bit.ly/3sTv8Ta

02.05 – DOMINGO

20h – Bate-papo “Toma Tua Pisa”: YouTube da Melé Produções - https://bit.ly/3sTv8Ta

03.05 – SEGUNDA

10H - Live Paiting com os artistas Douglas Baena e Gabriel Vyctor do Projeto Periferart: instagram.com/meleproducoes

20H - Breve conversa sobre performance com Sâmia Oliveira e Gabriela Luz: instagram.com/meleproducoes 

04.05 – TERÇA-FEIRA

20H - Show do trio Raidol, Malu Guedelha e Thalia Sarmanho, que apresentam o projeto Sol, Lua e Estrela: YouTube da Melé Produções - https://bit.ly/3sTv8Ta

05.05 – QUARTA-FEIRA

14H - Vai ao ar 1ª Pílula do bate-papo “Toma Tua Pisa”: YouTube da Melé Produções - https://bit.ly/3sTv8Ta

16H - Oficina de Escrita Criativa com André Gabeh – Via Zoom

Inscrições: https://bit.ly/3nl1mFX

06.05 – QUINTA-FEIRA

16H - Realização de Performance “Devastidão” de Sâmia Oliveira: Casa Samaúma (Tv. Frutuoso Guimarães, 648 – Campina) e através do instagram.com/meleproducoes

16H - Oficina de Compostagem Doméstica, com Samantha Chaar e Mateus Lima: Via Zoom

Inscrições: https://bit.ly/32RFOax

20H - Show Orí de Flor de Mururé: YouTube da Melé Produções - https://bit.ly/3sTv8Ta

07.05 – SEXTA-FEIRA

14H - Vai ao ar 2ª Pílula do bate-papo “Toma Tua Pisa”: YouTube da Melé Produções - https://bit.ly/3sTv8Ta

16H - Oficina de Realidade Aumentada para artistas já iniciados, com Kambô: Via Zoom

Inscrições: https://bit.ly/3dPUFbO 

08.05 – SÁBADO

16H -Oficina GingaTour com Sabrina Ginga: Via Zoom

Inscrições:  https://bit.ly/3aEK4hT

20H - Show “Sou Mulher Preta”, de Ruth Costa: YouTube da Melé Produções - https://bit.ly/3sTv8Ta

09.05 - DOMINGO

18H - Vai ao ar 3ª Pílula do bate-papo “Toma Tua Pisa”: YouTube da Melé Produções - https://bit.ly/3sTv8Ta

20H – Fashion Show com apresentação da primeira coleção da estilista Bella Pamplona: YouTube da Melé Produções - https://bit.ly/3sTv8Ta

21H - Live com Bella Pamplona e Kazu sobre Fashion Show: instagram.com/meleproducoes 

(Holofote Virtual com informações da assessoria de imprensa)

Simões organiza uma exposição para ajudar Maitê

Idealizada pelo artista plástico José Augusto Simões, “Maitê” traz obras dele e de outros grandes artistas paraenses, todas doadas para a mostra que busca obter, com a venda dos trabalhos, os recursos necessários ao tratamento de saúde de Maitê. São pinturas, escultura e desenhos, que podem ser adquiridos pelo Instagram. No catálogo, é possível ver imagem e obter as informações sobre a obra: técnica, dimensões e valor. 

A arte é sempre a favor da vida e na exposição Maitê, revela-se a união de artistas, cujas trajetórias se entrelaçam na história arte paraense, num período entre os anos 1980 e 1990. Doaram obras para esta exposição, os artistas Laura Calhoun, Marinaldo Santos, Marcelo Lobato, Osvaldo Gaia, Nina Matos, o próprio Simões, além de S. Antar Rohit, "in memoriam". Ele nasceu em Los Angeles, em 1960, mas se mudou para Belém aos 5 anos, onde aos 19 anos realizou sua primeira exposição na Galeria Angelus no Teatro da Paz. Faleceu em 2007. As obras dele foram cedidas pela irmã, Laura Calhoun.

Maria Tereza Barbosa Nogueira, ou simplesmente Maitê, é prima do artista plástico Simões, filha de Paulo Nogueira, casado com Telma Barbosa. Os três foram sócios no saudoso Café Imaginário, espaço cultural que existiu em Belém entre 1999 e 2010. Depois de 2010, o bar galeria, onde se comia a melhor pizza de jambú dessa cidade, aliás, onde ela foi criada, pelo artista, fechou. 

Simões se mudou para Mosqueiro, ilha distrito próximo a Belém, onde hoje mantém seu atelier. Paulo e Telma passaram a morar lá também e montaram um pequeno restaurante, o Porto o Fogo, na Praia do Paraíso, hoje fechado, por causa da pandemia. A família, no momento se encontra em Belém.

Maitê contraiu Aplasia Medular Grave e precisa de transplante

Maria Tereza Barbosa Nogueira, 22, está com muitas limitações. Há seis anos, ela adquiriu Aplasia Medular Grave, de uma Parvovirose, doença contraída por um cão. É um caso raríssimo. 

Maitê estudava artes no Curro Velho, e mais recentemente tentou começar outros cursos, mas sempre acaba largando pela metade. Agora, passa o tempo em casa, desenhando, pintando e lendo. Vive isolada e em repouso, enquanto faz tratamentos e aguarda que tudo volte ao normal. Vários caminhos foram seguidos e a esperança é que ela faça um transplante de medula. Os recursos que vierem da venda das obras vão ajudar nas medicações e custos da viagem até São Paulo, quando ela conseguir um doador, o que está bem próximo de acontecer.  

“Estamos aguardando um doador 100%, mas se precisar com urgência vai ser a irmã, que é 50% compatível. Por hora, ela está com uma sobrevida estável, pois a medula respondeu ao procedimento desse segundo ciclo da Timoglobolina”, explica Telma Barbosa, mãe de Maitê.

“Já se fez vários outros tratamentos e as plaquetas continuam baixando, oscilando. Ela precisa repor hemácias e plaquetas, tem baixa imunidade”, complementa Telma, que espera que a campanha com as obras de arte também sirva para chamar atenção da necessidade de incentivar a doação de sangue e de medula óssea. “É sempre muito barra de se conseguir. Gostaria de chamar atenção de todos para isso”, diz. 

Visite, adquira e/ou compartilhe

Exposição "Maitê"

https://www.instagram.com/exposicao.maite/ 

Acesse o catálogo de compra:

https://catalogo.stayapp.com.br/exposicao-maite

Outras informações: 91 98300-5684 (wpp)

(Holofote Virtual | Por Luciana Medeiros)

22.4.21

Projeto Moa lança a 2a coletânea nas plataformas

O Projeto Moa lança nesta sexta-feira, 23 de abril, em todas as plataformas digitais, a segunda coletânea de artistas paraenses, com o título “Pelas Fitas - Vol. II”. Trazendo dez faixas autorais gravadas entre janeiro e fevereiro de 2021, a coletânea “Pelas Fitas” foi financiada com recursos da Lei Aldir Blanc, por meio da Secretaria de Cultura do Estado do Pará. 

O Projeto Moa - Centro de Produção Musical com Tecnologias Digitais abriu, em janeiro desse ano, inscrições para seleção de artistas autorais que nunca gravaram profissionalmente. A prioridade foi dada a artistas, bandas e grupos formados nas periferias da Região Metropolitana de Belém, que trouxessem suas realidades expressadas nas canções. 

