19.11.20

Luis Girard faz live de lançamento do 1o álbum

Fotos: Carlos Borges 

Luis Girard, um dos grandes nomes da música paraense, agora é "Colossal", primeiro disco solo do artista que com este novo trabalho nos convida a um passeio aos áureos tempos das gafieiras em Belém. Neste sábado, 21, às 20h45, uma live no canal de Youtube do artista, marca o lançamento do álbum com o patrocínio oficial do Banco da Amazônia e apoio cultural da Rede Cultura de Comunicação e MM Produções.

O álbum é composto por 11 faixas. Luis Girard assina a autoria única de três canções e mais seis em parceria de Allan Carvalho, sendo que uma destas ainda tem a participação de Aninha Moraes. O álbum se completa com um merengue inédito de Ronaldo Silva e um carimbó que ganha nova versão na voz de Luis Girard.

Colossal é fruto de um processo criativo do Projeto de Pesquisa e Experimentação “Nave do Tempo – Uma Viagem pelos Bailes da Saudade”, idealizado pelo artista e contemplado no Edital do Programa SEIVA – 2018 de Fomento à Cultura, da Secretaria Estadual de Cultura, através da Fundação Cultural do Pará e a Casa das Artes.

“Na pesquisa busquei as referências da música ao vivo dos bailes noturnos, dos anos 60 aos 80 na periferia de Belém. E toda a diversidade me inspirou na criação das canções que, cada uma na sua medida, espelha a sonoridade latina e caribenha da música paraense e a arremete à contemporaneidade”, explica Girard. "O resultado desse trabalho é uma sonoridade de gafieira com o sotaque paraense, que combina metais, cordas e percussões, numa recriação experimental de um ambiente saudoso", completa.

Luis Girard é um artista com uma carreira reconhecida em Belém. Afinal há quase 40 anos atua no cenário artístico brasileiro como cantor/intérprete, ator, produtor cultural, artista plástico, e, paralelamente, acumulando conhecimentos técnicos em iluminação cênica, roteiro musical e na área de cenografia entre inúmeras outras atividades artísticas. 

“Hoje posso afirmar que seja nos meus estudos técnicos ou nas minhas incontáveis experiências no palco ou fora dele, sempre está por trás disso a preferência e o amor pelo ofício de cantar,” afirma o artista. 

Há alguns anos, depois de um período morando fora de Belém, o artista começou a questionar o que deveria cantar e quais os artistas que sustentam sua arte. Destas questões surgiu uma certeza: ser um músico que corre atrás do swing musical brasileiro, usando a musicalidade da sua terra como ponto de partida para reiterar o fato de que ela também faz parte do Brasil.

“O que tenho procurado reproduzir nos meu trabalho é buscar a originalidade e interpretar prioritariamente a música popular do meu lugar no intuito de representá-la. Neste sentido, Colossal surgiu da necessidade do artista em afirmar a qualidade sonora da música produzida na região e em reconhecer a música paraense enquanto integrante histórico indissociável da MPB. 

Gafieira do Vavá é inspiração

As primeiras ideias do projeto surgiram em 2016, no período em que protagonizou o espetáculo Gafieira do Vavá – no tempo de Osvaldo Oliveira, uma homenagem ao genial compositor e cantor paraense Osvaldo Oliveira, o inesquecível "Vavá da Matinha", falecido no dia 31 de março de 2010. Em 2018, a Gafieira foi fundida com a pesquisa do cantor Allan Carvalho, principal parceiro musical de Luis Girard, sobre o cantor Ary Lobo, resultando no show Sentinelas do Norte. 

Continuando sua pesquisa, Girard identificou nas origens de nossa música as chamadas “pressões sonoras de cima para baixo”, como o bolero e o samba (e seus derivados), nacionalizados pelas gravadoras pelo potencial massivo da era do rádio, ou de baixo para cima, como foi a música nordestina, surgida no começo do século XX com a vinda dos imigrantes do ciclo da borracha.

