12.3.16

Do Tapajós à Guajará - homenagem e reencontros

Neste sábado, dia 12 de março, músicos e compositores do Oeste do Pará vão navegar e homenagear Belém em seus 400 anos. A tradição artística e musical do município, situado às margens do Tapajós, estará presente no repertório que vai de Wilson Fonseca e Raquel Peluso, obras e Paulo André e Ruy Barata, Nilson Chaves, Waldemar Henrique e Chico Senna, além das músicas autorais dos compositores João Otaviano, Eduardo Dias, Maria Lídia, Sebastião Tapajós, Cristina Caetano, Nato Aguiar, Antônio Von e Everaldinho Martins, que se reúnem nesta homenagem. Haverá surpresas também, numa confluência de águas e canções. Cheio de emoção, o espetáculo inicia logo mais, às 21h, no Theatro da Paz.
  
Não será a primeira vez que o palco centenário deste teatro recebe artistas santarenos de uma só vez. Em 1972 e em 1987, por exemplo, foram realizadas duas edições da Semana de Santarém no Theatro da Paz. O compositor João Otaviano, 62 anos, músico autodidata, esteve presente nas duas ocasiões interpretando composições de Wilson Fonseca, Marcília de Sousa, Beto Paixão e Otacílio Amaral, compositores também de Santarém. Neste sábado, João Otaviano estará de volta a Belém, para cantar ao lado de seus conterrâneos.

Eduardo Dias, que mora em Santarém atualmente, é filho de Óbidos, e é também bastante conhecido do público de Belém. Aos 52 anos, poeta, compositor e produtor, já com sete discos gravados pelo selo Brilho Produções, começou a carreira aqui na capital, nos Festivais de Músicas Universitária, nos anos 80.

Já se apresentou no Theatro da Paz diversas vezes, como em 1985, fazendo a abertura do show de Maurício Tapajós, organizado pela União Nacional dos Estudantes e no show Norteando. Tem músicas gravadas por artistas como Vital Lima, Coro Cênico da Unama, Vox Brasilis, e Fafá de Belém.

Já Cristina Caetano, atua no meio musical como intérprete há mais de uma década. Participou de festivais de música na região, entre eles o 1º Festival de Música Paraense, em 2004, e recebeu premiações, entre elas melhor intérprete. Em 2007 foi premia da em Belém como cantora revelação no consagrado baile dos artistas no ano de 2014.

O primeiro CD veio em 2010, com interpretações de composições de Sebastião Tapajós e parceiros. O violonista, aliás, também estará no espetáculo “Do tapajós à Guajará” e será uma oportunidade única de vê-los juntos aqui em Belém. E vai ter música inédita. Cristina Caetano prepara o seu segundo CD para 2016 em mais uma parceria com o compositor.

Sebastião Tapajós nasceu em Alenquer, mas se mudou para Santarém ainda muito pequeno, tanto que imprimiu no próprio nome, o grande rio que banha a cidade. Em 1964 foi estudar na Europa e se formou pelo Conservatório Nacional de Música de Lisboa. Mas enveredou pela Espanha, onde estudou guitarra com Emilio Pujol, realizando diversos concertos nesses dois países. Foi instalada a partir dali antes de mais nada a sua careira internacional.

Tapajós, porém, nunca deixou o Brasil, muito menos o Pará e a sua querida Santarém, refúgio de sempre bem quisto para ele, que costura inúmeras parcerias com os artistas de lá e de Belém. Além de sua obra como instrumentista, é autor de várias canções, em parceria com Paulinho Tapajós, Billy Blanco e Antônio Carlos Maranhão.

Também estará conosco Nato Aguiar, musicista, compositor e cantor de música popular com 04 discos lançados. Atualmente é professor auxiliar efetivo no curso de música da Universidade do Estado do Pará – UEPA, mas já realizou vários shows ao lado de Nilson Chaves, Sebastião Tapajós e David Assayag, e costuma se apresentar em casas noturnas em Santarém, Manaus e Porto Trombetas.