Estão presentes neste novo álbum, o rap, o carimbó e o samba, que são gêneros largamente produzidos e difundidos nas periferias da Grande Belém, mas além destas manifestações, a coletânea também traz música romântica, eletrônica, R&B e até mesmo o hardocore, com seu ritmo rápido e suas mensagens de indignação e protesto. 

Um dos destaques é a canção “Verequete Filho de Yemanjá”, composta e interpretada pela Mestra Cenira do Verequete, artista paraense que partiu para junto de seu eterno companheiro, o mestre Verequete, em abril de 2021, por conta de complicações de saúde decorrentes da COVID-19. Esta faixa é o único registro da obra de Mestra Cenira gravado em estúdio, e conta ainda com a participação do Mestre Curica no banjo e do Mestre Cancan na percussão e no coro. 

Do ponto de vista lírico, a coletânea buscou valorizar e dar representatividade a discursos e pontos de vista dos jovens negros, das mulheres e pessoas LGBTQI+, da classe trabalhadora e dos moradores das periferias urbanas. Carregadas de simbolismos e de vivências próprias desses grupos sociais em seu processo de luta e emancipação, as letras presentes no álbum “Pelas Fitas” versam sobre resistência, injustiça e desigualdades sociais, mas também trazem muito amor, desejo, magia e espiritualidade. 

A capa do álbum pretende representar as raízes profundas da música paraense por meio de uma imagem da cidade de Belém que remete tanto aos antigos discos de vinil (sobretudo às coletâneas de música clássica que eram editadas nos anos 1980), quanto aos quadros de artistas plásticos populares que expõem em feiras públicas e ruas da cidade. 

Toda a organização do processo de produção da coletânea ficou a cargo da professora, artista e produtora cultural Rebecca Braga. A curadoria dos artistas selecionados foi realizada inteiramente por jovens formados pelo Projeto Moa nas oficinas de produção de áudio e produção cultural ministradas em 2019. Além disso, dois ex-alunos do Moa que atualmente encontram-se atuando profissionalmente em suas respectivas áreas de especialização participaram ativamente da produção do álbum.

A fotógrafa Amarilis Marisa ficou responsável pelos cliques que registraram o processo de gravação e pelo gerenciamento das mídias sociais do Moa, enquanto o produtor de áudio Sebastião Trindade (do selo Black Mamb4 Records) assumiu as gravações de estúdio, a criação arranjos eletrônicos e a pós produção (mixagem e masterização) em muitas das faixas incluídas na coletânea. 

“Projeto Moa: Pelas Fitas” foi criado com o objetivo de fomentar a cadeia produtiva da música, envolvendo jovens das periferias de Belém. O trabalho conta, ainda, com o talento artístico e técnico dos produtores musicais Dan Bordallo e Leo Chermont, do estúdio Casarão Floresta Sonora, e do professor e produtor musical Giancarlo Frabetti, do selo Braçal Discos, responsável geral pela produção de áudio desse trabalho. 

Serviço

Anote na sua agenda e não perca: “Projeto Moa: Pelas Fitas - vol. II”, nesta sexta-feira, 23 de abril,  em todas as plataformas digitais.

21.4.21

Quando arte cênica e afeto se tornam audiovisuais

Nanan Falcão em cena
Fotos: Victoria Sampaio

O experimento cênico audiovisual ama Zona de nós revela as relações de afeto no Casarão do Boneco. A fotógrafa Victoria Sampaio, o ator Lucas Alberto e o músico Cincinato Marques Jr. falam sobre o processo de criação audiovisual para o projeto que recebeu apoio da lei Aldir Blanc, via edital de teatro da Secult-Pa.

Hoje são inúmeras as possibilidades de se contar uma história ou simplesmente experimentar no audiovisual. Em tempos de pandemia, até a dramaturgia passou a dialogar com a dos planos de filmagem. Os desafios, porém, são muitos e não foi diferente para o experimento cênico audiovisual ama Zona de nós do coletivo Casarão do Boneco.

O projeto, em uma situação normal, poderia ter levado, pelo menos, uns seis meses de processo e construção de roteiros, concepção de luz e fotografia, plano de filmagem, para então rodar. No entanto, foi realizado em três meses. O resultado está no canal do coletivo, no Youtube, junto a outro conteúdo do encontro sobre o processo criativo. Vale dar uma conferida. 

As filmagens foram feitas de forma individual, em dias alternados, mas nem tudo teve ensaio técnico para a câmera. Para cada cena, levou-se, em média, seis horas de trabalho que resultaram em sons, trilhas, planos, enquadramentos, cenas com câmera na mão, subjetivas, sonoplastia e por fim, a montagem final, que traduz as emoções impregnadas em cada encenação, fala, narrativa. A direção de fotografia coube a Victoria Sampaio, com assistência de Victor Peixe. Bacharel em Artes Visuais, ela atua como design, fotografia, é DJ e, agora, videomaker. 

“Eu tentei meio que me adaptar a cada ator em cena, de forma que pudesse passar na fotografia o que eles queriam dizer com suas performances. Fui testando coisas, movimentos, planos, luz e sombra”, diz ela, que vem também experimentando no audiovisual, a linguagem do vídeo clipe. “Comecei a fotografar profissionalmente em 2018 e ano passado fiz um clipe com a galera do Hip Hop, com a qual tenho contato, por ser DJ e estar muito presente nessa área”.

Victoria conheceu o Casarão do Boneco, como grupo, o Vertigem, quando este apresentou-se lá com o espetáculo circense Maresia, fruto de bolsa de pesquisa e experimentação do (extinto) IAP.  “Na época eu tocava percussão popular e entrei em cena fazendo trilha sonora e algumas atuações, foi um desafio pra mim, muito bom o processo, mas não quis atuar no teatro, a não ser por trás das câmeras”, conta.

No caso do Casarão do Boneco, ela diz que embora não esteja na cena, foi sensibilizada pela proximidade que já tem com as pessoas, pelo carinho delas pelo que fazem e por essa linguagem audiovisual e cênica, além do cuidado e respeito à poética do outro e o trabalho coletivo. “Neste sentido, essa vivência que eu já tinha me ajudou muito nesse processo do ama Zonas de nós, tanto entender eles melhor, como me entender melhor também”.

O processo de criação para o vídeo teve diversos contratempos e muita coisa precisou ser pensada na hora da gravação. “Tentamos fazer um ensaio geral, com experimentação técnica com cada uma das cenas e atores, depois que eles já tivessem desenvolvido um roteiro, mas não deu para fazer isso com todos, então tivemos que construir muita coisa já no dia da gravação”, conclui. 

Montagem, narrativa e unidade

O documentário tem 43 minutos. Há um clima de magia e afeto, ressaltados por luz, trilha sonora, encenação, fotografia e montagem, esta última, uma tarefa desempenhada por Lucas Alberto, da Cia Sorteio de Contos, que também estava na cena.

“A equipe de filmagem se aventurou em um mar de experiências guiadas pelas inspirações dos intérpretes criadores. A carga recolhida nesta embarcação foi o material para tecer as histórias contadas. Obviamente de conteúdo heterogêneo que no seu inconsciente se interligam”, diz Lucas Alberto que ficou com o desafio de dar unidade final ao material na montagem.

