29.4.16

Luz feminina no Woodstock Old and New Festival

Além de Jimi Hendrix, Creedence e The Who, Janis Joplin e os ídolos hippies do rock brasileiro nos anos 1970 também serão homenageados no Woodstock Old and New, neste sábado dia 30 de abril, no Insano Marina Club. Os Mutantes, Secos e Molhados e Novos Baianos contam com performances das cantoras Gláfira e Renata Del Pinho, acompanhadas pela Woodstock Old Band, formada por Guibson Landim (guitarra), Panzera (baixo) e Mário Nogueira (bateria). Elas bateram um papo com o blog. Falaram sobre o evento, suas carreiras e o momento político do país. Joelma Klaudia, que promete trazer na alma a energia de Janis Joplin pro evento, também conversou com o Holofote Virtual. 

Atualmente, além de incursionar pela produção cultural, Renata Del Pinho vem divulgando o projeto de seu primeiro CD, o Som de Cafuzo, um passeio pelos ritmos das Américas, com algumas experimentações, como o Carimbojazz e o Brega Fast Swing. Neste trabalho, Renata passa pelas sonoridades influenciadas por negros, absorvidos no blues e no jazz, como a própria Janis, e ainda pelas sonoridades indígenas como o carimbó, além dos latinos zouk e salsa.

Já a cantora Gláfira está em fase de captação para seu novo disco "Mar de Odoyá". “Mas a crise política associada a crise financeira que cobre de negro esse momento histórico da nossa sociedade tem afastado os financiamentos culturais. Tudo está parado, o dinheiro não chega e nós ficamos na expectativa de dias melhores. Enquanto isso nos viramos como a ajuda "doszamigos" (ainda bem que os temos aos montes)”, diz ela que é conhecida já na cidade por mandar muito bem o repertório de Mutantes e Secos e Molhados.

Renata Del Pinho, que também vai cantar junto com Joelma Kláudia no Tributo à Janis Joplin, vai ancorar o Tributo brasileiro com Gláfira cantando Os Novos Baianos, principalmente. Embora seja a primeira vez que ela cante Janis, a cantora confessa que sempre gostou muito da artista e quem tem sido um desafio apaixonante mergulhar em seu repertório. 

“Deve ser a tal da fruição estética. Eu não consigo ouvir e não sentir. Até quando eu estou aprendendo a alguma música dela pra cantar, mesmo repetindo inúmeras vezes, eu sempre me sinto provocada, tomada por sensações intensas, maravilhosas. Antagônicas até (risos). 

Janis é única. E eu sinto saudade dela. É meio louco isso. Quando ouço, por exemplo, Little Girl Blue, que é minha preferida, que vou inclusive cantar no tributo, uma nostalgia que eu não sei de onde vem, me toma e mais uma vez, pela enésima vez, me vejo arrepiada e saudosa”, diz.

Renata conta que realizar o Woodstock Old and New Festival em meio ao turbilhão político por que passa o país, foi uma maneria também de dar um grito de liberdade.

“O momento político é muito tenso, muito desgastante. Há mentiras de todos os lados. As pessoas estão se contaminando com isso, há um clima da desconfiança e instabilidade, que por sua vez, provoca uma histeria geral. A intolerância super se pulverizou. 

Agora as pessoas são definidas pelo seu partido politico. Amizades nas redes sociais e na vida sendo destruídas. Minha leitura é de uma sociedade brasileira doente. Precisamos parar um pouco e respirar. Dar uma pausa nessa loucura toda. O nosso festival quer chamar a atenção para essa pausa. Idealizei este projeto para isso”, comenta.  

Gláfira, entusiasmada com a gravidez e com o festival, conta que acaba de gravar a música "Tereza Navalha" (parceria com Pedro Vianna), segundo ela, “uma quadrilha que vem pra botar fogo no mês de junho”. A letra versa sobre a resistência do grupo LGBT na sociedade atual. A gravação foi na FUNTELPA e vai ser lançada em junho na programação da Rádio Cultura.

“Fui acompanhada por uma banda incrível: Rodrigo Nunes na direção musical, liderando os arranjos e no piano elétrico; Príamo Brandão no baixo; Heraldo Santos na percussão; Junior Gurgel na bateria e Renato Torres no violão 12 cordas e guitarra”, revela Gláfira.

Janis Joplin, um ícone indispensável nesta festa

“A Janis é o início do meu mundo musical depois do gospel. Era proibido que eu a ouvisse por causa da igreja, então ouvi todos os discos de madrugada bem baixinho pra minha mãe não escutar e cortar minha liga”, brinca Joelma Klaudia, que se confessa fã apaixonada pela texana que é a pérola blues mais enlouquecida de sua época, sendo considerada a rainha do rock and roll nos anos 60 e que transpõe o tempo e gerações, sempre atual.

Joelma faz este Tributo à Janis Joplin há seis anos. “É um desafio, emoção e entrega em todas as edições. Tenho recebido muitas mensagens, acredito que o show tributo à Janis Joplin será um dos pontos altos deste festival porque ela representa a mulher, a rebeldia, a loucura e a liberdade através da música”, aposta. 

