21.10.24

A música paraense em destaque no Sonora Brasil

Manoel Cordeiro e Felipe Cordeiro
Foto: Fernanda Brito
O Centro de Cultura e Turismo Sesc Ver-o-Peso recebe, neste finalzinho de outubro, mais uma edição do Sonora Brasil, ação voltada à valorização, preservação e difusão do patrimônio musical brasileiro. 

A agenda começa hoje (21) e segue até 26 de outubro, de forma totalmente gratuita e com classificação etária livre. O projeto traz à capital paraense uma série de apresentações e oficinas que revelam a diversidade sonora do país e destaca as nuances e fusões da música paraense. 

Em 2024, cinco duplas circularão pelos estados das Regiões Norte e Nordeste e as outras cinco pelas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste, ao todo o projeto passará por 56 cidades realizando um total de 214 apresentações.  Manoel Cordeiro e Felipe Cordeiro levarão a música do Pará.

A abertura nesta segunda (21), foi logo pela manhã com a realização da oficina conduzida por Henrique Albino, um dos destaques da cena musical de Pernambuco. E nesta noite, a partir das 19h, temos apresentação de Mãe Beth de Oxum, figura central da música pernambucana, e a cantora Surama, que apresentam um show potente, acompanhadas por Henrique Albino. 

Naieme
Amanhã (22) teremos a cantora paraense Naieme, às 19h, apresentando a sua musicalidade. Anote também a programação da quarta (23). A partir das 17h, Pelé do Manifesto e a MC Nic Dias, dois dos principais nomes da cena jovem do rap paraense, lideram a roda de conversa “Rap e Identidade Amazônica”. Na sequência, às 19h, haverá o show de Mestre Negoativo e Douglas Din, trazendo as batidas de Minas Gerais para o palco. 

Na quinta (24), às 19h, ocorrerá o show de Seu Risca e Ana Paula da Silva, representando Santa Catarina. Já na sexta (25), às 19h, Manoel Cordeiro e Felipe Cordeiro, pai e filho que são referências da música paraense, trazem para o palco do Sesc Ver-o-Peso a fusão de ritmos amazônicos como guitarrada, lambada e carimbó indo até a música eletrônica e pop. 

No encerramento, no sábado (26), a programação traz uma roda de conversa às 17h, em que serei a mediadora (Luciana Medeiros), de um bate papo com Manoel e Felipe Cordeiro. Vamos discutir a diversidade da música amazônica, acompanhados por outros artistas locais, convidados para a roda. Em seguida teremos show às 19h, quando o palco será tomado pelos sons de Geraldo Espíndola e Marcelo Loureiro, trazendo o encanto do Mato Grosso do Sul. 

SONORA BRASIL  

Geraldo Espíndola e Marcelo Loureiro
A música é uma forma de expressão e comunicação, capaz de despertar sentimentos e emoções. Ela conecta pessoas, territórios, culturas e gerações. É um meio para desenvolver habilidades, preservar conhecimentos e ampliar experiências estéticas e criativas. 

A partir desta premissa, o Sonora Brasil é um projeto que tem como objetivo desenvolver programações musicais com temáticas relacionadas à cultura brasileira. Ele faz parte da proposta de desenvolvimento das artes, com enfoque na valorização, na preservação e na difusão do patrimônio cultural brasileiro. 

Serviço

Sesc no Pará recebe mais uma edição do Sonora Brasil . A programação completa está disponível no site sesc-pa.com.br. Período: 21 a 26/10/2024 - Classificação Livre - Entrada gratuita.  Informações: (91) 3084-0472.

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!PULSA! abre inscrições para suas ações formativas

Miguel Chikaoka, com oficina
que resultará em exposição
De 6 a 17 de novembro, Belém será cenário e essência da 3ª edição do !PULSA! Movimento Arte Insurgente. Realizado pela primeira vez na região Norte, além de espetáculos, exposições, debates, cortejos, festas e instalações urbanas, o projeto também oferece gratuitamente diversas ações formativas. 

As inscrições já estão abertas e vão até 25 de outubro e 1º de novembro. Idealização e coordenação da Olhares Instituto Cultural e Outra Margem, patrocínio do Instituto Cultural Vale, por meio da Lei de Incentivo Federal, Ministério da Cultura.

Mergulhar em processos criativos e vivências artísticas por meio de suas ações formativas. A ideia é conectar corpo, território e expressão, propondo um diálogo profundo entre artistas, produtores e a comunidade, as atividades são gratuitas e oferecem diferentes olhares e práticas para quem deseja explorar novas formas de criar e pensar.  E já está acontecendo! 

Antes mesmo do evento principal começar, no entanto, uma iniciativa já movimenta a cidade, marcando o início dessa celebração da arte e cultura. Em parceria com o Espaço Eco Amazônias, o !PULSA! promove a Oficina Brincando com a Luz, ministrada pelo fotógrafo e educador Miguel Chikaoka, nos dias 26 e 27 de outubro, das 8h às 11h, gratuitamente. 

Miguel convidará os participantes a explorar a luz natural e a paisagem amazônica por meio de dispositivos de visualização e exercícios sensoriais. O resultado desse processo criativo será a Exposição Brincando com a Luz - !PULSA! no EcoAmazônias, que ficará em cartaz durante o evento principal, de  14 a 17 de novembro, oferecendo ao público uma imersão nas descobertas da oficina. É chegar e participar.

O Espaço Eco Amazônias, localizado no bairro do Jurunas, se destaca como um quintal amazônico repleto de açaizeiros, plantas nativas e uma intensa programação cultural que busca promover o cuidado com o ecossistema e a valorização das manifestações populares. Movido por esse compromisso, o espaço se une ao !PULSA! para fortalecer laços e criar novas experiências através da arte e da educação ambiental.

Residência artística une imaginários e resistência + workshops

Allexandre Bomber e Maurício Pokemon,
do Original Bomber Crew (PI)
Agora presta atenção. Está aberta a inscrição para a Residência Artística: Corpo-Espinho, que acontecerá na ETDUFPA de 6 a 11 de novembro, das 14h às 18h. Guiada por Allexandre Bomber e Maurício Pokemon, do Original Bomber Crew (PI), a residência parte do imaginário das plantas espinhosas para pensar os corpos e suas relações com a resistência. Em rodas de conversa, improvisações e experimentações gráficas, os participantes exploram a ideia de arranhar as expectativas estéticas, criando um fanzine coletivo que será apresentado ao final. Indicado às pessoas ligadas às danças urbanas, artes visuais e a comunidade em geral.