Em relação à montagem, o processo não foi tão difícil quanto até se imaginou inicialmente. Para ele, embora sejam sete cenas distintas, elas possuem uma conexão que se dá pela luz, mas também pela presença de objetos que aparecem em mais de uma cena, e também pelas estruturas ritualísticas, tendo como indutor criativo, os temas do território e ancestralidade em cada cena. Outro ponto de consenso nas cenas é que todas mostram o Casarão do Boneco, que por tanto se torna o protagonista e condutor de sua própria história de afeto.

“A variedade de linguagens é a maior qualidade do Casarão do Boneco, por consequência foi um aprendizado ver cada expressão filmada. Cada cena foi para mim um processo de criação com os outros, sentia como se tentássemos transpor a essência de cada ritual/cena.”, conclui Lucas que se aproximou e atua no coletivo Casarão Boneco com a Cia Sorteio de Contos.

Lucas conheceu o Casarão do Boneco em 2006 e, ao ver Paulo Nascimento e Adriana Cruz, da In Bust, dando uma aula de manipulação de bonecos, ficou encantado. “Nunca tinha visto nada igual e me encantei, tudo que eu via naquela casa eu queria aprender um pouco. Quando eu voltei de Belo Horizonte (MG) fui até lá para uma reunião sobre uma campanha de reforma da casa. Desde então, é impossível contar sobre mim sem falar do Casarão do Boneco”, conclui o ator que já vem experimentando há mais tempo o exercício da montagem no audiovisual.

E assim se fez o som

Cincinato Marques, músico e professor, eterno brincante, atuou no som do documentário, e em todas as suas vertentes, do direto à trilha, e ainda  a sonoplastia, pela qual ele tem se encantado e estudado. "É algo riquíssimo,  um momento parte de composição da película", diz ele que também inclui na trilha duas músicas produzidas por ele, que também fez o som direto. Eu já faço trilhas para documentários, mas desta vez acabei fazendo tudo referente ao som do vídeo.  Foi uma experiência nova pra mim. Já a finalização, fizemos com o Ziza Padilha, do Zarabatana Stúdio”.
 
Para ele, o processo com o ama Zonas de Nós foi rico, envolvendo várias cenas e mais desafios. "A gente teve que pensar no som para cada uma delas. Construí a trilha a partir das conversas que tivemos com cada um dos fazedores, sobre a dramaturgia e a partir daí poder criar. E o que fica é mais uma vez se vem reafirmar esse pensamento de que a gente precisa desse fazer coletivo, com participação e escuta, numa zona de afeto com o casarão e com as pessoas”, conclui Cincinato.

Cincinato está está no coletivo desde 2015, quando fez assistência de produção no projeto “De Bubuia pelo rio Amazonas”. Ele lembra que foram 28 dias de viagem de barco. Partindo de  Santarém, Alter do Chão, Monte Alegre, Prainha, Alenquer, indo até Macapá. “Foi num momento em que na música, o Quaderna teve problemas internos e se desestruturava, então eu acabei abraçando a proposta interessante do Casarão do Boneco, e que tinha ver com o que eu buscava como ideal, que é de partilhar esse fazer arte, esse exercício artístico de criação”.

Para ver

O experimento "ama Zonas de nós - rios de cenas no Casarão do Boneco" e o vídeo do encontro de compartilhamento de experiências, com os artistas casarônicos, estão no Canal YouTube do coletivo. 

Espetáculo reúne artes cênicas e cultura alimentar

Acrobacia aérea, dança, teatro e audiovisual para falar sobre corpo, espiritualidade e cultura alimentar. O espetáculo Sus-T-Ância, resultado do projeto “O corpo sem órgãos tem fome de sentidos”, aprovado pelo Edital Arte Livre da Secretaria Secretaria da Cultura do Estado do Ceará (Secult Ceará), com apoio da lei Aldir Blanc, é realizado pelo coletivo de combate à transfobia e demais preconceitos, Transpassando, do Ceará. A estreia é nesta quinta-feira, 22, às 18h, com transmissão pelo canal de YouTube

O espetáculo Sus-T-Ância atravessa questões históricas, culturais, políticas, gastronômicas e espirituais, que permanecem intimamente ligadas a ancestralidade dos povos originários e diaspóricos do território cearense e às referências de culturas orientais sobre alimentação e espiritualidade. 

Feito por pessoas trans, negras e/ou periféricas, o experimento apresenta um misto de poética e política através de linguagens artísticas como acrobacia aérea, dança, teatro, gastronomia e audiovisual, e também integra metodologias audiovisuais para a promoção da acessibilidade em vários âmbitos, uma das lutas movidas pelo coletivo Transpassando. Assim, o espetáculo estreia, em versão online, pelo YouTube e em versão única, com um layout que integra legenda, Libras e Audiodescrição à própria apresentação estética do espetáculo. 

Na equipe, além dos artistas cearenses, estão três paraenses radicados em Fortaleza, a fotógrafa Viviane Siade, que assina o ensaio fotográfico,  Dani Olivatto, ficou com a preparação de corpo e também atua em cena; e nas acrobacias, o artista Luan Alex W., que também é autor do projeto de arte pesquisa que dá origem ao espetáculo.

“Eu entendo que a acrobacia aérea é uma ferramenta através da qual posso chamar a atenção para temas relevantes e a questão da cultura alimentar tem uma importância assim estrutural na sociedade, porque a forma como a gente se organiza, tem a ver com o que a gente come, e isso se agrava atualmente no Brasil", diz Luam. 

"Há um retrocesso sócio econômico que nos leva de volta ao mapa da fome mundial. Existem muitas palestras, documentários e livros sobre o assunto, daí, como arte-educador, vem a vontade de, através da arte, passar também essa mensagem e voltar as atenções para esse tema”, explica.

E fazer acrobacia aérea, dança, teatro e demais artes cênicas, requer preparo físico e um corpo bem nutrido para explorar o seu potencial adequadamente.  "Essa nutrição tem a ver com alimento em amplos sentidos, o que é um dos motes do espetáculo, explorar nossos sentidos", continua Luam.

O coletivo se baseou nos conhecimentos da medicina chinesa, que classifica os alimentos em cinco sabores, e os associa com as cinco emoções humanas básicas.  “Não é só o que a gente come mas como a gente come. Na pesquisa preparatória, encontramos estudos que associam distúrbios psicológicos à alimentação e o principal é a própria depressão que é uma doença que afeta boa parte da população LGBT da qual fazemos parte”, conclui Luam.

Produzido pelo Projeto de Gestão Administrativa e Produção Cultural do programa de extensão Transpassando Uece - Universidade Estadual do Ceará, com apoio do Coletivo Kintal de Afetos; o espetáculo estreia nesta quinta-feira, 22 de abril, em alusão ao Dia da Terra e à programação do Abril Indígena, mês de visibilidade do movimento dos povos originários em defesa da demarcação das terras e valorização das culturas indígenas. 

Ficha Técnica

Produção Executiva: Projeto de Produção Cultural - Transpassando UECE.

Roteiro: Equipe de Arte-pesquisa.

Textos originais: Gabriel de Oliveira Bastos  e Paulo W. Lima.

