30.3.12

The Wall na antena Parabólica de Ismael Machado

Sim. Fui ao show de ontem no Rio de janeiro e foi ótimo (as fotos estão na minha Linha do Tempo). Abaixo, segue o texto enviado pelo jornalista Ismael Machado para publicar aqui no Holofote e que está hoje, também, em sua coluna, a Parabólica, no Caderno Por Aí, do Diário do Pará.

Ele também viu The Wall, o filme, em Belém, mas diz que foi no Cinema Olimpia. Outra pessoa no Facebook também me questionou, lembro, porém, nitidamente, da fila no Cinema Palácio, que se estendia ao longo da Manoel Barata. Vai ver que foi exibido nos dois cinemas. Primeiro em um e depois no outro, em momentos diferentes. Não importa. Valeu! Temos agora estas imagens, feitas ontem à noite, no Engenhão. E a crônica de Bill.

The Wall
Ismael Machado

Quando Michael Jackson morreu, escrevi aqui nesse espaço, que para muitos que conheci no início dos anos 80, o autor de Thriller nem de longe era amado. Muito pelo contrário. Para o bem e para o mal havia uma divisão entre as diversas tribos sonoras. Michael estava do outro lado do muro. E embora ele tenha caído, com muitas barreiras sendo transpostas, para mim Michael ficou por lá, sentadinho ao pé do muro. E não me fez falta alguma.

Falo em muro porque naquele período um leitor enfurecido me escreveu questionando e ironizando se naquela época eu ficava ouvindo Pink Floyd. Claro, respondi. Não só o Pink Floyd, como Led Zeppelin, Bob Dylan, Rush, AC/DC e tantos outros. Depois vieram U2, Echo, Legião etc, mas isso é outra história.

Falo de muro também porque, embora não seja meu disco preferido da banda, ‘The Wall’, o clássico floydiano de 1979, marcou intensamente toda uma geração. Um exercício de psicanálise musical perpetrado principalmente pelos traumas e angústias do baixista Roger Waters, o disco duplo ganhou as telas de cinema pelas mãos do diretor Alan Parker. 

Waters diz ter detestado a versão cinematográfica, mas o público não. Fiz parte da fila que se acotovelou para ver o filme no cinema Olímpia, ainda na primeira metade dos anos 80. Tempo em que se pagava para assistir a uma sessão e depois se podia ficar ali, assistindo a outra e outra e outra. 

Em tempos de filmes de rock, minha turma costumava entrar na primeira sessão, mais ou menos 13h30 e sair lá pela última. Era bacana. E em tempos de videocassetes incipientes ainda, lembro de termos conseguido um aparelho emprestado de um carinha com casa de piscina e altos muros, em frente ao Lourdes, o colégio das freiras de Icoaraci e exibido no salão paroquial da igreja matriz. 

Acreditem, foi um choque. No sábado passado, o fotógrafo Renato Reis almoçou um peixe aqui em minha casa e ficamos, em dado momento, conversando sobre o quanto gostávamos de rock progressivo, que a partir de meados dos anos 80 passou a ser mal visto. Aos poucos começa a recuperar a aura perdida.

Nesse contexto, Pink Floyd ainda é a principal referência. Dizem que vai haver uma reunião dos sobreviventes para um show ano que vem em Buenos Aires, no Rock in Rio. Por enquanto, a pedida é a íntegra de ‘The Wall’, que Roger Waters apresenta em palcos brasileiros. Vem com toda a parafernália a que tem direito. 

E dizem ser um espetáculo impactante. Trambolhos de luzes e imagens em espetáculos grandiosos, não são mais novidades no mundo da música pop. Tornaram-se regra e não exceção. Em muitos casos, disfarçam a precariedade da música em si, de pouco viço, como Lady Gaga, por exemplo. 

 O que torna ‘The Wall’ diferente nesse quesito é a força das canções. Estarão lá ‘Mother’, ‘Hey You’, ‘Confortably Numb’, ‘Nobody Home’, entre tantas. São canções que sobreviveram à passagem do tempo. Ganharam relevância. O limbo da história não as engoliu.

Há quem questione o fato de que muitos jovens ainda ‘perderiam’ seu tempo ouvindo essas velharias. Led Zeppelin, Beatles, Mutantes, Roberto Carlos, Creedence, Pink Floyd...por que gastar ouvidos com isso? Deem opções melhores. Enquanto isso, olho novamente meu ingresso para o show de amanhã. Chegou pelo correio. É pista. Em frente ao palco, torcendo para que não chova, pensarei na frase de André Forastieri sobre o Creedence e a adaptarei: se você não gosta de Pink Floyd, desculpe, eu não tenho nada a dizer a você.

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