Enquanto isso, o Workshop "Troca de Saberes e Diálogos em Produção Cultural" ocupará a Associação Fotoativa, de 9 a 14 de novembro, das 10h às 13h. Sob a condução de Jaya Batista, a proposta é proporcionar um espaço de compartilhamento de estratégias criativas em gestão e produção cultural. Outras atividades também convidam a pensar a arte a partir de abordagens menos convencionais. 

Jaya Batista, que ministra workshop
de produção
No dia 14 de novembro, a Residência "Dramaturgias do Corpo - Ficções a Partir da Carne, do Osso e da Pele" será realizada também na ETDUFPA, conduzida por Jéssica Teixeira. A proposta é um mergulho nas memórias e desejos do corpo, buscando formas de dramaturgias que ultrapassem o teclado e o papel, explorando as narrativas ocultas na pele e nos ossos.

A força da escuta é também tema central do workshop "Imagem Latente Imagem Velada", facilitado por Gabriela Carneiro da Cunha, que acontecerá no dia 15 de novembro, das 10h às 13h, na Fotoativa. Partindo de sua pesquisa no Projeto Margens, a artista propõe uma reflexão sobre como rios podem ser escutados e compreendidos como linguagens. O Tapajós, com sua história de contaminação pelo mercúrio, se torna símbolo dessa jornada. 

Encerrando o ciclo de ações formativas, o workshop "Narrativas do Afeto – A Crítica que !PULSA!" será realizado em três dias (9, 10 e 16 de novembro), na Casa da Linguagem, das 10h às 12h30. Coordenado pelo jornalista e crítico paraense Kil Abreu. A atividade desafia a ideia tradicional de crítica, propondo uma abordagem mais empática e afetiva. O resultado será um diário crítico-afetivo que reunirá impressões e reflexões sobre o !PULSA!, com contribuições que vão além das palavras, explorando imagens e colagens.

Programação construída com escutarias

Um dos espetáculos, Treta
Ingressos gratuitos pelo site
Conhecida por sua diversidade e vivacidade, a capital paraense pulsa com dança, cultura popular, terreiros, carimbó, escolas de samba, e a força do movimento LGBTQIAPN+, a cidade também oferece espaços independentes, onde a criatividade gera identidade e  acolher o evento como uma celebração dessa efervescência cultural.

Para ser construída a programação do !PULSA!, a coordenação desta edição buscou entender e mergulhar na cidade e sua riqueza artística. Foi estabelecida uma “escutaria” – um processo de escuta ativa com a consultoria de Marise Maués, Marcia Kambeba e Wlad Lima – para dialogar com representantes de diferentes movimentos e expressões culturais: do movimento negro e quilombola às artes cênicas e visuais, abrangendo também territórios públicos e artistas independentes. 

A partir desse processo colaborativo, nasceu o “Circula que !PULSA!”, uma iniciativa que conecta a programação local a artistas de outras regiões, fortalecendo uma rede de espaços culturais na cidade. Com curadoria artística de Alexandre Sequeira, Lívia Condurú e Romário Alves, o evento busca integrar diversas regiões de Belém, do centro às periferias, e proporcionar a troca de ideias e expressões artísticas.

Assim, de 9 a 17, a programação do !PULSA! oferecerá ao público espetáculos teatrais, performances, instalações, várias ações reflexivas, pedagógicas e encontros que se revezam em diversos espaços culturais espalhados pela cidade, do chamado centro às periferias da capital. A programação completa está no site do projeto: pulsa.art.br, onde os ingressos já estão disponíveis.

A 3a edição do !PULSA! Movimento Arte Insurgente é totalmente gratuita, realizada através da Lei de Incentivo Federal, Ministério da Cultura, com patrocínio do Instituto Cultural Vale, e realização das associações Olhares instituto cultural e Outra Margem.

Ações Formativas

1. Oficina: Brincando com a Luz

Datas: 26 e 27 de outubro

Horário: Das 8h às 11h

Ministrante: Miguel Chikaoka

Local: Espaço Eco Amazônias

Descrição: Exploração da luz natural e da paisagem amazônica por meio de dispositivos de visualização e exercícios sensoriais.

2. Residência Artística: Corpo-Espinho

Datas: 6 a 11 de novembro

Horário: Das 14h às 18h

Guias: Allexandre Bomber e Maurício Pokemon (Original Bomber Crew)

Local: ETDUFPA

Descrição: Exploração das relações entre corpos e resistência, criando um fanzine coletivo.

3. Workshop: Troca de Saberes e Diálogos em Produção Cultural

Datas: 9 a 14 de novembro

Horário: Das 10h às 13h

Ministrante: Jaya Batista

Local: Associação Fotoativa

Descrição: Compartilhamento de estratégias criativas em gestão e produção cultural.

4. Residência: Dramaturgias do Corpo - Ficções a Partir da Carne, do Osso e da Pele

Data: 14 de novembro

Local: ETDUFPA

Ministrante: Jéssica Teixeira

Descrição: Mergulho nas memórias e desejos do corpo, explorando formas de dramaturgia.

5. Workshop: Imagem Latente Imagem Velada

Data: 15 de novembro

Horário: Das 10h às 13h

Facilitadora: Gabriela Carneiro da Cunha

Local: Fotoativa

Descrição: Reflexão sobre como rios podem ser escutados como linguagens, com foco no Tapajós.

6. Workshop: Narrativas do Afeto – A Crítica que !PULSA!

Datas: 9, 10 e 16 de novembro

Horário: Das 10h às 12h30

Coordenador: Kil Abreu

Local: Casa da Linguagem

Descrição: Abordagem empática da crítica, resultando em um diário crítico-afetivo.

Inscrições

Prazo para inscrição das oficinas:

Até 25 de outubro: Residência "Corpo-Espinho" e Workshop "Troca de Saberes".

Até 1º de novembro: Workshops "Dramaturgias do Corpo", "Imagem Latente Imagem Velada" e "Narrativas do Afeto".

Mais informações e acesso aos formulários de inscrição: 

pulsa.art.br e linktr.ee/pulsamovimentoarteinsurgente

19.10.24

Domingo de Circular traz cultura e ancestralidade

Circuitinho concentra na Pça Felipe Patroni, 
às 8h30 - Foto: Cláudio Ferreira/Circular
Do carimbó ao avuado. Do rustico ao requintado, do roteiro pelas ruas com as crianças a exposições incríveis, em galerias, e museus. Agroecologia, bioconstrução, gastronomia, economia criativa e bate papo. Novidades e muito mais. O nome do Circular, neste domingo, dia 20 de outubro, é sustentabilidade mergulhada em cultura, cidadania e cuidados com o meio ambiente e o patrimônio, palavras chaves do projeto que chega a sua 53ª edição.

