15.10.10

Entrevista: Marcelo Damaso em uma conversa sobre jornalismo e rock`n roll

O produtor e um dos criadores do Se Rasgum Festival está na maratona derradeira para o evento que acontece em novembro. Mesmo assim, como o tempo não pára, ele, que também é jornalista freelancer,  ele acaba de escrever duas matérias para a Revista Billboard.

Em 2001, Marcelo Damaso tinha 23 anos (opa!), morava em Santos (SP), onde estudava jornalismo. Na época, já era influenciado pelos “bad guys da literatura e por cinema”. Logo depois veio para Belém, cidade que mora hoje e onde fundou, junto a outros amigos, a Se Rasgum Produciones, responsável pela retomada das festas de rock na cidade, realizadas inicialmente no espaço Café com Arte, mas que em seguida se espalhou por outros locais, ganhando adeptos, fãs e atraindo o interesse de coletivos de DJs e bandas.

De maneira profissional, e descolada, daí o certo charme que tem, a Se Rasgum fez história agitando o circuito alternativo de rock, unindo os eixos musicais de norte a sul, em Belém do Pará. Hoje seu principal produto, o Se Rasgum Festival, ecoa mundo afora e coloca a mangueirosa no mapa nacional dos epicentros do rock.

Para traçar o perfil do jornalista Marcelo Damaso, um dos produtores do festival que chega este ano a sua quinta edição, basta varrer a internet e ler os inúmeros textos que ele escreve. Logo fica-se sabendo muito do que ele pensa e gosta de fazer.

Em seu blog, o Cartas Uruguaias, Marcelo fala de cultura pop. No jornalismo profissional, trabalha com música. Um dos últimos freelas foi para a Revista Billboard, que publicará duas de suas matérias. 

Uma sobre o Festival No Ar Coquetel Molotov (edição de outubro) e outra maior sobre guitarrada, (sairá na edição de novembro) com uma entrevista que rolou no início de setembro com Mestre Vieira, Pio Lobato (Caburé) e Félix (La Pupuña), realizada em Barcarena (PA), na casa de Vieira.

Foi entre a entrevista da guitarrada e o período em que estavam acontecendo as seletivas das bandas para o Se Rasgum, que Marcelo se viu às voltas com as perguntas do Holofote Virtual na sua caixa de e-mail. Das seletivas, logo saíram as seis bandas eleitas pelo júri e pelo voto popular, mas as respostas para a entrevista, estas demoraram um pouco mais a sair. A correria é tanta que se não fosse feita uma linha dura de insistência, ninguém estaria lendo o resultado dessa conversa virtual agora.

Estamos há pouco menos de um mês para a realização do Se Rasgum. De 12 a 14 de novembro, o Hangar Centro de Convenções (12) e o Afrikan Bar  (13 e 14) serão o centro das atenções do público que curte, acima de tudo, rock’n roll como estilo de vida e muito mais que isso, na verdade.

Quanto as novidades para este ano, Marcelo não abre muito à respeito, apenas me avisa que será convocada uma coletiva no momento certo. As 10 bandas fechadas na programação, porém, incluindo as seis que saíram das seletivas, já podem ser ouvidas no LastFm.

Este ano, de acordo com Damaso, aumentaram as inscrições de bandas vindas de outros municípios paraenses. Por isso, a intenção é fazer seletivas no interior no ano que vem, avisa Damaso. Atenção aí, galera. “Queremos fazer duas ou três etapas em algumas cidades. Sabemos que tem muitas bandas de rock, e queremos chegar nelas, assim como nas bandas de carimbó, reggae, hip-hop etc”, avisa.

Enquanto aguardamos para saber mais do Se Rasgum 2010, no bate papo que segue, Marcelo nos conta sobre a trajetória do festival e da persistência em realizá-lo. Diz que ficou impressionado com Mestre Vieira (Na foto acima, ele no Se Rasgum,de 2009), ao conhecê-lo mais de perto na entrevista para a Revista Bilboard e revela como tem sido a parceria com o Conexão Vivo, patrocinador do Se Rasgum desde o ano passado.

