Belém recebe, pelo sexto ano consecutivo, o Festival de Contrabaixo da Amazônia, que reune alguns dos grandes nomes da cena nacional e internacional da música instrumental. Serão duas noites de shows gratuitos, sempre a partir das 19h, nesta terça, 9, e na quarta, 10, na Estação das Docas. A programação inclui duas masterclass, no Sesc Boulevard.
O Festival de Contrabaixo da Amazônia foi criado a partir do circuito nacional, que surge em 2003, na cidade de Caruaru-PE, organizado por Celso Pixinga, e que desde então vem sendo realizado em vinte e cinco cidades brasileiras, com objetivo de revelar novos talentos, além de reunir baixistas de renome nacional e internacional e provocar um intercâmbio musical entre eles e artistas locais. Em Belém, o festival já se tornou uma tradição, sendo esperado pelos que amam a música instrumental.
“As pessoas passam o ano todo perguntando pelo próximo, querem saber quem serão as novas atrações, etc. Acho que após tantas edições bem-sucedidas, podemos dizer que ele faz parte do nosso calendário cultural. Legal também é perceber que ele (o Festival) extravasou a fronteira do contrabaixo. Virou uma espécie de festival de música instrumental que reúne músicos e amantes da música”, diz Marcus que conversou com o blog e deu mais detalhes na entrevista mais abaixo.
Nesta edição em Belém, marcam presença o canadense Allain Caron e os paulistas Celso Pixinga e Thiago do Espírito Santo, que se juntarão aos paraenses Minni Paulo Medeiros, Adelbert Carneiro, Ney Conceição e Kzam Gama, que aliás recebe merecida homenagem no evento.
Além dos shows, Celso Pixinga e Alan Caron irão ministrar, no Sesc Boulevard, Master Class de Contrabaixo, com 20 vagas para cada turma, mediante doação de um quilo de alimentos não perecíveis. É tudo gratuito.
“Um Festival desse porte, com essas atrações e de graça, tem um custo imenso. E não é apenas custo financeiro. Custa tempo e muito trabalho. Esse ano tivemos a parceria decisiva de duas produtoras, a Três – Cultura Produção Comunicação e a Complô. Com essa equipe entramos em campo e fomos captar recursos, o que foi nos oportunizado em organizações públicas, privadas e outras com finalidade social. E sem essa equipe, os gestores públicos envolvidos, os empresários que acreditaram, além de muita gente que trabalha de forma voluntária, não seria possível essa realização”, diz Marcus Braga, da organização do evento.
A realização é da AAMI – Associação dos Amigos da Música Instrumental e Pixinga Bass Fest. O evento também conta com apoio cultural da Companhia Paulista de Pizza, Cultura Rede de Comunicação, Estação das Docas Pará 2000, Guitar Build, Keuffer, Famiglia Trattoria, Fundação Cultural do Pará Tancredo Neves, Jeffersom, Secretaria de Estado de Cultura do Pará, SESC Boulevard, Sol.
Allai Caron |
Holofote Virtual: O festival reúne nomes importantes. Como se dá a escolha dos músicos para programação?
Marcus Braga: O Festival tem uma curadoria. Nacionalmente e internacionalmente, o Celso Pixinga faz os contatos, nos consulta e juntos definimos os nomes. Cabe a nós escolher os músicos locais. Esse ano, teremos uma edição bem especial.
Vamos homenagear o Kzam Gama, uma lenda viva do baixo paraense. Um dos primeiros que levou nossa bandeira vermelha e branca pra fronteiras d'além norte. Ele não somente será homenageado, mas vai tocar. Junto dele, teremos Minni Paulo Medeiros, outro nome que está ligado à boa música e à tradição da música instrumental.
Adelbert Carneiro, embora seja de outra geração mais nova, além de baixista, é compositor (CDs autorais gravados), arranjador, produtor musical e um dos principais nomes da cena atual na música instrumental paraense. Esse ano, Adelbert terá a participação deCelso Pixinga no seu show.
Ney Conceição, embora paraense, já está radicado no Rio de Janeiro há um bom tempo e desde que integrou a banda de João Bosco e, posteriormente, o Nosso Trio (com Kiko Freitas e Nelson Faria), ganhou projeção internacional.
Thiago Espírito Santo é considerado hoje o principal nome do baixo brasileiro. Nos Estados Unidos, ele é respeitado como um gigante do jazz. E, mesmo sendo filho de uma lenda, Arismar do Espírito Santo, tomou caminhos próprios e decolou.
Pra concluir, o canadense Alain Caron, que vem em trio (John Rones, no teclado e Damien Schmitt, na bateria), é um nome mundialmente aclamado no jazz. Seja como professor, como compositor, arranjador ou tocando nos palcos, seu domínio do contrabaixo acústico e elétrico e suas técnicas viraram moda no meio musical. Será memorável tê-los todos aqui.
Marcus Braga: Kzam Gama não foi apenas um baixista. Ele é um ícone. Só pra citar um pouco, ele escreveu vários dosarranjos que Elis Regina gravou e cantou. Como ele "saiu" cedo, muitos paraenses não o conhecem ou não reconhecem o que ele foi e conseguiu. Essa é a ideia da homenagem. Trazer pras novas gerações o legado de músicos importantes da nossa história.
Holofote Virtual: Sabemos que há radição, mas a quantas anda a cena da música instrumental em Belém, na tua opinião?
Marcus Braga: A música instrumental sempre foi forte em Belém. Tem ciclos onde mais casas abrem as portas e ciclos com menor visibilidade. Mas Belém, por ser um celeiro de músicos maravilhosos sempre terá esses amantes da música instrumental que continuarão desbravando fronteiras.
A ideia do Festival também passa pela democratização da música instrumental. Recentemente, o guitarrista Pat Metheny fez um show lindo no Parque Ibirapuera em São Paulo. No último dia 04, outra lenda viva, Chick Corea se apresentou ao ar livre em Olinda-PE. E aqui em Belém, no Festival, teremos, dentre outros, Alain Caron tocando de graça ao ar livre.
Acho que essas coisas educam. Isso é fazer cultura. Isso é fomentar boa música. Se os meios de comunicação em massa ajudassem, muito mais seria feito. Lembro que assisti, há muitos anos atrás, logo que vim do interior, um show do Nico Assumpção (o maior baixista brasileiro que já existiu) na Praça da República, por ocasião do aniversário da Rádio Cultura. Aquilo mudou minha vida.
Celso Pixinga |
Holofote Virtual: Além dos shows, o festival está oferecendo duas masterclass. Como e quem pode fazer?
Marcus Braga: O formato de masterclass é um pouco diferente de um workshop. No masterclass, o artista convidado tem o tempo livre pra definir sua abordagem, que pode ser técnica, mas pode passar por uma conversa, mas sempre com muita música sendo executada. Temos uma limitação de vagas no SESC Boulevard, então os interessados devem chegar cedo e levar 02 kd de alimento.
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