Realizado sempre no primeiro domingo dos meses de abril, junho, agosto, outubro e dezembro (são 5 circuitos por ano), em 2024, no mês mais importante do calendário paraense, a edição é atípica, e acontece no terceiro domingo. É sempre isso, de dois em dois anos, em períodos eleitorais.

E tá tudo bem. Em outubro pegamos o embalo do Círio e saímos pelas ruas da Campina  Cidade Velha e Reduto, neste domingo, visitando como num ‘pinga pinga’, diversos espaços culturais. A programação é distribuída de diversas formas. No site (projetocircular.org), pelo Instagram e Facebook. Quem já está esperto, se programa para que possa participar das atividades em cada espaço que se colocar num roteiro. É o ideal para aproveitar ao máximo.

Nesta edição destaco o Circular Apresenta, que traz ao Calçadão da Av. Presidente Vargas, com a Carlos Gomes, um Baile da Saudade com o Sonoro Paraense, com sons dos anos 60, 70 e 80, além das músicas da cultura paraense. É bem em frente ao banco da Amazônia, pela manhã, das 11h às 12h30. 

Batuque da Praça - celebrando 40 anos
No palco Praça do Carmo, às 18h 

No final da tarde, leve a saia rodada e venha com vontade de dançar e celebrar, pois o palco da Praça do Carmo vai receber os coletivos Carimbó Selvagem e Tambor Cidade, que integram o Batuque da Praça (da República), em 2024, celebrando 40 anos de resistência e ancestralidade, em Belém.

O Circular Apresenta é uma das ações de rua produzidas pela equipe gestora do projeto. A outra é Circuitinho Circular – Projeto de Educação Patrimonial para Crianças que, neste domingo, sai da Praça Felipe Patroni, passando por espaços ao longo do percurso, até dar as mãos ao Centro Cultural Bienal das Amazônias, onde a turminha vai visitar a exposição “Festas, Sambas e Outros Carnavais” para se inspirarem na oficina de máscaras. Tá tudo, olha! 

O CCBA é um espaço incrível cravado no coração do centro comercial - R. Senador Manoel Barata, 400. O prédio pertenceu a loja de departamentos Yamada, são quatro andares, imenso. Ano passado após abrigar a Bienal das Amazônia acabou se consolidadando como um espaço permanente para a cultura amazônica. 

Campina e Reduto com novos espaços

Olhando a programação, percebemos dois novos espaços estreando na 53a edição do Projeto Circular, o Reduto Cabano e o Bistrô Café Club que, pela primeira vez, se incorporam ao Circular fortalecendo a rede de parceiros que atualmente mantém cerca de 40 estabelecimentos residentes. 

Berna Magalhães é um dos fundadores do Reduto Cabano e frequentador regular das edições do projeto Circular. "A minha perspectiva com o Circular sempre foi encontrar pessoas com bons assuntos em comum,  frequentar lugares novos e participar de atividades que envolvam cultura, história, patrimônio e arte", contou Berna. 

Ele elogiou a maneira como o Circular ocupa os espaços urbanos promovendo uma "visibilidade coletiva" aos estabelecimentos e projetos do centro histórico que acreditam nas alternativas de novas culturas alimentares compartilhando saberes. 

Quem quiser saber mais sobre a vocação do Reduto Cabano, pode conferir a partir das 8h, na Travessa Piedade, 790 (entre Ó de Almeida e Aristides Lobo), um autêntico café da manhã marajoara, feira agroecológica (8h), Horta em Pequenos Espaços (10h), o Avuado/Moqueado do chef Leo Modesto (12h), tacacá de carangueijo (16h), além de formação no cultivo de alimentos em sacadas, pátios e quintais. 

Bistrô café Club também entra na rota

Já na Campina, estreia no circuito, o Bistrô Café Club, que é uma combinação de café e espaço de convivência multicultural, também é uma novidade desta edição do Circular. A chef Fabi Soares criou o Combo “PASSEIO CIRCULAR”, opção especial do cardápio para o dia com uma fatia de Panetone La Pastina, coberta com fios de chocolate + café coado Drip Coffee ++ Delícias preparadas por Fabi. Também haverá degustação de chocolate, das 11h às 12h30, e roda de conversa para os aficionados pelo "ouro negro". 

"Quando criamos o Bistrô eu já sabia que queria fazer parte do Circular. O projeto é um “acontecimento” pra lá de especial. Sou fã de carteirinha. É uma iniciativa necessária para a cidade, para nós, pra cultura. Precisamos “Circular” sempre e cada vez mais", afirmou Nide Braga que, ao lado de Tinna Fernandes, administra o local. O Bistrô Café Club fica na Av. Governador José Malcher, 147 (Entre as ruas Dr Moraes e Piedade).

A bioconstrução em roda de conversa na Cidade Velha  

Outro destaque da edição é a roda de conversa com a ambientalista Silvana Palha é uma parceira veterana no projeto Circular e que está confirmada na edição do dia 20 de outubro com a roda de conversa "Do laboratório à prática: bioconstrução e sustentabilidade como visão de futuro" que acontecerá das 9h30 às 11h, na sede da Igapó Ladrilhos Hidráulicos, na praça do Carmo, 94. 

Há sete anos, Silvana se dedica à utilizar resíduos sólidos rejeitados pelo sistema de reciclagem tradicional para criar casas, muros e móveis. Atualmente, ela coordena a iniciativa Escola Viva em Movimento, que combina arte, ecologia e bioconstrução voltados para moradias e estruturas comunitárias.

As reflexões sobre essa atuação de Silvana e as ações desenvolvidas por ela são matéria-prima que dá a liga entre a ambientalista e o Projeto Circular. "É uma parceria que também busca ajudar a promover a educação ambiental e climática através da arte, da cultura e do bem viver. O projeto circular traz a ancestralidade, o envolvimento com a comunidade o olhar do coração. É um projeto mãe que acolhe seus filhos pra proteger o seu território, pra proteger a sua comunidade.  Espero que o Circular tenha uma vida longa, que acolha muito mais pessoas e ocupe muito mais espaços", ressaltou Silvana.

Como criar meu próprio ladrilho?

