Paulo Chaves (Foto: Sidney Oliveira) |
O arquiteto e também ex-professor do curso de Comunicação Social da UFPA, esteve a frente da Secretaria de Cultura do Estado nos governos do PSDB, deixando o cargo em 2018. Foi responsável por projetos importantes que valorizaram Belém do ponto de vista turístico cultural, como a Estação das Docas, o Mangal das Garças e, no Complexo Feliz Lusitânia, o Museu de Arte Sacra e o Museu de Arte Contemporânea Casa das Onze Janelas.
Em suas gestões também foram inúmeras coleções livros e de CDs, com foco na música erudita, memória, cultura popular, teatro. Na área da arquitetura a publicação Teatro Waldemar Henrique - Série Restauro - Vol. 1 (1997) é uma jóia. Em outra, está o processo de restauro também da Igreja e Seminário de Santo Alexandre, até serem transformados no Museu de Arte Sacra.
“O teatro está correndo um sério risco e nós já estamos tomando as medidas necessárias para recuperá-lo o mais rápido possível. Tomamos essa decisão em conjunto com o Iphan, pensando sempre na segurança de todos”, afirmou o secretário, no final do recital especial naquela noite de terça-feira, 15 de fevereiro, aniversário do da Paz. A reforma rendeu mais um livro da série restauro, o volume 5 - Theatro da Paz, lançado em 2013.
Não é difícil perceber o quanto do arquiteto tinha forças sobre o secretário de cultura. Entre outras obras, Paulo Chaves também criou o projeto do polo Joalheiro no Complexo São José Liberto, o Parque da Residência, onde hoje esta a sede da Secult e o Teatro Estação Gasômetro. Entre os feitos mais recentes, o Parque do Utinga, em Belém, e o Liceu de Música de Bragança, iniciativa que recuperou o prédio histórico da escola estadual Monsenhor Mâncio Ribeiro.
Das polêmicas e reconhecimento
Na época, o secretário defendeu o festival, como uma ação coerente e que traz, como benéfico, a formação para cantores, músicos e técnicos que trocam experiência com profissionais que são convidados para trabalhar no evento trazendo a experiência de ouros estados. A conta era de que 300 profissionais estavam envolvidos, a maioria paraenses.
As coletivas de imprensa eram tradicionais, realizadas ao hall de entrada do teatro. Uma cena, com jornalistas acomodados, tendo à frente deles Paulo Chaves, ladeado por cantores líricos, técnicos responsáveis pelas principais óperas; maestros e ainda, Gilberto Chaves, parceiro maior de Paulo para a realização do festival.
Festa literária de um país chamado Pará
O tema da Pan Amazônica era “Um País Chamado Pará”, ou seja, o próprio Pará, uma inspiração que veio da canção Porto Caribe, de Ruy Barata, escritor que também era homenageado na edição. “O país é o nosso, a frase de inspiração é do Ruy”, arrematou Paulo Chaves. “É uma dívida que tínhamos com ele, que já deveria ter sido homenageado. Ruy sempre foi surpreendente, como esta feira também é”, comentou.
Paulo Chaves também fez questão de ressaltar naquela ocasião, a homenagem ao livreiro Raymundo Jinkings, “muito perto do Ruy Barata em sua importância”, disse, lembrando da trajetória de projeção nacional de Jinkings, que realizou em sua trajetória inúmeras ações de incentivo à leitura em Belém e formou muitos, dos grandes intelectuais paraenses. “Lembro ter encontrado, na livraria Jinkings, com Benedito Nunes, Paulo Mendes Campos, Benedicto Monteiro, entre outros”, disse o secretário.
Paulo Chaves Fernandes formou-se em 1964, na primeira turma de arquitetura da Universidade Federal do Pará (UFPA), e foi um dos responsáveis por redesenhar a paisagem urbana de Belém no governo de Almir Gabriel (1995-2003) e também no governo de Simão Jatene (2003-2007 e 2015-2019). Ele estava há 37 dias internado no hospital, pois havia sofrido um infarto há algumas semanas. Hoje, após duas paradas cardíacas, ele teve uma embolia pulmonar e morreu, deixando um legado a cultura do Pará. Rip.
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