Anna Maria Linhares, que coordena os debates da FEMEA |
Dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública, lançados em 2020, mostram que em 2019 66,6% das vítimas de feminicídio no país foram mulheres negras. No Pará, o número geral – entre crimes caracterizados como homicídio e feminicídio - de mulheres assassinadas neste mesmo período indica a triste marca de 241 mortes. Os ciclos de violência que terminam em mortes começam, principalmente, com o enfraquecimento do psicológico feminino.
Neste sentido, a FEMEA traz ao debate diversos temas que são necessários para se reveter esta triste realidade. Na mesa de debate desta quinta-feira, 11, o tema será “Feminismo Negro e Políticas Públicas”, com as convidadas ativistas Lívia Noronha e Adriana Helena Moraes, que vão falar das conquistas alcançadas através de medidas políticas de enfrentamento ao racismo .
“Nós, mulheres negras, vivemos o racismo desde a mais tenra idade. Nossa existência é atravessada por ele, que nos assola cotidianamente! Vivemos uma intersecção de racismo e sexismo. Esse sistema violento expande seus tentáculos em todas as áreas de nossas vidas. Então, precisamos de políticas de combate e enfrentamento em todos esses âmbitos”, considera Adriana.
Mulheres indígenas e trans já marcaram presença na FEMEA, nas mesas de debates que abriram a semana. Já tivemos participação de Putira Sacuena e Ana Manoela Karipuna, ambas descendentes de etnias amazônidas e pesquisadoras da UFPA. Apesar da falta de números precisos, atualmente mais de 260 indígenas ocupam vagas na universidade federal do Estado, com o aumento considerável de mulheres nessa fração a cada ano.
Já na sexta-feira, 12, a última mesa de debate terá como discussão “Mulher, Feminismo e Saúde Mental”, com as psicólogas Valeska Zanelo e Bárbara Sordi. “A depender da área da psicologia – seja clínica, social, na saúde, nas escolas – essa interface com o gênero e estudos feministas são extremamente relevantes para que possa possibilitar que mulheres, crianças e adolescentes possam identificar violências e que possam, inclusive, ter uma mudança de posição subjetiva e encontrar mecanismos de enfrentamento para lidar e romper com ciclos de violência”, considera Bárbara.
Para a professora de história da UFPA e coordenadora pedagógica da FEMEA, Anna Maria Linhares, a diversidade de perspectivas sobre o feminino e o feminismo são fundamentais para o combate à violência de gênero. “A gente precisa falar desses temas que estamos propondo nas mesas. E a partir da perspectiva de pluralidade do ser feminino que podemos adentrar nas minúcias dos movimentos sociais de mulheres e, com isso, combater violências históricas”.
Serviço
Feira de Empreendedorismo, Música e Artes na Amazônia – FEMEA: de 8 a 14 de março de 2021. Informações e programação: www.femea2021.com.br + @feirafemea. Realização da Secretaria Especial da Cultura, Ministério do Turismo e Governo Federal, Secretaria de Cultura do Pará, Governo do Pará, por meio da Lei Aldir Blanc. Parceria: Holofote Virtual – Comunicação, Arte e Mídia e Senda Produções. Acesse a mesa de debate de hoje: https://youtu.be/i1qDrNLRX3Y
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