Quem assistir a conversa com Silvana Palha, tem logo depois a opção de fazer no mesmo local, na Igapó, a oficina “Como criar o design do meu próprio ladrilho?”, das 11h30 às 12h30 com Beatriz Maneschy, diretora criativa da fábrica de ladrilhos. 

Após a oficina, as artes serão compartilhadas no perfil da Igapó no instagram e a mais votada pelo público será fabricada no local e o autor da arte poderá levar o ladrilho para casa. Se você ficou interessado, basta fazer a inscrição AQUI. O valor é 15 reais com material incluso.

Na opinião de Beatriz, o projeto Circular fez a fábrica entrar no roteiro de visitação da cidade. "Muitas pessoas que não iriam até a fábrica vão hoje por causa do Circular. Essa ideia de ocupar os espaços do centro histórico vai ao encontro de que a região precisa ser vivida para ser entendida e preservada. Por isso ações como as do Circular são muito importantes", opinou. 

Beatriz teve contato com o projeto há pelo menos oito anos quando era estagiária do Fórum Landi, projeto da FAU - UFPA com sede na praça do Carmo e um dos principais parceiros do Circular desde os primeiros anos. Atualmente formada, ela calcula que só não esteve em duas edições. 

"É gratificante poder acompanhar todo esse trajeto desde quando era um projeto pequenino e foi crescendo e se tornando desse porte e a tendência é que fique cada dia maior e que seja reconhecido no cenário mundial", ressaltou Beatriz.

Quem estiver no domingo na praça do Carmo poderá visitar a fábrica e se quiser poderá comprar um ladrilho comemorativo do Círio de 2024.

Os ladrinhos trazem Nossa Senhora de Nazaré ou temas que fazem parte da cultura da festa como brinquedos de miriti, barcos e a corda, entre outras referências. "Muito mais importante do que comprar o ladrilho queremos que as pessoas se identifiquem com esse lugar, criado na Amazônia, em que os ladrinhos representam a região. Queremos que as pessoas tenham uma experiência única aqui", completou Beatriz.

Confira a programação completa desta edição 53, no site projetocircular.org

A trajetória de Mestre Dikinho em documentário

Mestre Dikinho - Foto: Pierre Azevedo
É hoje (19) o lançamento do documentário “Mestre Dikinho e Tambores do Pacoval – Carimbó de Encantaria”, que conta a história, traz o tambor, a mergulha na cultura e paixão do mestre pelo Pará. 

O evento é em Soure, no Marajó, na sede da Associação de Moradores do bairro do Pacoval, a partir das 19h, no próprio barracão onde o mestre formou gerações apaixonadas por carimbó na ilha. E após o lançamento, às 20h, o documentário estará disponível no Youtube, no canal @CarimbódeEncantaria.

Reconhecido através das suas composições de carimbó, toadas de boi, sambas enredo, além de bossas e lundus, o Mestre Dikinho deixou um grande legado na Cultura Popular Paraense. O mestre, que também era poeta, pescador e vaqueiro, faleceu em 17 de julho deste ano, aos 83 anos.

Dikinho Foto: Pierre Azevedo
“Esse trabalho é um sonho antigo da comunidade que se encontrou com o sonho de produtores independentes e começou a se tornar realidade. Antes do conteúdo em si, é importantíssimo dizer que houve uma intensa vivência de cada pessoa que compôs o documentário com o Mestre, desde a equipe técnica, passando por cada entrevistado. Ele era gigante em sua delicadeza e poesia sensível à densidade humana, imaginária e natural da Ilha do Marajó.”, declara Luciane Bessa, Produtora Executiva.

O documentário apresenta uma narrativa atemporal, lançando um olhar único sobre os 83 anos de história e obra do mestre, assim, eternizando o seu legado e apresentando os costumes, a biodiversidade e a cultura da Amazônia, com foco no Carimbó e a vida no Marajó.

Tambores do Pacoval e Mestre Dikinho
Foto: Pierre Azevedo
“Fico extremamente feliz por estarmos entregando este documentário à memória coletiva de nossa região. Perco inclusive as palavras para conseguir descrever tudo que representa esse material, idealizado coletivamente, que consegui produzir e agora entregaremos ao mundo. Nele, nosso querido Mestre se manterá eternizado, podendo ser visto, ouvido e sentido por todas as gerações que vierem após ele e cada um de nós”, afirma Luciane.

Mestre Dikinho Conhecido como Mestre Dikinho, Raimundo Miranda Amaral foi compositor, violonista, cantor e artesão marajoara. Cresceu entre campos e rios trabalhando como vaqueiro e pescador, imerso na poesia e encantaria únicas do Marajó.  Da sua vivência surgiram canções em vários ritmos: do carimbó ao samba, do bolero ao xote e ao boi. O Mestre passou mais de década junto ao “Tambores do Pacoval” e, também, fez parte do grupo “Os Mansos” nos últimos anos de sua vida, junto aos seus grandes parceiros, Mestre César do Regatão e Yuri Guimarães.

Serviço

Lançamento em Soure/Marajó, na sede da Associação de Moradores do bairro do Pacoval, a partir das 19h. Em seguida, às 20h, o documentário estará disponível no Youtube, no canal @CarimbódeEncantaria.

18.10.24

Tecno Barca Bailique abre no Banco da Amazônia

Série Auto Retrato
De Elias dos Anjos
Foto: Ierê Papá
O Espaço Cultural Banco da Amazônia recebe em Belém,  a exposição Tecno Barca Bailique, que abre na terça, 22, com vernissage às 18h30, trazendo um panorama artístico que conecta memória, meio ambiente e tecnologia. Inspirado nas vivências das comunidades ribeirinhas do arquipélago do Bailique, no litoral do Amapá, além de obras em formatos diversos, o projeto também oferece oficina, visitas guiadas e mostra de filmes.

O projeto Tecno Barca Bailique foi contemplado pelo Edital de Pautas do Espaço Cultural Banco da Amazônia 2024. A mostra é composta opor  23 obras, entre fotografias, vídeos de arte e uma instalação sonora, que retratam uma década (2012-2022) de trocas socioculturais entre artistas brasileiros e estrangeiros e as populações locais daquela região. 

Para o Banco da Amazônia, "apoiar iniciativas como a da exposição representa o compromisso que a nossa instituição tem em fomentar a cultura e a arte da região. Além disso, reforçamos nosso papel de agente transformador social, colaborando para um desenvolvimento cultural e econômico da Amazônia", diz Luiz Lessa, presidente da instituição.

