13.4.18

Cyro Almeida abre a mostra "Isolamentos e Fluxos"

Trazendo fotografias de Cyro Almeida realizadas entre 2011 e 2018 em cinco bairros da capital paraense: São Brás, Guamá, Condor, Jurunas e Cidade Velha, a exposição tem curadoria é de Mariano Klautau Filho.Abre nesta terça, 17, às 18h, no Espaço Cultural do Banco da Amazônia.

“Isolamentos e Fluxos” desafia os estereótipos da violência e foi uma das selecionadas pelo Edital de Pautas 2018 do Banco da Amazônia. A abordagem documentária do fotógrafo mineiro revela sua dedicação à figuração de habitantes e trabalhadores nas periferias das metrópoles, com um olhar atento ao corpo, à cor e à ocupação dos espaços. 

“As imagens são uma tentativa de escapar da visualidade predominante sobre essas regiões, que normalmente se apoiam nos estereótipos da carência material e da violência.”, declara o artista. Por seu trabalho em Belém, Cyro recebeu o XV Prêmio Funante Marc Ferrez de Fotografia, em 2015, na categoria Documentação Fotográfica do Brasil.

Influenciado por fotógrafos como Luiz Braga e André Cypriano, e pelo cineasta Eduardo Coutinho, a poética de Cyro Almeida é construída pelo desejo de conhecer o outro. Isso o levou a percorrer a pé de Van um trajeto cujas extremidades abrigam os mercados de São Braz e do Ver-o-Peso, indo ao encontro de açougueiros no Guamá, carregadores de açaí nas feiras do Jurunas e da Cidade Velha, serralheiros no Porto do Sal, além de diversos moradores serenamente posicionados nas portas de suas casas ou em momentos de lazer.

Residindo em Belo Horizonte, o artista vem a Belém todos os anos desde 2009, normalmente no período mais chuvoso, entre dezembro e abril. 

“A primeira vez que estive em Belém, andando pelo Ver-o-Peso, foi como uma mágica, pela conexão e identificação que eu senti. Não tenho nenhum parente em Belém e naquela época nenhum vínculo de trabalho. Era como se eu estivesse matando a saudade de um lugar que eu nunca havia estado”, conta. Ao conviver com os espaços fotografados, observá-los e interagir com as pessoas, Cyro entendeu que estava em áreas marcadas por estigmas da violência social, sendo constantemente alertado para não estar ali.

Sem acreditar que está imune a qualquer ameaça, o fotógrafo prefere a ideia de que os discursos da intimidação podem, às vezes, levar à própria violência que criticam. “Minhas fotografias não são pra dizer que não existe violência nesses bairros, mas para que eu mesmo não me torne violento a eles pela representação estereotipada, a distinção social e fantasia produzida pelo medo”. 

Portanto, as fotografias apresentadas em “Isolamentos e fluxos” não são apenas um documento histórico de uma parte da vida em Belém na década de 2010, mas uma tentativa de remontar os sentidos convencionalmente colocados sobre essas populações em âmbito local e global.

Nas palavras do curador, Mariano Klautau Filho, o resultado desse processo é uma “fotografia franca, sensível na experiência do contato e precisa nos enquadramentos em que a persona e seu ambiente estão em uma harmonia dissonante aos discursos sobre os perigos da cidade”, examinando ainda que “há certa paz nas imagens, muito provavelmente pela qualidade da experiência entre fotógrafo e retratado”. 

Trata-se assim da oportunidade do público belenense conhecer pela primeira vez no formato de exposição os resultados de constantes vivências e imersões feitas por um retratista forasteiro que tem tomado a capital paraense como base de sua poética.

Serviço
Exposição “Isolamentos e Fluxos”, de Cyro Almeida. Abertura nesta terça-feira, 17, às 18h30, no Banco da Amazônia (Av. Pres. Vargas, 800 - Campina). Conversa com o artista e curador será na quarta-feira, dia 24 de abril, às 18h30.  Visitação: 18/04 a 15/06, de segunda a sexta-feira, das 9h às 17h. Entrada gratuita.

(Informações da assessoria de imprensa do Banco da Amazônia)

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