11.8.16

Alba Maria: 10 anos de Retrato em Branco e Preto

"Vou colecionar mais um soneto. Outro retrato em branco e preto", assim escreveu e cantou Chico Buarque. A música deu nome ao show “Retrato em Branco e Preto – O Universo Feminino de Chico Buarque”, da cantora Alba Maria, que o estreou  exatos dez anos, na França, e o apresenta mais uma vez em Belém, hoje (11), às 20h, no Teatro Gasômetro, no Parque da Residência. 

“Geni e o Zepelim”, “Valsinha”, “Mar e Lua”, “Tango de Nancy”, “Joana Francesa”. São diversas as canções de Chico Buarque, que abordam o universo da mulher, seus sentimentos de angústia, dor e felicidade, paixão. Numa só apresentação, não caberiam todas estas composições, mas em uma década certamente todas elas poderiam ser cantadas e assim foi feito. Por isso, dez anos depois, o show de hoje é celebração. É assim que  Alba Maria o define.

“Estou muito feliz com a apresentação de hoje em que tenho ao lado Paulo José Campos de Melo, um grande pianista, atualmente Superintendente da Fundação Carlos Gomes, os queridos Olivar Barreto, Gigi Furtado e João da Hora, além da Jade Guilhon, que vai tocar bandolim e violino”, revela. “Também teremos uma surpresa, que será a participação de um amigo meu, do teatro, um amigo meu da adolescência. Ele fará uma performance para uma das canções, não posso revelar”, pontua.

Paulo José Campos de Melo
Em 2006, Alba Maria que tinha acabado de mostrar em Paris o show Retrato em Branco e Preto – O Universo Feminino de Chico Buarque, precisou voltar a Belém para acompanhar o quadro de saúde de sua mãe, Anélis. 

Era pra ficar só um mês, havia turnês agendadas na Europa, mas o destino escreveu diferente e ela permaneceu aqui, retomando a carreira, a partir de Belém do Pará.  

“Desde então, faço todos os anos, este show”, diz ela, que também está comemorando seus 50 anos, dos quais quase 30 são dedicados à música. Irmã do saudoso compositor Chico Sena, integrante de uma família de pessoas apaixonados por música, Alba Maria ouve Chico Buarque, desde criança. Para além da poesia, as canções também mexiam com seus sentimentos. 

Comemorando a vida e a superação das dificuldades, com enorme confiança e esperança nela mesma, Alba Maria repassa afeto e confiança à plateia. “São pessoas sensíveis que se deixam penetrar e passam a acompanhar o meu trabalho. Isso aquece o coração e faz aquele motor de resistência funcionar. Todo artista precisa ter alimentar o seu para que outras coisas aconteçam”, afirma. 

Após o show no Gasômetro, a artista se dedicará ao lançamento, do DVD “Alba Maria - Simplesmente Vital”, em fase produção para a prensagem. “Neste trabalho eu canto o lado mais passional de Vital Lima e parceiros, e o lançamento está previsto para outubro. Temos como patrocinadores o Banco da Amazônia, que deu um apoio direto, e de uma empresa, pela Lei de Incentivo Municipal Tó Teixeira”.

No palco ou bares cantando a vida

Jade Guilhon
Artista persistente, talentosa e afirmativa, Alba Maria canta nas noites de Belém. Toda quinta-feira, ela se apresenta no Boteco do Arsenal. Na sexta, faz Le Bistrô e em seguida vai pro Espaço Cultural Boiúna, o famoso Bar do Mário. 

Neste sábado, ela estará no Boteco do Gugu, este famoso pelo peixe frito que oferece no cardápio, participando do Projeto Cores da Amazônia. Depois, segue para apresentação no Municipal, às 23h. E domingo, volta ao Boteco do Arsenal, agitando a noite, já que segunda-feira, 15, será feriado. 

“Cantar num bar ou num teatro, tanto faz, a questão da entrega é minha, eu me entrego, me doou. É como se fosse um oratório, em que eu sou o próprio oratório, me abro e me entrego em direção a quem enxerga a minha luz, a minha intensidade. A minha arte é a minha reza. Gosto de me envolver com tudo, do figurino à direção. É o que me salva. Faço o roteiro, dirijo, dou piteco em tudo, e isso me faz ressurgir sempre de maneira renovada”, revela a cantora.

Outra faceta de Alba tem a ver com o abandono animal, que mantém um abrigo chamado Feitiço Lar de Amor. “Tenho gatos lá e é uma luta árdua. Estamos sem padrinhos, temos algumas pessoas que ajudam esporadicamente e apenas um efetivo. O momento é difícil, mas é mais coisa a superar”, finaliza.

Campanha de Financimento Coletivo

Dona de uma trajetória de vida voltada aos direitos sociais, Aba Maria realizou, recentemente, uma campanha de financiamento através do site Catarse, para arrecadar recursos como ajuda na produção de Retrato em Branco e Preto e à própria carreira. Foi surpreendida por insultos que vieram in box, via facebook e outras redes sociais da cantora.

“Foi uma campanha interessante, eu nunca havia feito e agradeço muito o apoio do Fórum 21, do qual participam pessoas alinhadas com a esquerda brasileira. Estas pessoas se sensibilizaram e se mobilizaram em relação à falta de apoio a quem milita na cultura. Já participei de atos públicos e acredito que acabei sendo agredida por pessoas que estão dividindo o país em dois lados. E sob este ponto de vista até entendo. Alguns deixaram de falar comigo e eu por minha vez também decidi me silenciar para elas, depois de algumas agressões”, conta. 

Alba diz que isso não a desestimulou. Ficou emocionada com a solidariedade que recebeu também. “Conversei com alguns amigos e sigo em frente. Minha vida sempre foi uma batalha e esta não será a última, não vai me desviar do que eu quero fazer, como gosto de conduzir as coisas, com vontade de ser pessoa integra. 

Tenho esperança de as coisas melhorarem, temos que nos posicionar. Eu tenho paciência, resiliência e montes de qualidades, desculpa a falta de modéstia, pra seguir em frente acreditando que este meu trabalho há de se expandir, projetar e penetrar na alma e nos corações”, acredita.

E apesar de tudo, a campanha de financiamento coletivo, que atingiu 45% da meta no Catarse, segue recebendo doação a partir de R$ 10,00 (dez reais), entrando em contato pelo número (91) 988981068 (vivo+zap+telegram), até esta sexta-feira, 12 de agosto.

Serviço
Retrato em Branco e Preto – O Universo Feminino de Chico Buarque, show de Alba Maria, com Paulo José Campos de Melo e convidados. Participação surpresa com performance. A partir das 20h, no Teatro Gasômetro – Parque da Residência. Ingresso R$ 25,00. 

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