28.7.20

Iris da Selva lança Ep com veia musical de Icoaraci

Vinda dos rios da Amazônia, a cantora mistura os cantos e o tambor do carimbó com as energias do rock produzidos da vila de Icoaraci. Iris da Selva carrega de sensibilidade e força vindas das encantarias das águas o primeiro EP que ela lança nesta sexta-feira, 31, com uma live, às 17h, em suas redes sociais, colaborando com o movimento #fiqueemcasa. 

Iris saiu do Pará logo cedo para se encontrar, foi por aí com o violão debaixo do braço, e lá pelo sul foi onde também ela se construiu e enredou laços. No retorno à Amazônia começou a construir nos magueios pelas ruas, nos ônibus da cidade e paralelamente vem vivendo o carimbó de Icoaraci, junto com mestras e mestres. É assim que nasce o trabalho que chega agora ao público com uma poética própria.

A repercussão em trabalhos autorais e covers, muito compartilhados em redes sociais, rendeu a Íris, o segundo semestre de 2019 o segundo lugar no festival Outros Nativos, em Belém do Pará, e é a partir dessa vitória que o sonho do EP se concretiza.

O sol em áries e a perseverança que se nota pelos olhos, traz a potência necessária para as letras de suas canções. A jovem artista do norte do Brasil é uma grande promessa da atual geração compositores da música paraense e já vem conquistando público por onde passa, obtendo alcance nacional pela rede mundial de computadores.

Música que inunda a alma com poesia e delicadeza

Nesta sexta, 31, a proposta é nos inundar com as água desse rio, que passa, nos leva e nos faz sentir, como pedaço de nós. O EP contará com 4 canções: Sereia do Rio, Três Marias, Meu pequeno eu e Canto pra Odoya. 

“Quando escrevi essas canções, não foi pensando num EP, nem num álbum… Elas aconteceram a partir da experiência, lógico, e da necessidade de expressar em melodias”, diz Iris.

A cantora antecipa que todas as músicas falam de mulheres e de amor, mas tudo isso “num sentido mais amplo da coisa. O nome ‘das águas desse rio’ é muito daqui mesmo. Nem soa tão original, porque é de costume nosso citar o rio.. mas é...Também assumo que esse rio passa por mim e que eu sou ele”.

Em Sereia do Rio, ela diz “E no fim tu hás de ver que as coisas por mais leves, são as únicas que o vento não consegue levar, mas que o rio carrega, pra lá e pra cá”. As sereias muitas vezes são consideradas mundanas pelos cristãos, espécie de feiticeiras que atraem os homens. Na realidade, no Pará de hoje, o número feminicídio é brutal, cometidos entre rios, estradas, no meio da selva.

“Tem muitas histórias de sereias sufocadas, engatadas, caladas. Como há também aquelas que resistem, convocam greve, incitam fuga em massa, de mulheres super exploradas e em condições desumanas, dos garimpos lá pra banda do Cuiu-Cuiu, outras que estão diárias, lúcidas, com suas poções e suas distintas personalidades. A sereia sempre volta e canta, a sereia canta no rio, de Oxum, várias divindades”, continua Iris. 

Em Canto para Odoyá, pontua: "Lá vem, lá vem de azul, me levar pra ilha escondida dentro de mim…". Nesta canção, Íris fala da sua relação com a força do mar e com a rainha Iemanjá, que considera sua avó, por ser mãe de seu pai de cabeça. “Muito respeito por essa canção e pelo processo de criação dela”, comenta. 

Já em Três Marias, ela volta a se referir à sereia, aquela que se comunica com os ancestrais da cura, da força, da boca da mata e das urbanidades do agora pelo meio dos edifícios rentes ao rio, encostados. “Calma Maria, não conte assim seus planos pra qualquer pessoa…”. Como se pudesse pedir calma a Maria, ela que absorve tanta coisa. O que faz Íris é levar calma: “Você tem a força do vento”.

Por fim, ela canta em Meu pequeno eu: “o puro se sujou a lágrima caiu, de tanto que pingou, agora virou rio”. Iris conta que esta é uma música desabafo, retirada dos diários antigos. “Relendo o que escrevo pra mim no futuro, não consigo me acostumar ainda, continuo me decepcionando comigo e com o mundo. Não conseguir dizer o que eu sinto. É mais fácil escapar, resgatar memórias, sem enfrentar momentos de falar o que eu sinto”, conclui.

Ficha técnica (live)
  • Banda: íris da selva (voz violão e banjo) Adrian neves ( percussão) Lucas Di Freitas ( percussão) Hugo Caetano ( percussão) Karina dias ( backvocal/ maracas) Fred William ( flauta). 
Equipe técnica 
  • Produção: Bruna Suelen
  • Apoio/produção: Luah Sampaio, Luiza Cabral, Tatiana Diniz e Patrícia Silva
  • Vídeo: Francisco Siso 
  • Transmissão: Mateus Leão 
  • Áudio: Luyan Salles 
  • Fotos: Uirandê Gomes 
  • Arte e Projeto Gráfico: Karina dias, Jeff Douglas e Junior Ferreira
  • Gravação: Marcel Barreto/ Budakaos 
  • Editora: Namusic
Serviço
EP “Das águas desse rio”,  disponível a partir desta sexta-feira, 31, nos aplicativos de áudio Spotify e Youtube. Na mesma data, Íris da Selva faz uma live, transmitida em seus canais a partir das 17h, anotem:

Instagram: 
@irisdaselva 

Facebook: 
Iris da Selva

Youtube: 
Iris da Selva

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