Foto: Uirandê Gomes |
Priscila Duque e Hugo Caetano, fundadores do grupo, já estão na capital carioca desde o dia 1º de janeiro e, claro, já estão interagindo por lá, enquanto aguardam outros parceiros para dar inicio a uma vasta programação que inicia amanhã (13) e tem agenda ainda nos dias 15, 19, 20, na capital, e ainda no dia 24 de janeiro, em Paraty.
Com sede de conquistar novos espaços, a turnê do grupo em terras fluminenses o grupo se apresenta neste sábado, 13, no Baile dos Botos, na casa do Coletivo Caboclã, no bairro boêmio da Lapa. Criado em Icoaraci, local de referência do carimbo paraense, há dois anos os músicos e compositores Priscila Duque e Hugo Caetano têm atuado com diversos parceiros musicais, para difundir uma faceta ainda pouco divulgada do carimbó: o de manifestação libertadora sobre desigualdades, opressões; em defesa da floresta, da liberdade na cidade, da vida no campo.
Osso duro de roer, como cantou Mestre Verequete, o carimbó quando começa não tem hora para acabar. Com mais de dois séculos de história no estado do Pará, o ritmo atravessa épocas com respeito às tradições, mas também atento às causas políticas atuais.
“A ideia é mostrar o carimbó como um estilo de vida. Vamos exibir o documentário "Mestres Praianos do carimbó de Maiandeua", o nosso doc "Metres Urbanos de Icoaraci - Primeiro vento". E nas oficinas, o carimbó será mostrado como herança ancestral de uma África sincretizada no interior na floresta amazônica, presente no dia a dia dos paraenses. Quando ouvimos falar de carimbó por ai é sempre algo plástico, fake da indústria cultural. Nós andamos na contra mão. Para nós, o carimbó não está na novela, mas sim no dia a dia, é isso que queremos mostrar”, diz Hugo Caetano, em entrevista ao blog.
Experiência e resistência cultural
O grupo bebe na fonte pura do que foi ensinado pelos mestres da cultura popular paraense, transformando tudo isso em um som autêntico, poesia livre e performance são qualidades do grupo. O objetivo do projeto da turnê é, principalmente, trocar experiências e olhares com grupos de outras cidades, além de divulgar de forma independente suas músicas.
Para Priscila Duque, o importante é “conectar experiências sonoras com experiências de resistência da arte independente. Levar carimbó com conteúdo crítico para expandir percepções”, defende.
Além da apresentação de canções e poemas autorais, o grupo também oferecerá oficinas com a participação do Mestre Flávio Gama. Esses momentos buscam mostrar a complexidade da cultura do carimbó, que envolve, além da música, a dança, a confecção de instrumentos e a história da população amazônida.
Primeiro álbum - A turnê “Rio: do Maguari ao de Janeiro” é a primeira realização do longo ano que será 2018 para o Cobra Venenosa. O grupo se prepara para gravar o seu álbum de estreia, intitulado “Tambores da Mãe África”, selecionado no VI Prêmio de Arte e Cultura da Universidade Federal do Pará (UFPA). Fruto de insistência e cuidado dos artistas com a cultura popular, o prêmio é mais uma conquista do carimbó, esse osso difícil de roer e impossível de quebrar.
Rede de produtores e artistas - As parcerias dessa turnê independente são expressão do contexto de produção de arte e cultura em rede, com vários coletivos que se conectam para trocar vivências e processos criativos, com base na economia solidária e divulgação compartilhada.
O Baile dos Botos, produzido pelo músico Eduardo Branco, reúne artistas e ritmos da Amazônia em uma noite que promete do carimbó ao brega, passando por vários outros sons da floresta brasileira e das capitais do norte. Participam também Márcia Caminha, Dibob da Silva, Frank Russo, Andrey Alves e Ton Rodrigues, músicos e performances do Pará, Amazonas e Amapá.
No dia 19 de janeiro acontece o “Cobra Venenosa: Do Rio Maguari ao de Janeiro” com vivência de carimbó e venda de instrumentos regionais paraenses com Mestre Flávio Gama, encerrando com show do grupo Cobra Venenosa. O evento será em frente aos charmosos arcos da Lapa, no Bar & Restaurante Lapa Esquina, com produção de Andrey Alves e Ton Rodrigues. Participam também os percussionistas Anderson Fortalezinha e Cleyton Caminha do coletivo “Batuque do Igapó” e Artur Lorran.
A turnê em Paraty (RJ) está sendo organizada em colaboração com o hostel “Quintal do Rio” e grupo “Mundiá”. A programação na ilha conta com show, vivência, exibição de vídeos e bate-papo sobre carimbó e produção cultural independente.
Agenda
- Sábado, 13 de janeiro - Baile dos Botos. Rua Moraes e Vale, nº 21, bairro da Lapa;
- Segunda-feira, 15 de janeiro – Carimbó Itinerante na Praça Mauá, a partir das 17h. Participação “Batuque do Igapó”;
- Sexta-feira, 19 de janeiro – Carimbó da Gema: vivência de carimbó (dança, ritmo e venda de instrumentos), participação do Mestre Flávio Gama; fecha com show no Bar & Restaurante Lapa Esquina, em frente aos arcos da Lapa;
- Sábado, 20 e domingo, 24 de janeiro - Oficinas, exibição de vídeos, bate papos e shows musicais no Quintal do Rio, em Paraty, com participação do grupo “Mundiá”.
(Holofote Virtual com Assessoria Cobra Venenosa)
Contatos: Priscila Duque (091) 983571216 / Hugo Caetano (091) 989037016
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