
Nos dias 07 e 08 segue com espetáculos no Instituto de Artes do Pará e no Teatro Margarida Schivasappa.
As peças são da Cia. Bacatá, do Rio de Janeiro, que apresentará "Ingrid", no dia 07, no IAP, às 20h30 e “Malentendido”, no dia 08, no Teatro Margarida Schivazappa, às 20h.
Ingrid - A partir da experiência vivida em cativeiro pela ex-candidata à presidência da república da Colômbia Ingrid Betancourt, o espetáculo propõe uma reflexão sobre o problema do seqüestro na Colômbia, suas seqüelas na sociedade e nos indivíduos privados de liberdade, cujos direitos humanos são violados.
Constituída por cenas fragmentadas, não cronológicas, a dramaturgia faz um ponto de interseção entre o “personagem” em questão e a historia da própria atriz configurando-se em cena um personagem vértice.
A justaposição apresentada é o ponto de partida para discutir não só questões identitárias, mas também a complexidade da situação emergencial vivida pelos quase 3000 seqüestrados que estão em cativeiro na Colômbia. A abordagem da temática extremamente atual e a construção cênico-dramatúrgica conferem ao espetáculo uma aproximação do gênero documental.
A encenação apresenta um recorte do cativeiro numa dramaturgia cênica apoiada em pequenas estruturas onde as imagens constroem uma narrativa sensorial e poética. O espetáculo traz o aspecto cíclico da espera constituído pela repetição de células cênicas que traduzem o cotidiano desolador vivido por milhares de seqüestrados que se mantêm vivos graças às notícias enviadas pelos seus familiares através do programa “As Vozes do cativeiro” transmitido nas madrugadas de sábado.

A encenação da peça “O Mal-entendido” tem ressonância no Brasil de hoje porque discute uma temática de vital importância para a sociedade atual, que aborda a necessidade do fortalecimento da nossa identidade, da comunicação e da não violência.
A dramaturgia está apoiada na complexidade, ambigüidade e riqueza da condição humana. Os personagens refletem uma sociedade niilista, onde se sentem alienados, sem perspectiva, numa situação limite transitando por um cenário minado por zonas escuras onde o essencial não é dito.
O Mal-entendido, no primeiro contato, incomoda e encanta com a objetividade árida de seus diálogos, seu tom trágico, o tanto dito e não ouvido. Reencontro Meursaut em Ian que procura deixar de ser estrangeiro em sua vida e o “Sísifo” em Martha que procura no crime um meio de escapar à uma existência absurda. A peça foi escrita nas montanhas da França ocupada pelo terceiro Reich.
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