O 1º show desta turnê no país já aconteceu. Foi no domingo (25), em Porto Alegre, fruto do disco mais bem-sucedido da banda, um álbum duplo (1979), que vendeu 23 milhões de cópias, levando-o às telas do cinema como "Pink Floyd - The Wall". A próxima parada de Waters é hoje no Rio de Janeiro, e em seguida, 1º e 4 de abril, em São Paulo.
Sim é tudo monumental e de verdade. O ex-baixista da lendária banda Pink Floyd está entre nós pela segunda vez, só que agora com esta turnê incrível do The Wall. Mas vamos voltar 30 anos no tempo, indo mais exatamente ao Cinema Palácio, em Belém do Pará, numa tarde ensolarada de um sábado, não lembro qual o mês, mas o ano era 1982 e a sessão a das 14h.
Na Rua Manoel Barata com a Presidente Vargas, fechado no final dos anos 1990, sendo hoje a sede de uma igreja, destino, aliás, de inúmeros outros cinemas espalhados pelo país, o saudoso cine Palácio tinha uma fila gigantesca para a compra de ingressos. O filme em cartaz era The Wall, mas quem disse que eu, na altura dos meus 12 anos, sabia do que se tratava? Não, eu estava ali pra ajudar a Ana, minha amiga de colégio, a encontrar Pedro, o garoto que ela gostava e tinha ido atrás, me pedindo para acompanhá-la.
Hoje sinto o quanto devo a ela por isso, não fosse assim, talvez ainda demorasse mais uns aninhos até conhecer Pink! Para resumir, não encontramos Pedro. Ele tinha simplesmente evaporado ou, quem sabe, se escondido (risos). Ana abandonou a sessão, desolada.
Para mim, obviamente, já era tarde demais. Fiquei grudada naquela poltrona vermelha. Olhos fixos na tela. Martelos marchando numa animação gráfica inesquecível à minha frente. Não, eu não sairia mesmo e mal acreditava no que estava vendo. Foi catarse! O que era aquilo? Bem, quando descobri, minha vida, meus conceitos, meu senso e olhar estético, minha escuta, nunca mais seriam os mesmos. Viagem sem volta.
O irônico nisso tudo é que nunca mais vi a Aninha, mas o Pedro é praticamente um colega de profissão. E três décadas depois, cá estou, a poucas horas de ver The Wall, agora no palco. Ah, tudo bem, não é a mesma banda, com Roger Waters, Nick Mason, Richard Wright e Syd Barrett, este substituído em 1968 por David Gilmor, todos bem sabem por quê. Mas há Waters e The Wall, que ele idealizou e se tornou um dos álbuns mais importantes da história mundial da música.
No palco, pelo que já se viu da turnê, que iniciou por Porto Alegre, o clima metafórico do filme, dirigido por Alan Park, é cheio de simbologias, vai permear todo o show.
As animações gráficas do cartunista e ilustrador Gerald Scarfe, feitas para o filme, ganharam novas dimensões e saem de fato da tela para viver bem junto a Roger Waters, as cenas mais emblemáticas do filme, uma verdadeira ópera-rock, onde o protagonista é Pink, narrador de sua própria história .
Uma estrela do rock, ele é depressivo e está com estado emocional cada vez mais alterado, o que se vai intensificando ao longo do filme. Músicas como "The Little Boy That Santa Claus Forgot” e "Another Brick In The Wall" vão ilustrando tudo e nos dando asas, nos provocando anseios e compaixão. Filho de mãe superprotetora, ele acaba casando, mas é traído pela esposa, enquanto está, olha só, numa turnê. Ao saber da traição, Pink procura garotas de programa e acaba se deprimindo mais, levando-se ao isolamento.
Waters esteve aqui em 2007, com outro show, o do álbum "The Dark Side of the Moon", também, este, um clássico da banda, sem a menor sombra de dúvida. “The Wall” já excursionou antes, na década de 1980, mas pela Europa. A turnê atual iniciou há dois anos, nos EUA.
Já não vejo a hora de estar no Estádio Engenhão, situado no famoso bairro do Engenho de Dentro, o que só me deixa mais louca pra chegar até lá! Depois de presenciar aos 15 anos o Rock in Rio (1985), será esta uma emoção maior, agora já passando dos 40! Gostou? Curta no Facebook.
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