Sobre o momento político que o país passa x a realização do Woodstock Old and New, a cantora também tem opinião bem formada. “Na mesma época do festival de Woodstock em 69, aqui no Brasil vivíamos o fim do movimento tropicalista com a prisão de Gil e Caetano em 68. Tanto o Woodstock quanto a Tropicália são movimentos coletivos que comprovam e estimulam o pensamento político e a força da juventude (Eu organizo o movimento. Eu oriento o carnaval). A música é muito poderosa, e estamos aqui para provocar o movimento libertário a favor de um Brasil sem corrupção, assim como estamos pela igualdade de gênero, racial e sexual (anti-homofóbica)”, afirma.

Joelma está com o novo trabalho “Amazônia Lounge”, o segundo CD, em fase de prensagem e ele deve ser lançando em junho deste ano com o patrocínio do Banco da Amazônia. “É um trabalho que é fruto de pesquisas a partir do lounge music – a música mais ouvida no mundo.

Catei hits dos anos 80 e 90 de compositores paraenses e produzi o brega lounge, black lounge, carimbó lounge, jazz lounge, bossa lounge, entre outros e o cd ficou #odiferentão", se diverte a cantora.

O disco conta com as participações do Mc Bruno B.O, Lia Sophia e Nilson Chaves e é produzido por Jó Ribeiro.  "Gosto muito da concepção que criei, do resultado, da sonoridade, da mixagem e do repertório. Tenho singles nos meus canais youtube e soundcloud, onde a galera pode ouvir e baixar”, finaliza. 

Tem mais do lado quente do ser neste festival

O lado feminino de Woodstock Old and New Festival também está nas performances das bandas Casa de Folha, A República Imperial e Álibi de Orfeu e quero crer eu, também na sensibilidade artística de todas as demais bandas envolvidas. 

Álibi de Orfeu - Tem alguém com a guitarra na mão e um pedal de distorção no pé. Ih, vai rolar um barulho nas quebradas. Karen, Sidney, Rafael, Sabá e Rui juntaram os trapos, abriram a mala e descobriram que havia um álibi para o ano de 2016 – músicas de ontem, de hoje e do amanhã". Trazendo um trabalho sólido dentro do cenário musical do Pará, a  Álibi de Orfeu, banda que surge no final dos anos 1980, com trajetória de projeção fora do Estado.

A República Imperial - Fazendo um som MPB-Latino Experimental, a banda foi formada em janeiro de 2013, mistura ritmos de países latino-americanos (que tem por base as línguas românticas derivadas do latim), num flerte conceitual com outras artes como o teatro, a literatura e o cinema sul americanos. 

No sábado, a banda vai lançar oficialmente a sua campanha de crowdfunding (financiamento coletivo) pela plataforma Catarse, na primeira edição do Woodstock Old & New Festival. 

Os músicos precisam de 15 mil reais e tem apenas 60 dias para conseguir esse valor. Os recursos captados serão para a produção do segundo EP da banda e também para o seu primeiro videoclipe, ambos intitulados “O Peso da Luz”.

Casa de Folha - A banda é de Belém e já tem cinco anos de estrada. A pluralidades que os unem está em “Bangalô” – EP Gravado no Guamundo Home Studio, com produção e direção musical de Renato Torres. 

Formado por Thais Ribeiro – vocal; Jassar Protázio – baixo; Ismael Rodrigues – Percussão e André Butter – violão, a banda ainda conta com os frequentes acompanhamentos de JP Cavalcante – percussões, e Daniel Serrão – sax e teclados. Gravar histórias. Contar versos. Folhear canções. Eis a Casa de Folha! 

Abaixo, segue a programação completa. Vale ressaltar que a votação on line encerra no facebook neste dia 29, mas neste sábado, 30, a votação pela banda que vai levar a gravação do EP, pela Na Music, será ao vivo e em muitas cores, na Insano! 

PROGRAMAÇÃO

16h40 – Clepsidra
17h20 - Steamy Frogs 
18h – Dislexia
18h40 - Velhos Cabanos
19h20 – Sokera
20h - Tributo Secos e Molhados/Os Mutantes/Novos Baianos
20h40 - República 
21h20 - Álibi de Orfeu
22h - Cactus ao Luar
22h40 - Casa de Folha 
23h20 - Tributo Janis Joplin
0h – Groover
0h40 - Vinyl Laranja
01h20 - Tributo a Creedence
2h - Dharma Burns
02h40 - Jimi Hendrix
03h20 - The Who

Serviço
Woodstock Old & New Festival. Dia 30 de abril, a partir das 14h - Insano Marina Club - Rua São Boaventura, 268, final da Tamandaré, Cidade Velha, Belém Pará. Os ingressos custam R$ 40,00 e R$ 20,00 (meia). Levando um quilo de alimento não perecível ou aparecendo caracterizado da época, o público paga apenas meia entrada. Apoio: TV Liberal, Funtelpa, Cabron, Studio G2 Comunicações, Keuffer, Amorosa Escola de Linguagens, Studio de Teatro Tiago de Pinho, Studio Charles Tattoo. Mais informações: 981042078/998247668.

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