Dividida em três "ilhas" temáticas – Ilha das Imagens, Ilha Audiovisual e Ilha das Narrativas –, a exposição convida o público a imergir em diferentes perspectivas do Bailique, abordando desde memórias afetivas e sociais até questões socioambientais urgentes, como o impacto das terras caídas. Na ilha das imagens as fotografias exploram as memórias sociais, ambientais e emocionais do Bailique, capturando interações com humanos e não humanos. 

Já na ilha audiovisual, há vídeos que abordam as urgências socioambientais relatadas pelos moradores da região, como o fenômeno das terras caídas, além de experimentações sensoriais entre o Bailique e a cidade de Barcelona, na Espanha. E por fim, na ilha das narrativas, onde redes e rádios convidam a minutos de descanso, enquanto se ouve histórias e memórias regionais narradas pelos moradores do lugar.

Foto: Thales Lima
"As obras presentes na exposição trazem um Bailique e suas populações pelo olhar de artistas que viveram intensamente a realidade sócio ambiental e culturas desse recanto amazônico amapaense nos ultimos 10 anos. A exposição é uma oportunidade de fazer ecoar as vozes, imagens e urgências humanas da região frente aos desafios ambientais e climáticos que se agravam ano após ano", diz Wellington Dias, que coordena o projeto.

O arquipélago reúne comunidades que dependem da pesca, do extrativismo do açaí e da agricultura de subsistência e enfrentam desafios como a erosão costeira, conhecida como "terras caídas", que afeta suas moradias e áreas produtivas, além da infraestrutura precária, com acesso limitado a serviços de saúde e educação. Apesar das dificuldades, projetos de desenvolvimento sustentável e iniciativas culturais, como essa, vêm promovendo a valorização das tradições locais e soluções para melhorar as condições de vida na região.Amapá.

Mais ações

Oferendar-me (Releitura) - Obra de Napoleão
Guedes e Anderson Barroso - Foto: Dayane
Oliveira
Além da exposição, o projeto contará com uma programação complementar ao longo de novembro, que inclui visitas guiadas, a Mostra Cine Catraia – com filmes sobre a Amazônia seguidos de debates –, e um laboratório performativo que explora a relação entre corpo e espaço. As atividades trazem discussões sobre sustentabilidade, preservação ambiental e os desafios enfrentados pelas populações ribeirinhas da região.

Em outubro ainda haverá um laboratório performativo, com o ator e diretor Wellington Dias. Já em novembro, as visitas guiadas ocorrem de 6 a 28, com monitores que conduzirão os visitantes por um passeio de duas horas pela exposição, apresentando as obras e promovendo diálogos sobre as temáticas socioambientais e artísticas do Bailique.

De 14 a 21 de novembro é a vez da Mostra Cine Catraia, que exibirá filmes produzidos na Amazônia, seguidos de debates sobre questões como sustentabilidade, racismo e violência. A curadoria é de Rayane Penha, e os filmes selecionados incluem: Açaí (AP), Cabana (PA), E nós tínhamos água à vontade (AP), Encantes (AP) e Uma escola no Marajó (PA).

PROGRAMAÇÃO

Exposição Tecno Barca Bailique

De 22 de outubro a 20 de dezembro

Espaço Cultural Banco da Amazônia

Segunda a sexta-feira, das 9h às 17h

Av. Presidente Vargas, 800

Lab. Performativo Errâncias do Corpo/Espaço

Dia: 23 de outubro

Horário: 14h às 17h

Descrição: Um laboratório criativo com foco nas artes performativas, facilitado pelo ator e diretor Wellington Dias, para explorar o corpo e o espaço em diálogos sensoriais.

Visitas Guiadas

Dias: 06 e 28 de novembro

Horário: 14h30 às 16h30

Espaço Cultural Banco da Amazônia 

Av. Presidente Vargas, 800

Mostra Cine Catraia

Dias: 14 e 21 de novembro

Horário: 14h30 às 16h30

Local: Cine Dira Paes / Palacete Pinho

Rua São Boaventura – Cidade Velha

Filmes: Açaí (AP), Cabana (PA), E nós tínhamos água à vontade (AP), Encantes (AP) e Uma escola no Marajó (PA).

Serviço

Período da Exposição: 22 de outubro a 20 de dezembro de 2024

Horário: Segunda a sexta-feira, das 9h às 17h

Local: Espaço Cultural Banco da Amazônia, Av. Presidente Vargas, 800, Belém-PA

Redes Sociais: Instagram (@tecnobarcabailique | @giramundoap) | Facebook (Tecno Barca)

Realização: Associação Gira Mundo (AP)

Este projeto é patrocinado pelo Banco da Amazônia, por meio do Edital de Pautas do Espaço Cultural Banco da Amazônia 2024.


17.10.24

Diálogo: protagonismo afro-indígena e periférico

Orquestra Sustentável do SESI abre o 
Diálogo: Economia Criatica - Conexões e
Colaboração
O Teatro do SESI recebeu nesta quarta-feira (16) a primeira edição do "Diálogo da Economia Criativa: Conexões e Colaborações".  Foram três painéis inseridos na programação do Festival SESI Cultura de Fé, que segue com atrações até dia 26 de outubro. 

O evento, que reuniu artistas, produtores, estudantes e público em geral, traçou um panorama sobre o contexto da área da economia criativa que, em 2020 (Dados da Firjan), alcançou 217, 4 bilhões representando 2,9% do Produto Interno Bruto.  

A programação iniciou com a apresentação da Orquestra Sustentabilidade, projeto do SESI, formada por estudantes da rede pública com idades entre 10 e  15 anos, na tarde de quarta-feira. Com a presença do cantor e compositor Pedrinho Cavallero, o grupo executou as composições em instrumentos feitos com material reciclável. 

Ao final do evento, a cantora e compositora Júlia Passos realizou um pocketshow apresentando composições recentes e a releitura de clássicos paraenses como Olho de Boto (Nilson Chaves e Cristovam Araújo) e Bom Dia, Belém (Edyr Proença e Adalcynda Camarão). 

Observar do presente um futuro melhor 

O primeiro painel foi "Economia e Indústrias Criativas" , sob a mediação de Felipe Fonseca Tavares, gestor do Observatório da Indústria do Pará, e que teve como palestrante o superintendente do Observatório Nacional da Indústria, Márcio Guerra.  