Artistas em Cena: Dani Olivatto (Dani), Gabriel de Oliveira Bastos (Gaê), Lipe da Silva (Lipe), Luam Alex W. (Luam), Lukresya Nascimento (Lukresya) e Paulo W. Lima (Paulo).

Preparação de corpo: Dani Olivatto

Ensaio fotográfico: Viviane Siade

Acrobacia aérea: Luam Alex W.

Orientação técnica: Livia Soares

Iluminação: Gregório Souza

Maquiagem: Lukresya Nascimento

Figurino: Dona Lêda, Dona Lenir e Gleicilene Lopes

Filmagem e Edição: Sadry Lima Gomes

Finalização: Paulo W Lima

Sonoplastia: Paulo W Lima e Sadry Lima Gomes

Vozes em Off: Gabriel de Oliveira Bastos e Lipe da Silva

Trilha sonora:

Evolução de Bateria - Maracatu Estrela Brilhante do Recife

(Mother Earth's) Plantasia - Mort Garson (1976) Full Album

Creepy Circus & Carnival Music - Night at the Carnival 

Lia de Itamaracá - Quem Me Deu foi Lia 

Entrevistades durante o processo criativo: Ana Paula Braga, Ivânia Maria Cavalcante Alencar, Manoel Inácio do Nascimento, Lucy Rivka, Sandra Petit, Ziane Maju.

Acessibilidade:

Coordenação e edição: Paulo W Lima.

Legendagem: Carolina Nunes (Kol) e Paulo W Lima.

Tradução em LIBRAS: Isabel Costa e Wiliana Almeida.

Audiodescrição: Paulo W Lima e Coletivo Kintal de Afetos.

Mais informações: transpassando@uece.br / Instagram: @transpassando

20.4.21

Amazônia Doc lança filme e mostra dos 10 anos

O documentário “A Pajé” será lançado nesta quarta-feira, 21, às 19h, no canal do YouTube do Amazônia Doc. Haverá bate papo com as diretoras
 Letícia Ottomani, Nelma Salomão e Helena Alba; a convidada especial, Júlia Yawanawa, pajé da etnia Yawanawa (Acre). A mediação é de Zienhe Castro, da coordenação do festivalO filme será exibido às 20h, na AmazôniaFlix.

O documentário mostra a história de Hushahu Kátia Luíza Yawanawa, uma mulher Yawanawa que em 2005, aos 25 anos de idade, decidiu romper a tradição de seu povo para tornar-se pajé e receber a informação dos espíritos sagrados, segundo a cultura daquele povo, e os ensinamentos dos pajés anciões da aldeia. O retiro feito por Hushahu e sua irmã Raimunda Putani incluiu dietas, banhos e o uso de medicinas da floresta.

A diretora Letícia Ottomani explica que no documentário, o objetivo foi abordar questões de sexismo em povos tradicionais e ainda os ensinamentos sobre tradições ancestrais da medicina da floresta. “O filme trata, por exemplo, da produção do UNI (ayahuasca) e o uso dessa bebida pelos indígenas. Se a gente parar para pensar, o lugar de expressão acaba se manifestando no mistério, o que só é possível quando você também se disponibiliza a ter uma escuta e uma crença na existência desse mistério”, diz.

Antes de Hushahu e Putani o uso das medicinas da floresta e o conhecimento das tradições espirituais Yawanawá eram restritos aos homem, mas vários deles haviam tentado cumprir o ritual para se tornar um pajé e não conseguiram completar o percurso. 

“O filme busca apresentar o feito dessa grande potência feminina que consegue romper com a estrutura patriarcal bem enraizada nas culturas nativas, e que passou a servir de referência direta para outras mulheres de dentro e de fora da aldeia, assim como o discurso e o trabalho espiritual das mulheres, que passaram a ser reconhecidos”, completa Ottomani.

Mostra 10 Anos - A programação desta quarta-feira, 21, é apenas um aperitivo para a Mostra Especial 10 anos que o Amazônia Doc abre dia 28 de abril, às 19h, pelo canal do YouTube. Além de bate papo, com cineastas convidados, nesta abertura, o evento prevê exibição de 42 filmes que já foram premiados nas seis edições já realizadas. A programação que se estenderá até dia 30 de maio. A mostra terá ainda encontros virtuais, duas oficinas e duas masterclasses. 

Serviço

Lançamento de "A Pajé", nesta quarta-feira, 21, às 19h, pelo Youtube, e às 20h, pela AmazôniaFlix, antecipando a abertura da Mostra Especial Amazônia DOC - 10 anos, que ocorrerá de 28 a 30 de maio. Projeto contemplado pela Lei Aldir Blanc Pará - uma realização da Secretaria Especial de Cultura do Ministério do Turismo e Governo Federal, Secretaria de Cultura do Pará, Governo do Pará.

(Holofote Virtual, com informações da Assessoria de Imprensa)

19.4.21

Ficca recebe inscrições para mostras de dezembro

O Festival Internacional de Cinema do Caeté dá continuidade a sua sexta edição e receberá até dia 1º de agosto, a inscrição de filmes para suas mostras que ocorrem em dezembro. Este ano, o festival vai premiar dez categorias, entre longas, médias, curtas-metragens, documentários, animação, videoteatro, performance audiovisual, e experimental. Além destes prêmios, o FICCA irá selecionar obras também para as Mostras não-competitivas “Negro Ficca”, “Cinema contemporâneo de resistência” e “Caeté-Cult”.

A “Negro Ficca” é de caráter internacional e seleciona e exibe filmes de autores negros e/ou de temáticas a partir da arte e da resistência negra, podendo estes serem escolhidos entre os filmes concorrentes ou entre as obras de realizadores negros, e/ou de temáticas negras, que foram submetidas ao festival.

A “Cinema contemporâneo de resistência” é de caráter internacional, sendo constituída de filmes de narrativas temáticas sobre juventude, mulheres, comunidades LGBTs, trans, indígenas, tradicionais,  quilombolas, pescadores,  extrativistas, e comunidades locais.

A “Mostra Caeté-Cult” é um concurso de curta-metragem paraense, cujo processo de inscrição e prazos acontece em conjunto com o FICCA, sendo que todos os realizadores de curta-metragens paraenses que submeterem obras ao FICCA, e que desejam ter seus filmes apreciados pelo Caeté-Cult, devem concordar com os princípios estabelecidos no Regulamento do FICCA.

Os filmes distinguidos como vencedores de cada categoria receberão um DIPLOMA, sendo, exibidos em sessões organizadas pelas entidades parceiras do certame, no Brasil, em Portugal, e em África, e ainda disponibilizados parcial ou integralmente em sites, redes, plataformas colaborativas que apoiam o festival. Os selecionados pela Comissão dos Juris Oficial serão conhecidos a partir 1º até o dia 10 de Outubro.

Acesse a playlist do nosso Canal de Youtube para ver 
todas as lives e todos os filmes da mostra 8Tava Maravilha.

O júri, constituído por realizadores, pesquisadores, professores e artistas convidados, observará as diversas linguagens e técnicas artísticas, poéticas e estéticas e políticas, que estruturam as narrativas, assim como os seus elementos constitutivos, como diferentes estilos de direções, de fotografia, produção, cenografia, figurino, maquiagem, trilha sonora, montagem, roteiro, texto, e performance, independentemente do formato de captação, do tempo de duração.

