30.12.18

Adelaide Oliveira deixa legado na emissora Cultura

Adelaide Oliveira 
Adelaide Oliveira sai da presidência da Funtelpa, a Cultura Rede de Comunicação, com gosto de uma missão bem cumprida. Jornalista e Mestre em Artes, ´com jeito extrovertido, tipo pimentinha, olhos verdes que faíscam quando gesticula dando movimento a suas comunicações, ela revelou firmeza e aptidão como gestora. Esta semana, ela se despediu dos funcionários e sua equipe cheia de gratidão. Vem aí um novo governo e tudo que se espera é que com nova sede e um acervo precioso, essa história no mínimo prospere.

“Meu coração carrega só esses sentimentos quando penso nos oito anos que estive à frente da presidência da Cultura. O local que acolheu lá atrás uma estagiária sonhadora e ajudou a formar a profissional que sou hoje”, escreveu em uma postagem mais longa em suas redes sociais. Ela deixa seu legado na Funtelpa, que inclui uma mudança de prédio há muitos anos aguardada.

A sede própria da emissora de TV, Rádio e Portal finalmente foi inaugurada, da forma devida, no final de outubro, após 30 anos de ocupação de um prédio emprestado da Imprensa Oficial do Estado, na Almirante Barroso. Ali se fez uma história, mas Adelaide deu início a uma nova era por lá.

Foram diversos projetos realizados, documentários lançados, incentivo ao audiovisual e uma prática diária de apoio a artistas e à cena cultural do estado.  Não vou enumerar aqui tudo, porque não tive tempo de reunir as informações necessárias com links etc, mas como venho acompanhando de pertinho isso tudo, posso dizer. E a inauguração do prédio poderia ter sido o último grande feito da agora ex-Presidente, Jornalista e Mestre em Artes. Só que não. 

Antes de fechar completamente o ano e a gestão, a presidenta ainda cuidou do bem estar dos profissionais da emissora, criou um espaço de convivência que elevou a autoestima de antigos e novos funcionários e lançou documentários como Amazônia Samba, Toni Soares e Nazaré Pereira, que se juntam a muitos outros realizados ao longo dos anos, além do livro do Catalendas, programa que é um marco na animação educativa da televisão brasileira, e se tornou nos últimos anos em um projeto muito desejado, finalmente entregue. Na entrevista que você vai ler, ela dá mais detalhes sobre esse processo. 

Programa Conexão no novo estúdio (Foto: Camila Lima)
No inicio de novembro, estive em um Conexão Cultura especial, já no novo estúdio, que leva o nome de Afonso Klautau, homenagem ao saudoso diretor na primeira fase da Funtelpa, nos anos 1980.

Apresentado pela própria Adelaide Oliveira, naquele dia o programa que é transmitido pela televisão, rádio e internet, estava uma festa com a presença de vários artistas, entre eles, Dona Onete, divulgando o documentário de sua trajetória, e Elder Eff que estava lançando novo álbum.

Saindo de lá, acabei batendo um papo com ela sobre as novas instalações e fizemos também um pequeno balanço desses dois períodos de governo em que a TV e a Rádio passaram por profundas mudanças. Na contabilidade final, o saldo é muito positivo, mas não foi nada fácil. Adelaide conta que o prédio já tinha sido inaugurado em 2010, de forma incompleta, precisando de inúmeras adaptações e adequações técnicas para uso. 

Produção, no novo prédio (Foto: Camila Lima)
“E isso era fundamental para receber também os artistas que frequentam a emissora para dar entrevistas ou em busca de parcerias que nos trazem conteúdo pra emissora. E para quem trabalha na emissora pudesse produzir com qualidade”, diz Adelaide Oliveira, que esteve à frente da Cultura Rede de Comunicação (Funtelpa).

Para além de uma sede própria, com um novo formato na produção de notícias, sua gestão garantiu recursos para fortalecimento da produção audiovisual de produtoras independentes, e conteúdos inéditos para a emissora. Foram dois editais Cultura de Audiovisual. 

Em setembro saiu o resultado do último, em que sete novos produtos na área, com financiamento total de R$ 4.490.000,00 assegurados pela Ancine (Agência Nacional do Cinema). Em 2019 esses projetos http://www.portalcultura.net.br iniciam produção.  O primeiro foi lançado em 2014, com menos recurso. Foram produzidas duas obras de ficção, que receberam R$ 1 milhão cada; um documentário e uma animação, que receberão R$ 500 mil cada. 

