Detentor de mais de 20 prêmios internacionais, “O Que Traz Boas Novas” (Monsieur Lazhar), quarto trabalho de Philippe Falardeau, estreou neste final de semana e segue em cartaz no Cine Estação das Docas, a partir da próxima semana, com sessões nas quartas e quintas, às 18h e 20h30, e no domingo, às 10h.
Uma reflexiva visão do comportamento dos pais e do sistema educacional do Ocidente, a película trata da chegada de um professor argelino, Bachir Lazhar (Muhammad Fellag), a uma pequena escola infantil do Canadá, a qual encontra-se em estado de choque devido ao fato de um aluno ter encontrado uma professora enforcada em sala de aula. Lazhar assume a vaga deixada pela professora suicida e procura, além de suas tarefas com o currículo escolar, lidar com a dor e trauma das crianças, com idade entre os 12 e os 14 anos.
Na percepção de Bachir, as crianças devem ser levadas a conversar entre si sobre a questão da morte e as circunstâncias que levaram a professora ao ato de renúncia da vida. Exorcizar o trauma. Mas a escola decide entregar o caso a uma psicóloga e passar uma régua no assunto. Orientado para apenas se ocupar das matérias do cotidiano escolar, Bachir percebe que Juliette (Nicole-Sylvie Lagarde), a psicóloga encarregada de tratar da turma, não consegue aliviar a tensão e o choque entre os alunos. Ninguém, da diretoria aos professores efetivos da escola, sabe como lidar com o caso.
Bachir decide transgredir, aceitando conversar sobre o assunto quando as crianças se manifestam. Ele aplica um texto de Balzac em sala de aula e conversa sobre o tema com os alunos. O resultado é a repreensão. Um pai, ao tomar conhecimento, repreende o professor: trate apenas de ensinar que nos cuidamos da educação, diz.
A diretora, por sua vez, não perguntou sequer o tema, de qual livro ele tirara o texto e Balzac está proibido. Situações que engessam questões fundamentais para que as crianças possam compreender melhor as questões relativas e vida e, especialmente, a morte, vista como o fim de tudo pelos ditames comuns.
Na escola, é proibido qualquer ato de afeto entre professores a alunos, mesmo que seja um simples toque no braço e um simples abraço. É o medo da pedofilia, provocando um preocupante distanciamento entre o professor e seus alunos.
A lente de Falardeau questiona: Será a instituição apenas um mero repassador do conteúdo da grade curricular ou ser o âmbito da educação? O ensino bitolado ou o lugar de aprendizado do conhecimento e da formação cultural e moral do indivíduo? Como fica a questão da missão de escola no quesito de preparar o aluno para enfrentar os desafios da vida fora dos muros escolares? Como viver sem o conhecimento e da gama de questões sociais, filosóficas e políticas que envolvem o mundo?
“O Que Traz Boas Novas” pode ser uma produção canadense, mas a escola, a família e a educação são temas universais, assim como o tema de um homem movido pela paixão por ensinar, a conquista da confiança da turma, a empatia com uns e os pequenos conflitos com outros.
O Que Traz Boas Novas
Direção: Philippe Falardeau. 94 minutos. 12 anos
https://www.youtube.com/watch?v=CUk9PAXsbVE
- 18 (quarta), às 18h e 20h30
- 19 (quinta), às 18h e 20h30
- 22 (domingo), às 10h, 18h e 20h30
- 25 (quarta), às 18h e 20h30
- 26 (quinta), às 18h e 20h30
Ingressos: R$ 10,00 (com meia-entrada para estudantes)
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