Na opinião de Guerra,  é urgente o debate sobre como agregar valor à cultura que o Pará produz e como os dados produzidos pela indústria podem ser referência. Na opinião dele, o estado é detentor de conhecimentos e sabedorias que podem se transformar em um ciclo de desenvolvimento marcante para a região e para o país. 

"Usar a arte a favor dos dados para poder gerar insights. Temos muitos dados disponíveis e o que se faz com isso? Como tomamos decisão? O que vai ser do Brasil daqui há 10 anos? É um pouco disso que a gente faz no observatório, observar o futuro e trazer essa discussão para o presente", completou Márcio.

A produtora Sônia Ferro, que também participou deste debate, compartilhou o contexto de como surgiu o projeto Lambateria, com 7 edições realizadas e que nasceu em contraponto ao desinteresse das casas e espaços de show de Belém aos ritmos como a lambada, a cumbia, o merengue. 

"Resolvemos então criar um espaço, fomos abraçados pela classe artística", disse Sônia. Na opinião dela, o surgimento da Lambateria e de projetos como o Festival Lambateria, que acontece na sexta-feira antes do Círio, dão voz aos artistas do Estado e fortalecem a conexão em rede. 

Raoni Silva, gerente de Suprimentos da Natura, também presente neste painel reforçou a necessidade de redes estruturadas como instrumentos de fortalecimento dos conhecimentos tradicionais das comunidades da Amazônia. 

"Os aromatizantes naturais já eram utilizados aqui o que a empresa fez, em conjunto com as comunidades, foi dar visibilidade, agregar tecnologia e promover geração de renda. A gente tem um desafio que envolve iniciativa privada, Estado e terceiro setor que é o de trazer mais tecnologia, fortalecer a geração de renda e agregar valor para a realidade Amazônica".

Mapemento, resistência e decolonialidade

O olhar para as próprias identidades e comunidades foram as estratégias encontradas pelo rapper Pelé e pela empreendedora Maynara, para criar, respectivamente, música e arte em cerâmica.

Ambos participaram do painel "Economia Criativa - Preparação e Legado COP30" que também teve a participação de Júlia Zardo, gerente de Ambientes de Inovação da Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (FIRJAN).  A mediação foi feita pelo professor André Cutrim, economista e docente da UFPA. 

Pelé compõe, canta e é um dos criadores da Batalha do Crematório, que acontece no bairro da Cremação e reúne MCs da cidade movimentando a cena local e denunciando o raciscmo e a violência policial. Maynara é da família Santana, que mantém uma Olaria em Icoaraci onde ajuda a movimentar o conhecimento em cerâmica da família e da comunidade, fortalecendo uma rede local de valorização do trabalho dos mestres do lugar

Entre as ações da família Santana está o trabalho de formação do público, dos agentes que compõem a rede criativa mostrando o valor do trabalho dos ceramistas que, no início do ano 2000,  chegaram a vender peças por centavos. "Desde 2016 estamos retrabalhando esse tema. Educar o público, mostrar o processo feito pelo mestre de um conhecimento que preserva uma das tecnologias mais antigas do mundo", explicou. 

"Movimentar a cultura é o intuito da batalha de Mcs gerando uma economia pendular com o pessoal que põe a banquinha pra vender a comida, expor as roupas, a galera das redes produzindo vídeos. Estamos demarcando o nosso território com a nossa linguagem e precisamos aproveitar a COP para demarcar mais ainda", opinou. 

A produção musical do rapper combina hip hop com carimbó e tecnobrega, este último ritmo que por muito tempo foi e ainda é rejeitado pela elite paraense. "O que antes era rejeitado, a nossa cultura afro-indígena e periférica do Pará, é o nosso soft power", definiu. 

Essa potência criativa e cultural mobilizada por Maynara e Pelé, porém, pode não estar refletidas nos números da economia criativa do estado. É o que apontou Julia Zardo, que chegou em Belém antes do evento do SESI para acompanhar o Círio de Nazaré e ficou encantada com a força expressiva que se concentra em torno da festa. 

De acordo com pesquisa da Firjan de 2020 sobre economia criativa, a participação do PIB criativo do Pará no PIB criativo do Brasil é de 0,7%, por outro lado, a pesquisa aponta que  considerando todas as atividades econômicas o Pará representa 2,2% no PIB nacional. 

"Essa queda na participação do Pará no PIB criativo do Brasil não reflete a realidade que se vê aqui. Quando a gente chega no Pará a realidade criativa é outra, muito potente. A gente vê um acontecimento como o Círio de Nazaré que não condiz com essa estatística de 0,7%", observou Julia. Na opinião dela, os índices de soft power do Pará, como a cultura e as expressões criativas, precisam ser fortalecidas. "Fazer com que esses ativos intangíveis, a música, o carimbo, gerem valor para os seus produtos e serviços e que façam que isso seja destino dos turistas e de investimentos", afirmou.

Feira Preta, caminhos inovadores e cidades criativas

O empreendedorismo negro é uma realidade que tem o Instituto Feira Preta como um marco no Brasil. A idealizadora da iniciativa, Adriana Barbosa, foi uma das participantes do painel "Cidades Criativas: Entretenimento, Dados e Transformação Digital" juntamente com Ana Carla Fonseca, fundadora da Garimpo Soluções, empresa que coordena diversos projetos na área da economia criativa e é uma das principais autoridades no tema.

A mediação da mesa foi feita pela jornalista Adelaide Oliveira, da equipe gestora do Circular e presidente da Associação Circular Cidade Velha e Campina. Usando o exemplo do Mapa do Afeto, criado em 2018 pelo projeto Circular na Cidade Velha, em Belém, Adelaide abordou com Adriana Barbosa e Ana Carla Fonseca a importância da ocupação dos territórios e a valorização das memórias dos lugares.

Adriana afirmou que até hoje "briga" em cada lugar que vai ocupar. "Nesse processo com a Feira Preta aprendi que em São Paulo estavam demarcados os lugares onde a população preta teria que ficar e que seriam apenas lugares na periferia", lembrou.  

Atualmente sediada no Parque do Ibirapuera, em São Paulo, a Feira tem reunido cerca de 60 mil pessoas a cada edição redescobrindo histórias e personagens. "Os espaços contam as histórias e é preciso trazer à tona essas memórias. Hoje a Embratur tem um roteiro de turismo afro e quem faz parte são pessoas contando as histórias dos lugares", completou Adriana.

Ana Carla Fonseca trouxe para o público alguns exemplos de ocupação e desenvolvimento de território a partir de iniciativas comunitárias e também institucionais. 

