Edyr Augusto com Pelé do Manifesto. O rapper fica em cena até este domingo, 3. Foto: Leandro Oliveira. |
Muralhas Invisíveis estreou na quinta-feira, mas ontem, o clima continuava de estreia. Filas para entrar, pessoas da cena teatro presentes na plateia e uma notícia que ecoou nos corredores do teatro: Edyr Augusto Proença agora é o diretor do Theatro da Paz. Obviamente que falamos sobre isso na entrevista a seguir concedida após a apresentação de Muralhas.
Eu também conversei com Paulo Santana, que celebra igualmente o resultado da montagem contemplada pelo Prêmio Funarte de Estímulo ao Teatro, da Fundação Nacional de Artes vinculada ao Ministério da Cultura (MinC) do Governo Federal, uma equipe técnica experiente e atuante no teatro paraense.
Um mergulho no cotidiano das ruas
Cenário de Charles Serruya - 12 atores em cena Foto do blog. |
Enquanto os invibilizamos, eles, assim como Edyr, de sua janela, nos observam. “Isso existe em qualquer cidade grande. O centro da cidade funciona com um imã, atraindo pessoas em diversas situações. Fugidas ou expulsas de casa, ou que chegou ali por conta de um distúrbio. Estamos acomodados, no ar condicionado dos carros e não damos atenção ao outro, mas eles nos observam”, reflete.
Coreografias e música
Homenagem à Zé Celso Martinez. Foto do blog. |
“Essa ideia já existia há muito tempo e encontrei no Paulo Santana, que é um dos melhores diretores que temos de teatro em Belém, a pessoa certa para tocar o projeto. E as músicas do Pelé do Manifesto são sensacionais. Este é um encontro de algumas pessoas e que deu muito certo. Tô muito feliz com o resultado”, diz Edyr Augusto, dramaturgo e escritor, autor de diversas obras premiadas no Brasil e no exterior.
Paulo Santana também enxerga tudo isso como um grande encontro. Atuando há 47 anos no teatro paraense, ele trabalhou como ator em “A Menina do rio Guamá", espetáculo do Edyr Proença, nos anos 1980. “Hoje estou tendo oportunidade de dirigir uma dramaturgia dele, e eu adoro o que ele escreve. Foram 2.500 sinopses inscritas, do Brasil inteiro, com apenas duas premiações por região. Levamos em Belém e Manaus também levou ”, comentou.
O processo criativo gerou trabalho na cadeia produtiva do teatro. Figurinistas, costureiras, cenógrafos e todas as demais funções, além da produção, foram contratadas. E feita a seleção dos atores, teve início a um longo processo de ensaios, leituras e muita coreografia. Ao todo o espetáculo conta com 22 pessoas.
Temporadas x mercado de trabalho
Kesynho Houston, do elenco, eu (LM), Paulo Santana e Pelé do Manifesto. Foto: Leandro Oliveira |
Ele explica que para chegar a esse elenco de 12 atores, foi feita uma seleção, para a qual se inscreveram 80 candidatos. Não era o principal critério ser ator ou atriz formada etc. A ideia era buscar novos atores e não atores, que passariam a lidar com o teatro brechtiano do Grupo Palha.
“Tudo que faço é uma crítica a esse lugar do capitalismo. Eu sou, o Palha é brechtiano, eu acho que o teatro precisa fazer refletir sobre todas essas questões, tem que tocar e atravessar quem vê e é um exercício difícil pra quem interpreta e quer romper a quarta parede”, acentua Paulo Santana.
"O intérprete só cresce em cena e rompe a quarta parede se ele fizer temporadas, só assim ele consegue perceber e dominar a plateia e acredito que vamos conseguir chegar lá. Estamos num retorno de quatro anos de silêncio e acho que a cidade já sente essa mudança deste novo olhar para cultura”, diz Santana.
Edyr Augusto na direção do Theatro da Paz
Edyr Augusto, neste sábado, terceira noite Foto: Leandro Oliveira |
A indicação para o cargo, de acordo com Edyr, partiu da deputada estadual Diana Belo (MDB), trazendo justamente esta questão à tona e que ele pretende cuidar nesta gestão. Edyr afirma que vai iniciar seu trabalho como diretor com objetivo de reabrir as portas do teatro para os grupos locais. “A ideia, já foi compartilhada com a deputada, e já conversei também com a secretária (Ursula Vidal) e seu adjunto, o Bruno Chagas. Precisamos trazer o teatro paraense de volta para o Theatro da Paz”, diz.
Serviço
O Teatro Waldemar Henrique fica na Praça da República, na Av. Presidente Vargas. Ingressos: R$ 20,00 (inteiro) e R$ 10,00 (meia). Pagamento via pix e dinheiro.
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Ficha Técnica
Dramaturgia: Edyr Augusto
Direção e Encenação: Paulo Santana
Elenco: Leandro Astral, Yuri Ganha, Lucas Bereco, Kesynho Houston, Xviccy, Claudio Raposo, Marina Di Gusmão, Isabella Valentina, Lorena Bianco, Krystara Monteiro, David Silva
Assistência de Direção: Kesynho Houston
Estagiária de Direção: Victoria Rodrigues
Direção Musical: Ismael Mello, Pelé Do Manifesto
Composição Musical: Pelé Do Manifesto, Ismael Mello
Direção Coreográfica: Kekeu, Luana Lemos
Preparação Corporal: Luana Lemos, Kekeu
Cenografia: Charles Serruya
Figurino: Claudia Palheta, Lucas Belo
Costura: Marcia Gonçalves
Aderecista: Marcia Almeida
Desenho de Luz: Malu Rabelo
Sonoplastia: Suely Brito
Paisagismo Sonoro: Ismael Mello
Assessoria de Imprensa e Redes Sociais: Leandro Oliveira
Design Grafico e Direção De Arte: Claudia Palheta e Victoria Rodrigues
Produção de Video: Victoria Rodrigues
Fotografia do Programa: Xviccy, Kesynho Houston
Montagem de Arte do Programa: Victoria Rodrigues
Assistente de Produção: Suely Brito
Produção: Tania Santana, Zê Charone
Realização: Grupo de Teatro Palha
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