Muita tristeza para começar a semana, depois de um domingo também difícil com outras perdas. As redes sociais voltaram a ser só lamento. Ontem partiu também a cantora Jacely Duarte. Estamos com o escritor Vicente Cecim hospitalizado. A secretária de cultura do estado Úrsula Vidal testou positivo. Fiquemos em casa, mesmo que tenham loucos fazendo carreata contra o isolamento social, por inacreditável que pareça.
A notícia da partida do Geraldo Ramos mexeu muito comigo assim como entristeceu vários amigos em comum. Fiquei aqui com minhas memórias e vieram as lembranças de várias ocasiões em que a gente se encontrava profissionalmente. Ele sempre fotografando, eu cobrindo ou produzindo algum evento. Nosso último encontro ocorreu em 2019, muito antes da gente começar esse pesadelo, e num momento muito especial para a trajetória dele.
Em 2019, parte desse seu acervo fotográfico integrou a exposição “Uma poética do arquivo do artista: o contínuo desdobrar das paisagens da memória de Geraldo Ramos” (CAPES- PPGARTES- UFPA), que resultava da pesquisa de Madalena Felinto, a amada companheira, que mergulhou no acervo do fotógrafo, destacando uma Amazônia palmilhada por dentro, por águas, por chãos, pelo interior do interior amazônico.
Madalena cuidou de cada detalhe da exposição. Dois dias antes da abertura ela me enviou um e-mail repleto de riquezas, o que incluía cópia de sua dissertação de mestrado e folders que impulsionaram o projeto artístico da exposição apresentado ao edital de artes visuais do Banco da Amazônia. Junto a isso, fotos dela e do Geraldo que estou compartilhando aqui. Ela estava muito feliz e me contagiava com essa felicidade.
A abertura, no dia 16 de abril de 2019, no Espaço Cultural Banco da Amazônia, foi uma delícia de encontro com vários amigos, muitos fotógrafos. Um vernissage como eu nunca mais tinha visto na vida, desde os anos 90, quando as galerias eram badaladas e onde também era fácil de encontrar o Geraldo. Hoje, ao saber de sua morte, também fiquei sabendo que Madalena Felinto, sua companheira, se encontra internada, também por Covid. Difícil escrever esse texto, sem pensar nela. Força, minha querida.
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