23.10.10

A literatura no ciclo "Amazônias: paisagens, narrativas, sentidos"

"Uma literatura amazônica parece ser algo tão improvável quanto uma literatura regionalista. 

Ambos os conceitos são invenções recentes. O regionalismo, por exemplo, é uma invenção nordestina, um rótulo geográfico e ideológico que os nordestinos – que nunca inventaram a idéia de uma cultura do latifúndio, embora certas manifestações da literatura daquela região tenham um caráter tipicamente latifundiário – fomentaram para se contrapor ao esforço varguardista do modernismo paulista e carioca. Modernismo, aliás, que partcipamos na primeira hora. Abguar Bastos, Pereira da Silva e Bruno de Menezes que o digam."

A fala é do escritor Márcio Souza, que estará em Belém na próxima segunda-feira, 25, participando do ciclo de debates “Amazônias: paisagens, narrativas, sentidos”, do Programa Nacional Cultura e Pensamento, que acontecerá, de 25 a 27 de outubro, no auditório David Mufarrej.

Na terça-feira, 26, iniciam os debates com a primeira Mesa Redonda, às 15h. Márcio participa da segunda rodada de discussões, a partir das 19h, falando sobre “Estética amazônica: do local ao global”, que abordará as diversas linguagens simbólicas, considerando-se uma “poética” amazônica pautada no trânsito entre o local e o global.

Com coordenação do professor Paulo Nunes (Unama), a discussão também terá como debatedores, o escritor, poeta e professor João de Jesus Paes Loureiro e a crítica de arte e professora Marisa Mokarzel.

Márcio Souza é autor amazonense, famoso por obras que estão inseridas no ambiente sociocultural da Amazônia. A estreia como ficcionista aconteceu, em 1976, com a publicação do romance, “Galvez, imperador do Acre”. Logo depois vieram “A resistível ascensção do Boto Tucuxi”; “O fim do terceiro mundo”, “Mad Maria”, “Plácido de Castro contra o Bolivian Syndicate”, “Zona Franca, meu amor” e “Silvino Santos: o cineasta do ciclo da borracha”, entre outras.

Romancista, dramaturgo e ensaísta, um dos mais destacados ficcionistas brasileiros, sua obra está traduzida em vários idiomas. Começa sua trajetória aos 14 anos como escritor, seguindo carreira no jornalismo, escrevendo crítica de cinema para o jornal O Trabalhista, de Manaus.

Em 1966 estudou Ciências Sociais, na Universidade de São Paulo, onde também trabalhou como roteirista de cinema, assistente de direção e produtor de comerciais de televisão. Em 1973, ao retornar a Manaus, participou ativamente da movimentação cultural que se criou em torno do Teatro Experimental do Sesc. Foi nessa fase que ele escreveu a maioria de suas peças de teatro.

A partir de 1996, o escritor começa a publicação de sua tetralogia, intitulada “Crônicas do Grão-Pará e Rio Negro”, da qual já publicou: Lealdade, Desordem e Revolta. No teatro, merecem destaque as peças: A paixão de Ajuricaba, A Maravilhosa Estória do Sapo Tarô-Bequê e Dessana, Dessana.

Como ensaísta, ele escreveu textos reveladores sobre a realidade amazônica: A expressão amazonense: do colonialismo ao neocolonialismo e O empate contra Chico Mendes, além de um livro de contos, Caligrafia de Deus.

Debatedores - Também estão participando do ciclo de debates em outras mesas redondas, os professores paraenses Amarílis Tupiassu, Lúcio Flávio Pinto, Maria das Graças Silva, Rosely Risuenho Viana, além de Paulo Nunes (Unama), Josebel Fares (UEPA) e José Guilherme (UFPA), que juntos fizeram a curadoria do evento.

Além deles, o ciclo ainda traz para as mesas redondas, outros nomes do pensamento crítico sobre a região, como os estrangeiros já radicados no país, Eduardo Jaime Huarag Álvarez, do Peru; Henryk Siewierski, que vem de Brasília (UNB), mas formou-se em seu país, Polônia, mestre em Filologia Polonesa (Uniwersytet Jagiellonski, 1974) e é doutor em Ciências Humanas (Uniwersytet Jagiellonski, 1980).

Também participam, professores vindos de outras universidades brasileiras, como Jerusa Pires Ferreira (ECA/USP), Marcos Frederico Kruger Aleixo e Ricardo José Batista Nogueira (ambos da UFAM).

Veja a programação do ciclo de debates

PROGRAMAÇÃO

Dia 25/10 (segunda feira ) - 20h
Auditório Davi Mofarrej ( Campus UNAMA – Alcindo Cacela ). Apresentação artística lítero-musical do Coro Cênico da UNAMA. Abertura da exposição com textos e imagens sobre a Amazônia.

Dia 26/10 (terça feira)

15h00 – Mesa redonda I Amazônias: territórios, fronteiras e culturas - tratará de assuntos relacionados à história social da Amazônia, pertinente aos movimentos migratórios e à flexibilização das fronteiras - Coordenação – José Guilherme Fernandes (PA).

Participantes: Lúcio Flavio Pinto – Belém (PA); Graça Silva – Belém (PA); Ricardo Nogueira – Manaus (AM).

19h00 – Mesa Redonda II Estética amazônica: do local ao global - abordará as diversas linguagens simbólicas, considerando-se uma “poética” amazônica pautada no trânsito entre o local e o global - Coordenação – Paulo Jorge Martins Nunes (PA).

Participantes: João de Jesus Paes Loureiro – Belém (PA); Márcio Souza – Manaus (AM); Marisa Mokarzel – Belém (PA).

Dia 27/10 (quarta feira)

15h00 – Mesa redonda III Representações discursivas I: mito e imaginário na Amazônia - abordará a construção dos discursos do imaginário mítico amazônico a partir da perspectiva do local, considerando-se mito como um discurso fundador de realidades - Coordenação – Rosely Risuenho Viana (PA)

Participantes: Jerusa Pires Ferreira – São Paulo (SP); Eduardo Jaime Huarag Álvarez – Lima (Peru); Marcos Frederico Krüger Aleixo – Manaus (AM).

19h00 – Mesa IV – Representações discursivas II: literaturas de viagem - abordará a construção de discursos de viajantes, na perspectiva do “Outro”, que enuncia a realidade amazônica na fronteira entre o mítico e o científico - Coordenação – Josebel Akel Fares (PA).

Participantes: Henryk Siewierski – Brasília (DF); Willi Bolle – São Paulo (SP); Amarilis Izabel Alves Tupiassu – Belém (PA)

Mais informações: www.amazonias.blog.br


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