Projetos  - O FICCA é uma iniciativa sem fins comerciais, com atividades previstas para acontecer em espaços culturais de África, Portugal e Brasil, em 2021, sendo presidido pelo seu criador, o poeta e realizador Francisco Weyl, com a finalidade refletir sobre a lógica do mercado audiovisual, enraizar a arte cinematográfica no cotidiano de comunidades locais, conquistar novo público para o cinema, potenciar a liberdade criativa, e estimular o surgimento de novos realizadores, a partir de ateliers entre jovens, em escolas, associações, comunidades periféricas, tradicionais, e quilombolas paraenses, amazônidas, lusíadas, e africanas.

Entre 25 de Março e 5 de Abril, o FICCA realizou uma jornada de 12 dias, com apoio do edital Audiovisual Lei Aldir Blanc Pará 2020, tendo, nesse período, realizado a Mostra 8ITAVA Maravilha (doze filmes); homenagens a realizadores amazônidas e lusíadas, com exibição de filmes de Chico Carneiro e Sério Fernandes; anteestréia do filme #FEITIÇO, de Rosilene Cordeiro, oficina artística, com resultado do filme "O Quilombo é meu lugar, minha casa"; rodas de conversa sobre: Cinema Amazônida, a Década Internacional da Afrodescendência,  e O Cinema das Amazonas; e o lançamento do livro KYNEMA (Francisco Weyl). 

Além disso, o festival renovou a parceria com o projeto Aluno Repórter direcionada à formação de tv, rádio e jornal para jovens quilombolas da Região dos Caetés; criou o Cineclube do Quilombo do América, responsabilizando-se em dar assistência até o final de 2021; firmou parceria com a TV Cultura do Pará no sentido de organizar uma semana de exibição de filmes que participam do FICCA, em maio, e apresentou ideias para uma Carta-Proposta para a Arte Amazônida.

Serviço

Interessados em participar dos concursos devem ler atentamente ao Regulamento (http://www.ficca.net.br), preencher, e enviar o formulário de inscrição (https://bityli.com/R6G8y) com os documentos solicitados. Uma taxa simbólica de R$ 10,00 (Dez Reais) será cobrada pela inscrição e solicita-se que realizadores e produtores sigam as redes sociais do FICCA. 

Mais informações: ficcacinema@gmail.com.

(Holofote Virtual com informações do Ficca)

14.4.21

Pai Raimundo se despede com ritos e encantarias

Rituais de passagem, som de tambores, rezas e ladainhas marcaram o início do projeto "Encantarias de São Benedito: performances visuais do Santo Preto em comunidades de terreiro em Bragança-PA”, selecionado pela Lei Aldir Blanc do Pará, prêmio Artes Visuais FotoAtiva. 

O projeto visa a produção coletiva de fotos e videoperformances em dois terreiros de Bragança, que dialogam com a relação ritualísticas dos cultos a São Verequete (Toiá Averequete da tradição afro-brasileira do Tambor de Mina) e  São Benedito da tradição católica. Foram escolhidos os terreiros de Pai Raimundo e de Pai Kauê, irmão e filho-neto de D. Rosa, maruja mantenedora da tradição da Marujada e do Tambor de Mina e Umbanda, salvaguardando a ancestralidade cabocla bragantina que resiste aos processos de apagamento dessa cultura na região.

O projeto, porém, não começou exatamente como o planejado. As oficinas de foto-performances e videoperformances que iriam iniciar, quando veio a notícia triste. Pai Raimundo, do Terreiro da Vila que Era, faleceu. No dia 8 de março a equipe precisou pensar rápido. Os rituais para o velório iriam começar naquele dia à noite e entrar pela madrugada.

“Estávamos prontos para iniciar as oficinas no Terreiro do Pai Raimundo, mas com isso, tomamos a decisão de priorizar os registros dos ritos de passagem que ocorreram na comunidade após a morte dele. Registramos, entre outras coisas, o Tambor de Choro, ritual do Tambor de Mina e da Umbanda, em que se toca o tambor e se dança para o ente querido em despedida, e transformar tudo em vídeo-performances”, diz Pedro Olaia, profesor, ator, performer e articulador cultural em rede, atuando no projeto na pesquisa e na condução das oficinas de foto e video-performances.

Esmolação recebida no Terreiro

Raimundo Matos da Silva tinha 58 e era conhecido como Pai Raimundo. Ele cuidava do terreiro localizado na Vila Que Era, o único que ainda recebe, em seu terreiro, na Vila que Era, a esmolação da Comitiva de São Benedito, além de manter viva a tradição do tambor de Mina e culto a São Verequete. Todos os anos, ele também participava, no dia 25 de dezembro, da festa da marujada, adentrando e dançando no barracão, saindo depois para o terreiro, onde as celebrações continuavam. 

“No projeto, estamos propondo a interlocução entre fotografia, audiovisual e performance, apresentando ao público outras possibilidades de narrativas para preservação da memória social dos devotos de São Benedito de Bragança, que borram as fronteiras e caminham entre a fé ocidental e as tradições da sua ancestralidade local. Os resgistros feitos no terreiro do Pai Raimundo farão parte das exposições”, continua Pedro Olaia.

Nesta semana, a expectativa é retomar as atividades presenciais, com o fim do lockdown previsto para esta quinta-feira, 15. “Neste outro terreiro iremos realizar as três oficinas de fotoperformance e videoperformance, entregando os equipamentos nas mãos dos participantes, residentes naquela comunidade. Eles farão os registros, cujos resultados serão apresentados também numa exposição no terreiro e outra na cidade”, conclui Olaia.

O resultado contará com  três momentos de exposição. Mostra dos registros em vídeo e fotografias (etnografias visuais), da Ladainha e do Tambor de Choro, na antiga casa do Pai Raimundo; mostra das videoperformances e das fotoperformances no terreiro do Pai Kauê e mostra dos dois trabalhos em praça central em Bragança.

O projeto conta ainda com Pierre Azevedo, pesquisador e produtor em projetos científicos, culturais e audiovisuais, voltados à cultura popular, comunidades amazônicas, patrimônio cultural e artes visuais; Mayka Melo, fotógrafa bragantina, mantenedora da cultura popular como maruja há sete anos; Marília Frade, artista-pesquisadora e educadora com estudos teóricos e práticos no teatro do oprimido, moradora de Bragança; Raquel Leite, fotógrafa bragantina com obras realizadas na área do audiovisual, e San Marcelo, operador de câmera, diretor, roteirista e montador. 

Por enquanto, as atividades seguem suspensas, também por causa do lockdown que permanece em vigor na cidade. O novo cronograma prevê a realização das oficinas em maio. No momento, a equipe trabalha de forma remota, editando os vídeos e fotos que já foram produzidas.

Acompanhe o projeto, nas redes sociais @encantariasdesaobenedito

Fotos: Raquel Leite

Texto: Holofote Virtual | Luciana Medeiros

(Reedição - texto publicado originalmente no Caderno de Cultura de O Liberal, em 13 de abril de 2021)

Thiago D’Albuquerque lança "Árvores que Tocam"

O título traduz em parte o resultado do trabalho que o percussionista, produtor e compositor Thiago D’Albuquerque traz neste disco. As composições já trilharam o espetáculo homônimo apresentado há dois anos no Festival de Ópera do Theatro da Paz, e agora chega ao público, em formato de álbum. O lançamento será no dia 17 de abril, em todas as plataformas digitais, com apoio da Lei Aldir Blanc-Pa.

