14.3.12

Armando Queiroz expõe sua “Midas” em Belém

A videoinstalação é resultado da bolsa de pesquisa recebida através do Prêmio CNI-SESI Marcantonio Vilaça (2009-2010), orientada pelo crítico e curador Paulo Herkenhoff.

A obra já foi mostrada em vários espaços no país, mas para a exposição no CCBEU, com a curadoria de Mariza Mokarzel, o vídeo foi repensado e transformou-se em obra que dialoga diretamente com o espaço da galeria. A abertura é nesta quarta-feira, 14, a partir das 19h, com entrada franca.

Armando Queiroz expõe neste trabalho uma grande metáfora que parte de sua experiência em Serra Pelada, mais de trinta anos após o início da febre do ouro naquela região. Uma viagem em busca deste Midas ancestral. 

“Vida morte, miséria opulência, tudo esta lá e aqui fora também. Estou bastante satisfeito, pois sempre quis experimentar este espaço”, diz Armando Queiroz. Trazendo consigo foco e reflexão sobre história, sociedade e a relação com o outro, em “Midas”, ele representa o formigueiro humano em Serra Pelada, o maior garimpo de extração de ouro do mundo, na década de 80, mas que hoje reflete miséria, fome, doenças, desemprego. 

“Midas trata da possibilidade e impossibilidade de refletirmos sobre os excessos de todos nós. Pretensa possibilidade, quando pensamos localizar e classificar este estado de desequilíbrio no outro e tentamos distingui-lo, racionalizá-lo para aboli-lo. Impossibilidade quando, tragados para o fundo desta cratera, não nos damos conta do seu risco sedutor até sentirmos a clausura das nossas escolhas. Midas é a incapacidade de desvencilharmo-nos destas contradições”, explica Queiroz.

De acordo com o artista, o vídeo tem sido bem recebido por onde passa. “Creio que sua força repousa na possibilidade de ampliá-lo pra além da Serra Pelada concreta. Serra Pelada está em nós, Midas está em nós. As pessoas percebem isso imediatamente”. 

Em Belém, o trabalho ganhou curadoria de Marzia Mokarzel, professora do curso de Arte e Tecnologia da Imagem da UNAMA e mais do que curadora, parceira constante de Armando. “Ela é maravilhosa! Respeitosa, inteligente! Somos parceiros, dividimos nossas reflexões que se entrelaçam entre a vida e a arte. Ela fez um lindo texto para a exposição, vale a pena lê-lo”.

O artista expõe desde os anos 90, participou de diversas mostras coletivas e individuais no Brasil e no exterior e integrou projetos como Macunaíma, em 1997, no Rio de Janeiro e Prima Obra, em Brasília, em 2000 e foi bolsista do Instituto de Artes do Pará em 2008, quando desenvolveu a bolsa de pesquisa Corpo toma Corpo – estudos em videoarte e desde então vem experimentando cada vez mais este caminho como suporte de suas criações. 

Atualmente cursando a graduação em Artes Visuais na UFPA, Armando Queiroz diz ter novos projetos com vídeos que para ele possibilitam a reunião das linguagens com as quais foi tendo contato ao longo do tempo, são como uma espécie de indução à síntese.

“O curioso é que para mim estes coisas vão surgindo naturalmente, de acordo com o que estou estudando, vivenciando ou que me pega de supetão e torna-se objeto de estudo. As linguagens tradicionais, certamente, estão presentes na minha conversa com o vídeo atualmente. Estou sentindo um prazer enorme em desenhar, pintar. É um outro tempo, uma outra relação com o mundo e consigo mesmo”, finaliza. 

Serviço
A Galeria do CCBEU fica na Padre Eutóiquio, 1309, entre Conzelheiro e Arciprestes. Visitação de segunda a sexta, das 10 às 12h e das 13h30 às 19h30. Aos sábados, das  9h às 12h. Mais informações: 91 3221.6100

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