A primeira semana do espetáculo Fundo Reyno, do dramaturgo e compositor, Walter Freitas levou um bom público ao Teatro Waldemar Henrique, que fica Ana Praça da República, e onde o espetáculo permanece em cartaz ainda esta semana, de quinta-feira a domingo, sempre a partir das 20h.
Os interessados em assistir a peça podem comprar o ingresso antecipadamente na loja Na Figueredo (Gentil, entre Dr. Moraes e Beijamin), por R$ 8,00. Na bilheteria do teatro custa R$ 10,00 com meia entrada para estudantes.
Entre os espectadores da primeira semana, estava o presidente do Instituto de Artes do Pará, Jaime Bibas. Arquiteto desde 1969 e, de acordo com o site BelémdoPará, passeia por entre as artes visuais, música e literatura, enquanto observa as paisagens urbanas acumuladas ao longo do tempo, como um dos cronistas no belemdopará.
É dele o texto que segue sobre Fundo Reyno. Apreciem. As fotos são de Keilon Feio.
Entendo que uma obra de arte, independente da sua linguagem, é tanto melhor quando sou capaz de, através dela, desvendar o seu autor. Isso foi o que senti após assistir o espetáculo Fundo Reyno, ontem, no Teatro Experimental do Pará Waldemar Henrique.
Não chego ao atrevimento de falar, aqui, de Walter Freitas, artista das experimentações musicais, mestre do nheengatu, das expressões em desuso, do gestual caboclo, pois ele já é demais conhecido e conceituado pelas bandas daqui e d'acolá.
Mas fico incitado de dizer do violeiro da folia, que ao integrar o elenco como um personagem sem nome, deixou a brecha (propositada?) para que eu nele identificasse o próprio autor.
Sabe o que eu acho? Na realidade Walter Freitas interpreta o Walter Freitas e faz isso tão bem que volto àquela primeira linha lá do comecinho desse texto, para dizer a vocês: reconheci no violeiro, também o autor que imaginou aquela trama de 'intriga, sexo, feitiço, traição e morte'...
O violeiro (Walter Freitas) da folia conduz e explica, passo a passo, tudo que ali se move e se ouve, ou seja, confere vida a todas as coisas e nada mais tem precisão de acontecer nem de se dizer, sob pena de tudo, de repente, perder o encantamento.
Confesso que custei um pouco a perceber isso, assim como o significado de algumas expressões que lá são faladas. E o que importa isso? Esse incômodo não demorou e se foi de mim à medida que o espetáculo avançava o violino - a rabeca tocava - o tambor batia - o violeiro cantava.
Bem poucas vezes presenciei num teatro, uma narrativa experimental capaz de arriscar em cima de uma língua perdida, mas que é compensada pelas conexões com o gesto, marcação do tambor, movimentos insinuados.
E por um acaso essa não é uma das características mais bonitas do Walter Freitas? Ou não percebi tudo direito? Não importa. É esse o meu sentimento sobre a fábula amazônica do Walter.
Foi bonito ver, na roda inicial o autor beijar, um a um dos atores que dali a pouco virariam seus personagens.
Parabéns, ao violeiro Walter Freitas, aquele que um dia me chamou de amigo, 'pediu' para que eu guardasse o seu violão, porem não revelou pra mim onde diabo eu encontro a aljava.
Assim tu me 'scasseia um cupu, seu danado...
Os interessados em assistir a peça podem comprar o ingresso antecipadamente na loja Na Figueredo (Gentil, entre Dr. Moraes e Beijamin), por R$ 8,00. Na bilheteria do teatro custa R$ 10,00 com meia entrada para estudantes.
Entre os espectadores da primeira semana, estava o presidente do Instituto de Artes do Pará, Jaime Bibas. Arquiteto desde 1969 e, de acordo com o site BelémdoPará, passeia por entre as artes visuais, música e literatura, enquanto observa as paisagens urbanas acumuladas ao longo do tempo, como um dos cronistas no belemdopará.
É dele o texto que segue sobre Fundo Reyno. Apreciem. As fotos são de Keilon Feio.
Entendo que uma obra de arte, independente da sua linguagem, é tanto melhor quando sou capaz de, através dela, desvendar o seu autor. Isso foi o que senti após assistir o espetáculo Fundo Reyno, ontem, no Teatro Experimental do Pará Waldemar Henrique.
Não chego ao atrevimento de falar, aqui, de Walter Freitas, artista das experimentações musicais, mestre do nheengatu, das expressões em desuso, do gestual caboclo, pois ele já é demais conhecido e conceituado pelas bandas daqui e d'acolá.
Mas fico incitado de dizer do violeiro da folia, que ao integrar o elenco como um personagem sem nome, deixou a brecha (propositada?) para que eu nele identificasse o próprio autor.
Sabe o que eu acho? Na realidade Walter Freitas interpreta o Walter Freitas e faz isso tão bem que volto àquela primeira linha lá do comecinho desse texto, para dizer a vocês: reconheci no violeiro, também o autor que imaginou aquela trama de 'intriga, sexo, feitiço, traição e morte'...
O violeiro (Walter Freitas) da folia conduz e explica, passo a passo, tudo que ali se move e se ouve, ou seja, confere vida a todas as coisas e nada mais tem precisão de acontecer nem de se dizer, sob pena de tudo, de repente, perder o encantamento.
Confesso que custei um pouco a perceber isso, assim como o significado de algumas expressões que lá são faladas. E o que importa isso? Esse incômodo não demorou e se foi de mim à medida que o espetáculo avançava o violino - a rabeca tocava - o tambor batia - o violeiro cantava.
Bem poucas vezes presenciei num teatro, uma narrativa experimental capaz de arriscar em cima de uma língua perdida, mas que é compensada pelas conexões com o gesto, marcação do tambor, movimentos insinuados.
E por um acaso essa não é uma das características mais bonitas do Walter Freitas? Ou não percebi tudo direito? Não importa. É esse o meu sentimento sobre a fábula amazônica do Walter.
Foi bonito ver, na roda inicial o autor beijar, um a um dos atores que dali a pouco virariam seus personagens.
Foi mais bonito, ainda, ver na roda final o violeiro vibrar, de mãos dadas com o elenco, como que a dizer: eu não disse pra vocês que seria possível?
Parabéns, ao violeiro Walter Freitas, aquele que um dia me chamou de amigo, 'pediu' para que eu guardasse o seu violão, porem não revelou pra mim onde diabo eu encontro a aljava.
Assim tu me 'scasseia um cupu, seu danado...
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