Adelaide Oliveira assumiu a Funtelpa em 2011. Quando foi visitar o prédio que já estava inaugurado confessou que ficou apavorada com o que se deparou, sendo inviável se mudar daquele jeito. Algumas coisas estavam lá, como uma placa de homenagem a Walter Bandeira, saudoso cantor e ex-funcionário da Rádio Cultura, que até hoje ainda veicula vinhetas com sua voz inesquecível.

Produção, no novo prédio (Foto: Camila Lima)
“Tiramos a placa e a guardamos, porque isso é uma homenagem legítima e ninguém vai tirar. Vamos colocar na hora certa”, relembra Adelaide. Além dessa homenagem, no estúdio da rádio, Afonso Klautau dá nome ao estúdio da TV, e Augustinho Linhares, o funcionário mais antigo, à sala de entrevista para convidados.

“O Afonso Klautau é uma grande referência como diretor de TV, acho que ele imprimiu o DNA que se tem até hoje na emissora, e como ele era visionário de conteúdo, o que a gente viu 10 ou 15 anos depois, o Afonso fez nesta emissora. Inclusive ele que me fez ter vontade de um dia trabalhar aqui”, diz Adelaide Oliveira, sobre quem ainda haveria muito mais a se dizer aqui, suas diversas conexões no meio artístico e ativista da cidade, a mãe, a ciclista, enfim, mas nos detemos no capítulo Funtelpa.

Na entrevista a seguir falamos sobre a nova estrutura do prédio, as dificuldades com a mudança, a felicidade com a inauguração e um pouco de sua trajetória na emissora, as prioridades que ela aponta para a nova gestão e seus planos para um futuro próximo. Segura que lá vem textão, a ocasião requer.

Holofote Virtual: Está fechando um ciclo, o que desejas para o futuro dessa emissora? 

Adelaide Oliveira: Eu desejo toda sorte do mundo para a Cultura em 2019 e para quem vier assumir a emissora, pela qual eu tenho um afeto real. Trabalhei aqui e devo a minha formação a esta casa, tenho muito carinho por tudo, e por muitos, e quero continuar telespectadora, ouvinte, internauta do conteúdo que está sendo produzido, desejo sempre o melhor. Eu acho que as instituições permanecem e nas gestões temos obrigação de deixar tudo um pouco melhor do que como encontramos.

Holofote Virtual: Falando nisso, quais foram as maiores complexidades da mudança para o prédio próprio? 

Adelaide Oliveira: Entre elas trazer mais 04 antenas parabólicas gigantescas, desmontar todo o parque técnico e operacional da Almirante Barroso e trazer pra cá. Não era uma mudança simples, eu sempre dizia, não é só mudar mesas e cadeiras, você tem toda uma complexidade nessa mudança. A torre e o parque de transmissão da Cultura continuam lá na Almirante Barroso, então precisava fazer a ligação. Vamos fazer fibra? É a melhor forma? É a mais segura? Correta? Decidir tudo isso levava tempo, levava conversa, precisava pensar o orçamento para tudo isso. 

Holofote Virtual: Quais adaptações precisaram ser feitas?

Beto Fares (Foto: Camila Lima)
Adelaide Oliveira: A TV tinha um prédio anexo que estava bem cru e precisamos chamar os serviços da Telem (Técnicas Eletro Mecânicas S/A), uma empresa nacional que faz estúdios no interior e na capital de São Paulo, cuidou dos estúdios da Tv Brasil, do Teatro Nacional do Chile. Eles têm muito conhecimento.

Estiveram aqui este ano em três momentos, no último eles vieram só para ministrar um curso da mesa de iluminação, toda motorizada, que você não precisa de escada pra ajustar a luz. É só descer, fazer o ajuste necessário. Isso é muito bacana, um aprendizado para os nossos profissionais. 

Na rádio, fomos definindo os estúdios, que precisavam ser melhores. Não adiantava mudar para uma estrutura inferior a que se tinha então chamei profissionais competentes e montamos uma equipe grande para ajudar a terminar o estúdio da rádio, que é quase artesanal, de madeira, com tratamento acústico, todo o revestimento etc. 

O Beto Fares sugeriu uma sala de ensaio poderosa, que os dois estúdios pudessem estar funcionando, e que a sala de ensaio também pudesse estar com a sua programação, e que um não interferisse no outro. A gente conseguiu isso.

