18.9.14

Cidade Velha ganha um novo espaço cultural


Localizado no centro histórico de Belém, o Espaço Cultural Conudurú abre suas portas nesta quinta-feira, 18, com uma demonstração pública de afeto e reconhecimento ao trabalho e obra de José Maria Hesketh Condurú (1900-1974), agrônomo de formação, mestre de gerações de acadêmicos, reconhecido internacionalmente pela sua atuação como professor de física, botânica, meteorologia e pela relevância de suas publicações científicas.

A exposição “Condurú” traz obras de dois netos do “velho Condurú”, como era conhecido carinhosamente entre seus alunos, mesmo antes de tornar-se idoso. São 12 desenhos do artista plastico, P.P. Condurú, e 25 fotografias de José Maria Hesketh Condurú Neto. Os dois aceitaram imediatamente o convite feito por um dos idealizadores do Centro Cultural do Carmo (CCC), Reginaldo Cunha - primo e amigo dos artistas.

Há anos, Reginaldo incentiva a produção artística de P.P. e admira as fotografias de JMCondurú, que ainda se considera um “amador”, apaixonado pela fotografia. “É importante ressaltar que sou um engenheiro agrônomo, professor universitário, assim como meu avô, só que tenho a fotografia como um hobby e mantenho blogs com elas. Nunca pretendi fazer exposições públicas como agora, mas a homenagem ao vovô Condurú é sempre merecida e emocionante”, comenta o fotógrafo.

Filho de Filadelfo de Oliveira Condurú e Cecília Hesketh Condurú, o homenageado, José Maria Hesketh Condurú nasceu em Belém e graduo-se em Agronomia, na primeira turma da Escola de Agronomia e Veterinária do Pará com média final 10, em 18 disciplinas, e 9, em três disciplinas, classificando-se também, naquele ano de 1921, em primeiro lugar de todos os cursos superiores do Brasil, por isso conquistando o Prêmio Centro Propagador de Ciências que, além de uma medalha de ouro, concedeu-lhe o direito de aperfeiçoar os estudos no exterior, onde passou um ano na cidade de Lausanne, Suiça, e outro ano em Paris, França, aprimorando seus conhecimentos em física e meteorologia.

Depois que retornou ao Brasil, o professor Condurú foi trabalhar na Vale do Rio Doce, no Espírito Santo, implantando a primeira estação meteorológica da América do Sul, na localidade que hoje também em sua homenagem se chama Condurú. 

Em 1925, o ele voltou ao Pará e viveu uma de suas grandes paixões: o ensino da física. Lecionou a disciplina em colégios como: Ciências e Letras, Visconde de Souza Franco, Progresso Paraense e foi um dos primeiros professores da Escola de Agronomia da Amazônia, onde também lecionou Física, Botânica e Meteorologia. 

Exímio contador de hIstórias e dono de um humor incomparável, escreveu diversos livros técnicos e de contos, destacando-se: ABC da Genética, Cocktail Genético, Eugenia e Exames Pré-nupciais, A Energia Nuclear construiu as Pirâmides do Egito, A corrida do Facho Vital e O Riso faz Bom Sangue.

“Condurú” será a primeira exposição de JMCondurú e traz um pouco de tudo o que ele gosta de retratar, especialmente arquitetura e Belém, da qual possui um acervo com mais de 80 fotos antigas – detalhe: há algum tempo ele vem clicando os mesmos locais das fotos de seu acervo histórico e deve publicar um livro para a celebração dos 400 anos de Belém.

Além da surpresa da primeira exposição acontecer e ser em homenagem ao avô, JMCondurú diz estar muito feliz em “expor ao lado de P.P. Condurú que, embora primo, é um artista consagrado, ou seja, outra ideia genial do Reginaldo Cunha”, conclui.

Com um trabalho mais elaborado e lapidado em transições profissionais pelo universo das artes há 40 anos, P.P. também ficou surpreso e feliz pelos reencontros e homenagem e decidiu apresentar um pouco de seu novo trabalho.

“Na realidade, desde que vi o CCC sendo construído pensei em expor lá, mas achei muito legal o convite e passei a encarar como uma coisa muito leve, sem a pressão de individuais - é como se fosse um show intimista que vai abrir a festa – nossa família tem esses talentos e vamos abrir o CCC dessa forma, bem família, despretensiosamente, gostei disso, ainda mais por ser em homenagem ao meu avô, que era uma pessoa genial no que fazia e um avô marcante , e também em gratidão ao Reginaldo, que sempre apoiou o meu trabalho, desde o início".

O que P.P. traz para o CCC são “desenhos” integrantes de um projeto maior, chamado Pixelpart (multiplicação), que envolve a pesquisa de e outras linguagens, entre as quais painéis gigantes; game e video mapping. Segundo o artista, ele está desenvolvendo uma técnica como se fosse uma fábrica de azulejos em miniatura, onde fabrica cada peça.

“Pinto com tinta acrílica e certos vernizes pra dar aparência de azulejos antigos, assino e depois monto como se fossem pixels de uma tela de computador e passo a sugerir montagens de diversas dimensões, em diversos suportes e o design final é a ´'brincadeira' Pixelpart, com a mistura dos meus trabalhos de computação e os azulejos da minha infância, na velocidade da internet", revela P.P.

Desde que começou a pesquisa Pixelpart, ele já criou e produziu mais de 3.500 peças de 30 séries, materializadas em suportes distintos para montagens própria e/ou coletiva, em dimensões diferentes, a partir das matrizes iniciais, por enquanto nos formatos de 23,5 x 23,5cm e 3,5 x 3,5 cm. "Cada Pixelpart é original, por isso a minha pretensão inicial em expor no Centro Cultural do Carmo, religando tudo: memórias antigas, ciberespaço, azulejos, internet, computação, tric no olho…” diz P.P.

Anote
Exposição Condurú. Vernissage: 18 de setembro de 2014. Centro Cultural do Carmo – Praça do Carmo, nº 40 – Cidade Velha. Das 19h30 às 21h30. Entrevistas/contatos: PP Condurú: 8180-8181 ppconduru1@hotmail.com / JM Condurú Neto: jmconduru@globo.com / http://jmconduru.blogspot.com.br/

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