Citou o Mapa da Energia Criativa do Vale do Paraíba, onde o conhecimento de alguns moradores das cidades situadas ao longo da Via Dutra se transformaram em potências criativas, promoveram geração de renda e se transformaram até em um jogo, em forma de tabuleiro, em que os participantes conhecem as cidades, o negócio dos moradores e fortalecem o aprendem sobre o empreendedorismo da região. 

De acordo com Ana, o mapa da energia criativa trouxe à tona a sabedoria da cidade e transformou em empreendedorismo o conhecimento de cada um dos participantes. "Inovando, reconhecendo a própria riqueza do território e fortalecendo a atividade turística seja através de um queijo premiado, a música que dialoga com o lugar, uma cultura secular plural e viva", contou. 

O Festival segue com atrações

O Festival SESI Cultura de Fé prossegue até o dia 26 de outubro quando a Orquestra Sustentável SESI encerra a programação com o show "Amazônia Musical: A Força do Coração Tambor" e a participações especiais. 

Dia 18 de outubro, às 20h, acontece o show "Ser do Norte – Trilogia" com Lucinnha Bastos, Nilson Chaves e Mahrco Monteiro. No dia 19, às 20h, será apresentado o espetáculo "Solo de Marajó" com Cláudio Barros com texto inspirado em histórias do escritor paraense Dalcídio Jurandir. A programação segue até dia 26, quando encerrará com a apresentação completa da Orquestra Sustentável do SESI (entrada franca). Os ingressos para os espetáculos podem ser adquiridos no SYMPLA.

(Holofote Virtual, com reportagem de Railídia Carvalho / Fotos: Luciana Medeiros)

Sábado Te Conto com mais histórias no Casarão

Depois de um breve intervalo para ver a santinha passar, a contação de histórias continua no Casarão do Boneco! O projeto “Sábado Te Conto” chega trazendo histórias que fazem a criançada rir, se divertir e se emocionar. Neste sábado, 19, a partir das 17h, o espaço apresenta as contações “Minha Mãe é Um Problema”, por Adriana Cruz, e “A Senhora Vento”, contada por Maridete Daibes, refletindo sobre as relações de amizade, liberdade e relações familiares.

A programação infantil faz parte das ações realizadas para garantir verbas para a manutenção física do Casarão do Boneco, que incentiva o fazer artístico cultural em Belém, para que assim, o casarão continue em pé, funcionando e promovendo a produção cultural na cidade. 

“O Casarão do Boneco é um espaço de gestão de um coletivo de artistas que mantém a  casa aberta e com programações artísticas para todas as idades. Essas programações cumprem a função de promover a arte como parte da cesta básica dos cidadão da cidade. Assim, o retorno financeiro, realizado pelas pessoas que vem às programações, mantém as contas da casa em dia. Além das apresentações, são oferecidos trabalhos artísticos, oficinas e variadas ações realizadas pelo coletivo e por artistas da cidade e de outros estados”, conta Adriana Cruz, coordenadora geral do projeto.

O espaço também é um ambiente de acolhimento aos artistas que não possuem um espaço para ensaiar, executar seus projetos ou produzir seus trabalhos. Para Maridete Daibes, artista e integrante do coletivo, as ações executadas no Casarão do Boneco são de extrema importância na cidade.

“Eu reafirmo minha crença em uma política cultural de inclusão e expansão, democratizando o acesso e a permanência das artes na vida das pessoas, acreditando no fazer desse coletivo de artistas. Nós  do casarão afirmamos que a arte, o teatro, faz parte da qualidade da vida humana. Arte é produto essencial para o desenvolvimento de crianças, homens e mulheres mais saudáveis”, declara Maridente.

Sábado Te Conto - Dando continuidade à programação, neste sábado, a contação inicia com a história “A Senhora Vento”, na qual Maridete Daibes fará um momento de brincadeiras e encenação de histórias junto com as crianças, refletindo sobre as relações de amizade e liberdade.

“A Senhora Vento é uma contação de história brincante, onde falamos de amizade , de parceria, de estar junto, o vento, a menina e a pipa. Uma história de amizade e alegria. A brincadeira de criança presente na contação, acho que essa é a tônica da contação, a brincadeira”, explica a contadora de histórias e artista, Maridete Daibes.

Após o entremeio divertido com Cincinato Marques e Maridete Daibes, a contação continua com a história “Minha Mãe É um Problema”, de Babette Cole, contada por Adriana Cruz. A artista declara que se apaixonou pela obra por contar a história de uma mãe diferente que faz de tudo por seu filho, que a enxerga como um problema.

“Quando eu li, eu logo me encantei. A contação fala sobre uma mãe que tem os dons de uma bruxa e que, por ser uma mãe diferente, é vista com outro olhar pela comunidade onde mora com seu filho. Nessa comunidade, ela encontra certos problemas por ser diferente, até que ocorre um incêndio na escola das crianças e ela consegue chegar rápido voando de vassoura. Ao chegar lá, ela consegue resgatar as crianças e a comunidade fica grata”, explica Adriana.

Serviço

Sábado Te Conto – Dias 19 e 26 de outubro, às 17h, no Casarão do Boneco. Os ingressos já estão sendo vendidos e podem ser garantidos pelos valores de R$ 30,00 (adulto) e R$ 15,00 (criança). Crianças menores de 2 anos não pagam ingresso. Venda antecipada, via whatsapp: (91) 99174-2191 (Fafá) e (91)98171-8282 (Cristina), ou na bilheteria do Casarão do Boneco.

Programação:

19 de outubro - 17h

- “Minha Mãe é um Problema!”, com Adriana Cruz

- “A Senhora Vento”, com Maridete Daibes

26 de outubro - 17h

- “O Anjo” com Aníbal Pacha

- “A Iara” com Adriana Cruz

Ficha Técnica

Realização: Coletivo Casarão do Boneco

Coordenação geral: Adriana Cruz

Equipe: Maurício Franco, Thiago Ferradaes, Paulo Ricardo Nascimento, Aníbal Pacha, Cincinato Marques Jr, Nanan Falcão, Maridete Daibes, Fafá Sobrinho, Cristina Costa e Andréa Rocha.

Bilheteria: Produtores Criativos

Apoio: Padaria Verde Rosa e Holofote Virtual Comunicação Arte Mídia

14.10.24

SESI Cultura de Fé dialoga sobre Economia Criativa

Orquestra Sustentável no SESI na abertura
Foto: Pedro Sousa
O Festival SESI Cultura de Fé realiza nesta quarta-feira (16) o Diálogo "Economia Criativa: Conexões e Colaborações", uma novidade deste ano que vai interessar a estudantes, artistas, produtores, gestores e empreendedores da cultura. Ingressos gratuitos, pelo SYMPLA, ou no local, às 13h.  A abertura, às 14h, conta com pocket show da Orquestra Sustentável SESI. 