Para compor a obra e apresentar o espetáculo em 2019, Thiago  primeiro entrou na floresta para gravar diversos sons para depois, a partir de pesquisas e experimentações no estúdio, chegar aos instrumentos dos quais pudesse extrair as mesmas sonoridades numa trilha que sugerisse as imagens desse ambiente amazônico da floresta, com sons de pássaros, folhas, vento e tempestades.

“No espetáculo, eu era limitado pela instrumentação e é nisso que o disco agora se difere, ganhando uma cara mais trilha de filme mesmo. No disco pude abusar disso. Misturei instrumentos de peles com instrumentos da música erudita e outros que vieram até da construção civil e cheguei na textura que eu queria. Quis trazer também esse mundo da tecnologia com o qual eu dialogo e isso foi uma dificuldade para as pessoas entenderem”, continua.

O compositor explica que o espetáculo “Árvores Que Tocam” foi uma espécie de processo de amadurecimento musical que o trouxe até aqui. “Desejava compor um trabalho onde eu fosse exigido a melhorar todas as habilidade que adquiri durante minha carreira, mas sempre que visualizava a execução do projeto via a barreira,  como vou conseguir os instrumentos da música erudita? Mas logo pensava,  calma faz o que está ao seu alcance neste momento”, complementa.

Foram necessários alguns anos de pesquisa e testes, até que ele fez a parceria com a Emufpa – Escola de Música da UFPA - tornando possível o projeto, em seis meses. “Eu larguei absolutamente tudo para me dedicar 24 horas por dia para escrever todas as partituras e depois de mais 4 meses de ensaio, estávamos prontos para realizar a primeira apresentação”, lembra.

"Agora, estarei lançando a obra completa nas plataformas digitais. Desejo pós- pandemia poder viajar e levar esse projeto para outros lugares, possibilitando essa experiência musical para várias pessoas”, finaliza. O projeto tem produção da CRibas Soluções.

Thiago já integrou big band e orquestras; inúmeras bandas bases em festivais de música, fez trilhas para espetáculos de dança, teatro e cinema; e já acompanhou cantores como Marco André, Ivan Cardoso, Mário Mousinho, Fabrício dos Anjos, Elias Haje, Edson Catendê, Adriana Cavalcante, Pedrinho Cavalero, Lígia Savedra, Olivar Barreto, Leila Pinheiro, Joelma Klaudia, Maria Lídia, Juliana Sinimbú, Alfredo Reis e Ângela Carlos.

Para acompanhar e saber mais:

Perfil Thiago D'Albuquerque + Vídeo

YouTube - Canal de estreia

Programe-se para a 19a Jornada Pinhole Day Belém

#contarhistoriaspinholeday2021

Entre os dias 17 e 22 de abril, gratuitamente, a 19ª edição da Jornada Pinhole Day Belém traz como tema “Contar Histórias”, um convite para compartilhar e criar novas experiências através da fotografia artesanal. A programação terá dois bate-papos e quatro lives no canal do Youtube da Fotoativa e conta com participações internacionais. 

A Fotoativa vem realizando, anualmente, desde 2002, o Projeto Pinhole Day Belém, inspirando-se no Worldwide Pinhole Photography Day, um evento mundial que busca promover o conhecimento e a reflexão sobre a prática da fotografia pinhole e suas possibilidades.

Ao longo dessa trajetória a programação foi ampliada com atividades complementares como oficinas, rodas de conversa, mostra de resultados e um tema com o objetivo ativar processos de criação e reflexão de práticas que envolvem essa técnica. Este ano, uma novidade é que a Jornada Pinhole Day Belém tem parceria do Centro de Fotografía de Montevideo , que no dia 22 de abril irá lançar a publicação “Fotografía estenopeica: prácticas y reflexiones”, da coleção Cuadernos.  

Nesses quase 20 anos de projeto, o pinhole foi difundido em Belém e hoje muita gente conhece e trabalha com essa modalidade de fotografia produzida com dispositivo fotográfico sem lente. No lugar da lente, um furinho pelo qual um único feixe de luz, que constitui a imagem do assunto, se projeta para dentro da câmera escura e é “capturada” em material fotossensível (papel, filme fotográfico ou até mesmo um sensor digital).

Programação Geral


LIVES:

-> 17 de abril 2021
sábado, 16 horas
“A_PONTE: Lab. de Fotografia Pinhole na UP Santo Antônio (Combu)”, com Adriele Silva da Silva e mediação de Josianne Dias.

->20 de abril 2021
terça, 19 horas
Conversa com Lucía Nigro (UY) sobre processos educativos no Centro de Fotografía de Montevideo, mediação de Martín Pérez (UY).

->22 de abril 2021
quinta, 19 horas
Lançamento da publicação “Fotografía estenopeica: prácticas y reflexiones”, da coleção Cuadernos Educativos do Centro de Fotografia de Montevideo, Uruguai. Neste encontro, participarão os autores na publicação Miguel Chikaoka (BR/Fotoativa) e Alejandra Marín (AR/CdF), junto a Daniel Sosa (UY/CdF) e Lucía Nigro (UY/CdF).

->24 de abril 2021
sábado, 16 horas
“Imaginar outras imaginações - o pinhole e suas possibilidades de fabulação”, com Tatiana Altberg e mediação de Miguel Chikaoka.

BATE PAPOS:

->25 de abril 2021
domingo, 9 horas
Bruno Alencastro + Alexandre Sequeira
Projeto Obs - cu - ra + “A socialização da experiência poética a partir da câmera pinhole”

->25 de abril 2021
domingo, 17 horas
Simone Wicca + Miguel Chikaoka
Pinhole em projetos educativos + “Simplesmente Pin-hole: entre a potência e a essência”


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12.4.21

Festivais de Cinema da Amazônia entram na roda

Cinco produtores e coordenadores de festivais realizados no Pará vão debater “A Importância dos Festivais e Mostras de Cinema na Amazônia”. A live ocorre nesta quinta-feira, 15, às 10h, pelo canal de YouTube do Projeto Cinema no Marajó. Participam Zienhe Castro, do Festival de Cinema Pan-Amazônico Amazonia Doc; Francisco Weyl, do Ficca - Festival Internacional de Cinema do Caeté; Delen de Castro,  do Festival de Cinema Negro Zélia Amador de Deus; Joyce Cursino, do Telas em Movimento; e Alessandro Campos, do Festival do Filme Etnográfico do Pará e produtor executivo do Projeto Cinema no Marajó. 

“A principal motivação para a realização de um filme ou de um projeto audiovisual é a visualização e o alcance desse produto. Ninguém faz um filme, um documentário para não mostrar”, explica Alessandro Campos. “A discussão é uma tentativa de fomentar e incentivar cada vez mais canais de exibição. Dessa forma, estaremos incentivando ao mesmo tempo a produção”, acrescenta. 

É importante o debate que o Projeto Cinema no Marajó traz, reunindo esses festivais que ousam pular um bocado fora da caixinha e se reinventaram neste momento de práticas virtuais, sem perder o foco comprometido com a produção amazônida de cinema, com debates e ações de formação. Ao longo dos anos vários festivais têm surgido no Pará e não só a partir de Belém, como o Ficca, que vem de Bragança e é bacana citar aqui também, o VI FIA CINEFRONT - Festival Internacional Amazônida de Cinema de Fronteira, com sede em Marabá, e que inicia nesta quinta-feira, 15, no mesmo dia desta live. 