De Santarém também vem Everaldinho Martins, cantor que iniciou carreira nos shows de calouros nos programas de rádio locais. É integrante e fundador do Grupo Canto de Várzea, onde realizou vários shows na Casa de Cultura e no Hilton Hotel. Tem participação

Fechando esta constelação de músicos, cujas raízes vêm do Oeste do estado, está Antônio Von, natural de Belterra, remanescente dos festivais de música do baixo amazonas, desde 1970, onde foi sempre premiado. Profissionalmente canta e compõe desde 1963, participou das Bandas Musicais: Milionários do Ritmo, Romântico do Ritmo, Os Lordes, Canto Verde, entre outras.

Participou da semana santarena no Teatro da Paz, nos anos 80. Tem dois discos gravados, um compacto duplo e um CD autoral, com músicas de sua autoria. É considerado um dos maiores seresteiros de Santarém, ao lado de Machadinho.

Maria Lídia volta ao Theatro da Paz ao lado de amigos

O espetáculo nos traz de volta uma filha adotiva de Belém. Maria Lídia, compositora, intérprete e produtora cultural, que morou muitos anos em Belém, vindo para cá para terminar o colegial e por aqui ficou para forma-se em veterinária pela antiga FICAP, e acabou enveredando pela carreira musical, que a fisgou de jeito, passando a tocar e cantar profissionalmente no início da década de oitenta. Em 2008, cantou no show de aniversário do Theatro da Paz, que agora a recebe mais uma vez.

“Será uma comunhão de cidades irmãs, onde a arte se encontra acima de qualquer questão política e/ou geográfica”, define Maria Lídia, que há alguns anos retornou à Santarém para ficar mais próxima de sua família, entre outros motivos.

“Violência, banalidade da vida, falta de mais empenho em política pública na área cultural por parte das autoridades - principalmente as municipais - e esse trânsito confuso e louco, que faz a gente passar grande parte da vida dentro de um carro”, desabafa.

Em Santarém a cantora segue trabalhando na área cultural. “Sempre tem alguma coisa nova para se fazer, como projetos e shows, arranjos, jingles, designers gráficos, Etc. Mas volto sempre a Belém, porque meus amigos músicos sempre me acionam para eventos musicais na capital”.

Estar entre Belém e Santarém, cidades situadas a beira de um rio, acabou influenciando o trabalho de Maria Lídia. “Um dos meus maiores sucessos, a música chamada Mãe Maria, fala disso e me sinto privilegiada, pois na frente da minha cidade passam dois rios”, diz a cantora que incluiu a canção em seu repertório para o show desta noite.

“Cantarei Mãe Maria (que fiz pra Santarém), e também Minha Madrasta (que fiz para Belém), além de Foi Assim, do ‘mocorongo’ Ruy Barata e do meu amigo Paulo André Barata. Também cantaremos, em Conjunto, algumas músicas de compositores santarenos e do oeste do Estado”, avisa.

Em 2014, ela lançou em Belém o DVD “Projeto Personalidade – Maria Lídia” e atualmente encontra-se empenhada no lançamento do seu novo disco, chamado “Sétimo Sentido”. “Já tem música gravada e tudo. Também tenho criado projetos para Alter do chão, que eu adoro, e estou focada num projeto intitulado Lixo Legal, que trata de meio ambiente e coleta seletiva de lixo urbano”, finaliza ela no papo que rolou esta semana com o Holofote Virtual.

Serviço
Do Tapajós a Guajará. Dia 12 de março, às 21h, no Theatro da Paz. Ingressos: Plateia - R$ 40,00 / Varanda, frisa e camarote de 1ª - R$ 30,00 / Camarote de 2ª, galeria e paraíso - R$ 20,00.  Venda na bilheteria do Theatro da Paz, de terça a sexta 9h às 18h, sábado das 9h às 12h. Realização MM Produções. Patrocínio: Billcar Rent a Car, American Autosserviço, Unimed Oeste do Pará, Laboratório Celso Matos, CR Supermercados, Farmácias Primavera, Distribuidora Durães, Unimed Belém.

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