“Estas pressões sonoras aconteceram constantemente de cima para baixo, mas, o que é inusitado no fenômeno em Belém com o merengue nos anos 50 ao sucesso do brega nos idos de 1980, este movimento se deu de baixo para cima. Isto é, muitas vezes foi o público da periferia que ditou as regras que posteriormente foram assimiladas pelo mercado local e até nacional”, explica Luis Girard.

Outro destaque é a presença da sonoridade caribenha e ritmos como o merengue, a salsa e a cúmbia, de forma pura ou repaginada, que hoje já podem ser chamados de paraenses. Mas como se deu esse contato entre o Caribe e a Amazônia? 

Luis Girard foi buscar nas pesquisas acadêmicas as respostas. Andrey Faro Lima, antropólogo e pesquisador, em sua tese de doutorado, “Caiu do Céu, Saiu do Mar”, fez um estudo sobre a presença da música caribenha e sul-americana na Amazônia, e em especial no Pará.

Andrey explica que esse contato se deu através das ondas tropicais das rádios latinas que alcançavam grandes distâncias, chegando à nossa região. Mas se deu também de forma inusitada, nas zonas portuárias de Belém. 

“Os marinheiros viajavam com esses LPs, e ao frequentarem o baixo meretrício, normalmente situado na região portuária, trocavam seus LPs pelos serviços das meretrizes. Muitos navios, na verdade, não vinham do Caribe, mas sim dos Estados Unidos, onde paravam para pegar tripulação em Porto Rico e vinham até Belém, depois voltavam a deixavam de volta em Porto Rico. Era a tripulação que entrava com disco como moeda de troca, e valia ouro nestas zonas do meretrício”, completa Andrey.

“Ao ouvir o álbum, a impressão que se tem é que ele pode ser um dos melhores discos, tanto pela qualidade do material gravado quanto pelas melodias em si, pois tem muito a ver com a gente. O disco tem a alma do paraense, pega essa atmosfera da boemia, o que se ouvia nos bares e clubes naquele período da pesquisa”, completa Ná Figueiredo, da Ná Music, responsável pela edição do trabalho. 

Com quase 40 anos de experiência no mercado da música na região, o empresário deve fazer a divulgação do álbum pelas plataformas digitais, como a Spotfy. “Eu costumo dizer que é um disco radiofônico, um disco pra tocar em rádio. Pois os programas querem tocar os hits. O disco é todo assim, pode tocar a todo o momento. Muito fáceis de ouvir, de cantar”.

Lançamento adaptado para o digital

Uma marca desse ano pandêmico, as lives chegaram para ficar e hoje movimentam os profissionais do entretenimento neste período de distanciamento social. Colossal também teve que se adaptar a estes novos tempos. Inicialmente, o lançamento do primeiro álbum musical de Luis Girard seria marcado com um espetáculo cênico musical ao ar livre, mas assim como muitos outros projetos, a pandemia chegou para mudar os planos.

“Resolvemos optar pela live para garantir o retorno ao público dessa pesquisa que fala da cultura suburbana de Belém que não é tão falada”, explica Luiza Bastos, responsável pela direção geral da apresentação ao vivo que será transmitida do espaço Ná Figueredo. 

“O choque de realidade nos levou ao choque financeiro para realizar o show virtual que nos colocou novos custos, uma situação que naturalmente nos levou para as parcerias, como o Ná Figueredo, a MM Produções e a Tv Cultura, que vai transmitir pela Tv e pelo Portal Cultura”, completa.

Para Ewerton Alencar, Coordenador de Patrocínio do Banco da Amazônia, patrocinador oficial do projeto, a chegada do novo coronavírus reforça ainda mais a importância da política de patrocínio da instituição.

“A gente entende que é mais importante do que nunca manter o apoio aos projetos que possam ter continuidade, respeitando as normas de segurança. E os projetos que foram adequados conseguimos manter integralmente em formas não presenciais” destaca.

Serviço

Live Colossal - Dia 21 de novembro, às 20h45, no canal do Youtube do artista (youtube.com/luisgirard1) com transmissão ao vivo pela TV e Portal Cultura.

(Holofote Virtual com assessoria de imprensa do projeto)

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