20.10.10

O alemão Willi Bolle vem a Belém debater e lançar livro sobre a Amazônia

Escritor e professor da USP, o alemão Willi Bolle chega em Belém nesta quinta-feira, 21, onde fica até dia 27, para participar do ciclo de debates “Amazônias: paisagens, narrativas, sentidos” do Programa Cultura e Pensamento, que acontecerá de 25 a 27 de outubro, no auditório David Mufarrej da Unama (saiba mais em www.amazonias.blog.br). 

Nesta quinta-feira, 21, porém, ele lança aqui o livro "AMAZÔNIA -- região universal e teatro do mundo", organizado por ele, Edna Castro e Marcel Vejmelka.  O livro reúne doze artigos de pesquisadores de Belém, Manaus, São Paulo, Rio de Janeiro e da Europa e é uma introdução multidisciplinar às principais questões ligadas à Amazônia, sob a ótica das Ciências Humanas. 

A parte I é dedicada a expedições, viagens e etnografias, desde a travessia pioneira da região por Francisco de Orellana (1541-1542) até a etnografia participativa de Constant Tastevin e Curt Nimuendaju (anos 1920 a 1940).

A parte II focaliza as dinâmicas econômicas, políticas e sociais da Amazônia contemporânea: políticas de estado, diálogo com comunidades ribeirinhas, agronegócio e mercado de terras, econegócios e alta tecnologia no meio da selva.

A parte III dá voz aos habitantes da região amazônica através das obras literárias de Karen Tei Yamashita, Dalcídio Jurandir e Robert Musil – e termina com a apresentação da Ópera Amazonas, que estreou em maio deste ano em Munique, com índios yanomami representando a voz da Floresta ameaçada.

Não é a primeira vez que vem ao Pará. Já esteve aqui ministrando oficinas sobre os romances de Dalcídio Jurandir, no Marajó e em Belém. Nascido em 1944 perto de Berlim, Willi Bolle é desde 1977 professor de Literatura Alemã na Universidade de São Paulo, onde defendeu tese de livre-docência sobre Walter Benjamin (1892-1940) e a cultura da República de Weimar. 

Outros livros  -Já publicou, entre outros, Fórmula e fábula: teste de uma gramática narrativa, aplicada aos contos de Guimarães Rosa (1973) e Fisiognomia da metrópole moderna: representação da história em Walter Benjamin (1994). Para escrever Grandesertão.br, fez várias viagens ao norte de Minas Gerais, onde começa o sertão, cujo eixo é o rio São Francisco com seus afluentes, o coração do Brasil.

Em Fisiognomia da Metropole Moderna, ele faz uma leitura da grande cidade contemporânea, pelo prisma da obra de Walter Benjamin, retomando diversos escritos do filósofo alemão, concentrando-se nas suas duas obras maiores, “Origem do Drama Barroco” e “Paris, Capital do Século XIX” .

O livro “Grandesertão.br: o romance de formação do Brasil” abre novas perspectivas para a interpretação de Grande Sertão: Veredas , romance de João Guimarães Rosa (1908-1957) publicado em 1956. Willi diz que Guimarães Rosa é precursor da intenert.

Ao partir da idéia de que o livro de Guimarães Rosa ganha em complexidade quando lido como uma reescrita crítica de Os Sertões (1902), de Euclides da Cunha (1866-1909), Bolle defende que ambas as obras "são discursos de narradores-réus-e-testemunhas diante de um tribunal em que se julgam momentos decisivos da história brasileira". 

Em seu estudo, o professor mapeia toda a rede de relações existentes entre Grande Sertão: Veredas e os principais ensaios de interpretação do Brasil, desde a obra euclidiana até os estudos fundamentais de Gilberto Freyre, Sérgio Buarque de Holanda, Caio Prado Júnior, Raymundo Faoro, Antonio Candido, Celso Furtado, Florestan Fernandes e Darcy Ribeiro, que considera ensaios de formação .

Serviço
Lançamento do livro "AMAZÔNIA -- região universal e teatro do mundo" (Orgs: Willi Bolle, Edna Castro e Marcel Vejmelka - Editora Globo (São Paulo, 2010). 306 p.). Nesta quinta-feira, 21, às 18h, na Universidade da Amazônia -- Campus BR. Na apresentação e lançamento estarão presentes os professores Edna Castro (NAEA-UFPA), Rosa Acevedo (NAEA-UFPA), Neusa Pressler (UNAMA), Gunter Pressler (UFPA) e Willi Bolle (USP). 

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