Holofote Virtual: Qual o investimento para transformar este prédio no jeito que ele está agora? 

Adelaide apresentando o Conexão Cultura, com Elder Eff
Adelaide Oliveira: Há mais de R$ 5.000.000,00 investidos, vindos do Tesouro do Estado. É importante dizer que foi também complicado conseguir o recurso, pois precisávamos de uma nova licitação, mas a Cultura não tinha “Know how” pra fazer essa licitação. Quem fez foi a secretaria de obras, na época, e esse recurso veio do Tesouro.

Mas esse estúdio que nós estamos agora e todo esse complexo da rádio, nem entrou nesta licitação, então isso a Funtelpa teve que tirar do custeio, do recurso próprio, então o dinheirinho que vinha de algumas parcerias nos ajudou, mídia paga quando havia também era direcionada para isso.

Holofote Virtual: Foram muitos anos para concluir tudo...

Adelaide Oliveira: Em determinados momentos, os investimentos foram suspensos, por exemplo, quando a ponte do Mojú caiu e era uma emergência. Depois tivemos 2015, um ano bem difícil, o início de uma crise muito complicada, de pouco investimento nessa obra, mas ela em momento algum parou completamente, tinham coisas sendo feitas, a gente estava cuidando da produção visual, “não tem dinheiro pra cá, mas vamos continuar ali”. 

Em momento algum eu duvidei que a gente ia entregar.  A Beth (Dopazo) diz que fui persistente, e eu fui mesmo, mas eu tinha muita crença que a gente ia entregar, de verdade. Foi difícil, eu queria entregar no primeiro semestre, que a gente estivesse usando isso há mais tempo, mas aí as coisas não são no nosso tempo.

Foto que fiz no dia em que estive no Conexão, com 
Mestre Solando, Dona Onete e outros ilustres convidados. 
Holofote Virtual: E além da questão estrutural também tinha uma questão de resistência à mudança...

Adelaide Oliveira: Saímos de um endereço, que é na Almirante Barroso, lugar central, e viemos para a Cremação, foi um impacto para várias pessoas. Diziam é “longe”, não tem onde “estacionar”. Quando ia fazer visitas na obra, comecei a brincar, “olha tá saindo a Van, vamos conhecer o prédio da Pariquis” e fui trazendo os funcionários, aos poucos, porque, sabe a história do pertencimento? 

Lá na Almirante Barroso isso já estava concretizado, e no novo prédio, não. Esses laços afetivos ainda não estavam construídos, mas começaram a surgir, então fizemos a inauguração formal com as autoridades, essas coisas todas, mas no dia seguinte a gente fez um café da manhã para os funcionários. Na hora do almoço, vamos ao sétimo andar, e está todo mundo almoçando junto, isso não tinha mais, sabe? As pessoas não se viam, não se curtiam, e está todo mundo trabalhando junto.

Holofote Virtual: Vamos falar sobre o projeto de publicação do livro do Catalendas? Como foi que surgiu a ideia?

Adelaide Oliveira: Quando eu voltei em 2011 para a televisão, já como presidente, o Cata Lendas não estava mais sendo gravado. E o Catalendas não é um audiovisual fácil de fazer. Cada episódio na época custava em torno de R$ 20.000,00 a R$ 25.000,00 e isso já tem uns 06 anos. Então a gente sentou de novo com o pessoal da In Bust Teatro com Bonecos e pensamos em alguns novos episódios, em 2012 e 2013. Conseguimos produzir 14 episódios inéditos, mas agora só nacionalmente, pois já foram exibidos na TV Cultura do Pará. 

São os únicos episódio gravados em HD, quando a gente nem tinha a digitalização da TV. Gravamos o Catalendas em alta resolução, mas não tivemos fôlego para gravar mais. As agendas com a In Bust, que é o coração do Catalendas, complicou, os integrantes estavam com inúmeros compromissos e você não faz o Catalendas durante dois, três meses, você faz o Catalendas, se dedicando a ele, em pelo menos um ano.

Holofote Virtual: E vocês não tentaram buscar outras maneiras para viabilizar? 

Adelaide Oliveira: Depois desse período e desses últimos episódios a gente não teve mais como manter e tentamos negociar com a TV Brasil para que fosse exibido nacionalmente, e que eles entrassem com parte do recurso, só que não foi possível isso. Então decidimos fazer esta edição especial para marcar os 20 anos de criação do programa.  

