14.11.18

A edição de mais dois livros de Dalcídio Jurandir

Editora paraense toca o terceiro projeto de financiamento coletivo para relançar os livros do romancista Dalcídio Jurandir. Após o sucesso das duas campanhas realizadas no último ano, agora serão relançados Chove nos campos de Cachoeira e Chão dos Lobos, ambos esgotados há décadas. A campanha fica no ar até 19 de dezembro, no site Catarse.

Já foram reeditados e lançados os livros Ponte do Galo, Três Casas e um Rio e Os Habitantes. Todos, até então, esgotados há muitos anos. A Pará.grafo Editora segue seu projeto de recolocar nas estantes brasileiras as demais obras esgotadas do autor. São edições com apurado acabamento gráfico, ilustrações internas, e versão em e-book. 

Os apoiadores recebem como recompensa exemplares numerados, miniaturas do autor, camisas, ilustrações originais e únicas usadas na edição, a possibilidade de ter o nome impresso no livro, entre outras opções. Também há a opção de livrarias e em- presas apoiarem a iniciativa, com condições especiais.

Dalcídio Jurandir (1909-1979) nasceu em Ponta de Pedras, Ilha do Marajó, e faleceu no Rio de Janeiro. Escreveu onze romances, dos quais dez formam o chamado Ciclo do Extremo-Norte. Recebeu com eles o Prêmio Machado de Assis, da Academia Brasileira de Letras, pelo conjunto da obra, em 1972. Teve edições em Portugal e na Rússia. Colaborou como jornalista e cronista em diversos jornais e revistas regionais e nacionais. É considerado por muitos o maior romancista da Amazônia e um dos principais autores brasileiros do século XX.

Os livros:

Chove nos campos de Cachoeira foi o primeiro  romance  escrito  por Dalcídio Jurandir e, mais tarde, tornou-se o primeiro volume da série chamada Extremo-Norte. Nele se inicia a saga de Alfredo em busca de estudo e uma vida melhor. Dalcídio, através de um habilidoso narrador em terceira pessoa, nos descortina uma região do Pará pouco conhecida em seu cotidiano, tanto na época como atualmente, da vasta maioria da população brasileira: a Ilha do Marajó, especialmente a localidade, e posteriormente município, de Cachoeira do Arari.

Concluída a primeira versão em 1929, foram necessários 12 anos de depuração, revisões, idas e vindas na vida do autor até que o livro fosse publicado. Considerado um marco da literatura de seu tempo, em especial modernista regionalista, sua publicação veio por meio do Prêmio Vecchi - Dom Casmurro, em júri composto por autores renomados da literatura brasileira, como Jorge Amado e Rachel de Queiroz. Esta edição será a baseada nas duas primeiras edições publicadas em vida.

Chão dos Lobos é o nono romance da série Extremo-Norte, sendo o seguimento da obra dalcidiana, em termos de romance, em longos anos de fervor e solidão. A raiz da saga amazônica está em Marajó, a grande ilha na foz do Amazonas, onde Alfredo, personagem principal, desde Chove nos Campos de Cachoeira, atravessa paisagens e costumes, girando em torno de humildes seres de pé no chão, de figuras de casarão e latifúndio. 

Neste livro, Alfredo, em plena juventude, encontra-se em Belém, a cidade mágica e injusta, manipula sonhos, faz e desfaz esperando, se deixa envolver pelos encantos das primeiras surpresas, solto e aflito no descobrimento do amor, da injustiça, da incompreensão, da pobreza extrema. O romancista, nesta obra, reúne quadros e situações de intensa dramaticidade, conflitos e cenas em que se movimentam esquivos e pungentes personagens de extraordinário realismo.

Café Literário aborda a obra do escritor

Antes de dar uma olhada na campanha de financiamento, vai uma dica para quem quem quiser mergulhar nas águas profundas de Dalcídio Jurandir. No próximo dia 22 de novembro, o professor Dr. Paulo Nunes e professora Dra. Maíra Maia estarão no Café Literário da Casa do Fauno, levando à roda o tema “Dalcídio Jurandir – Entre Bandeiras e Mastros”. A partir das 19h, entrada franca. A seguir um pouco mais sobre obra do escritor.

Ciclo do Extremo-Norte:

Nos livros do Ciclo, através da saga do menino Alfredo, o autor, com grande intensidade narrativa, descreve o horizonte amazônico a partir do contexto humano e geográfico com a riqueza de suas imagens, suas expressões linguísticas típicas, a cultura e, até mesmo, as concepções sociopolíticas. Retrata com plasticidade a existência humilde de personagens que são pequenos proprietários de terra, barqueiros, ribeirinhos, pescadores, vaqueiros, enfim, a matéria humana a que Dalcídio chamava a sua "criaturada do Marajó". Compõem o Ciclo:
  • Chove nos Campos de Cachoeira (1941)
  • Marajó (1947)
  • Três Casas e um Rio (1958)
  • Belém do Grão Pará (1960)
  • Passagem dos Inocentes (1963)
  • Primeira Manhã (1967)
  • Ponte do Galo (1971)
  • Os Habitantes (1976)
  • Chão dos Lobos (1976)
  • Ribanceira (1978)

Equipe:

Chove nos campos de Cachoeira: 
Armando Teixeira – Fotografia
Edilson Pantoja – Prefácio
Mael Anhangá – Ilustração
André Fernandes e Dênis Girotto – Edição, diagramação e design.

Chão dos Lobos: 
Nayara Jinkings – Fotografia
Fernando Farias – Prefácio
Tainá Maneschy - Ilustração
André Fernandes e Dênis Girotto – Edição, diagramação e design.

A Pará.grafo Editora, localizada em Bragança-PA, visa a reedição de obras literárias importantes do Pará e da Amazônia que se encontram fora de circulação. Além de Dalcídio Jurandir, de quem pretende relançar todos os títulos, a editora vai trabalhar com outros autores fundamentais da nossa cultura cujos livros se tornaram raros ou completamente esgotados.

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