(Foto: Aline Barros) |
O show é da banda Lauvaite Penoso, que abre o projeto rede coletiva "Sexta Básica", no Espaço Cultural Coisas de Negro. A noite conta ainda com intervenção do Sonora Iqoaraci, do coletivo Bixo de Rua e da Cia de Circo Nós Tantos, artistas de diferentes linguagens, que trazem ao público música, circo, artes visuais, discotecagem e mídia tática. Promete. O ingresso custa R$ 5,00 + 1 kg de alimentos não perecíveis, que serão doados em cestas básicas aos mestres de cultura de Icoaraci.
Auvaite penoso! é uma expressão comum nas perferias, onde a molecada que costuma empinar papagaio, pipa ou rabiola, grita quando corta a linha do outro. Mas em Icoaraci, porém, me disseram que se ouve: "Lauvaite Penoso". É daí que sai o nome escolhido pelo grupo, que surge ali mesmo no ano de 2009.
É formado pelos músicos autodidatas Rodrigo Ethnos (percussão + voz / djbê + curimbó + berimbau + efeitos), Johnny Craveiro (vos + direção / flauta doce + violão + banjo), Diogo Craveiro (guitarra + vocal), Gaby Maurity (vocal + composição), Jassar Protásio (baixo + voz), Junior Duzik (bateria) e Alison Barros (percussão / alfaia + djbê + curimbó + berimbau + efeitos), que expressam, através da música, o cotidiano nos movimentos culturais das baixadas de Belém e de Icoaraci.
Com três anos de existência, a banda desenvolveu um repertório autoral de mergulho na cultura popular amazônica e brasileira. “Nosso foco é a nossa vivência. Eu sou ogã de candomblé e criado no movimento de carimbó, o Jhonny e o Diogo Craveiro tocavam em bandas marciais, a Gabi tem muita influência da musica nordestina e assim vai. A gente procura usar a influência do nosso dia a dia e, como moramos nas periferias da cidade, não podemos deixar de ser influenciados pelos ritmos daqui como o tecnobrega, cúmbias, guitarradas, o hip-hop. Nossa musicalidade passeia por tudo isso”, explica Rodrigo Ethos.
Celebração, intervenção cultural. Na opinião dos que integram o projeto, “Cortando a Linha do Sistema" é um grito, uma brincadeira prazerosa e perigosa para aqueles que precisam sobreviver em periferias violentas, trabalhando para se sustentar e ainda assim fazer e respirar música, arte.
“A gente tem que sobreviver e fazer arte. Pagar, na maioria das vezes, pra fazer show. A dificuldade pra conseguir recursos atrapalha. Mas também começamos a desenvolver outra maneira de articular essas atividades, através da solidariedade, do apoio mútuo, da amizade e em busca da nossa verdade, seja ela a de identidade ou necessidade de se expressar”, reforça o músico e professor de arte.
Ney Lima |
Circo e carimbó – O show da banda, porém, é apenas um ângulo da rede tridimensional que a “Sexta Básica” está se propondo a linkar, também na próxima
sexta-feira, 16.
O coletivo Bixo de Rua chega com o seu carimbó, geralmente atuante na Feira do Ver-o-Peso. O grupo surgiu do encontro de três artistas: Ronafá
Curuperé, que vem da Ilha de Caratateua (Outeiro), Lorival Igarapé, de
Grupos de Belém e Icoarací e Ney Lima (Sonora Iqoaraci), de vários Grupos
Folclóricos. Eles são o Bixo, que une seus repertórios com um único
objetivo: tocar para todos e na rua, realizando uma interferência direta ao fazer carimbó nos
arredores da maior feira à céu aberto da América Latina.
Mídia + Tàtica - Também liga-se à Lauvaite Penoso, o Sonora Iqoaraci, coletivo formado por
Ney Lima (banjo e voz), Jorge Furtado (violão e voz), Welton Ferreira
(curimbó e voz), Clever dos Santos (maracás e voz) e Angelo Madson
(mailing multimídia).
Estratégico,
além de trabalhar os ritmos genuinamente paraenses como os beats
afro-tupi, carimbó, lundú, guitarrada, recombinados contemporaneamente, o
grupo utiliza-se da midiatática como ferramenta de atuação,
documentação e registro, além de realizar transmissões via Web Tv dos
projetos, como forma inovadora, ativista e consistente de acesso à
cultura popular e suas manifestações. A transmissão on line, a partir do blog do Coisas de Negro, é uma ação que acontece todos os domingos,
durante a tradicional Roda de Carimbó, capitaneada pelo Griô do espaço, o
Negoray (Mundé Qultural), e isso há exatos 12 anos, também com a atuação de Luizinho Lins (Grupo Cobral Coral) e do músico e arte educador, Gleydson Carrera.
Circo - A Cia de Circo Nós Tantos, acostumada a fazer apresentações em diversos
eventos e espaços da cidade, leva ao Coisas de Negro nesta sexta-feira,
09, algumas de suas habilidades como o malabarismo, acrobacias aéreas, clown, estátua viva e perna de pau, entre outras.
A programação acontece em Icoaraci, onde fica o Coisas de Negro, um espaço criativo para a efervescência da cultura popular naquele distrito,
a 20 km do centro da capital paraense.
Serviço
Projeto Sexta Básica. Show "Cortando A Linha Do Sistema", com a banda Lauvaite Penoso e participação do coletivo Sonora Iqoaraci (sonoplastia + projeção + livestreaming), do grupo de carimbó Bixo de Rua e da Cia de Circo Nós Tantos. Nas sextas-feiras, 09 e 16 de março, sempre a partir das 21h, no Espaço Coisas de Negro, em Icoaraci - Rua Lopo de Castro, 1.081, entre 5ª e 6ª Rua. O ingresso custa R$ 5,00 + 1kg de alimento não perecível, que serão transformados em cestas básicas para os mestres de cultura de Icoaraci. Mais informações: 91 82651269/ (91)8263 4526.
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