Adriana Crus e Aníbal Pacha, da In Bust + André Mardock
Gravação do Catalendas, nos anos 1990
Holofote Virtual: Esse programa teve uma aceitação de público nunca antes vista na história da TV Cultura, não é?

Adelaide Oliveira: Tem uma memória gigante. Eu sigo uma hashtag Catalendas no Twiiter, e quase todo dia tem alguém escrevendo alguma coisa sobre ele, é surpreendente isso, né? Achei que precisávamos fazer alguma coisa, e o que poderia ser feito? Gosto muito de publicações. E falando de memorias é muito bacana que se tenha um objeto ou um livro, que se guarde. É um objeto de valor, e cada vez mais essas publicações são pérolas. 

A ideia foi contar a história desse programa e compartilhar com as pessoas o processo de como ele foi pensado, em 1998, ainda na época do Nélio Palheta, na época com Peter Roland. Como é que este programa mexeu com o próprio modo de fazer da televisão e vice versa? Porque foi uma simbiose total, o aprendizado de luz, de captura de áudio, numa época em eu você tinha uma estrutura muito pequena para fazer tudo isso. Isso é memória da Tv Cultura do Pará.

Ainda queríamos fazer uma exposição grande, e isso de fato, na minha gestão não seria mais possível, mas o livro a gente conseguiu lançar e será distribuído nas bibliotecas públicas. É uma quantidade pequena, mas a gente consegue mandar também pra biblioteca da Terra-Firme, do Combú. Não é uma publicação infantil, tá? Ele fala da criação dos roteiros, da criação dos bonecos, mas ele vai interessar também às crianças.

Adelaide com Arthur Espíndola e produção, além de
Rogê Paes, parceria com a série "Amazônia Samba".
Holofote Virtual: A TV também retomou de forma bem pontual a produção de documentários. Fala dos mais recentes.

Adelaide Oliveira: Sim, e a série Amazônia Samba, que estreou em novembro, um projeto do Arthur Espíndola que a gente fez em parceria com ele, desde a primeira temporada, e agora ele viajou para mais 13 municípios e descobriu pessoas talentosíssimas, espalhadas neste Pará. Foi um garimpo que o Arthur fez para convidar essas pessoas pra gravar estas músicas, e os caras estão se surpreendendo.

Ele trouxe coisas legais desses municípios e a gente finalizou, com direção do Rogê Paes. Também lançamos o documentário da Nazaré Pereira, grande Mestra, uma entidade da nossa música. Mostramos um pouquinho dessa história, que é imensa, grande e poderosa como ela, mas que precisamos fazer um recorte. Assinei a direção deste junto com Robson Fonseca que o finalizou. 

Holofote Virtual: São oito anos só como presidente, mas já respiras a TV Cultura há muitas décadas. Não passa um filminho na tua cabeça, agora? Lembro de ti uma menina recém saída da universidade. Chegamos na TV juntas para bater o ponto, era meados dos anos 1990. 

Adelaide Oliveira: Acho que eu recebi um presente, de verdade, vindo pra cá, foi desafiador, eu costumo falar que meu maior talento é reconhecer o talento dos outros, eu não sou uma mulher de muitos talentos, mas reconheço o talento dos outros. E tive a oportunidade de montar uma equipe talentosa, mas o critério número um para estar em uma diretoria ou estar em uma equipe mais próxima, é que tivesse carinho pela emissora. Acho que com carinho a pessoa se compromete mais, trabalha melhor, com mais responsabilidade com o trabalho, então foi um presente, eu espero deixar essa emissora melhor e espero que ela continue sendo melhor. 

Por isso, fiz questão de escolher o Abílio (Martins), que é um engenheiro da casa durante muito tempo, a Beth (Dopazo), que já tinha passado pela casa, e tem muito carinho, o Beto Fares, que pra mim é um grande nome desta emissora, que entende de música, entende qual é o papel desta emissora, provoca isso, é um batalhador, tenho muito respeito pelo Beto Fares, por todo mundo que o cerca.