Holofote Virtual: No início de setembro, mais exatamente no feriado do dia 7, estivestes em Barcarena (PA), na casa de Mestre Vieira (abaixo - foto: Renato Reis), onde reunistes o Félix (La Pupuña) e Pio Lobato (Caburé) para um bate papo sobre guitarrada (foto abaixo, de Renato Reis). A entrevista vai ser publicada na Revista Billboard. Conta como foi e o que rendeu.

Marcelo Damaso: Já havia escrito duas matérias pra eles e tenho um contato com um dos editores. Eu sugeri a pauta, que era para começar com outra coisa e acabou terminando somente em guitarrada, de uma maneira que me agradou bastante, o resultado final. 

O Mestre Vieira é um cara fantástico e achei muito importante para a minha vida (não só pela carreira de jornalista e produtor) conhecê-lo melhor e saber mais de suas histórias. Por isso, achei que falar do contexto atual da guitarrada no Brasil poderia vir de outra forma, não só colocando quem anda fazendo isso hoje em dia, mas falando de sua origem e pegando as opiniões dos três. O Pio como um teórico, o Félix como um apaixonado e o Vieira como a lenda viva.

Holofote Virtual: Vamos falar do Se Rasgum, que chega ao quinto ano, incentivando a profissionalização do setor musical e ganhando mais reconhecimento no circuito nacional. Como vocês estão organizados, hoje? Tem um grande time por trás... 

Marcelo Damaso: O time já foi maior. Antes, quem compunha o grupo principal da Se Rasgum era formado por mim, Renée (Chalü), Marcel (Arêde) e Gustavo (Rodrigues). Mas agora, esse ano, Marcel e Guga saíram para procurar novos rumos e quem ficou assumindo tudo da Se Rasgum fomos eu e Renée.

Sim, é claro que contamos com uma galera grande para fazer o festival, temos nossa equipe de cinco anos - e a cada ano entra mais uma pessoa que "descobrimos" ser um excelente produtor ou diretor de palco ou chefe de transporte ou de receptivo. Estamos sempre em teste. Este ano estamos contando com a co-produção da Sonique (Sonique Produções), a produtora que já trouxe a Belém, entre outras coisas, shows do Manu Chao e Paulinho Moska.

Holofote Virtual: Como foi o processo de seleção das bandas este ano?

Marcelo Damaso: As inscrições foram tumultuadas. Mais de 100 bandas se inscreveram. Os jurados Gutie (Recbeat), Frank Jorge (músico gaúcho) e Gustavo Rodrigues (um dos fundadores da Se Rasgum) escutaram todas elas e deram notas. As 20 mais bem votadas participaram das seletivas.

Isso causou, como sempre, uma celeuma com as bandas que ficaram de fora. Algumas pessoas não conseguiram subir suas músicas para o site usando o navegador Firefox, então essas pessoas deram outras alternativas para ouvir sua música, colocando no My Space e outros sites. Então houve a reclamação de não termos seguido à risca o edital.

Foi coisa de quem não aceitou ter ficado de fora, pois, de fato, todas as bandas foram escutadas. Achamos injusto desclassificar uma banda por um erro técnico que era inerente ao candidato. Mas já estamos acostumados, todos os anos é assim. As Seletivas ganharam força com o evento do ano passado e a expectativa para esse ano ficou muito grande.

Holofote Virtual: A parceria com o Conexão Vivo foi um ponto a mais para o festival?

Marcelo Damaso: É, o Conexão Vivo é nosso parceiro desde o ano passado e é o patrocinador do festival. O projeto é muito legal e muito grande, mas para conhecer melhor só fuçando bem o portal: www.conexaovivo.com.br. 

Holofote Virtual: Lá se vai meia década, com certeza de altos e baixos. Como é se garantir numa empreitada como esta? 

Marcelo Damaso: Bem, eu ainda estou apostando numa coisa que acredito. Já perdi carro, hoje vivo como jornalista freelancer, a grana nunca vai bem, mas a gente insiste porque acredita no projeto. Não é nada fácil e muitas vezes pensamos em desistir. Só que é legal quando você resultados interessantes como bandas que fecharam acordo com seu selo aqui no festival, bandas que trocam figurinhas e participam de shows juntas em outra cidade. Ver a galera que vai aos shows e sai da lá fã de alguém que nós trouxemos. Ver o que sai na imprensa a nosso favor. Enfim, isso tudo.


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