Fotos: Ronaldo Rosa
Depois do ato no palco do Teatro Margarida Schivasappa do Centur, onde acontecia, no dia 09 de julho, mais uma apresentação da Mostra Terruá Pará, artistas se reuniram durante a semana e se mobilizaram também via redes sociais, para sair hoje às ruas.
Depois do ato no palco do Teatro Margarida Schivasappa do Centur, onde acontecia, no dia 09 de julho, mais uma apresentação da Mostra Terruá Pará, artistas se reuniram durante a semana e se mobilizaram também via redes sociais, para sair hoje às ruas.
A manifestação iniciou por volta das 8h, no bairro da Campina, mais exatamente na Rua Riachuelo esquina da 1º de Março, em frente ao Teatro Cuíra, em Belém do Pará. Antes, os cerca de 150 artistas de várias áreas se reuniram na sala de espetáculo, onde foi lida a carta que pede a saída do secretário de cultura Paulo Chaves.
"Viva a cultura paraense, o teatro, os pássaros, a ópera". Com estes e outros gritos de ordem a manifestação seguiu pela rua Presidente Vargas passando pela frente dos teatros Waldemar Henrique e da Theatro da Paz, em direção à Secretaria de Estado de Cultura, na Av. Magalhães Barata, chegando lá por volta das 11h e encontrando os portões fechados e com policiamento.
“Não é nada demais que estamos pedindo, a não ser uma política pública decente para a cultura desse Estado”, disse Alberto Silva Neto. “Gestores municipais da cultura, nós vamos até vocês também”, informou o ator.
A manifestação ganhou força quando o ator Adriano Barroso deu início à leitura da carta que pede a demissão do secretário e em seguida foram dados exemplos de descaso com a cultura e o patrimônio público, como as ruínas do São Cristóvão, Teatro símbolo do Cordão de Pássaros, manifestação cultural ímpar do Estado.
O prédio, que fica em frente à antiga Casa do Governador (hoje, a secretaria de cultura), foi o local escolhido para encerrar o ato e anunciar a próxima ação, na quinta-feira, 18 de julho, em frente ao Theatro da Paz.
Os artistas, porém, reforçam que não se trata de acabar com o Festival de Ópera, que vem contemplando em sua equipe músicos, bailarinos, cantores e técnicos paraenses.
O que o movimento entende é que seus gastos poderiam também estar sendo investidos em políticas de editais e bolsas de pesquisa, como as do IAP que vem atendendo um número pequeno de projetos, por falta de outros recursos. “Também não estamos contra o Terruá. Só queremos a democratização da cultura”, focam os manifestantes. "Nossa luta não é excludente, é agregadora", enfatizam.
“Já existem, há décadas, inúmeros movimentos de artistas e produtores culturais paraenses defendendo políticas públicas para a cultura. Não somos os primeiros a fazê-lo. Nem seremos os últimos. É uma luta contínua. Mas, de algum modo, nosso grito ecoou: Chega!”, disse o ator, diretor e professor de teatro Alberto Silva Neto ao Holofote Virtual.
Há críticas também quanto a atual política de leis de incentivo “que coloca o dinheiro público nas mãos dos departamentos de marketing das empresas, deixando os artistas à míngua, com o pires na mão e vazio”, frisa o documento do manifesto, referindo-se na esfera estadual à Lei SEMEAR.
A lei nº 6.572/03 (Lei Semear) dispõe sobre o incentivo fiscal no estado, oportunizando empresas a patrocinar projetos e descontar 80% deste valor aportado do ICMS devido. E tem duas formas de patrocínio: o incentivo direto ao proponente (o que nós entendemos como Lei Semear) e também o patrocínio em favor do FAPAC (Fundo Especial de Promoção das Atividades Culturais), que já existe em lei, mas falta funcionar.
Conferências e apoio - A manifestação vem ganhando mais adeptos não só de artistas que moram em Belém ou em cidades do interior, mas de artistas paraenses que moram em outros Estados, como o ator e diretor Cacá Carvalho, que enviou uma carta ao movimento, postada no Facebook.
Em um dos trechos ele diz: “... a população cresce, multiplica-se e nossas casas de trabalho e apresentações não. Nossas necessidades de conhecimento a cada ano interessam menos e menos aos gestores da Cultura. Como se a Cultura não fosse uma parte do Corpo do Estado. A Cultura repito, plural. Não uma ou outra somente”, disse. Há informações de que outros nomes paraenses em destaque na cultura nacional também vão se posicionar quanto ao movimento.
Além da manifestação, os artistas se preparam para participar ativamente da tão esperada Conferência Estadual de Cultura, que será realizada pela Fundação de Cultura Tancredo Neves, de acordo com matéria publicada na semana passada no jornal Liberal. O evento que vai acontecer no Centur nos dias 11 e 12 de setembro, a fim de eleger os delegados para a Conferência Nacional de Cultura.
Na reportagem também se diz que a Fumbel deve promover nos dias 23 e 24 deste mês as pré-conferências distritais e, nos dias 1° e 2 de agosto as pré conferências setoriais, momentos de debates que servirão para preparar o encontro maior, a Conferência Municipal de Cultura, que ocorrerá até o dia 14 de agosto, também no Centur.
O Brasil está efervescente. É simples. Os ecos das primeiras manifestações em São Paulo estão em todo o país e se especificaram em várias demandas e setores.
Não é só aqui que os artistas se manifestam. No Rio de Janeiro também há mobilização, assim como em São Paulo e em outras capitais. A insatisfação é nacional. A manifestação em Belém pôde ser vista ao vivo , com transmissão feita pelos manifestantes pelo Facebook. Todos acordados.
Um comentário:
Gente !
Vocês estão cobertos de razão e emoção , o que é melhor ainda !
Todo o meu apoio ao movimento .Agora , creio que se faz necessário discutir no calor dos fatos o que se está entendendo por " democracia" e " democratização da cultura" em Belém , especialmente .
Li uma entrevista do Edir Proença em que ele diz que em vez de se construir um (1)grande teatro municipal no Portal que se construa vários pequenos teatros nos bairros . Essa ideia para mim é um bom exemplo prático de democratização do acesso à cultura teatral .
É isso .
E parabéns Luciana pelo seu Blog .muito bom mesmo .
Marly Silva
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