22.10.09

Mestre Laurentino e Radio Cipó seguem para o Velho Mundo

No mês de novembro, o Coletivo Rádio Cipó estará se apresentando no London International Festival of Exploratory Music. Para eles, um evento catalisador de mudanças, com colaborações internacionais e experimentações que promovem o interculturalismo e a partilha do conhecimento.

O repertório está pronto e em menos de quinze dias eles estarão no Velho Mundo, onde, mais exatamente no dia 6, vão fazer um show com cerca de 50 min, para uma platéia que eles podem não ter dimensão, ainda, mas que sabem: serão ouvidos por centenas de pessoas de várias nacionalidades. Por isso mesmo a expectativa do grupo é a melhor.

Serão mostradas músicas novas e do ótimo CD Formigando na Calçada do Brasil. Além das músicas, o público verá projeções de Guto Baca, feitas especialmente para a ocasião. Do Brasil apenas três grupos vão participar. Além da banda paraense, as outras duas são de São Paulo, Madame Mim e Da Cruz.

Este ano, o festival está destacando a música do Brasil, Reino Unido e Japão, mas também contará com artistas e grupos do Canadá, Groenlândia, Irlanda, Turquia, Iraque, Bélgica, China, Sérvia e Polônia.

Para garantir o espaço na mídia e projetar o trabalho das bandas e o evento, a produção do festival já fez parcerias com as revistas The Wire, Songlines e Jungle Drums e com as rádios Resonance FM e Last.FM.

“Conhecido há oito anos como Atlantic Waves, a partir de 2009 passou a se chamar LIFEM, tendo concepção que reflete seu novo rumo, mais internacional e inovador”, diz Carlinhos Vas, produtor e baterista do RC.

“O festival é um compromisso anual com o mundo emocionante da vida e da música de todos os gêneros e origens, tendo como objetivo surpreender, enriquecer, iluminar e entusiasmar audiências”, complementa.

O RC surgiu em 2002, quando Vas resolveu montar um estúdio em casa. Isso acabou reunindo os músicos Jared (baixo), Renato Chalu (guitarra), Luís Bolla (percussão) e Rodrigo “Jamanta” Lima (vocais). Já o vocalista Rui Montalvão, o Rato Boy, foi um dos primeiros a se chegar.

A partir destes encontros constantes na casa de Carlinhos, surgiram, naturalmente, experimentações de hip-hop, dub, breakbeats, jungle, ragga, rock e reggae jamaicano, hoje, a base do grupo. Além deles, estão no Coletivo RC, outros músicos e artistas populares como Dona Onete e o grande Mestre Laurentino, que irá junto com eles para a Europa.

A inventividade do grupo e suas experimentações sonoras de qualidade, com investimento em novas mídias talvez tenham sido os principais fatores para o convite do festival. Mas quem vai falar mais sobre isso pra gente é o Carlinhos, nesta entrevista.

HolofoteVirtual: Como rolou o convite e o que vocês estão achando de participar deste festival?
Carlinhos Vas: O convite rolou através da BM&A e Apex Brasil, que são nossas parceiras para escoar a nossa produção para os EUA, Europa e Japão. Achamos ótimo. É nossa primeira turnê européia. Estamos conseguindo abrir mais espaços fora do nosso país. A minha idéia hoje é conseguir tocar mais nos países da América do Sul, como: Colômbia, Argentina, Uruguai e Chile.

HolofoteVirtual: Quem vai com vocês pro Velho Mundo?
Carlinhos Vas: Gostaria de ter fechado para 12 músicos, mas não deu. A verba é muito alta. Estamos indo com 5 músicos: 01 VJ e 01 Manager Tuor, que é o Paulo André do Abril do Rock. Ele gosta muito da gente, é fã do Coletivo RC e está fechando shows também em Paris, Copenhagen e em Londres. Os músicos que vã, além de mim (bateria), são o Renato Chalu (guitarra), Jarede da Arabias (baixo e guitarra), Rato Boy (vocal) e, Mestre Laurentino (gaita). O Guto Baca vai fazer as projeções, gravação e filmagem para nosso próximo DVD.

HolofoteVirtual: Fora a viagem vocês também andam produzindo muito...
Carlinhos Vas: Estamos produzindo o Acervo Audiovisual Mestre Laurentino 80 anos de vida. Este projeto visa a produção de dois CDs de musica, 01 DVD e 01 biografia da obra e vida de Mestre Laurentino e estou fazendo a Pré-produção do CD da compositora Dona Onete, intitulado “A diva o Chamegado Paraense”.
Hoje somos Ponto de Cultura com o projeto Rede Rádio Cipó de Comunicação Digital. Temos um projeto junto com a Fapespa e Sedect para a Escolinha de Música Digital Mestre Laurentino/Estúdio-Escola. E também estamos produzindo jingles para o documentário “Mídias Digitais Alternativas”, que vai ao ar no Canal Brasil. E ainda estamos elaborando projetos culturais e sociais junto com o BNDES e Banco da Amazônia para o Ponto de Cultura.

HolofoteVirtual: Ah, me fala da participação de vocês e Mestre Laurentino no programa do Faustão. Isso, de alguma forma, rendeu profissionalmente ao grupo?
Carlinhos Vas: O Mestre Laurentino recebeu uma homenagem do programa e estreou o quadro "Figuraça". Foi lindo e maravilhoso. Ele é um mestre popular autodidata e com certeza merece tudo de bom nesta vida e na próxima. Quem quiser ver de novo a apresentação pode assistir neste link http://video.globo.com/Videos/Busca/0,,7959,00.html?b=mestre%20laurentino Aparecer no programa do Faustão abriu um leque de opção para shows no Brasil e me ligou a produtores de todo o país. Um curador quer levar a gente para tocar em Nova York.

HolofoteVirtual: Tem algum show antes da partida?
Carlinhos Vas: Infelizmente acho que não vamos tocar antes de viajar para a Europa. Ainda estamos vendo isso. Chamei um produtor para trabalhar isso aqui em Belém, geralmente tocamos mais fora do que aqui na nossa cidade. Isso é chato. Mas é isso mesmo. Valeu a entrevista, sucesso a todos!

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