26.9.17

Grupo Usina apresenta nova criação em Mosqueiro

O quintal de uma casa localizada na praia do Paraíso, na Ilha de Mosqueiro, foi o lugar escolhido pelos artistas-pesquisadores Alberto Silva Neto e Claudio Barros para abrigar a nova criação cênica do grupo paraense Usina. Resultado de quatro anos de pesquisa sobre processos de atuação e xamanismo, Pachiculimba será apresentada ao entardecer dos dias 4, 5, 11 e 12 de outubro. Serão apenas 20 convidados por sessão.

Pachiculimba dá continuidade à pesquisa de Alberto Silva Neto e Claudio Barros sobre o trabalho do ator iniciada em Solo de Marajó. A última fase da investigação, realizada entre junho e setembro deste ano, foi financiada pelo Prêmio Pesquisa e Experimentação da Fundação Cultural do Pará Tancredo Neves/Casa das Artes – 2017, e resulta da pesquisa Teatro como terra de imagens-tempo, proposta por Alberto. 

Essa etapa conta com a participação dos criadores Cláudio Melo (sonoridades), Claudio Rêgo de Miranda (visualidades), Valéria Andrade (corporeidades) e Zienhe Castro (paladares), que preferem não adotar o termo espetáculo para definir o novo trabalho. Acreditam que ritual ou cerimônia seja mais adequado para classificar a experiência, na qual o ator-performer recusa a representação de personagens ficcionais e as formas miméticas que ocupam lugar central na tradição do teatro ocidental, e se deixa atravessar pelo lugar e pelos seres que o habitam – plantas, animais, astros, fenômenos naturais –, mais na perspectiva da produção de presença que da construção de sentido.

A ação cênica acontece em todo o espaço do quintal, mas se concentra num círculo com chão feito de barro, construído especialmente para o trabalho, e cuja textura lembra os pisos das malocas indígenas ou terreiros de festas populares na Amazônia. A iluminação é toda a partir de fontes naturais: a própria luz do sol na primeira parte e a chama do fogo – uma fogueira e candeeiros –, na segunda. O objetivo é proporcionar aos participantes uma experiência que ultrapasse a fronteira do teatro convencional.

Trata-se, também, de um mergulho em águas mais profundas na pesquisa que o grupo desenvolve sobre as dramaturgias pessoais do ator – a utilização das histórias de vida como matéria-prima para a criação. 

Se antes havia uma literatura para a qual se buscava associações pessoais, como aconteceu com a obra de Dalcídio Jurandir em Solo de Marajó, desta vez o eixo dramatúrgico da criação foi construído em torno da própria trajetória de vida do ator-performer, levado a reviver poeticamente seu mito pessoal. 

Toda a cerimônia é realizada com a manipulação de objetos – vasos de plantas, peças de crochê – que pertenceram ou estabelecem algum vínculo afetivo com a família de Claudio Barros, de modo que a relação com estes o afete verdadeiramente durante a atuação. O próprio termo que dá nome à criação vem de uma música da memória de infância do ator-performer ativada durante um procedimento do processo criativo.

Quanto à palavra na cena, o desafio proposto foi buscar menos a sintaxe e mais a potência sonora na impostação do verbo – aquilo que os pesquisadores chamam de palavra-corpo. Para tanto, a dramaturgia verbal de Pachiculimba se serve da obra do poeta matogrossense Manoel de Barros, além de fragmentos do escritor e filósofo romeno Emil Cioran, do poeta português Fernando Pessoa e do filósofo grego Epicuro.

Para participar

Os interessados em assistir Pachiculimba devem enviar uma mensagem para o e-mail pachiculimba@gmail.com ou para o telefone/whatsapp (91) 98810-3040, informando o dia em que gostariam de participar, telefone/whatsapp para contato, e principalmente, se comprometerem a cumprir os horários acordados (os traslados serão realizados sempre com saída pontualmente às 15h30, da Casa das Artes - ao lado do Santuário de Nazaré - e retorno às 21h, no mesmo local).

(Texto enviado pelo Grupo Usina)

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