Debater de que forma todos esses festivais podem somar e potencializar uns aos outros, se faz necessário. Quem saber prever datas de realização a fim de organizarmos um calendário anual? O Ficca acaba de ser realizado trazendo exibição, debates importantes como o cinema das Amazonas e oficina em território quilombola, em Bragança. Trouxe ainda homenagens a realizadores também comprometidos com a região. O Telas em Movimento acaba de começar, trazendo o cinema da periferia e o debate importante da inclusão digital. Já o Amazônia Doc abre mostra retrospectiva de 21 a 30 de abril, pelo canal de streaming AmazôniaFlix, jogando luz sobre o cinema feito na Pan Amazônia. 

O Amazônia Doc, o Ficca e o Telas em Movimento migraram para o formato digital e têm apoio do Edital de Audiovisual Lei Aldir Blanc Pará 2020. O Festival Etnográfico do Pará e o Festival de Cinema Negro Zélia Amador de Deus tiveram duas edições, cada, mas este ano não tenho notícias de novas edições. Ficou mais difícil produzir? Depois de um ano, de que forma os coordenadores desses festivais avaliam o formato digital de exibição e o relacionamento com equipe, realizadores e público? Enfim,  além disso ainda tem muito mais pano pra manga nessa conversa. Os produtores de festivais se encontrarão no dia 15 de abril, às 10h, com transmissão ao vivo pelo canal do projeto no YouTube.

Miguel Chikaoka homenageado no FIA CINEFRONT

Embora exista muita diferença entre a imagem e a realidade que ela supostamente deveria apresentar, narrar contextos amazônicos através de fotografias se revela na exposição "Amazônia, Adeus" que celebra a obra do fotógrafo Miguel Chikaoka durante o VI Festival FIA CINEFRONT, no dia 3 de maio, às 19h, pelo canal de YouTube.

Fotografar é interpretar a si, aos outros e ao mundo. O trabalho do fotógrafo se assemelha ao ofício de um contador de histórias, capaz de narrar um fato através de uma fotografia. Essa exposição traz à tona denúncias sobre as condições de vida das populações locais, pois Chikaoka dispõe de imagens da luta camponesa pela terra, dos impactos da exploração mineral na região e da resistência dos povos indígenas no combate à invasão de suas reservas. 

As fotos fazer parte do acervo de imagens produzidas entre as décadas de 1980 e 1990, nas regiões do sul e sudeste do Pará. São fotografias produzidas em contextos marcados historicamente por intensos conflitos, violência e massacres, não muito diferentes de um cenário de guerra. Em registros do cotidiano nas trincheiras contra violações de direitos e desigualdade social, em meio ao agravamento da expropriação dos recursos naturais e a destruição da Amazônia, Chikaoka captou a tônica do processo de ocupação da região do final do século XX.

A história de Miguel Chikaoka e seu deslocamento para a Amazônia se cruza com fatos cruciais da história recente da região. Ao fixar residência em Belém na década de 1980, ele inicia sua atuação no contexto da produção fotográfica local, promovendo eventos fotográficos que culminam na formação do coletivo Fotoativa – transformado em associação nos anos 2000 e que continua em funcionamento até os dias atuais. Amazônia, Adeus surge de uma curadoria realizada a partir do acervo do fotógrafo durante as viagens realizadas como correspondente das agências F4 (entre 1981/1991), N-Imagens (1991/1994) e como fotógrafo do jornal Resistência, da Sociedade Paraense de Defesa dos Direitos Humanos (SDDH). 

Imagens-denúncias floresta adentro 

Miguel Chikaoka - Foto: Alberto Bitar

O acervo do fotógrafo guarda ainda registros dos impactos das famílias que foram desalojadas pela Eletronorte para construção da Hidrelétrica de Tucuruí, com fotografias do Acampamento dos Expropriados da Barragem de Tucuruí, em 1984. No sul do Pará, em 1987, Chikaoka viajou pela região realizando um trabalho de denúncia sobre serrarias instaladas ilegalmente dentro da floresta. 

Este acervo apresenta ainda retratos de indígenas durante o Encontros dos Povos Indígenas, no ano de 1989, em Altamira, em que os indígenas assumem o protagonismo no ato de segurar a câmera filmadora, revelam um olhar sobre si diante do mundo. 

As fotografias do projeto Infância e Adolescência na Amazônia, de 1991 – ação realizada através da Organização Meninos e Meninas de Ruas da República de Emaús, coordenados pelo Padre Bruno em parceria com a UNICEF – buscou traçar um perfil das crianças e dos adolescentes do interior da Amazônia, documentando a realidade do trabalho infantil, as condições gerais nas escolas, as questões relacionadas ao saneamento básico e condições de moradia, alertando ainda para o risco da prostituição infantil. 

Amazônia, Adeus é uma proposta visual reflexiva sobre fatos e acontecimentos narrados por Miguel Chikaoka, que possibilitam compreender os diferentes contextos exploratórios do processo de desvalorização da Amazônia. É uma tentativa de rememorar estas ocorrências históricas que permeiam a memória social desta região, pois adota o envolvimento do olhar fotográfico como um modo a denunciar e apresentar estas realidades amazônicas em fotografias e desta forma, narrá-las.

Live - A homenagem a Miguel Chikaoka será por meio de uma live, no dia 3 de maio, com mediação do artista visual e professor da Unifesspa, Armando Queiroz e participações especiais. Participarão da live a curadora da exposição e professora da Unifesspa, Cinthya Marques, o militante e ativista dos direitos humanos, agroecologia e da luta pela terra na região, Emmanuel Wambergue e o artista visual Marcone Moreira, que produziu uma obra inédita a ser entregue ao homenageado. Além disso, o evento contará também com a intervenção poética de Ademir Braz. 

Serviço

O VI Festival Internacional Amazônida de Cinema de Fronteira - FIA CINEFRONT abre nesta quinta-feira, 15 de abril e vai até 15 de maio, trazendo exibição de filmes, debates, mesas redondas e sessões especiais.  O projeto é totalmente online, financiado pela lei estadual paraense Aldir Blanc de Emergência Cultural. Mais informações pela plataforma www.cinefront.org.

(Holofote Virtual com informações da assessoria de imprensa)

Casarão do Boneco lança o vídeo ama Zonas de nós

Coletivo Casarão do Boneco
Foto: Victoria Sampaio e Victor Peixe
13 artistas criadores-encenadores em imersão artística e afetiva realizam o experimento "ama ZONAS de nós - rios de cenas no Casarão do Boneco", selecionado pelo edital de Teatro da lei Aldir Blanc Pará. A pré-estreia é nesta quinta-feira, 15, com inscrição prévia. O lançamento oficial será no dia 16, às 20h, no canal de Youtube. 

Depois de um ano de portas fechadas, vivenciando um processo de transformação dos modos de criação, em plataforma digital, o coletivo se debruçou em um novo formato de co-criação e autoconhecimento, que resultou no "ama Zonas de nós", projeto que pretende, não só revelar as zonas de afeto de cada artista no Casarão do Boneco, como se (re)conectar com o público que também ficou privado da visitação do espaço.

