Luiz Carlos França se envolvia em tudo que houvesse poesia.
“Ele era muito verdadeiro. O que tinha para dizer, ele dizia”, comentou Josette Lassance, escritora e companheira dos saraus de poesia que inundaram de luz, tantas vezes, as noites da Cidade Velha, bairro em que o poeta morava.
“Ele era muito verdadeiro. O que tinha para dizer, ele dizia”, comentou Josette Lassance, escritora e companheira dos saraus de poesia que inundaram de luz, tantas vezes, as noites da Cidade Velha, bairro em que o poeta morava.
No Teatro Waldemar Henrique, os amigos arrumaram em uma mesa, seus livros e muitas fotografias. Fotografias que delinearam o tempo, denunciando o poeta.
Ao se ler “Boca de Ferro”, um livro miniatura em sua forma, mas gigante em suas palavras, percebe-se a maturidade maior do poeta. É um livro de despedida, verdades e muitas declarações de amor, às pessoas, à cultura popular com todas as suas cores, e pela cidade de Belém do Pará.
Ao se ler “Boca de Ferro”, um livro miniatura em sua forma, mas gigante em suas palavras, percebe-se a maturidade maior do poeta. É um livro de despedida, verdades e muitas declarações de amor, às pessoas, à cultura popular com todas as suas cores, e pela cidade de Belém do Pará.
Por mais irônico que pareça, foi justo no mês em que mais esse colorido se manifesta com seus folguedos e bois bumbás que tanto figuraram em seu imaginário poético, que ele escolheu para nos deixar.
Na apresentação de “Sangrado Coração de Poeta” (2001), seu primeiro livro, o jornalista, ator e amigo, José Carlos Gondim, escreveu: “O Luiz Carlos França é da geração dos antigos poetas , das velhas noites do Bar do Parque. A poesia é um risco”.
E lembrando-se dos encontros de Luiz com Rui Barata, ali no Bar do Parque, Gondim cita: “Dessa troca quase diária de emoções e versos, o velho boto Paranatinga encantou muitos versos do Luiz Carlos.
O ser exposto, desnudo, transparente e real. O ser não resolvido que nem sabe como e porque é poeta. “O ser é apenas um grão solto no universo”. O homem que chora e se apaixona e ri da sua paixão, o poeta sangrado”.
Em seguida à apresentação do livro, vem uma carta em que se diz: “Mangueiras, açaizeiros, ingá, tucumã, Guajará, Porto do Sal, brinquedos de miriti e roque-roque regionalizam teu poema. Amor, libido, Greta Garbo e Andy Warhol o universalizam. Interessante esta dualidade. Muito interessante”, escreveu-lhe outro poeta, José Maria Vilar.
Artista e compositor - Também compositor, ator e diretor de espetáculos, Luiz iniciou sua carreira em 1972 participando do espetáculo “O Coronel Mamcabira”, de Joaquim Cardoso, dirigido por Cláudio Barradas, com música de Waldemar Henrique e produção da Escola de Teatro e Dança da Universidade Federal do Pará.
Como ator, Luiz C. fez o Cena Aberta Canta Zumbi, adaptação do texto de Boal e "Eles não Usam Black Tie", de Guarnieri, sob a direção de Luiz Otávio Barata. Com o grupo atuou ainda em “Palácio dos Urubus”, onde fazia uma bailarina (foto acima), e “Ajuricaba”, com texto de Márcio Souza.
Também foi dirigido por José Celso Martinez quando fazia “Acordes”, uma performance baseada em textos de Bertolt Brecht, e atuou em “A importância de Estar de Acordo” (texto de B. Brecht), com direção de Erlon José Paschoal . Fez ainda “Woizek” , texto de Buchinner, dirigido por Afonso Klautau.
Foi ainda na década de 70, no I Festival de Música e Poesia da UFPA , que ficou entre os doze finalistas com a poesia “Quisera”. E o pé na música já estava lá. Como compositor tem parceria com Mini Paulo (Por Inteiro), Pedrinho Cavallero (Velho Camaleão), Júnior Soares (Lobo do Mar).
Mas seu principal parceiro foi Eloi Iglesias, com quem recebeu a indicação de Melhor Música por “Embriago-me de Blues” para o Troféu Edgar Proença – Secult – 1993 e, no ano seguinte, recebeu prêmio no II Salão de Arte Contemporânea – SPAC – pela performance “Papa Chibé”.
Com Eloi, foi determinante em canções como “West Side ou na Trilha do Lobo”, “Vai tomar na cuia” e “Amor Proibido”, dividindo nesta, a autoria de letra e música.
Voltando a “Sangrado Coração de Poeta”, vale lembrar de um poema: “Greta, o spot não apagou. O glamour não acabou. O Central Park, a 5ª Avenida, o Cinema Olímpia, a tela da TV. Greta, Garbo continua. O mistério transparente, o silêncio que fala, o infinito reluzente. THE END não tem fim”.
Os amigos se despedem do poeta Luiz Carlos França nesta quinta-feira, 01 de julho. O enterro sairá às 10h, do Teatro Waldemar Henrique para o cemitério de Santa Izabel.
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