A Lícia, que é uma funcionária do governo, não era da Funtelpa, mas é uma administradora muito cuidadosa. Eu falei “preciso aprender com ela, preciso de uma figura assim”, então eu trago a Lícia pra trabalhar junto, e ela era da Seduc. Era importante formar essa equipe que tivesse um carinho pela emissora de alguma forma, e responsáveis, pra que você pudesse concluir projetos. A gestão pública tem muito atraque. É muito difícil, te podam, tem burocracia, a grana nunca dá pra tudo e você não pode errar na hora de investir o dinheiro, não pode.

Fachada do novo prédio
Holofote Virtual: As perspectivas das emissoras públicas não são muito boas para o próximo Governo Federal...

Adelaide Oliveira: As emissoras públicas no país estão ameaçadas, a Tv Cultura, a TV Brasil. A EBC está ameaçada. É preciso entender que estamos falando de um patrimônio, que não dá pra abrir mão disso. Eu trabalhei sempre com muito carinho aqui, tem horas que cansa, tem horas que estressa, tive alguns problemas, nem tudo foi só alegria. Enfrentei muitos problemas trabalhistas neste período, quando mudaram a natureza jurídica da Funtelpa, mas ainda assim, eu acho que valeu a pena tudo isso, acho que vale a pena comemorar e celebrar, e aí essa menina, que tu encontraste lá no ponto, está feliz por ter contribuído; de verdade.

Holofote Virtual: Começaste fazendo aquele programa, o Enfim? Quando tu entraste, não foi pra fazer esse programa? 

Adelaide Oliveira: Eu comecei sendo estagiária da Ana Estorino, uma querida, no programa “Saúde”, que era feito pelo Rogê Paes e pela Ana. O José Carlos Gondim era nosso coordenador de produção, eu comecei ali, passei 02 anos como estagiária. Não fui contratada, eu fui e vim, em pelo menos dois momentos e fiquei até o início de 2007, 2008 eu acho. Depois saí, queria fazer meu mestrado e voltei em 2011, mas nunca deixei de olhar, nunca deixei de ficar atenta às coisas.

No estúdio Edgar Proença, antigo prédio e antigo programa
Conexão, com Sebastião Tapajós, Nilson Chaves, Jane Duboc, 
Ana Clara e Andreson Dourado.
Holofote Virtual: Nesta fase de transição, como é que ficam esses projetos que tiveram início na tua gestão?

Adelaide Oliveira: Tem uma transição maior, que é o governo que sai e o que entra. A gente fornece informações pra eles, os orçamentos de pessoal, essas coisas todas, e tem projetos que são tocados 100% pela Cultura. 

No caso dos projetos que ficam, como o edital do audiovisual, todo mundo que foi contemplado no último edital, assinou contrato também com a Ancine. Acho muito difícil que a Cultura não honre isso. O audiovisual paraense precisa ser melhorado, mas obviamente que cada um encontra suas prioridades.

E eu também acho que não dá mais pra pensar a TV Cultura só como uma janela do audiovisual, você precisa pensar em política pública, e tem hoje diversos instrumentos interessantes pra você continuar acessando. Há outras prioridades, como olhar mais pelas nossas repetidoras, buscar mais geradoras no interior, acho isso superimportante, reformar a torre, que é antiga e precisa de uma boa reforma, num investimento de pelo menos R$ 200.000,00.  Tem muita coisa bacana que pode ser feita e eu tenho certeza que a figura que entrar vai ter isso como compromisso, senão tiver, será cobrada.

Holofote Virtual: Projetos para um futuro próximo?

Adelaide Oliveira: Olha, eu falo, as pessoas pensam que é sacanagem, meu projeto inicial é ser meio hippie, eu não tenho grandes projetos pessoais, eu preciso de desapego, e não é pelo cargo, mas é pelo meu dia a dia, as pessoas, o emocional mesmo, o vínculo que você tem por isto, é natural que você precise desse momento que é de “detox” também dessa parte administrativa.

Eu ainda não sei muito bem, mas eu acredito no audiovisual, devo em algum momento voltar pra esse mercado, fazer produção executiva de alguma coisa, mas isso também depende do que o governo federal vai fazer com estas ferramentas que a gente tem hoje, o Ministério da Cultura, a Agência Nacional de Cinema.

Esse tipo de coisa, talvez ligada á área digital, de rede, talvez seja interessante, mas eu tenho ainda um lastro de três a quatro meses para me organizar, curtir meu paquera, curtir meu Erê, mas em algum momento vou precisar ganhar dinheiro, e penso em me jogar neste mercado, só preciso de uns dias de tranquilidade.

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