E nesta retomada, a curadoria é da APJCC (Associação
Paraense de Jovens Críticos de Cinema), que escolheu “Milano Calibro 9”,
longa do diretor italiano Fernando Di Leo, produzido em 1972 para
exibição nesta sexta-feira, 25. A Maldita acontecerá sempre na última
sexta-feira do mês, a partir das 21h, com entrada franca.
Por Aerton Martins, da APJCC
Não
existe pior maldição para um artista do que a invisibilidade de sua
obra. Seja um rabiscado em um quadro, uma música barulhenta ou um filme
que desafia o mercado - produtos que extrapolam a linha do normal e que
peitam o gosto vigente. É esse abandono, aparente descaso, que a Sessão
Maldita, procura combater. E o faz trazendo soldados munidos de talento
de sobra, mas que, geralmente, não conseguem exibir suas armas, seja por
um autoritarismo invisível ou pela costumeira falta de amor, ausência
de boa vontade.
O
projeto nasceu em meados dos anos 60 no eixo sul-sudeste do Brasil e
sempre levou o público a (re) fazer um caminho, a fim de desbravar e
tatear novos territórios, com filmes transgressores, invisíveis,
independentemente do gênero e da nacionalidade.
A
sessão inaugural também será uma homenagem a dois grandes
cineclubistas. Ao Carlos Reichenbach, o primeiro homem a defender os
“invisíveis” em sua sessão do COMORODO, em São Paulo, e que faleceu no
começo deste ano. E a um homem que sacudiu com grande amor, por muitos
anos, os espaços de Belém, e que retomou o projeto Sessão Maldita no
inicio de 2007, no Cine Líbero Luxardo do Centur, o cineclubista e
crítico de cinema Adolfo Gomes, hoje residente na Bahia.
O filme e o diretor - Chamado
certa vez pelo autor de “Pulp Fiction”, Quentin Tarantino, de o “Samuel
Fuller italiano com um coice interminável”, Fernando Di Leo ainda é um
cineasta invisível.
Na terra de Sergio Leone, Federico Fellini, Luchino
Visconti e outros grandes que obtiveram sua escada para a glória e
reconhecimento, Di Leo saboreia o descaso por parte da cinefilia e tal
abandono talvez encontre uma justificativa; a ausência de suas obras,
seja nas salas comerciais, cineclubes ou nos tão propalados espaços
alternativos.
Se
o ecrã, a tela, a sala escura, é o salão ritualístico da sétima-arte, a
via que fornece alento aos amantes do cinema, por que não dar a um
cineasta a oportunidade de absorvê-lo como o menu pede? Eis que a mãe
dos subjugados, apedrejados, rejeitados, oferece seu colo novamente para
acalentar uma obra inquieta, selvagem e importante na carreira do
diretor italiano: “Milano Calibro 9”.
A
obra dará inicio ao retorno regular da Sessão Maldita em 2013, no Cine
Líbero Luxardo do Centur, espaço que já exibiu nomes importantes para o
cinema, como Lucio Fulci, Samuel Fuller, Jean-Luc Godard e Dario Argento
Di Leo oferece, em “Milano Calibro 9”, um banquete onde a cartilha dos
filmes policiais é a tônica. Em Milão, um homem, uma equipe e a maleta
de dinheiro.
As
reviravoltas são abraçadas por uma câmera nervosa: Di Leo é a ação
pregada na tela, a violência perturbadora da música entrecortada por uma
operação animalesca e vagabunda dos atores.
Di Leo é o soco despudorado
que sobrevoa Peckinpah, é o corte seco que calçou Godard em seus
primórdios, é a ponte cínica que une Samuel Fuller e Don Siegel, é um
cineasta voraz e com sede pela imagem e suas possibilidades.
Quentin
Tarantino certa vez admitiu; “se eu não tivesse visto a loucura que é
‘Milano Calibro 9’ talvez eu não estivesse por aqui”.
Serviço
Sessão Maldita no Cine Líbero Luxardo
Milano Calibro 9
(Dir.: Fernando Di Leo, Ano: 1972, País: Itália, Duração: 100 min., Classificação etária: 18 anos)
Trailer: Nesta sexta-feira, 25, às 21 h. Entrada franca.
Realização: Governo do Estado do Pará | Fundação Cultural do Pará Tancredo Neves.
Curadoria: APJCC - Associação Paraense de Jovens Críticos de Cinema.
No Cine Líbero Luxardo - Av. Gentil Bittencourt, 650, Nazaré, Belém, Pará
Contatos: (91) 32024321 | cinelibero@gmail.com.
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