A videoinstalação é resultado da bolsa de pesquisa recebida através do Prêmio CNI-SESI Marcantonio Vilaça (2009-2010), orientada pelo crítico e curador Paulo Herkenhoff.
A obra já foi mostrada em vários espaços no país, mas para a
exposição no CCBEU, com a curadoria de Mariza Mokarzel, o vídeo foi
repensado e transformou-se em obra que dialoga diretamente com o espaço
da galeria. A abertura é nesta quarta-feira, 14, a partir das 19h, com
entrada franca.
Armando Queiroz expõe neste trabalho uma grande metáfora que parte de sua experiência em Serra Pelada, mais de trinta anos após o início da febre do ouro naquela região. Uma viagem em busca deste Midas ancestral.
Armando Queiroz expõe neste trabalho uma grande metáfora que parte de sua experiência em Serra Pelada, mais de trinta anos após o início da febre do ouro naquela região. Uma viagem em busca deste Midas ancestral.
“Vida morte, miséria opulência, tudo esta lá e aqui fora também. Estou bastante satisfeito, pois sempre quis experimentar este espaço”, diz Armando Queiroz. Trazendo consigo foco e reflexão sobre história, sociedade e a relação com o outro, em “Midas”, ele representa o formigueiro humano em Serra Pelada, o maior garimpo de extração de ouro do mundo, na década de 80, mas que hoje reflete miséria, fome, doenças, desemprego.
“Midas trata da possibilidade e impossibilidade de refletirmos sobre os excessos de todos nós. Pretensa possibilidade, quando pensamos localizar e classificar este estado de desequilíbrio no outro e tentamos distingui-lo, racionalizá-lo para aboli-lo. Impossibilidade quando, tragados para o fundo desta cratera, não nos damos conta do seu risco sedutor até sentirmos a clausura das nossas escolhas. Midas é a incapacidade de desvencilharmo-nos destas contradições”, explica Queiroz.
De acordo com o artista, o vídeo tem sido bem recebido por onde passa. “Creio que sua força repousa na possibilidade de ampliá-lo pra além da Serra Pelada concreta. Serra Pelada está em nós, Midas está em nós. As pessoas percebem isso imediatamente”.
Em Belém, o trabalho ganhou curadoria de Marzia Mokarzel, professora do curso de Arte e Tecnologia da Imagem da UNAMA e mais do que curadora, parceira constante de Armando. “Ela é maravilhosa! Respeitosa, inteligente! Somos parceiros, dividimos nossas reflexões que se entrelaçam entre a vida e a arte. Ela fez um lindo texto para a exposição, vale a pena lê-lo”.
O artista expõe desde os anos 90, participou de diversas mostras
coletivas e individuais no Brasil e no exterior e integrou projetos como
Macunaíma, em 1997, no Rio de Janeiro e Prima Obra, em Brasília, em
2000 e foi bolsista do Instituto de Artes do Pará em 2008, quando
desenvolveu a bolsa de pesquisa Corpo toma Corpo – estudos em videoarte e
desde então vem experimentando cada vez mais este caminho como suporte
de suas criações.
Atualmente cursando a graduação em Artes Visuais na UFPA, Armando Queiroz diz ter novos projetos com vídeos que para ele possibilitam a reunião das linguagens com as quais foi tendo contato ao longo do tempo, são como uma espécie de indução à síntese.
“O curioso é que para mim estes coisas vão surgindo naturalmente, de acordo com o que estou estudando, vivenciando ou que me pega de supetão e torna-se objeto de estudo. As linguagens tradicionais, certamente, estão presentes na minha conversa com o vídeo atualmente. Estou sentindo um prazer enorme em desenhar, pintar. É um outro tempo, uma outra relação com o mundo e consigo mesmo”, finaliza.
Serviço
A Galeria do CCBEU fica na Padre Eutóiquio, 1309, entre Conzelheiro e Arciprestes. Visitação de segunda a sexta, das 10 às 12h e das 13h30 às 19h30. Aos sábados, das 9h às 12h. Mais informações: 91 3221.6100
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