Ao todo foram produzidas sete cenas que revelam essas relações. Nesta quinta-feira, haverá um encontro de compartilhamento desse processo processo artístico, e do qual os interessados em participar devem pedir o link de inscrição pelo whatsapp: (91) 98084 7126, e depois no dia 16, o lançamento do vídeo será aberto ao público, pelo canal de Youtube, às 20h.

O projeto misturou as linguagens do teatro e do cinema para relacionar memória, áreas afetivas e significações pessoais de ancestralidades, reverberados em cada um dos participantes, que escolheram um cômodo do Casarão do Boneco, como zona indutora de seu processo criativo para desenvolver sua cena. Aníbal Pacha, um dos habitantes do Casarão do Boneco, também diz que esse momento de criar junto, diante de todas as dificuldades impostas pela Pandemia, é importantíssimo, em que o grupo consegue se "re-vincular, re-traçar, juntar novos e outros afetos. Afetos no fazer, no desejo” diz o artista. 

Aníbal Pacha
Foto: Victoria Sampaio e Victor Peixe

Para ele, o "ama ZONAS de nós" promove um encontro particular, resgatando o amor dos artistas pelo espaço e reagrupando os fazeres do coletivo. "Para mim é muito importante pensar a criação artística em grupo, e esse projeto veio para isso, para juntar espaço físico com o espaço pessoal de cada um.  São duas casas: o corpo do coletivo e o corpo do casarão”, conclui.

Adriana Cruz, que participa do experimento artístico, esse processo faz parte de um grande exercício de produzir arte coletivamente. "Sim, o exercício de trabalho horizontal. Significa que é construção permanente. Não só de gestão, mas exercitamos a criação. Dar lugar às vozes de todxs os artistas produtores. Fácil não é, mas é muito importante pra nós, aprender a deixar o outro dizer o que pensa, ouvir e saber dizer o que pensa como artista de modo a colaborar, a misturar ideias, corpos, imagens. Tem sido um exercício instigante, como foi o Velório da Matinta”, diz a atriz e escritora.

Além dos dois, também co-criaram Cristina Costa, Paulo Ricardo Nascimento (In Bust Teatro Com Bonecos);  Andrea Rocha, Thiago Ferradaes e Fafá Sobrinho (Produtores Criativos); Maurício Franco (Bando de Atores Independentes); Lucas Alberto (Cia Sorteio de Contos); Leonel ferreira (Cia Madalenas de Teatro),  Nanan Falcão, Cincinato Jr. e Victória Sampaio.

Cenas que deram origem ao documentário

Leonel Ferreira
Foto: Victoria Sampaio e Victor Peixe
Cartomante - O que leva uma pessoa a ir ao encontro de um cartomante? Desejo, necessidade ou curiosidade? D. Pretinha tinha o dom de ver através das cartas. Suas previsões eram certeiras. Sua casa simples, porém, muito aconchegante vivia um entre as pessoas que lhe procuravam para uma sessão de baralho em sua sala de consulta. D. Pretinha é minha avó materna e ela é um rio a correr em minhas memórias.  Vamos jogar um baralho?

Ficha técnica: Concepção e atuação; Leonel Ferreira |Direção de Arte: Maurício Franco e Nanan Falcão| Consultoria: Maria Ironeide de Souza.

Açude - Fechando janelas como quem represa sonhos. Nos rios de afeto que me banham, mergulho e lá miro as marcas das águas que passaram antes. Deito no fundo e avisto em sonho, um céu com uma constelação de nós.

Ficha técnica: Concepção e atuação: Nanan Falcão |Iluminação: Nanan Falcão & Thiago Ferradaes | Consultoria: Maurício Franco 

Fafá Sobrinho
Fotos: Victoria Sampaio e Victor Peixe
Sonhos: por que não sonhar? - Desde criança registrava os acontecimentos que me marcavam, floreando e criando histórias, quase sempre, mirabolantes. A cena é o relato de uma visita ao Bosque Rodrigues Alves, em outubro de 1972, onde o encanto, a beleza e o desconhecido se misturam com o "terror infantil”, tão comum diante do inusitado. Para aquela menina, a exuberância que se descortinava à sua frente, em tudo, parecia um sonho. Um grande SONHO!

Ficha técnica: Texto e interpretação: Fafá Sobrinho | Figurino: Maurício Franco | Direção de Arte: Ila Nanan/Maurício Franco | Direção de Cena: Coletiva.

Aprendi a ouvir histórias contadas no silêncio - Um loop da vida nos encontros ancestrais. Um conjunto de vidas percorridas, que se repetem várias vezes até alcançar as condições desejadas de suas permanências ancestrais. 

Ficha técnica: Criação, dramaturgia e interpretação: Aníbal Pacha | Roteiro: Adriana Cruz | Confecção das máscaras, cenário e figurino: Aníbal Pacha.

Adriana Cruz e Maurício Franco
Foto: Victoria Sampaio e Victor Peixe
Vida é tecido, fios e sons - As cenas trazem como indutores as relações de afeto, que construímos com nossos antepassados próximos, nossos laços consanguíneos ou não, mas, que de alguma forma, nos atravessam e tecem as nossas presenças no tempo de agora, paradoxo entre o efêmero e o eterno.

Ficha técnica: Atuantes criadores: Maurício Franco e Adriana Cruz | Ambiência Sonora: Cincinato Jr. | Operação de Sonoplastia: Cincinato Jr. | Criação e operação de iluminação: Thiago Ferradaes | Visualidade: Maurício Franco e Adriana Cruz.

Fio?! Fio de quem? - Segue o fio e terá alguma condução, algum sentido, esse ou aquele, aquele não. Fios passam por todos os espaços, se embolotam pelo Casarão. Passam no boneco e passam pela minha e pela tua e pela tua e pela tua mão. Vindo do jardim, vindo da casa, apareceram do teto, surgiram do chão. Por quê? De quem? O quê eles são?

Ficha técnica: Atuante: Paulo Ricardo Nascimento | Roteiro in progress: Paulo Ricardo Nascimento / Nanan Falcão / Vic Rapsódia.

FICHA TÉCNICA PROJETO

Direção audiovisual e de fotografia: Victoria Sampaio

Iluminação - Thiago Ferradaes

Som direto e Desenho de som - Cincinato Jr.

Assistente de fotografia: Victor Peixe

Direção de Arte - Nanan Falcão e Maurício Franco

Montagem/Edição - Lucas Alberto Cunha

Mídias sociais - Roberta Brandão

Designer gráfico: Victoria Sampaio

Assessoria de imprensa: Luciana Medeiros 

Coordenação de Produção: Cristina Costa 

Produtores: Andrea Rocha, Fafá Sobrinho e Thiago Ferradaes

Serviço

"ama ZONAS de nós - rios de cenas no Casarão do Boneco" - Pré-estreia será no dia 15 de abril, com inscrição prévia pelo wpp: 91 98084 7126. Lançamento oficial, no dia 16 de abril, às 20h, pelo Canal de YouTube Casarão do Boneco. Projeto selecionado pelo Edital de Teatro - Lei Aldir Blanc Pará. Realização: SECULT/ Governo do Estado do Pará / Ministério do Turismo / Governo Federal/ Coletivo Casarão do Boneco.