23.1.20

Cláudio Barros retoma suas leituras dramatizadas

Fotos: Raul Farias
O ator Claudio Barros volta em cartaz com a leitura dramatizada do conto Inútil Canto e Inútil Pranto pelos Anjos Caídos (que perderam os fundamentos), de Plinio Marcos. A apresentação estreou ano passado, no Teatro Waldemar Henrique, e agora poderá ser vista a partir do dia 31 de janeiro, no Núcleo de Conexões Na Figueredo, onde cumprirá temporada às quintas e sextas, sempre às 19h, até final de fevereiro. O ingresso é Pague quanto Puder.

O conto de Plinio Marcos faz parte de um livro de bolso, editado em 1977, com três contos em sua composição. Claudio interpreta o segundo conto, que trata da perda dos fundamentos do indígena brasileiro, expondo, numa narrativa poética, verdadeira e cruel, o histórico extermínio do povo da floresta.

Um velho índio começa a perceber o afastamento de sua aldeia da essência primordial dos fundamentos do seu povo. É obrigado a testemunhar a degeneração total de sua gente e de sua sua raça. Escrito durante a ditadura militar, há mais de 40 anos, a narrativa se apresenta, assustadoramente, atual.

A estrutura narrativa de Plínio transforma a palavra num mantra contundente, objetivo, ácido. A palavra, quase nota musical, é repetida, incansáveis vezes, construindo uma espécie de palavra-música, rítmica, ritualística. 

Em 2018, Claudio leu, pela primeira vez, a versão original do conto de Plínio e nunca mais tirou da cabeça. “Depois que li esse conto, me senti no dever de compartilhar com outras pessoas”, fala Claudio.

Em agosto de 2019, enquanto viajava na Caravana Teatral Mambembarca, iniciou o processo de ensaios. Pela primeira vez experimentando a auto direção. Uma experiência totalmente nova para Claudio. Ensaiou sozinho, sempre em voz alta, até construir uma disciplina diária de treinos vocais com as palavras do conto. Em novembro e dezembro do mesmo ano, apresentou sua leitura dramatizada, duas noites no Teatro Waldemar Henrique.

A leitura dramática já é uma prática na trajetória de Claudio Barros. Certa vez, dentro do aquário do Museu Emilio Goeldi, ao lado da atriz Zê Charone, leu fragmentos de textos de Benedito Monteiro.  
Por duas vezes na Livraria da Travessa, no Rio de Janeiro, e no auditório do IPHAN, em Belém, fez a leitura do capítulo 55 (PONTO 55) do livro PETRÓLEO, de Pier Paolo Pasolini.  Na livraria Saraiva, também em Belém, realizou a leitura do conto COPROMANCIA, do livro SECREÇÕES, EXCREÇÕES E DESATINOS, de Rubem Fonseca. 
PLÍNIO MARCOS – autor

Sobre Plínio Marcos

O dramaturgo nasceu nasceu em São Paulo, na cidade de Santos em 1935. Adolescente de família modesta e sem gostar de estudar, trabalhou como funileiro, tentou a carreira de jogador de futebol, serviu a aeronáutica, mas foi o Circo que despertou sua vocação. Mais tarde atuou no rádio e fez um meteórico sucesso na televisão. Na década de 1950, por influência da escritora e jornalista Pagu, começou a se envolver com o teatro. Nessa mesma época, escreveu sua primeira peça teatral Barrela, que permaneceria proibida durante 21 anos após a primeira apresentação. 

Nos anos 60 produziu textos para televisão, onde também trabalhou como técnico, foi roteirista e encenou espetáculos que foram censurados logo após a primeira apresentação. Como ator apareceu em seriados da TV Tupi, de São Paulo e da telenovela Beto Rockfeller, vivendo o cômico motorista Vitório. O personagem foi parar no cinema e também na telenovela de 1973, A Volta de Beto Rockfeller. 

Durante o movimento do Cinema Nacional, o diretor Braz Chediak adaptou duas de suas peças A Navalha na carne (1969) e Dois Perdidos numa Noite Suja (1970). Na década de 1980, apesar da censura, Plínio Marcos permaneceu extremamente produtivo como jornalista e dramaturgo. 

Depois do fim da censura, Plínio continuou a escrever romances e peças de teatro, tanto adulto como infantil. Tornou-se palestrante, chegando a fazer 150 palestras-shows por ano. Plínio Marcos foi traduzido, publicado e encenado em francês, espanhol, inglês e alemão; estudado em teses de sociolinguística, semiologia, psicologia, religião, dramaturgia e filosofia, em universidades do Brasil e do exterior. Recebeu os principais prêmios nacionais em todas as atividades que abraçou em teatro, cinema, televisão e literatura, como ator, diretor, escritor e dramaturgo.

INÚTIL CANTO e INÚTIL PRANTO PELOS ANJOS CAÍDOS 
(que perderam os fundamentos)

Texto: Plínio Marcos
Direção e atuação: Claudio Barros
Sonoplastia: Claudio Melo
Produção: Sandra Conduru
Arte: Marcela Conduru
Fotos: Raul Farias

Data: 31 de janeiro e 01/05/06/13/14/20/21 de fevereiro/2020
Hora: 19h00
Local: Núcleo de Conexões Na Figueredo
(Av. Gentil Bittencourt,449 – Nazaré/Belém - (91) 9.8113-7600)
Ingresso: PAGUE QUANTO QUISER

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https://holofotevirtual.blogspot.com/2019/11/claudio-barros-em-cena-com-leituras.html

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