Realizado há quatro anos no Teatro do SESI, o Festival SESI Cultura de Fé já se consolidou como parte do calendário cultural de Belém. Com uma programação diversificada, o festival iniciou dia 4 e vai até dia 26 com atrações que visam fortalecer o fomento à cultura e ao entretenimento. Este ano, porém, a realização do Diálogo representa um passa à frente, ao reforçar o papel da economia criativa na geração de novos mercados e conexões dentro da Amazônia.

A economia criativa tem se consolidado como um dos setores mais promissores em escala global, e o Pará, inserido na rica diversidade cultural da Amazônia, encontra-se em uma posição estratégica para o desenvolvimento dessas atividades. Foi pensando nisso que o festival abraçou, de forma inédita, este ano, um espaço para a troca de experiências sobre como o setor cultural pode impulsionar o desenvolvimento social e econômico, além de promover a sustentabilidade.

O "Diálogo Economia Criativa: Conexões e Colaborações", nesta quarta-feira (16), vem refletir sobre todas as questões das indústrias criativas, onde os setores de cultura, arte, design e inovação ganham protagonismo como motores econômicos. É justamente essa sinergia que será discutida no evento, que integra o projeto "Jornada COP+", uma iniciativa do Sistema FIEPA, que busca promover uma agenda econômica e ambiental inovadora para a Amazônia.

Inscrições/credenciamento: https://bit.ly/DialogosEconomiaCriativa.

Três painéis para refletir as industrias criativas

Sonia Ferro, produtora cultural e jornalista
Foto: Marcelo Lélis
O evento desta quarta-feira (16) conta com três painéis. No primeiro painel, "Economia e Indústrias Criativas", Márcio Guerra, superintendente do Observatório Nacional da Indústria, com vasta experiência em análise de mercado de trabalho e economia regional, além de ter atuado como consultor das Nações Unidas, apresentará sua expertise sobre inovação e gestão cultural. Na mesa, ele estará acompanhado por Raoni Silva, gerente de Suprimentos da Natura, Sonia Ferro, jornalista e produtora cultural, e Felipe Fonseca Tavares, gestor do Observatório da Indústria do Pará (FIEPA) e especialista em inteligência computacional aplicada à produção.

O segundo painel, "Economia Criativa - Preparação e Legado COP30", terá a participação de Júlia Zardo, gerente de Ambientes de Inovação da FIRJAN, que trará sua experiência com o mapeamento da indústria criativa.  À frente de projetos como o Rio Criativo (RJ), Julia também é colunista da Veja Rio sobre inovação e sociedade. Na mesa, estarão Pelé do Manifesto, rapper e poeta, e Maynara Sant’ana, empreendedora da Cerâmica Família Sant’ana, sob a mediação de André Cutrim, economista e professor da UFPA. 

Ana Carla Fonseca, autora premiada
Por fim, o painel "Cidades Criativas: Entretenimento, Dados e Transformação Digital" contará com a presença de Ana Carla Fonseca, uma das maiores autoridades em economia criativa do Brasil e autora premiada. 

Com vasta experiência internacional, fundou a Garimpo de Soluções, empresa que atua em mais de 270 cidades em 34 países, impulsionando a cultura e o empreendedorismo criativo. Recentemente, ela coordenou projetos inovadores como o Território Criativo Vale das Histórias, no Vale do Paraíba/SP.

Neste mesmo painel também teremos Adriana Barbosa, fundadora da Feira Preta, a maior plataforma de cultura negra da América Latina, que há 23 anos fortalece o empreendedorismo negro e já movimentou mais de R$ 20 milhões. 

Adriana Barbosa, da Feira Preta 
Reconhecida pela Revista Time em 2024 como uma das 18 pessoas que trabalham pela equidade racial no mundo, Adriana traz a experiência prática de quem transformou o “Black Money” em uma realidade de impacto econômico e social. A mediação será de Adelaide Oliveira, coordenadora do projeto Circular, mediando as discussões. E após as discussões, o público vai aproveitar a apresentação especial da cantora Júlia Passos.

O que mais rola este mês! 

Além do Diálogo, o Festival SESI Cultura de Fé traz mais atrações ao longo do mês: Dia 18 de outubro, às 20h, tem show "Ser do Norte – Trilogia" com Lucinnha Bastos, Nilson Chaves e Mahrco Monteiro, revivendo grandes sucessos como "Olho de Boto" e "Chamegoso"; dia 19 de outubro, às 20h, tem espetáculo "Solo de Marajó" com Cláudio Barros, inspirado em histórias de Dalcídio Jurandir e, dia 26 de outubro, às 19h, o festival encerra com o show "Amazônia Musical: A Força do Coração Tambor", com a Orquestra Sustentável SESI e convidados especiais. Os ingressos para os espetáculos dos outros dias estão no SYMPLA.

Programação

Diálogo da Economia Criativa

16 de outubro - Teatro do SESI

13h – Credenciamento

14h – Abertura com Pocket Show: Orquestra Sustentável SESI

14h30 – Painel 1: Economia e Indústrias Criativas

TEMA: Cultura da Inovação e Dados para Gestão Cultural: Aprendendo com a Inovação nas Indústrias

Palestrante: Márcio Guerra, Superintendente do Observatório Nacional da Indústria

Mesa: Raoni Silva (Natura), Sônia Ferro (Produtora Cultural)

Mediador: Felipe Freitas (Observatório da Indústria do Pará)

16h – Painel 2: Economia Criativa - Preparação e Legado COP30

TEMA: Economia Criativa como Estratégia de Desenvolvimento

Palestrante: Júlia Zardo, Gerente de Ambientes de Inovação da FIRJAN

Mesa: Pelé do Manifesto (Rapper), Maynara Sant’ana (Cerâmica Família Sant’ana)

Mediador: André Cutrim (Economista e Professor UFPA)

17h30 – Painel 3: Cidades Criativas: Entretenimento, Dados e Transformação Digital

Palestrantes: Ana Carla Fonseca (Garimpo de Soluções) e Adriana Barbosa (Feira Preta)

Mesa: Adelaide Oliveira (Coordenadora do Projeto Circular)

Encerramento: Pocket show com Julia Passos