Sancari (Belém), Os Quentes da Madrugada (Santarém Novo), O Uirapuru (Marapanim) e Sabiá (Curuçá). Estes são os quatro grupos de carimbó retratados no documentário “Pau e Corda: Histórias de Carimbó”, produzido pela TV Cultura do Pará, com direção de Robson Fonseca.
A emissora vai exibi-lo no próximo domingo, 1º de abril, às 18h30, na faixa Cultura.DOC, mas amanhã, 25, no Cine-Teatro Maria Sylvia Nunes, haverá uma sessão especial para participantes e apoiadores do documentário, a partir das 18h.
Pau e Corda, de acordo com Robson, reúne videoclipes de cada um dos grupos, além de depoimentos e bate papos, que mostram e falam da história dessa gente que mantém acesa a chama dessa cultura rica e singular na sua diversidade.
“Os Quentes da Madrugada, por exemplo, produz um som com tambores fortes, encorpados e trazem letras que retratam o cotidiano de quem produz o carimbó do lugar, que são os pescadores, tiradores de caranguejo”, diz Robson.
Além disso, o grupo é de Santarém Novo, onde iniciou a campanha pelo carimbó patrimônio imaterial. Já o Sancari, um grupo urbano, costuma embalar festas, aniversários e festivais, mas levando o carimbó legítimo ao público.
“Já havíamos pesquisado alguns grupos, colhido histórias e penso que nossa escolha não poderia ser mais acertada, não que os grupos escolhidos sejam melhores que outros, não isso.
Falo da diversidade que conseguimos nessa escolha. Realizar um projeto deste exige uma organização e logística complicadas por conta de nossa geografia, além disso, tempo e verba de produção foram parâmetros pra construção dessa rota”, explica.
"Os quatro grupos representam uma pequena parte dos mais de 160 grupos existentes”, conclui.
Esteticamente, Robson revela que a proposta foi trabalhar com a linguagem do videoclipe, cujas técnicas ele admite dominar melhor. “O documentário tem uma ‘pegada’ de ‘road movie’, edição dinâmica e a trilha é parte muito importante na narrativa do doc.,como num vídeo clipe, onde é sempre a música que dita o ritmo”.
Perguntado se pretendeu dar um foco turístico ao filme, Robson afirma que não. “Isso de turismo passa longe, apesar de termos trabalhado uma fotografia com muitas imagens de cartão postal, assinada por André Mardock, que tem uma sensibilidade muito particular. Durante todo o processo discutimos muito sobre a dinâmica da câmera no documentário. O que o documentário visa no final é mostrar para os próprios paraenses uma cultura tão rica que muitos de nós não conhecíamos. Os ritmos, as cores, as letras, tudo é muito gostoso de se ver no Carimbó”, explica.
A produção e pesquisa do filme foram de Felipe Cortez. “Cria nova da TV Cultura, que surpreendeu com uma pesquisa competente e produção impecável.
Durante alguns meses o Felipe manteve contato com alguns grupos e com a pesquisadora Julia Amorim do IPHAN. Daí fomos discutindo e construindo o nosso roteiro. Felipe e eu fizemos visitas para conhecer e fechar todo o esquema de gravação com os grupos”.
Com vários trabalhos realizados em audiovisual, Robson Fonseca, publicitário, jornalista, diretor, editor e apresentador de TV, fez parte do núcleo de criação do programa Invasão e editou e apresentou o Sete 7 independente. Trabalhou também com montagem e pós produção do documentário Tocando Rabeca e dirigiu os videoclipes Sincera – Admitir (direção roteiro e montagem) , Delinquentes – Versão de Pescador de mestre Lucindo (direção roteiro e montagem) e Vinil Laranja – Unfacelles Bride (direção roteiro e montagem)
Estes são alguns dos trabalhos realizados, no currículo de Robson Fonseca, que também já recebeu o prêmio Funtelpa 2010, de Melhor reportagem para “Rapel na Alça” e no Festival Noites com Sol, pelo Melhor Vídeo Clipe “Delinquentes”.
Com toda esta experiência, porém, o trabalho mais recente deixou seus registros em Robson.
"Em todos os lugares em que passamos a vivência foi intensa e incrível. A generosidade dessas pessoas é coisa que foge totalmente aos padrões desse mundo moderno. Por todos os lugares que passamos o acúmulo de aprendizado e experiências não cabe em nenhuma universidade.
O mais incrível é como eles abriram as portas de suas casas com carinho de amigos muito próximos. E o legal é que toda a equipe tinha muita consciência disso e não estava ali, apenas para um trabalho de gravação de um vídeo mas sim para sentir e compartilhar aquelas experiências”, ressalta.
Robson traz na memória a paixão dos grupos pelo carimbó, mas a história de Mestre Manoel chamou atenção. “Ele realiza um trabalho incrível com crianças de Marapanim. Não sei precisar quantas pessoas foram envolvidas”.
Belém - O documentário contou, ainda, com imagens e depoimentos feitos em Belém, com câmeras de Jacob Serruya, Samuel Rodrigues e Hélio Furtado.
“A equipe que viajou, contou com Felipe Cortez na produção, André Mardock na fotografia, comigo na Direção e Gilberto Bessa na Luz e maquinária. Além dos grupos, tivemos participação de algumas pessoas que entram como interferências entre as histórias dos grupos, como Pinduca, Danilo Bracchi, Jayme Katarro, Lu Guedes e Samilly Maria”.
Depois de Pau e Corda, a ideia agora é repetir a dose. “Quem sabe daqui um tempo façamos o Pau e Corda II... Essa experiência serviu para mostrar que as histórias de carimbó não se esgotam em um documentário, muito pelo contrário, com mais 160 grupos espalhados no Estado inteiro, ainda tem muito carimbó para ser mostrado”, finaliza Robson.
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